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A Sutil Arte de Ligar o F_da-se - Mark Manson

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gente é louco. Então, começamos a acreditar na versão corrigida, e na vez

seguinte que contamos o que aconteceu, reproduzimos nossas invenções. Só que,

por não corresponderem à realidade, contamos as coisas de um jeito meio

incorreto. Um ano depois, bêbados, recontamos a história e a modificamos um

pouco mais — ok, sejamos honestos: inventamos completamente cerca de um

terço da história. Na semana seguinte, sóbrios, não queremos admitir a mentira e

por isso mantemos a versão revisada e expandida pelo álcool. Cinco anos depois,

nossa história — foi exatamente assim que aconteceu, juro por Deus e pela

minha mãe mortinha — é, no máximo, cinquenta por cento verdadeira.

Todo mundo faz isso. Eu faço. Você faz. Por mais honestos e corretos que

sejamos, estamos sempre sujeitos a enganar a nós mesmos e a outros, porque

nosso cérebro é programado para ser eficiente, não fiel.

Não só nossa memória é uma droga — a ponto de testemunhos oculares não

serem necessariamente levados a sério em um julgamento —, como nosso

cérebro tem um funcionamento nada imparcial.

Como? Bem, ele está sempre tentando analisar nossa situação atual com base

no que já acreditamos e já vivemos. Toda informação nova é avaliada segundo

padrões e conclusões prévios. O resultado é um cérebro sempre tendencioso em

relação ao que consideramos ser verdade em determinado momento. Se temos

um relacionamento maravilhoso com nossa irmã, por exemplo, vamos

interpretar a maior parte das lembranças com ela sob uma perspectiva positiva.

Quando o relacionamento azeda, é comum começarmos a ver as mesmas

lembranças sob nova ótica, reimaginando-as de forma a explicar a atual raiva que

sentimos. Aquele presente lindo que ela nos deu no Natal assume conotações de

condescendência. Aquela vez em que não fomos convidados para a casa de praia

passa de erro inofensivo para tremenda negligência.

A história falsa de Meredith faz muito mais sentido quando entendemos os

valores que guiavam sua mente naquele momento. Em primeiro lugar, o

relacionamento entre ela e o pai sempre foi tenso. Segundo, ela tivera uma série

de relacionamentos amorosos complicados, incluindo um casamento desfeito.

Assim, já de saída, “relacionamentos íntimos com homens” não eram a maior

maravilha para Meredith, em termos de valores.

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