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A Sutil Arte de Ligar o F_da-se - Mark Manson

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Isso, ironicamente, também teria sido uma escolha. Mas ela optou pelo oposto.

Alguns anos atrás, escrevi algumas das ideias que conto neste capítulo no meu

blog, e um homem deixou um comentário. Ele disse que eu era vazio e

superficial, acrescentando que eu não tinha real compreensão dos problemas da

vida ou da responsabilidade humana. Disse que tinha perdido um filho havia

pouco, num acidente de carro. E me acusou de não saber o que era a verdadeira

dor, me rotulando de idiota por sugerir que ele era responsável pela dor de

perder um filho.

Estava na cara que aquele homem tinha passado por uma dor muito maior do

que a maioria das pessoas enfrenta na vida. Ele não escolheu a morte do filho,

não tinha culpa por tal desgraça. A responsabilidade de lidar com a perda lhe foi

imposta, embora fosse clara e compreensivelmente indesejável. E apesar de tudo

isso ele era, sim, responsável pelas próprias emoções, crenças e ações. A reação

que apresentou diante da morte do filho foi uma escolha dele. As dores, de todos

os tipos, são inevitáveis, mas podemos escolher o que elas significam para nós.

Alegar que não tinha escolha e que só queria o filho de volta é, por si só, uma

escolha: uma entre as muitas formas possíveis de lidar com esse tipo de dor.

É claro que eu não disse nada disso a ele. Estava ocupado demais ficando

horrorizado e pensando que talvez eu realmente não tivesse autoridade nem

conhecimento para tal discurso. É um dos riscos desse tipo de trabalho. Um

problema que eu escolhi, e um que era minha responsabilidade resolver.

No início, eu me senti muito mal. Depois de alguns minutos, comecei a ficar

zangado. As objeções dele tinham pouco a ver com o que eu estava dizendo, me

tranquilizei. Além do mais, como assim? Não é porque não perdi um filho que eu

também não tenha sofrido muito nessa vida.

Então, usei meu próprio conselho: escolhi qual seria meu problema. Eu podia

ficar bravo com aquele homem e discutir com ele, tentar comparar a dor dele

com as minhas, mas isso só nos tornaria idiotas e insensíveis. Ou podia escolher

um problema melhor: praticar a paciência, ser mais compreensivo com meus

leitores e ter aquele homem em mente sempre que escrevesse sobre dor e trauma

a partir de então. E foi o que tentei fazer.

Respondi apenas que sentia muito pela perda dele. O que mais eu podia dizer?

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