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A Sutil Arte de Ligar o F_da-se - Mark Manson

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anos. A mídia japonesa começou a se perguntar: se Kozuka permanecia em

Lubang até 1972, talvez o próprio Onoda, o último bastião japonês da Segunda

Guerra, ainda estivesse vivo. Naquele ano, os governos japonês e filipino

enviaram grupos de busca para procurar o enigmático segundo-tenente, àquela

altura parte mito, parte herói, parte fantasma.

Não encontraram nada.

Com o passar dos meses, a história de Onoda se tornou uma espécie de lenda

urbana no Japão — o herói de guerra tão insano que não podia ser real. Muitos o

romantizavam. Outros o criticavam. Alguns achavam que fosse uma fábula

inventada por quem ainda acreditava em um Japão extinto havia muito.

Foi nessa época que um jovem chamado Norio Suzuki ouviu falar de Onoda.

Suzuki era aventureiro, explorador e meio hippie. Nascido depois da guerra, ele

abandonara a faculdade e passara quatro anos viajando pela Ásia, a África e o

Oriente Médio, dormindo em bancos de praças, carros de desconhecidos, celas

de cadeia e sob as estrelas. Suzuki trabalhava em fazendas em troca de comida e

doava sangue em troca de abrigo. Um espírito livre, talvez meio doidão também.

Em 1972, Suzuki precisava de uma nova aventura. De volta ao Japão, achava

sufocantes as rígidas normas culturais e a hierarquia social. Detestava a

faculdade. Não parava em emprego algum. Queria pegar a estrada, voltar a se

virar sozinho.

Para Suzuki, a lenda de Hiroo Onoda era a solução de seus problemas. Uma

aventura nova e digna para embarcar. Para Suzuki, ele seria a pessoa que

encontraria Onoda. Bem, grupos de busca organizados pelos governos japonês,

filipino e americano não conseguiram achar o homem; as forças policiais locais

faziam varreduras na floresta havia trinta anos sem resultados; milhares de

panfletos não tinham dado em nada — mas foda-se tudo isso, porque aquele

hippie inútil que tinha largado a faculdade seria o único capaz de encontrá-lo.

Desarmado e sem treinamento militar ou de reconhecimento, Suzuki viajou

para Lubang e começou a vagar sozinho pela floresta. Sua estratégia era gritar o

nome de Onoda bem alto e dizer que o imperador estava preocupado com ele.

Encontrou o tenente em quatro dias.

Suzuki passou um tempo com ele na floresta. Àquela altura, Onoda estava

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