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alguma atividade, é preciso investir nela uma quantidade absurda de tempo e
energia. E, como esses recursos são limitados, já é raro se tornar excepcional em
uma coisa, que dirá em mais que isso.
Assim, podemos dizer que é estatisticamente improvável que uma mesma
pessoa seja extraordinária em todas as áreas da vida, ou mesmo em várias.
Empresários brilhantes geralmente têm a vida pessoal toda ferrada. Atletas
extraordinários costumam ser superficiais e burros como uma pedra
lobotomizada. Muitas celebridades têm uma noção da vida tão limitada quanto
seus fãs e seguidores mais implacáveis.
Todos somos, basicamente, bem comuns. Mas são os extremos que atraem os
holofotes. Já meio que sabemos disso, mas raramente pensamos e/ou tocamos no
assunto, e menos ainda levantamos a questão de que isso pode ser um problema.
Ter acesso à internet, ao Google, Facebook, YouTube e a centenas de canais
de televisão é incrível. Só que nossa atenção é limitada. Não existe a menor
chance de processarmos a tsunami de informações que nos atinge o tempo todo.
Assim, só o que chama a atenção são as realmente excepcionais — aquele
0,000001%.
Todos os dias, todas as horas, somos inundados com o que é realmente
extraordinário. O melhor do melhor. O pior do pior. As maiores façanhas físicas.
As piadas mais engraçadas. As notícias mais perturbadoras. As ameaças mais
assustadoras. Sem parar.
Nossa vida é repleta de informações sobre os extremos da experiência
humana, porque no ramo da mídia é isso que chama atenção, e atenção gera
lucro. É o mais importante. A maior parte da vida, no entanto, se dá na
monótona média. A grande maioria da vida não é extraordinária, e sim bastante
medíocre.
Essa inundação de extremos noticiados nos condicionou a acreditar que,
agora, ser excepcional é a norma. E, como somos todos bastante comuns na
maior parte do tempo, o dilúvio de informações sobre o excepcional nos deixa
inseguros e desesperados, porque, obviamente, não somos bons o bastante.
Assim, sentimos a necessidade cada vez maior de compensar isso com arrogância
e vício. Lidamos com isso da única forma que sabemos: enaltecendo a nós