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A Sutil Arte de Ligar o F_da-se - Mark Manson

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mais). E amo muito os dois. Eles têm a própria história, a própria jornada e os

próprios problemas, como todos os pais. Como os pais deles tinham, e assim por

diante. E, como todos os pais, os meus, com as melhores intenções, transmitiram

para mim alguns dos seus problemas, o que provavelmente também farei com

meus filhos.

Quando passamos por eventos “traumatizantes pra cacete” como esses,

começamos a achar, inconscientemente, que não podemos resolver alguns dos

nossos problemas. Essa suposta incapacidade, por sua vez, nos deixa infelizes e

indefesos.

E tem mais uma consequência. Se temos problemas insolúveis, nosso

inconsciente conclui que somos, em certos aspectos, muito especiais ou muito

imperfeitos; que somos diferentes de todos os outros, e que as regras não se

aplicam a nós.

Simplificando: nos tornamos arrogantes.

O sofrimento que passei na adolescência me colocou num caminho de

arrogância que segui por boa parte do início da vida adulta. Enquanto a

arrogância de Jimmy se manifestava no âmbito profissional, em que ele forjava

um enorme sucesso, a minha se manifestava em meus relacionamentos,

especialmente com as mulheres. Meu trauma girava em torno de intimidade e

aceitação, então eu sentia a necessidade constante de provar a mim mesmo que

era amado e aceito. Como resultado, comecei a correr atrás de mulheres como

um viciado em pó se jogaria sobre um boneco de neve feito de cocaína: fazendo

amor em êxtase, para imediatamente depois sufocar qualquer sentimento.

Virei um galinha: imaturo e egoísta, embora às vezes charmoso. E passei

quase uma década colecionando uma longa série de relacionamentos superficiais

e doentios.

Não era exatamente sexo o que eu queria, embora essa parte fosse divertida.

Era a validação. Eu era desejado, amado; pela primeira vez na vida, desde que me

entendia por gente, eu tinha valor. Meu desejo de validação logo virou um hábito

mental de exagerar minha importância e de ser autoindulgente demais. Eu me

sentia no direito de dizer ou fazer o que quisesse, de trair a confiança das pessoas,

de ignorar sentimentos, e depois me justificava com desculpas esfarrapadas.

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