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— Abra, por favor — ordenou o sr. Price.
Obedeci. Ele ficou na minha frente e pegou meu casaco, minha bolsa com o
uniforme de educação física, minha mochila. Enfim: tudo que tinha no armário,
menos alguns cadernos e lápis.
— Venha comigo, por favor — disse ele, sem olhar para trás.
Comecei a ficar nervoso.
Fui com ele até o escritório do diretor. Chegando lá, o sr. Price me mandou
sentar, depois fechou a porta e a trancou. Foi até a janela e fechou as cortinas.
Minhas mãos começaram a suar. Aquilo não era uma simples conversa.
O sr. Price se sentou e revirou meu material em silêncio, verificando bolsos,
abrindo zíperes, sacudindo as roupas de educação física e jogando-as no chão.
— Sabe o que estou procurando, Mark? — perguntou ele, sem olhar para
mim.
— Não — falei.
— Drogas.
A palavra me deixou num estado que era um misto de atenção e nervosismo.
— D-d-drogas? — gaguejei. — De que tipo?
Ele me lançou um olhar severo.
— Não sei. De que tipo você tem? — retrucou, abrindo um fichário e
verificando os bolsinhos para canetas.
O suor brotava de todos os meus poros, nas palmas das mãos, nos braços, no
pescoço. Minhas têmporas começaram a latejar quando o sangue subiu para o
rosto e depois para o cérebro. Como todo bom adolescente de treze anos acusado
de portar narcóticos e levá-los para a escola, eu queria sair correndo dali e me
esconder.
— Não sei do que você está falando — protestei, num tom muito mais
humilde do que gostaria.
Senti que deveria transmitir mais confiança. Ou talvez não. Talvez devesse
estar com medo. As pessoas demonstram mais medo ou mais confiança quando
estão mentindo? Porque eu queria demonstrar o oposto. Bom, minha
insegurança aumentou, pois o medo de parecer inseguro me deixou mais
inseguro ainda. A merda do Círculo Vicioso Infernal.