A Sutil Arte de Ligar o F_da-se - Mark Manson

03.02.2020 Views

questão relevante é: “Qual dor você está disposto a suportar?” O caminho dafelicidade é cheio de obstáculos e humilhações.Você tem que escolher alguma coisa. Não dá para levar uma vida sem dor.Nem tudo são rosas e unicórnios o tempo todo. A pergunta sobre o prazercostuma ser fácil, e quase todos nós temos uma resposta parecida.Interessante mesmo é a pergunta sobre a dor. Qual dor você prefere tolerar?Essa é a pergunta difícil porém relevante, a pergunta que vai levá-lo a algumlugar. É a pergunta que pode mudar perspectivas, vidas. É o que faz de mimquem eu sou, que faz de você quem você é. É o que nos define, nos distingue e,no final das contas, nos une.Durante boa parte da adolescência e início da vida adulta, tive a fantasia de sermúsico. Mais especificamente, um astro do rock. Sempre que ouvia um solo deguitarra sensacional, fechava os olhos e me imaginava no palco, tocando sob osgritos da multidão, enlouquecendo as pessoas com o esplendor do meudedilhado. Eu me perdia nessa fantasia por horas a fio. Para mim, a questãonunca foi se eu tocaria para multidões histéricas, e sim quando. Eu tinha tudoplanejado. Só estava esperando até poder investir a energia e o esforçonecessários para chegar lá e deixar minha marca. Primeiro, tinha que terminar aescola. Depois, ganhar dinheiro para comprar a guitarra. Aí, precisava encontrartempo para praticar. Depois, fazer contatos e começar meu primeiro projeto. Edepois… Depois, nada.Apesar de eu ter passado metade da vida fantasiando, esse sonho nunca setornou realidade. E foi preciso muito tempo e muita luta para que eu finalmentedescobrisse por quê: eu não queria aquilo de verdade.Minha paixão era pelo resultado — eu lá, no palco, colocando minha alma namúsica, as pessoas aplaudindo, eu arrasando —, mas não pelo processo. E, porcausa disso, fracassei. Várias vezes. Sinceramente, nem tentei o suficiente parafracassar. Eu mal tentei. O esforço diário de praticar, a logística de encontraruma banda e ensaiar, a dificuldade de arranjar shows e fazer as pessoasaparecerem e se interessarem, as cordas arrebentadas, o amplificador estourado,os vinte quilos de equipamentos que eu precisaria levar de lá pra cá sem carro…O sonho é imenso, e a escalada até o topo é interminável. O que levei muito

tempo para descobrir é que eu não gostava muito de escalar. Só gostava de meimaginar no cume.Segundo a narrativa cultural dominante, eu decepcionei a mim mesmo, souum desistente, um perdedor, não tenho talento, abri mão do meu sonho e talveztenha sucumbido à pressão social.Mas a verdade é muito menos interessante que essas explicações. A verdade éque eu achei que queria uma coisa, mas não queria. Fim de papo.Eu queria a recompensa e não as dificuldades. Queria o resultado e não oprocesso. Eu não era apaixonado pela luta, e sim pela vitória.E a vida não funciona assim.Você é definido pelas batalhas que está disposto a lutar. As pessoas que gostamda batalha da academia são aquelas que participam de triatlos, têm barriga detanquinho e conseguem levantar um carro. As pessoas que gostam das longashoras de trabalho e da política de ascensão na hierarquia corporativa são as quechegam rapidamente ao topo. As pessoas que gostam das tensões e incertezas doestilo de vida do artista faminto são, no final das contas, as que chegam aospalcos.Isso não tem nada a ver com força de vontade ou coragem. Não é a repetiçãoda ladainha “não há vitória sem dor”. É o componente mais simples e básico davida: as batalhas determinam as conquistas. Os problemas criam a felicidade,junto com problemas um pouco menores e mais atualizados.Veja bem: trata-se de uma interminável espiral ascendente. Se você acha queem algum momento terá permissão para parar, infelizmente não entendeu nada.Porque a alegria está na subida.

tempo para descobrir é que eu não gostava muito de escalar. Só gostava de me

imaginar no cume.

Segundo a narrativa cultural dominante, eu decepcionei a mim mesmo, sou

um desistente, um perdedor, não tenho talento, abri mão do meu sonho e talvez

tenha sucumbido à pressão social.

Mas a verdade é muito menos interessante que essas explicações. A verdade é

que eu achei que queria uma coisa, mas não queria. Fim de papo.

Eu queria a recompensa e não as dificuldades. Queria o resultado e não o

processo. Eu não era apaixonado pela luta, e sim pela vitória.

E a vida não funciona assim.

Você é definido pelas batalhas que está disposto a lutar. As pessoas que gostam

da batalha da academia são aquelas que participam de triatlos, têm barriga de

tanquinho e conseguem levantar um carro. As pessoas que gostam das longas

horas de trabalho e da política de ascensão na hierarquia corporativa são as que

chegam rapidamente ao topo. As pessoas que gostam das tensões e incertezas do

estilo de vida do artista faminto são, no final das contas, as que chegam aos

palcos.

Isso não tem nada a ver com força de vontade ou coragem. Não é a repetição

da ladainha “não há vitória sem dor”. É o componente mais simples e básico da

vida: as batalhas determinam as conquistas. Os problemas criam a felicidade,

junto com problemas um pouco menores e mais atualizados.

Veja bem: trata-se de uma interminável espiral ascendente. Se você acha que

em algum momento terá permissão para parar, infelizmente não entendeu nada.

Porque a alegria está na subida.

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