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questão relevante é: “Qual dor você está disposto a suportar?” O caminho da
felicidade é cheio de obstáculos e humilhações.
Você tem que escolher alguma coisa. Não dá para levar uma vida sem dor.
Nem tudo são rosas e unicórnios o tempo todo. A pergunta sobre o prazer
costuma ser fácil, e quase todos nós temos uma resposta parecida.
Interessante mesmo é a pergunta sobre a dor. Qual dor você prefere tolerar?
Essa é a pergunta difícil porém relevante, a pergunta que vai levá-lo a algum
lugar. É a pergunta que pode mudar perspectivas, vidas. É o que faz de mim
quem eu sou, que faz de você quem você é. É o que nos define, nos distingue e,
no final das contas, nos une.
Durante boa parte da adolescência e início da vida adulta, tive a fantasia de ser
músico. Mais especificamente, um astro do rock. Sempre que ouvia um solo de
guitarra sensacional, fechava os olhos e me imaginava no palco, tocando sob os
gritos da multidão, enlouquecendo as pessoas com o esplendor do meu
dedilhado. Eu me perdia nessa fantasia por horas a fio. Para mim, a questão
nunca foi se eu tocaria para multidões histéricas, e sim quando. Eu tinha tudo
planejado. Só estava esperando até poder investir a energia e o esforço
necessários para chegar lá e deixar minha marca. Primeiro, tinha que terminar a
escola. Depois, ganhar dinheiro para comprar a guitarra. Aí, precisava encontrar
tempo para praticar. Depois, fazer contatos e começar meu primeiro projeto. E
depois… Depois, nada.
Apesar de eu ter passado metade da vida fantasiando, esse sonho nunca se
tornou realidade. E foi preciso muito tempo e muita luta para que eu finalmente
descobrisse por quê: eu não queria aquilo de verdade.
Minha paixão era pelo resultado — eu lá, no palco, colocando minha alma na
música, as pessoas aplaudindo, eu arrasando —, mas não pelo processo. E, por
causa disso, fracassei. Várias vezes. Sinceramente, nem tentei o suficiente para
fracassar. Eu mal tentei. O esforço diário de praticar, a logística de encontrar
uma banda e ensaiar, a dificuldade de arranjar shows e fazer as pessoas
aparecerem e se interessarem, as cordas arrebentadas, o amplificador estourado,
os vinte quilos de equipamentos que eu precisaria levar de lá pra cá sem carro…
O sonho é imenso, e a escalada até o topo é interminável. O que levei muito