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mundanos. Pessoas que se abstêm dos prazeres mundanos sofrem por se
absterem.
Isso não significa que todo sofrimento seja igual. Sem dúvida, alguns são mais
dolorosos que outros, mas mesmo assim todos sofremos.
Anos depois, o príncipe formularia toda uma nova filosofia de vida e a
transmitiria ao mundo, e este seria o princípio central: devemos parar de tentar
resistir à dor e à perda, pois são inevitáveis. O príncipe se tornaria conhecido
como Buda. E, se você nunca ouviu falar dele, saiba que Buda não foi pouca
coisa.
Existe uma premissa básica em muitas de nossas conjecturas e crenças. Ela
postula que a felicidade é algorítmica, que pode ser buscada, merecida e
alcançada como se estivéssemos entrando na faculdade de direito ou montando
um complicado conjunto de Lego. Se eu conseguir X, serei feliz. Se eu tiver a
aparência Y, serei feliz. Se eu conquistar uma pessoa como Z, serei feliz.
Essa premissa é o problema. A felicidade não é uma equação que possa ser
solucionada. A insatisfação e a inquietude são inerentes à natureza humana e,
como veremos, componentes necessários para se criar uma felicidade
consistente. Buda sustentou isso a partir de uma perspectiva teológica e
filosófica. Vou defender o mesmo argumento neste capítulo, mas de uma
perspectiva biológica, com pandas.
As desventuras do Panda da Desilusão
Se eu pudesse inventar um super-herói, seria o Panda da Desilusão. Com uma
máscara cafona nos olhos e uma camiseta que não cobriria sua enorme barriga
de panda, ele teria o superpoder de dizer às pessoas duras verdades sobre si
mesmas. Verdades que elas precisam ouvir, mas não querem aceitar.
O Panda da Desilusão iria de porta em porta como um vendedor de Bíblias,
tocando a campainha e dizendo coisas como “Claro, ganhar muito dinheiro faz
você se sentir bem, mas não vai conquistar o amor dos seus filhos”, ou “Se você
precisa pensar antes de responder se confia na sua esposa, é porque não confia”,
ou “O seu conceito de ‘amizade’ não passa de constantes tentativas de