You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
algo maior que você mesmo; escolher valores que não servem só aos seus
interesses, valores que sejam simples, imediatos, controláveis e tolerantes ao
mundo caótico que o rodeia. Esta é a raiz da felicidade. Esteja você dando
ouvidos ao que diz Aristóteles, os psicólogos de Harvard, Jesus Cristo ou os
Beatles, todos pregam que a felicidade advém da mesma coisa: se importar com
algo maior do que você, acreditar que você é um componente que contribui para
um contexto muito maior, que a sua vida não passa de parte do processo de uma
grande produção ininteligível. É para ter essa sensação que as pessoas vão à
igreja; é por isso que lutam em guerras; é por ela que criam famílias, economizam
aposentadorias, constroem pontes e inventam celulares: por essa sensação fugaz
de fazer parte de algo maior e mais misterioso do que elas.
A arrogância tira isso de nós. A gravidade dessa postura atrai toda a atenção
para dentro, para nós mesmos, fazendo parecer que nós estamos no centro de
todos os problemas do universo, que nós somos os únicos que sofrem todas as
injustiças, que somos nós que merecemos a grandeza, e não os outros.
Por mais atraente que seja, a arrogância nos isola. A nossa curiosidade e
empolgação pelo mundo se vira contra si mesma e reflete nossos preconceitos e
projeções em todas as pessoas que conhecemos, em todos os eventos que
vivenciamos. Isso é sexy e sedutor. Pode ser agradável por um tempo e vende
muitos ingressos, mas é um veneno espiritual.
São essas dinâmicas que nos afligem hoje em dia. Estamos muito bem no
plano material, mas também, de inúmeras maneiras baixas e superficiais, muito
atormentados no psicológico. As pessoas renunciam a todas as
responsabilidades, exigindo que a sociedade cuide dos seus sentimentos e
sensibilidades. As pessoas se apegam a certezas arbitrárias e tentam impô-las aos
outros, muitas vezes com violência, em nome de alguma causa justa imaginária.
Eufóricas por uma sensação de falsa superioridade, as pessoas caem na inércia e
na letargia por medo de tentar e fracassar em algo que valha a pena.
A mente moderna, mimada, resultou em indivíduos que se sentem
merecedores de algo sem se esforçar, que sentem ter direito a algo sem se
sacrificar. As pessoas se declaram especialistas, empresários, inventores,
inovadores e treinadores sem qualquer experiência real de vida. Não fazem isso