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A Sutil Arte de Ligar o F_da-se - Mark Manson

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Só ouço o vento.

É isso?

Meu corpo estremece, o medo se torna euforia e ofuscação. Eu me concentro

e esvazio a mente, em uma espécie de meditação. Nada nos deixa presentes e

conscientes como estar a poucos centímetros da morte. Eu me endireito, olho

para a frente outra vez e me pego sorrindo. Lembro a mim mesmo que morrer

não é um problema.

* * *

Essa interação intencional e até exuberante com a própria mortalidade tem raízes

antigas. Os estoicos da Grécia e da Roma antigas imploravam às pessoas que

tivessem a morte sempre em mente, de forma a apreciar a vida e permanecer

humildes diante das adversidades. Em várias formas de budismo, a prática da

meditação é ensinada como um meio de se preparar para a morte em vida.

Dissolver o ego em um grande nada — alcançar o estado iluminado do nirvana

— é visto como um teste para a passagem ao outro lado. Até Mark Twain, aquele

maluco cabeludo que chegou e foi embora no Cometa Halley, disse: “O medo da

morte vem do medo da vida. Um homem que vive plenamente está preparado

para morrer a qualquer momento.”

* * *

De volta ao penhasco, eu me abaixo e me inclino para trás. Coloco as mãos no

chão atrás de mim e me sento lentamente. Depois passo uma perna pela borda

do penhasco. Há uma pequena protuberância na lateral. Apoio o pé nela. Então

passo o outro pé pela borda e o apoio na mesma pedra. Fico ali sentado por um

tempo, apoiado nas palmas das mãos, o vento bagunçando o meu cabelo. Agora

a ansiedade é suportável, desde que eu permaneça focado no horizonte.

Então me endireito e olho o precipício de novo. O medo dispara pela minha

coluna, eletrizando braços e pernas e fazendo meu cérebro focar nas coordenadas

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