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A Sutil Arte de Ligar o F_da-se - Mark Manson

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nos sentimos impelidos a dedicar tanto tempo aos outros, especialmente às

crianças, na esperança de que a nossa influência — nosso eu conceitual —

dure muito mais que o físico; na esperança de que seremos lembrados,

reverenciados e idolatrados muito depois que o nosso eu físico deixar de

existir.

Becker chamou esses esforços de nossos “projetos de imortalidade”,

aqueles que permitem que o eu conceitual continue vivo muito depois da

nossa morte física. Toda a civilização humana, diz ele, é basicamente o

resultado de inúmeros projetos de imortalidade: cidades, governos, estruturas

e autoridades que existem hoje já foram projetos de imortalidade de mulheres

e homens que vieram antes de nós. São o que restou de seres conceituais que

não morreram. Nomes como Jesus, Maomé, Napoleão e Shakespeare são tão

poderosos hoje quanto eram quando essas pessoas estavam vivas, se não mais.

E esse é o objetivo principal. Seja ao dominar uma forma de arte, conquistar

uma nova terra, obter riquezas ou simplesmente ter uma família grande e

amorosa que continuará a existir por gerações, todo o significado da vida

humana é moldado por esse desejo inato de nunca morrer.

Religião, política, esportes, arte e inovações tecnológicas são o resultado

dos projetos de imortalidade das pessoas. Becker argumenta que guerras,

revoluções e genocídios ocorrem quando os projetos de imortalidade de um

grupo de pessoas colidem com os de outro. Séculos de opressão e o

derramamento de sangue de milhões de pessoas foram justificados como

sendo uma defesa do projeto de imortalidade de um grupo em detrimento de

outro.

Mas quando os nossos projetos de imortalidade fracassam, quando o

significado se perde, quando a perspectiva de que o nosso eu conceitual

sobreviva ao físico não parece mais possível ou provável, o pavor da morte —

essa ansiedade horrível e deprimente — volta. Isso pode ser causado por um

trauma ou por vergonha e ridicularização social. E também, como assinala

Becker, por uma doença mental.

Caso ainda não tenha percebido, nossos projetos de imortalidade são os

valores. Eles são o barômetro do significado e do valor da vida. Quando esses

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