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por ele na hora. Sem mais nem menos. Então, ele se esgueirou para o jardim da
casa dela e ali os dois decidiram se casar no dia seguinte, porque, claro, isso é uma
ótima decisão, ainda mais quando seus pais querem assassinar seus futuros
sogros. Avancemos alguns dias. As famílias descobrem o casamento e têm um
chilique. Mercúcio morre. A garota fica tão chateada que toma uma poção para
dormir por dois dias. Mas, infelizmente, o jovem casal ainda não tinha aprendido
as manhas de uma boa comunicação conjugal, e a jovem simplesmente esquece
de contar que fez isso ao marido. Então o jovem confunde o coma da esposa com
suicídio, perde completamente a linha e se mata, achando que vai ficar com ela
no além ou coisa assim. Mas aí ela acorda do coma e, quando descobre que o
marido se suicidou, resolve se matar também. Fim.
Hoje em dia, Romeu e Julieta é sinônimo de “romance” na nossa cultura, visto
como a grande história de amor na cultura de língua inglesa, um ideal emocional
a igualar. Mas, se prestarmos atenção ao que acontece na história, vemos que
aqueles garotos estavam surtados. Prova disso é que se mataram.
Muitos estudiosos suspeitam que Shakespeare tenha escrito Romeu e Julieta
não como uma história que celebraria o romance, mas como sátira, como forma
de mostrar que o amor é insano. Ele não queria que a peça fosse uma glorificação
do amor. A peça é justamente o contrário: uma grande placa de neon piscando
MANTENHA DISTÂNCIA e cercada por uma fita da polícia avisando NÃO ULTRAPASSE.
Durante a maior parte da história da humanidade, o amor romântico não foi
celebrado como é hoje em dia. Na verdade, até meados do século XIX, era visto
como um impedimento psicológico desnecessário e potencialmente perigoso
para as coisas realmente importantes da vida — cuidar bem da fazenda, por
exemplo, e/ou se casar com um cara que tivesse um monte de ovelhas. Em geral,
os jovens eram afastados à força de suas paixões românticas em favor de
casamentos que lhes trouxessem vantagens econômicas práticas, que pudessem
proporcionar estabilidade tanto para o casal quanto para as famílias.
Hoje, no entanto, todo mundo se derrete por esse amor ensandecido. Ele
predomina em nossa cultura. E quanto mais dramático, melhor — seja Ben
Affleck tentando destruir um asteroide e salvar a Terra para impressionar a
garota que ama, Mel Gibson assassinando centenas de ingleses e tendo fantasias