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A Sutil Arte de Ligar o F_da-se - Mark Manson

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única cidade, um só país ou cultura? Se eu podia viver tudo, era o que eu deveria

fazer, certo?

Armado com esse grandioso senso de conexão com o mundo, fiquei saltando

de país em país, cruzando oceanos, continentes, em um jogo de amarelinha

global que durou mais de cinco anos. Visitei cinquenta e cinco nações, fiz

dezenas de amigos e me vi nos braços de várias mulheres — todas rapidamente

substituíveis, algumas apagadas da memória já no voo para o país seguinte.

Era uma vida estranha, repleta de experiências fantásticas que escancararam

meus horizontes, cheia de euforias superficiais, perfeitas para adormecer minha

dor subjacente. Eu tinha a sensação de estar vivendo um momento que era ao

mesmo tempo muito profundo e muito vazio. Ainda tenho, aliás. Algumas das

maiores lições que aprendi na vida e alguns dos momentos que mais definiram

meu caráter aconteceram durante esse período na estrada. Por outro lado, alguns

dos meus maiores desperdícios de tempo e energia também.

Moro em Nova York atualmente. Tenho uma casa mobiliada, contas no meu

nome e uma esposa. Nada disso é muito glamouroso ou empolgante. E eu gosto

que seja assim. Depois de tantos anos intensos, a maior lição que tirei da minha

aventura foi que a liberdade absoluta, por si só, não significa nada.

A liberdade nos dá a oportunidade de encontrar um significado maior, mas

ela em si não tem necessariamente nada de significativo. No fim das contas, a

única maneira de encontrar significado e propósito é rejeitar alternativas, num

processo que constitui um estreitamento da liberdade, ao escolher formar

vínculos e assumir compromissos com um lugar, uma crença ou (ai!) uma

pessoa.

Essa percepção me ocorreu lentamente, durante meus anos de viagem. Como

acontece com a maioria dos excessos que cometemos, é preciso se afogar neles

para perceber que não nos fazem feliz. Foi assim comigo. Enquanto eu me

afogava no meu quinquagésimo terceiro, quinquagésimo quarto e

quinquagésimo quinto países, comecei a entender que, de todas aquelas

experiências empolgantes e incríveis, poucas teriam algum significado

duradouro. Enquanto meus amigos nos Estados Unidos estavam se casando,

comprando casas e dedicando seu tempo a empresas interessantes ou causas

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