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única cidade, um só país ou cultura? Se eu podia viver tudo, era o que eu deveria
fazer, certo?
Armado com esse grandioso senso de conexão com o mundo, fiquei saltando
de país em país, cruzando oceanos, continentes, em um jogo de amarelinha
global que durou mais de cinco anos. Visitei cinquenta e cinco nações, fiz
dezenas de amigos e me vi nos braços de várias mulheres — todas rapidamente
substituíveis, algumas apagadas da memória já no voo para o país seguinte.
Era uma vida estranha, repleta de experiências fantásticas que escancararam
meus horizontes, cheia de euforias superficiais, perfeitas para adormecer minha
dor subjacente. Eu tinha a sensação de estar vivendo um momento que era ao
mesmo tempo muito profundo e muito vazio. Ainda tenho, aliás. Algumas das
maiores lições que aprendi na vida e alguns dos momentos que mais definiram
meu caráter aconteceram durante esse período na estrada. Por outro lado, alguns
dos meus maiores desperdícios de tempo e energia também.
Moro em Nova York atualmente. Tenho uma casa mobiliada, contas no meu
nome e uma esposa. Nada disso é muito glamouroso ou empolgante. E eu gosto
que seja assim. Depois de tantos anos intensos, a maior lição que tirei da minha
aventura foi que a liberdade absoluta, por si só, não significa nada.
A liberdade nos dá a oportunidade de encontrar um significado maior, mas
ela em si não tem necessariamente nada de significativo. No fim das contas, a
única maneira de encontrar significado e propósito é rejeitar alternativas, num
processo que constitui um estreitamento da liberdade, ao escolher formar
vínculos e assumir compromissos com um lugar, uma crença ou (ai!) uma
pessoa.
Essa percepção me ocorreu lentamente, durante meus anos de viagem. Como
acontece com a maioria dos excessos que cometemos, é preciso se afogar neles
para perceber que não nos fazem feliz. Foi assim comigo. Enquanto eu me
afogava no meu quinquagésimo terceiro, quinquagésimo quarto e
quinquagésimo quinto países, comecei a entender que, de todas aquelas
experiências empolgantes e incríveis, poucas teriam algum significado
duradouro. Enquanto meus amigos nos Estados Unidos estavam se casando,
comprando casas e dedicando seu tempo a empresas interessantes ou causas