A Sutil Arte de Ligar o F_da-se - Mark Manson
feliz por ter passado pelas tragédias da guerra. Muitos ainda sofriam com ascicatrizes emocionais. Alguns, no entanto, tinham conseguido canalizá-las parauma transformação pessoal positiva e poderosa.E eles não estão sozinhos nessa inversão. Para muitas pessoas, as maioresrealizações decorrem das maiores adversidades. Em geral, nosso sofrimento nostorna mais fortes, mais resistentes, mais equilibrados. Muitos sobreviventes docâncer, por exemplo, dizem se sentir mais fortes e gratos depois de vencer abatalha pela vida. Muitos militares relatam uma resistência mental obtida aotolerar o ambiente de uma zona de conflito.Dabrowski argumenta que nem sempre o medo, a ansiedade e a tristeza sãoestados de espírito indesejáveis ou inúteis. Pelo contrário: com frequênciarepresentam a dor necessária ao amadurecimento. Negar essa dor é negar nossopotencial. Assim como a dor muscular é necessária para fortalecer o corpo, a doremocional é imprescindível se quisermos desenvolver resistência emocional, umsenso mais agudo de identidade, mais compaixão e, em última instância, ter umavida melhor.Em perspectiva, as mudanças pessoais mais radicais acontecem depois daspiores experiências. Só em face a uma dor intensa nos dispomos a reavaliarnossos valores e examinar suas falhas. Precisamos de algum tipo de criseexistencial para analisar de forma objetiva a fonte do significado que damos àvida, e só depois considerar uma mudança de curso.Qualquer um pode chamar isso de “fundo do poço” ou “crise existencial”. Euprefiro chamar de “tempestade de merda”. Escolha o que achar melhor.E talvez você esteja diante desse cenário neste exato momento. Talvez estejasaindo agora mesmo do desafio mais importante da sua vida e se sintadesnorteado porque tudo que considerava verdadeiro, normal e bom setransformou no oposto.Isso é bom — é o ponto de partida. Repetindo: a dor faz parte do processo. Éimportante senti-la. Porque se você só corre atrás de euforias o tempo todo paraencobrir a dor, deleita-se em arrogância e em pensamentos positivos delirantes,continua abusando de substâncias químicas ou exagerando a frequência dedeterminadas atividades, nunca terá motivação para mudar.
Quando eu era jovem, sempre que minha família comprava um videocasseteou aparelho de som novo, eu apertava todos os botões e tirava e recolocava todosos fios e cabos só para ver o que cada parte fazia. Com o tempo, aprendi como osistema todo funcionava. E, como eu sabia toda a mecânica, normalmente era oúnico da casa a de fato usar os aparelhos.Como aconteceu com muitos millennials, meus pais achavam que eu era umaespécie de prodígio. O fato de eu conseguir programar o videocassete sem olharo manual de instruções me tornava a reencarnação de Nikola Tesla.É fácil olhar para a geração dos meus pais e rir da tecnofobia que os acomete.Hoje, quanto mais avanço na vida adulta, melhor percebo que cada um age deforma semelhante em algumas áreas da vida — sentamos, olhamos, balançamos acabeça e dizemos “Mas como?”, quando a verdade é muito simples.O tempo todo eu recebo e-mails com perguntas nesse estilo. Por muitos anos,eu não soube o que responder.Teve o caso da garota cujos pais imigrantes economizaram a vida inteira paraque ela pudesse estudar medicina. Já na faculdade, ela odiou, descobriu que nãoqueria ser médica e o que mais queria era ir embora dali. Mas ela se sentia presa.Tanto que enviou um e-mail para um desconhecido na internet (no caso, eu)com uma pergunta boba e óbvia: “Como faço para largar a faculdade demedicina?”Teve também um cara apaixonado por sua orientadora na faculdade. Elesofria a cada suspiro, a cada risada, a cada sorriso dela, a cada brecha na conversaque lhes permitisse sair de assuntos acadêmicos e contar casos descontraídos. Eleme enviou por e-mail um arquivo de vinte e oito páginas contando toda essanovela e concluía com a pergunta: “Como eu a chamo para sair?” E ainda a mãesolteira cujos filhos terminaram a faculdade e agora ficam o dia todo em casacoçando o saco, comendo a comida dela, gastando o dinheiro dela, sem respeitaro espaço nem o desejo de privacidade dela. Essa mulher quer que eles toquem avida. Ela quer seguir com a própria vida, mas morre de medo de afastar os filhos,por isso me pergunta por e-mail: “Como eu peço que eles saiam de casa?”São perguntas videocassete. Para quem está de fora, a resposta é simples:respira fundo e se joga.
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feliz por ter passado pelas tragédias da guerra. Muitos ainda sofriam com as
cicatrizes emocionais. Alguns, no entanto, tinham conseguido canalizá-las para
uma transformação pessoal positiva e poderosa.
E eles não estão sozinhos nessa inversão. Para muitas pessoas, as maiores
realizações decorrem das maiores adversidades. Em geral, nosso sofrimento nos
torna mais fortes, mais resistentes, mais equilibrados. Muitos sobreviventes do
câncer, por exemplo, dizem se sentir mais fortes e gratos depois de vencer a
batalha pela vida. Muitos militares relatam uma resistência mental obtida ao
tolerar o ambiente de uma zona de conflito.
Dabrowski argumenta que nem sempre o medo, a ansiedade e a tristeza são
estados de espírito indesejáveis ou inúteis. Pelo contrário: com frequência
representam a dor necessária ao amadurecimento. Negar essa dor é negar nosso
potencial. Assim como a dor muscular é necessária para fortalecer o corpo, a dor
emocional é imprescindível se quisermos desenvolver resistência emocional, um
senso mais agudo de identidade, mais compaixão e, em última instância, ter uma
vida melhor.
Em perspectiva, as mudanças pessoais mais radicais acontecem depois das
piores experiências. Só em face a uma dor intensa nos dispomos a reavaliar
nossos valores e examinar suas falhas. Precisamos de algum tipo de crise
existencial para analisar de forma objetiva a fonte do significado que damos à
vida, e só depois considerar uma mudança de curso.
Qualquer um pode chamar isso de “fundo do poço” ou “crise existencial”. Eu
prefiro chamar de “tempestade de merda”. Escolha o que achar melhor.
E talvez você esteja diante desse cenário neste exato momento. Talvez esteja
saindo agora mesmo do desafio mais importante da sua vida e se sinta
desnorteado porque tudo que considerava verdadeiro, normal e bom se
transformou no oposto.
Isso é bom — é o ponto de partida. Repetindo: a dor faz parte do processo. É
importante senti-la. Porque se você só corre atrás de euforias o tempo todo para
encobrir a dor, deleita-se em arrogância e em pensamentos positivos delirantes,
continua abusando de substâncias químicas ou exagerando a frequência de
determinadas atividades, nunca terá motivação para mudar.