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Política Fiscal<br />

Survey <strong>EY</strong> – Orçamento<br />

do Estado para 2020<br />

Luís Marques<br />

Country Tax Leader<br />

Dando continuidade a um exercício<br />

efetuado em 2018 a propósito<br />

do conteúdo da Proposta<br />

de Lei do Orçamento do Estado<br />

para 2019, a <strong>EY</strong> voltou novamente<br />

a lançar o desafio a gestores,<br />

empresários e profissionais que<br />

atuam na área fiscal, no sentido<br />

de perceber quais seriam as<br />

áreas de maior relevo em que<br />

o Governo deveria incidir a sua<br />

ação no âmbito da preparação da<br />

Proposta de Lei do Orçamento do<br />

Estado para 2020 (PLOE2020) em<br />

matérias de índole fiscal.<br />

Este segundo survey contou com<br />

um total de quase 100 respostas<br />

e mostra o interesse acrescido<br />

que o mesmo despoletou junto<br />

dos agentes económicos, revelando<br />

alguns dados interessantes<br />

e que podem constituir uma<br />

matéria de reflexão nesta fase<br />

que antecede a apresentação da<br />

PLOE2020 por parte do Governo,<br />

a qual se perspetiva que venha a<br />

ocorrer no próximo dia 16 de dezembro<br />

de 2019, tendo por base<br />

as últimas informações que têm<br />

vindo a ser veiculadas nos órgãos<br />

de comunicação social.<br />

Uma das áreas que a <strong>EY</strong> voltou<br />

a considerar no âmbito deste<br />

survey, dada a relevância e a<br />

premência da mesma, foi a de<br />

ter uma perceção de como os<br />

agentes económicos avaliam,<br />

em termos gerais, o sistema fiscal<br />

Português. Neste contexto,<br />

uma das áreas que mais realce<br />

mereceu, em termos de aspetos<br />

menos positivos, por parte dos<br />

respondentes ao survey da <strong>EY</strong> foi<br />

relativamente ao peso da carga<br />

fiscal total suportada (quer ao<br />

nível dos impostos diretos, quer<br />

ao nível dos impostos indiretos).<br />

Existe, pois, uma clara convicção<br />

por parte dos agentes económicos<br />

(mais de 90% dos inquiridos)<br />

que o nível da carga fiscal suportada<br />

é muito elevado. Não é certamente<br />

um resultado surpreendente,<br />

pois de facto, carga fiscal<br />

suportada em Portugal, direta e<br />

indiretamente, e à semelhança<br />

daquilo que o survey efetuado<br />

no ano anterior mostrava, situase<br />

num patamar dos mais elevados<br />

que existem na Europa. Os<br />

últimos dados apontam para um<br />

valor que rondará os 35% do PIB.<br />

De igual modo, a falta de estabilidade<br />

do sistema fiscal é também<br />

apontada como um aspeto menos<br />

positivo para cerca de 88%<br />

dos inquiridos. De facto, as várias<br />

alterações legislativas (que têm<br />

vindo a ser registadas transversalmente<br />

ao nível dos vários impostos)<br />

a que temos vindo constantemente<br />

a assistir contribuem<br />

sem dúvida para este resultado.<br />

Como aspeto positivo, constata-se<br />

que o leque de incentivos<br />

fiscais que atualmente se encontram<br />

contemplados na legislação<br />

fiscal para as atividades<br />

de investigação e desenvolvimento<br />

é adequado ou positivo.<br />

Esta é uma opinião partilhada<br />

por 70% dos respondentes do<br />

survey. É sem dúvida um aspeto<br />

que merece realce e que<br />

decorre das várias medidas que<br />

existem neste domínio e que<br />

o tecido empresarial tem, sem<br />

dúvida, vindo a utilizar de forma<br />

consistente.<br />

Em termos de competitividade<br />

fiscal que Portugal mostra face<br />

a outros países, a esmagadora<br />

maioria dos inquiridos refere que<br />

tal facto terá de necessariamente<br />

envolver alterações legislativas<br />

em sede dos principais impostos<br />

sobre o rendimento que vigoram<br />

em Portugal (i.e. o IRC e o IRS).<br />

Esta é uma opinião que se verifica<br />

em mais de 90% das respostas<br />

recebidas que indicam que o<br />

sistema fiscal Português peca por<br />

falta de competitividade quando<br />

comparado com outros países.<br />

Este aspeto deve merecer um<br />

particular cuidado por parte do<br />

Governo, pois pode ser entendido<br />

como uma ameaça, dado que<br />

potenciais investidores internacionais<br />

poderão, como base num<br />

quadro mais negativo, ponderarem<br />

deslocalizar decisões de investimento<br />

no nosso País.<br />

Finalmente, e numa perspetiva<br />

mais global, o survey mostra que<br />

para 96% dos inquiridos a área de<br />

litigância fiscal / contencioso tributário<br />

carece de melhorias, não<br />

só ao nível das posições normalmente<br />

mais conservadoras adotadas<br />

pela Autoridade Tributária<br />

e Aduaneira no âmbito das ações<br />

inspetivas e outras tomadas de<br />

posição, bem como pela morosidade<br />

na obtenção de decisões<br />

definitivas nos casos de disputas.<br />

Apesar de se registarem melhorias<br />

a este nível (i.e. por via do recurso<br />

aos tribunais arbitrais), para os<br />

contribuintes esta é sem dúvida<br />

uma área de grande preocupação.<br />

Em resumo, com a realização da<br />

segunda edição deste survey,<br />

pensamos que foi possível ter<br />

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