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Tributação Empresarial<br />
Revisão dos benefícios<br />
fiscais – Revisão estrutural<br />
ou simples corte<br />
de despesa fiscal?<br />
28<br />
DIOGO CUNHA<br />
Manager, Tax Services<br />
No passado dia 17 de<br />
junho de 2019, foram<br />
apresentadas as<br />
principais conclusões<br />
de um estudo elaborado<br />
por um Grupo de<br />
Trabalho indigitado<br />
pelo Governo sobre<br />
os benefícios fiscais<br />
atualmente em vigor<br />
em Portugal.<br />
Para o efeito, o referido Grupo de<br />
Trabalho procedeu a um levantamento<br />
exaustivo e sistematizado<br />
dos benefícios fiscais em vigor,<br />
tendo ainda desenvolvido uma<br />
nova metodologia para, no futuro,<br />
criar, monitorizar e avaliar os<br />
mesmos.<br />
As principais conclusões do<br />
estudo apontam (1) para um<br />
aparente facilitismo com a implementação<br />
de mais de cinco<br />
centenas de benefícios fiscais;<br />
(2) para um elevado número de<br />
benefícios fiscais dispersos por<br />
legislação avulsa, o que torna<br />
o sistema complexo e pouco<br />
transparente; (3) para a dificuldade<br />
na avaliação de um número<br />
significativo de benefícios<br />
fiscais quanto à despesa fiscal<br />
associada e/ou número de beneficiários;<br />
(4) para uma falta<br />
de clareza quanto aos objetivos<br />
pretendidos.<br />
Note-se que o estudo apresentado<br />
não recomenda a extinção<br />
de qualquer benefício em particular,<br />
mas admite que, em vários<br />
casos, não é possível saber que<br />
despesa geram e quantos contribuintes<br />
beneficiam dos mesmos.<br />
Adicionalmente, o estudo recomenda<br />
que os futuros Orçamentos<br />
do Estado passem a detalhar<br />
o impacto financeiro do benefício,<br />
como se de uma despesa<br />
direta se tratasse. Outra das<br />
propostas sugeridas pelo Grupo<br />
de Trabalho é que cada novo benefício<br />
criado seja compensado<br />
do ponto de vista do equilíbrio<br />
orçamental.<br />
O Grupo de Trabalho sugere ainda<br />
que seja criada uma base de<br />
dados eletrónica, que vá sendo<br />
regularmente atualizada, de<br />
modo a dar informação simplificada<br />
ao contribuinte sobre a forma<br />
de aproveitar os benefícios<br />
fiscais. Ao mesmo tempo, propõe<br />
que esta base, sempre que<br />
possível, inclua um relatório da<br />
despesa fiscal incorrida com o<br />
benefício fiscal em causa.<br />
Por fim, é recomendado que seja<br />
feita uma avaliação periódica<br />
dos benefícios fiscais existentes<br />
(em ciclos de 5 anos) por uma<br />
unidade técnica criada para o<br />
efeito. Esta unidade técnica deverá,<br />
igualmente, acompanhar<br />
a criação de novos benefícios<br />
fiscais e a monitorização dos<br />
mesmos.<br />
No decurso da apresentação do<br />
estudo em apreço, o Ministro das<br />
Finanças mencionou que, num<br />
futuro próximo, proceder-se-á a<br />
uma reavaliação e monitorização<br />
efetiva dos benefícios fiscais<br />
atualmente em vigor.<br />
No entanto, deseja-se que esta<br />
revisão não tenha como objetivo<br />
apenas o corte de despesa fiscal<br />
nas ações de redução do défice<br />
público.<br />
Recorde-se que nos termos do<br />
n.º 1 do artigo 2.º do Estatuto<br />
dos Benefícios Fiscais, são considerados<br />
benefícios fiscais, as<br />
medidas de carácter excecional<br />
instituídas para tutela de interesses<br />
públicos extrafiscais relevantes<br />
que sejam superiores<br />
aos da própria tributação que<br />
impedem.<br />
Por tudo o que acabou de ser<br />
exposto, esta deverá ser uma<br />
oportunidade de ouro para efetuar-se<br />
uma revisão estrutural<br />
de todos os benefícios fiscais<br />
em vigor, aproveitando para criar<br />
medidas que visem aumentar o<br />
crescimento económico, atrair o<br />
investimento direto estrangeiro,<br />
aumentar o investimento nacional,<br />
aumentar a poupança e o<br />
emprego e, por fim, aumentar a<br />
receita fiscal.