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Tributação Digital<br />

Os desafios da globalização<br />

fiscal num mundo Digital<br />

108<br />

RUI HENRIQUES<br />

Partner, Tax Services<br />

Num ambiente<br />

fiscal global cada<br />

vez mais interligado,<br />

a informação<br />

é amplamente<br />

compartilhada<br />

entre as autoridades<br />

fiscais. Como<br />

se devem preparar<br />

as multinacionais?<br />

Uma multinacional (MN) norte<br />

-americana com uma estrutura<br />

principal na Europa estava a ser<br />

auditada por uma autoridade<br />

fiscal da União Europeia (UE) em<br />

relação à sua estrutura distribuidora<br />

de risco limitado. Meses<br />

mais tarde, a autoridade fiscal<br />

de outro país da UE iniciou uma<br />

auditoria fazendo as mesmas<br />

perguntas e solicitando o mesmo<br />

ajustamento fiscal que a administração<br />

fiscal do primeiro do<br />

país havia solicitado. Coincidência?<br />

Improvável. Uma administração<br />

fiscal terá compartilhado<br />

as suas informações com a outra<br />

antes da auditoria anterior ter<br />

sido finalizada.<br />

Ambiente fiscal global<br />

Bem-vindo ao ambiente fiscal<br />

global, onde a informação fornecida<br />

numa jurisdição fiscal provavelmente<br />

vai estar disponível<br />

noutras no curto prazo.<br />

As MN têm que estar cientes deste<br />

nível de partilha de informações<br />

e compreender que as ações<br />

que realizam num país poderão<br />

potencialmente impactar sua situação<br />

noutros países também.<br />

Um enforcement fiscal agressivo e<br />

maior escrutínio nas fiscalizações<br />

das operações transfronteiriças<br />

têm-se tornado mais comuns nos<br />

últimos anos, com a Organização<br />

para a Cooperação e Desenvolvimento<br />

Económico (OCDE), a UE e<br />

as autoridades fiscais individuais<br />

a colaborar e compartilhar informações<br />

sobre perfis fiscais das<br />

empresas e sobre tais transações.<br />

O volume de regulamentações e<br />

novas leis fiscais está a aumentar,<br />

impulsionada pelo foco global<br />

no base erosion and profit<br />

shifting (BEPS). O que é novo é<br />

a velocidade com que a informação<br />

fiscal está a ser compartilhada<br />

e o amplo alcance do fluxo de<br />

informações.<br />

Informações de contribuintes podem<br />

agora ser rapidamente partilhadas<br />

com referências cruzadas<br />

e compartilhadas entre governos<br />

e autoridades com poucos cliques,<br />

tornando a consistência<br />

uma parte crítica da estratégia<br />

de gestão de risco fiscal de qualquer<br />

empresa. As autoridades fiscais<br />

também estão a reexaminar<br />

transações anteriores através dos<br />

meios disponíveis hoje, desafiando<br />

estruturas previamente estabelecidas.<br />

Adaptar à velocidade do digital<br />

O aumento do uso de métodos<br />

digitais pelas autoridades fiscais<br />

globais para recolher e analisar<br />

dados dos contribuintes está a<br />

criar novos desafios. As empresas<br />

têm cada vez mais que enviar<br />

eletronicamente uma maior<br />

variedade de dados e a um ritmo<br />

cada vez mais rápido. As autoridades<br />

fiscais utilizam motores<br />

de análise de dados para encontrar<br />

discrepâncias e comparar<br />

dados entre jurisdições e contribuintes,<br />

e tirar conclusões com<br />

base nessas análises.<br />

As empresas são muitas vezes<br />

incapazes de acompanhar o ritmo<br />

ou combinar as tecnologias<br />

digitais que algumas administrações<br />

fiscais utilizam, o que resulta<br />

em submissões de dados menos<br />

“polidas” e potencialmente<br />

com inconsistências.<br />

Neste novo mundo fiscal transparente,<br />

possuir processos desatualizados<br />

e inconsistentes pode<br />

aumentar exponencialmente o<br />

risco de litigância com as autoridades<br />

fiscais.<br />

O compliance é crescentemente<br />

mais complexo por requisitos<br />

de apresentação de dados que<br />

podem variar por país, não só<br />

no formato e tempo para a apresentação,<br />

mas também no âmbito<br />

dos impostos ou transações<br />

abrangidas. Em alguns casos, as<br />

autoridades fiscais dos países<br />

emergentes são muito rápidas<br />

na digitalização, aumentando os<br />

riscos para as MN que têm presença<br />

nessas geografias.<br />

A abordagem global<br />

à gestão de risco fiscal<br />

Num mundo de mudanças tão<br />

rápidas, as MN facilmente podem<br />

perder o controlo da sua própria<br />

política fiscal pois não sabem que<br />

dados têm as autoridades e o que<br />

estas estão a fazer com os mesmos.<br />

De forma a assegurar o controlo,<br />

é recomendável examinar as<br />

áreas que são suscetíveis de ser<br />

a fonte de maior risco e começar<br />

a desenvolver uma estratégia de

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