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Ao cimo das escadas uma porta, tinham-lhe ditopara esperar ali que era o próximo a ser atendido. A salade espera estava confinada a um pequeno hall que davaacesso a três portas cinzentas lacadas com puxadores emaço inox, embutidas em paredes verdes florescentes,pintadas de fresco. Havia um balcão alto entre duas portas,com a administrativa atrás, de pé, os cotovelos assentes notopo com as mãos a segurar a cara, a ler uma revistaqualquer ali pousada, indiferente ao resto.Vários homens e mulheres estavam espalhados pelopequeno espaço, todos eles vestidos com os mesmos fatosvermelhos. As três cadeiras existentes estavam ocupadaspelos mais velhos, que nem eram assim tão velhos, talvezentre os cinquenta e os sessenta anos, e os restantes ondese podiam enfiar, uma mulher grávida sentou-se em frenteao balcão e acabou por ocupar o resto do espaço existente.Quando o jovem entrou, deu um passo e foi barrado pelagrávida, que estava entre ele e o balcão. A administrativalevantou ligeiramente os olhos, aborrecida por mais umaO jovem subia um lance de escadas, de cabeçabaixa, passos hesitantes com medo de qualquer coisa, devez em quando roda o corpo, olha para trás e segue emfrente. Apesar da aparência de adolescente, algumas rugasde preocupação traiam a idade e a descendência asiática ébem notória, não fosse o cabelo castanho, cortado rente eos olhos cor de amêndoa num rosto pálido, podia passarpor raça pura. É um jovem pequeno, como se em algumponto da sua vida tivesse parado de crescer, e de umamagreza em recuperação, que se reconhecia pelo rostoossudo e as mãos cadavéricas, únicas partes do corpo querevelava, todo o resto estava escondido dentro de um fatode macaco vermelho com o estampado das costas a dizer:REABILITAÇÃOintrusão. E não era por pouco, já quase que não havia chãodesocupado, estava um calor seco agoniante e um cheiroa suor e flatulência começava a inundar o lugar.- Mais um? Isto hoje não para. Têm de parar deenviar todos ao mesmo tempo! Como te chamas?- Não sei senhora.- Qual é o teu número de processamento?- 441, senhora.Ela fez um gesto com um dedo no ar e surgiu a suafrente, vindo do nada um ecrã tátil.- Hummmm, haaaaaa, sim, aqui está. Já tensnome. – Revelou com impaciência. – Não fosteinformado? Joshua Lang, parece muito apropriado, que teparece?- Parece me bem, senhora.63