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Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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crônica sugere que ela tem todos os atributos de um seqüestro

emocional de baixa intensidade: as preocupações parecem

surgir do nada, são incontroláveis, geram um rumor constante de

ansiedade, são imunes à razão e prendem aquele que se

preocupa numa única e inflexível visão do tema que o

preocupa. Quando esse mesmo ciclo de preocupação se

intensifica e persiste, beira o limite de seqüestros neurais

completos, as perturbações da ansiedade: fobias, obsessões e

compulsões, ataques de pânico. Em cada uma dessas

perturbações, a preocupação se dirige a focos distintos; para o

fóbico, as ansiedades giram em torno da situação temida; para o

obsessivo, fixa-se em prevenir alguma temida calamidade; nos

ataques de pânico, a preocupação se concentra num medo de

morrer ou na perspectiva de ter uma crise de pânico.

Em todas essas condições, o denominador comum é a

preocupação exagerada. Por exemplo, uma mulher em

tratamento de uma perturbação obsessivo-compulsiva cumpria

uma série de rituais que duravam a maior parte do dia: banhos

de chuveiro de 45 minutos várias vezes, lavagem das mãos

durante cinco minutos vinte ou mais vezes. Não se sentava sem

antes esfregar o assento com álcool para esterilizá-lo.

Tampouco tocava numa criança ou animal — ambos eram

“sujos demais”. Todas essas compulsões eram causadas por um

subjacente medo mórbido de germes; ela se preocupava

constantemente pensando que, sem essas lavagens e

esterilizações, pegaria uma doença e morreria.11

Uma mulher em tratamento do “distúrbio de ansiedade

generalizada” — nomenclatura psiquiátrica para a preocupação

crônica —, atendendo ao pedido para falar de sua preocupação

durante um minuto, o fez da seguinte maneira:

Talvez eu não faça direito. Talvez saia tão artificial

que não seja uma indicação do verdadeiro problema, e

a gente precisa chegar ao verdadeiro problema... Pois

se a gente não chegar ao verdadeiro problema, eu não

vou ficar boa. E se não ficar boa, eu nunca vou ser

feliz.12

Nessa virtuosística exibição de preocupação com a

preocupação, o simples pedido de preocupar-se por um minuto

elevou-se, em milésimos de segundos, à previsão de uma

catástrofe para o resto da vida. “Eu nunca vou ser feliz.” As

preocupações seguem, em geral, essas linhas, um monólogo que

vai saltando de preocupação em preocupação e, na maioria das

vezes, inclui catastrofização, a imaginação de alguma tragédia

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