Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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15.01.2020 Views

de serem eficientes em suas vidas, dominando os hábitos mentaisque fomentam sua produtividade; as que não conseguem exercernenhum controle sobre sua vida emocional travam batalhasinternas que sabotam a capacidade de concentração no trabalhoe de lucidez de pensamento.UM TIPO DIFERENTE DE INTELIGÊNCIAPara um observador casual, Judy, de 4 anos, pode parecerdeslocada entre os coleguinhas mais gregários. Retrai-se na horadas brincadeiras, ficando mais de fora do que mergulhando nosjogos. Mas Judy é, na verdade, uma perspicaz observadora dapolítica social praticada em sua turma no pré-primário. Judytalvez seja, ali, a criança mais sofisticada no discernimento dasidas e vindas dos sentimentos dos integrantes da turma.Essa sofisticação só se torna visível quando sua professorareúne as crianças de quatro anos em volta de si para brincar doque chamam de Jogo da Sala de Aula. Essa brincadeira — umaréplica infantil da própria sala do pré-primário de Judy, em quesão colados personagens cujas cabeças são fotografias dos alunose professores — é um teste de percepção social. Quando aprofessora de Judy lhe pede que ponha cada menina e meninona parte da sala onde mais gostam de brincar — o cantinho daarte, o de montar blocos e outros —, ela o faz com totalprecisão. E quando lhe pedem que ponha um deles com quemmais gosta de brincar, ela mostra que sabe combinar osmelhores amigos da classe.A precisão de Judy revela que ela detém um perfeitomapeamento social de sua turma, um nível de percepçãoexcepcional para uma criança de 4 anos. Essas são aptidõesque, na vida posterior, permitirão que Judy seja brilhante emqualquer área onde as “aptidões pessoais” sejam úteis, atividadesessas que vão do comércio e administração até a diplomacia.O brilho social de Judy foi identificado, ainda tão cedo,porque ela é aluna da Pré-Escola Eliot-Pearson, no campus daUniversidade Tufts, onde o Projeto Spectrum, um currículo queintencionalmente cultiva vários tipos de inteligência, era entãodesenvolvido. O Projeto Spectrum parte do princípio de que orepertório humano de aptidões vai muito além da estreita faixade aptidões com palavras e números enfocados por escolastradicionais. Reconhece que aptidões como a percepção socialde Judy são talentos que um sistema educativo deve alimentar enão ignorar ou mesmo frustrar. Encorajando as crianças adesenvolverem uma série completa de aptidões a que, naverdade, recorrerão para o sucesso, ou usarão apenas para serealizar no que fazem, a escola passa a conferir educação em

aptidões para a vida.O orientador visionário que está por trás do Projeto Spectrumé Howard Gardner, psicólogo da Escola de Educação deHarvard.7— Chegou a hora — disse — de ampliar nossa noção sobreo espectro de talentos. A maior contribuição que a educaçãopode dar ao desenvolvimento de uma criança é ajudá-la aescolher uma profissão onde possa melhor utilizar os seustalentos, onde ela será feliz e competente. Perdemos issointeiramente de vista. Em vez disso, sujeitamos todos a umaeducação em que, se você for bem-sucedido, estará mais bemcapacitado para ser professor universitário. E avaliamos todos,ao longo do percurso, conforme satisfaçam ou não esse estreitopadrão de sucesso. Devíamos gastar menos tempo avaliando ascrianças e mais tempo ajudando-as a identificar suas aptidões edons naturais, e a cultivá-los. Há centenas e centenas demaneiras de ser bem-sucedido e muitas, muitas aptidõesdiferentes que as ajudarão a chegar lá.8Se existe alguém que vê as limitações das velhas formas depensar sobre a inteligência, é Gardner. Ele observa que os diasde glória dos testes de QI tiveram início durante a PrimeiraGuerra Mundial, quando 2 milhões de americanos foramclassificados por meio do preenchimento, em massa, doprimeiro formulário para avaliação de QI, então criado porLewis Terman, um psicólogo de Stanford. Isso levou a décadasdo que Gardner chama de “modo de pensar do QI”:— Pensar que as pessoas são inteligentes ou não, quenasceram assim, que esse é um dado imutável e que os testespodem dizer se a gente é um dos inteligentes ou não. O testeSAT para admissão em universidades repete a forma de pensarsegundo a qual uma única aptidão é determinante para o nossofuturo. Esse modo de pensar está impregnado na sociedade.O influente livro de Gardner, Frames of Mind (Estados deEspírito), de 1983, foi um manifesto de contestação à visão doQI; ali, o que o autor coloca é que não há um tipo específico,monolítico, de inteligência decisiva para o sucesso na vida, massim um amplo espectro de inteligências, com sete variedadesprincipais. Em sua lista entram os dois tipos-padrão deinteligência acadêmica, a fluência verbal e o raciocínio lógicomatemático,mas ele vai mais além para incluir a aptidãoespacial que se vê, digamos, num destacado pintor ou arquiteto;o gênio cinestésico exibido na fluidez e graça físicas de umaMartha Graham ou de um Magic Johnson; e os dons musicais deum Mozart ou de um YoYo Ma. Arrematando a lista, há duasfaces do que Gardner chama de “inteligências pessoais”:aptidões interpessoais, como as de um grande terapeuta como

de serem eficientes em suas vidas, dominando os hábitos mentais

que fomentam sua produtividade; as que não conseguem exercer

nenhum controle sobre sua vida emocional travam batalhas

internas que sabotam a capacidade de concentração no trabalho

e de lucidez de pensamento.

UM TIPO DIFERENTE DE INTELIGÊNCIA

Para um observador casual, Judy, de 4 anos, pode parecer

deslocada entre os coleguinhas mais gregários. Retrai-se na hora

das brincadeiras, ficando mais de fora do que mergulhando nos

jogos. Mas Judy é, na verdade, uma perspicaz observadora da

política social praticada em sua turma no pré-primário. Judy

talvez seja, ali, a criança mais sofisticada no discernimento das

idas e vindas dos sentimentos dos integrantes da turma.

Essa sofisticação só se torna visível quando sua professora

reúne as crianças de quatro anos em volta de si para brincar do

que chamam de Jogo da Sala de Aula. Essa brincadeira — uma

réplica infantil da própria sala do pré-primário de Judy, em que

são colados personagens cujas cabeças são fotografias dos alunos

e professores — é um teste de percepção social. Quando a

professora de Judy lhe pede que ponha cada menina e menino

na parte da sala onde mais gostam de brincar — o cantinho da

arte, o de montar blocos e outros —, ela o faz com total

precisão. E quando lhe pedem que ponha um deles com quem

mais gosta de brincar, ela mostra que sabe combinar os

melhores amigos da classe.

A precisão de Judy revela que ela detém um perfeito

mapeamento social de sua turma, um nível de percepção

excepcional para uma criança de 4 anos. Essas são aptidões

que, na vida posterior, permitirão que Judy seja brilhante em

qualquer área onde as “aptidões pessoais” sejam úteis, atividades

essas que vão do comércio e administração até a diplomacia.

O brilho social de Judy foi identificado, ainda tão cedo,

porque ela é aluna da Pré-Escola Eliot-Pearson, no campus da

Universidade Tufts, onde o Projeto Spectrum, um currículo que

intencionalmente cultiva vários tipos de inteligência, era então

desenvolvido. O Projeto Spectrum parte do princípio de que o

repertório humano de aptidões vai muito além da estreita faixa

de aptidões com palavras e números enfocados por escolas

tradicionais. Reconhece que aptidões como a percepção social

de Judy são talentos que um sistema educativo deve alimentar e

não ignorar ou mesmo frustrar. Encorajando as crianças a

desenvolverem uma série completa de aptidões a que, na

verdade, recorrerão para o sucesso, ou usarão apenas para se

realizar no que fazem, a escola passa a conferir educação em

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