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Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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Um dos segredos de polichinelo da psicologia é a relativa

incapacidade de notas, graus de QI ou contagens do SAT[1] —

apesar da mística popular — constituírem-se em instrumentos

de previsão exata para uma vida bem-sucedida. É verdade que,

para grandes grupos como um todo, há uma relação entre o QI

e as circunstâncias de vida: muitas pessoas de QI muito baixo

acabam em empregos medíocres, e aquelas que possuem um

QI alto tendem a obter excelentes empregos, mas isso nem

sempre ocorre.

Há inúmeras exceções à regra que considera o QI fator de

sucesso — há tantas (ou mais) exceções do que casos que se

encaixem na regra. Na melhor das hipóteses, o QI contribui

com cerca de 20% para os fatores que determinam o sucesso na

vida, o que deixa os 80% restantes por conta de outras variáveis.

Como diz um observador, “na maioria dos casos, o que mais

pesa para que alguém consiga uma boa posição na sociedade

não é o QI, mas outras circunstâncias que vão da classe social a

que ele pertence até a pura sorte”.2

Mesmo Richard Herrnstein e Charles Murray, autores de The

Bell Curve (A Curva do Sino), livro que atribui ao QI uma

importância fundamental, reconhecem isso, quando observam:

“Talvez um calouro que obteve uma contagem SAT total de 500

pontos em matemática não devesse ter tomado uma decisão

quando optou por ser um matemático. E se o que ele de fato

quisesse fosse montar seu próprio negócio, ser senador, ganhar

milhões? Ele não devia ter aberto mão de seus sonhos... A

ligação que existe entre essas aferições e aquelas realizações é

reduzida pela totalidade de outras características que ele traz

para a vida.”3

Minha preocupação é com um conjunto fundamental dessas

“outras características”, a inteligência emocional: por exemplo,

a capacidade de criar motivações para si próprio e de persistir

num objetivo apesar dos percalços; de controlar impulsos e

saber aguardar pela satisfação de seus desejos; de se manter em

bom estado de espírito e de impedir que a ansiedade interfira na

capacidade de raciocinar; de ser empático e autoconfiante. Ao

contrário do QI, com seus quase cem anos de história de

pesquisa junto a centenas de milhares de pessoas, a inteligência

emocional é um conceito novo. Ninguém pode ainda dizer

exatamente até onde responde pela variação, de pessoa para

pessoa, no curso da vida. Mas os dados existentes sugerem que

esse tipo de inteligência pode ser tão ou mais valioso que o QI.

E, embora haja quem argumente que, através da experiência ou

do aprendizado, não exista muita possibilidade de se alterar o

QI, procuro demonstrar, na Parte Cinco, que as aptidões

emocionais decisivas, na verdade, podem ser aprendidas e

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