Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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15.01.2020 Views

um segundo sinal do tálamo é encaminhado para o neocórtex —o cérebro pensante. Essa ramificação permite que a amígdalacomece a responder antes que o neocórtex o faça, pois eleelabora a informação em vários níveis dos circuitos cerebrais,antes de percebê-la plenamente e por fim dar início a umaresposta, mais cuidadosamente elaborada.A pesquisa de LeDoux é revolucionária para a compreensãoda vida emocional porque é a primeira a estabelecer caminhosneurais de sentimentos que contornam o neocórtex. Essessentimentos que tomam a rota direta da amígdala estão entre osnossos sinais mais primitivos e poderosos; esse circuito nos ajudaa entender o poder que a emoção tem de superar a razão.A opinião clássica na neurociência era de que o olho, oouvido e outros órgãos sensoriais transmitem sinais ao tálamo ede lá para as áreas de processamento sensorial do neocórtex,onde eles são reunidos em objetos como nós os percebemos. Ossinais são classificados por significados, para que o cérebroreconheça o que é cada objeto e o que significa a sua presença.Do neocórtex, dizia a antiga teoria, os sinais são enviados para océrebro límbico, e de lá a resposta apropriada se irradia pelocérebro e o resto do corpo. É assim que funciona durante amaior parte do tempo — mas LeDoux descobriu que, alémdaqueles que seguem pelo caminho mais longo de neurônios atéo córtex, há um pequeno feixe de neurônios que vai direto dotálamo à amígdala cortical. Esse atalho — como uma vielaneural — permite que a amígdala receba alguns insumos diretosdos sentidos e inicie uma resposta antes que eles sejamplenamente registrados pelo neocórtex.Essa descoberta invalida totalmente a tese de que a amígdaladepende inteiramente de sinais do neocórtex para formular suasreações emocionais. A amígdala pode acionar uma respostaemocional através dessa rota de emergência no momento exatoem que um circuito ressonante paralelo se inicia entre aamígdala e o neocórtex. A amígdala pode fazer com que noslancemos à ação, enquanto o neocórtex — um pouco maislento, porém mais plenamente informado — traça um plano dereação mais refinado.LeDoux pôs por terra o conhecimento predominante sobre oscaminhos percorridos pelas emoções, com sua pesquisa sobremedo em animais. Numa experiência crucial, destruiu o córtexauditivo de ratos, depois os expôs a um som associado a umchoque elétrico. Os ratos logo aprenderam a temer o som, antesde o neocórtex tê-lo registrado. Em vez disso, o som tomava arota direta do ouvido ao tálamo e à amígdala, saltando todos ostrajetos mais longos. Em suma, os ratos aprenderam uma reaçãoemocional sem nenhum envolvimento cortical maior: a amígdala

percebeu, lembrou e orquestrou seu medo de modoindependente.— Anatomicamente, o sistema emocional pode agir de modoindependente do neocórtex — disse-me LeDoux. — Algumasreações e lembranças emocionais podem formar-se sem quehaja nenhuma participação consciente e cognitiva.REAÇÃO DE LUTAR-OU-FUGIRAumentam os batimentos cardíacos e a pressãodo sangue. Os músculos grandes preparam-separa uma rápida ação.O sinal visual vai primeiro da retina parao tálamo, onde é traduzido para alinguagem do cérebro. A maior parte damensagem segue então para o córtexvisual, onde é analisada e avaliada embusca do significado e da respostaadequada; se a resposta é emocional, umsinal vai para a amígdala ativar oscentros emocionais. Mas uma partemenor do sinal original vai direto dotálamo para a amígdala, numatransmissão mais rápida, permitindo uma

um segundo sinal do tálamo é encaminhado para o neocórtex —

o cérebro pensante. Essa ramificação permite que a amígdala

comece a responder antes que o neocórtex o faça, pois ele

elabora a informação em vários níveis dos circuitos cerebrais,

antes de percebê-la plenamente e por fim dar início a uma

resposta, mais cuidadosamente elaborada.

A pesquisa de LeDoux é revolucionária para a compreensão

da vida emocional porque é a primeira a estabelecer caminhos

neurais de sentimentos que contornam o neocórtex. Esses

sentimentos que tomam a rota direta da amígdala estão entre os

nossos sinais mais primitivos e poderosos; esse circuito nos ajuda

a entender o poder que a emoção tem de superar a razão.

A opinião clássica na neurociência era de que o olho, o

ouvido e outros órgãos sensoriais transmitem sinais ao tálamo e

de lá para as áreas de processamento sensorial do neocórtex,

onde eles são reunidos em objetos como nós os percebemos. Os

sinais são classificados por significados, para que o cérebro

reconheça o que é cada objeto e o que significa a sua presença.

Do neocórtex, dizia a antiga teoria, os sinais são enviados para o

cérebro límbico, e de lá a resposta apropriada se irradia pelo

cérebro e o resto do corpo. É assim que funciona durante a

maior parte do tempo — mas LeDoux descobriu que, além

daqueles que seguem pelo caminho mais longo de neurônios até

o córtex, há um pequeno feixe de neurônios que vai direto do

tálamo à amígdala cortical. Esse atalho — como uma viela

neural — permite que a amígdala receba alguns insumos diretos

dos sentidos e inicie uma resposta antes que eles sejam

plenamente registrados pelo neocórtex.

Essa descoberta invalida totalmente a tese de que a amígdala

depende inteiramente de sinais do neocórtex para formular suas

reações emocionais. A amígdala pode acionar uma resposta

emocional através dessa rota de emergência no momento exato

em que um circuito ressonante paralelo se inicia entre a

amígdala e o neocórtex. A amígdala pode fazer com que nos

lancemos à ação, enquanto o neocórtex — um pouco mais

lento, porém mais plenamente informado — traça um plano de

reação mais refinado.

LeDoux pôs por terra o conhecimento predominante sobre os

caminhos percorridos pelas emoções, com sua pesquisa sobre

medo em animais. Numa experiência crucial, destruiu o córtex

auditivo de ratos, depois os expôs a um som associado a um

choque elétrico. Os ratos logo aprenderam a temer o som, antes

de o neocórtex tê-lo registrado. Em vez disso, o som tomava a

rota direta do ouvido ao tálamo e à amígdala, saltando todos os

trajetos mais longos. Em suma, os ratos aprenderam uma reação

emocional sem nenhum envolvimento cortical maior: a amígdala

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