Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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15.01.2020 Views

sua vez permitem o verdadeiro compromisso com valorescívicos e morais.18 Ao fazer isso, não basta pregar valores àscrianças; é preciso praticá-los, o que acontece quando ascrianças formam as aptidões emocionais e sociais essenciais.Nesse sentido, a alfabetização emocional anda de mãos dadascom a educação para ter caráter, desenvolvimento moral ecidadania.UMA ÚLTIMA PALAVRANo momento em que concluo este livro, algumas perturbadorasnotícias de jornais me chamam a atenção. Uma anuncia que asarmas se tornaram a causa número um de morte nos EstadosUnidos, superando os acidentes de carro. A segunda diz que, noano passado, o percentual de homicídios subiu 3%.19Particularmente perturbadora é a previsão nessa segundamatéria, de autoria de um criminologista, de que estamosvivendo numa calmaria, porque o “vendaval de crime” virá napróxima década. Segundo o articulista, os assassinatos cometidospor adolescentes de até 14 e 15 anos estão em ascensão, e aessa faixa etária pertencem milhões de jovens. Na próximadécada, esse grupo estará com 18 a 20 anos, idade em que aprática de crimes violentos é o auge de uma carreira criminosa.Os prenúncios estão no horizonte. Uma terceira matéria diz que,nos quatro anos entre 1988 e 1992, cifras do Departamento deJustiça mostram um salto de 68% no número de jovens acusadosde assassinato, lesões corporais com agravantes, assalto eestupro, sendo que as lesões corporais aumentaram em 80%.20Esses adolescentes são a primeira geração a ter não apenasarmas, mas armas automáticas à sua inteira disposição, damesma forma que a geração de seus pais foi a primeira a terum grande acesso às drogas. O uso de armas por adolescentesimplica que, se no passado as desavenças eram resolvidas naporrada, hoje podem tranqüilamente ser resolvidas a tiros. E,observa um especialista, esses adolescentes “não são muito bonsnessa coisa de evitar brigas”.Um dos motivos por que são tão ruins nessa aptidão básicapara a vida, claro, é que como sociedade não tivemos apreocupação de garantir a todas as crianças o mínimo decompetência para lidar com a raiva e para resolver conflitos deforma positiva — tampouco nos preocupamos em ensinarempatia, controle de impulso ou qualquer dos outrosfundamentos da competência emocional. Deixando ao acaso aaprendizagem de lições emocionais, corremos o enorme riscode não aproveitar os momentos mais oportunos —proporcionados pelo lento processo de maturação do cérebro —

para proporcionar às crianças o cultivo de um repertórioemocional saudável.Apesar do grande interesse que têm os educadores naalfabetização emocional, esse gênero de treinamento é difícil deser encontrado; a maioria dos professores, diretores e paissimplesmente nem sabe que eles existem. Os melhores modelosestão, em sua maioria, fora da corrente principal da educação,em algumas poucas escolas particulares e em poucas centenasde escolas públicas. Claro que nenhum programa, inclusive estede que falo, é solução para qualquer tipo de problema. Mas, emvista da crise que nós e nossos filhos estamos enfrentando e dasperspectivas alvissareiras trazidas pelos cursos de alfabetizaçãoemocional, devemos nos perguntar: não devíamos — agoramesmo — já estar ensinando a todas as crianças essasessencialíssimas aptidões para a vida?Se não for agora, quando será?[1] Para maiores informações sobre cursos de alfabetização emocional: TheCollaborative for the Advancement of Social and Emotional Learning —CASEL), Yale Child Study Center, P.O. Box 207900, 230 South FrontageRoad, New Haven, CT 06520-7900.

sua vez permitem o verdadeiro compromisso com valores

cívicos e morais.18 Ao fazer isso, não basta pregar valores às

crianças; é preciso praticá-los, o que acontece quando as

crianças formam as aptidões emocionais e sociais essenciais.

Nesse sentido, a alfabetização emocional anda de mãos dadas

com a educação para ter caráter, desenvolvimento moral e

cidadania.

UMA ÚLTIMA PALAVRA

No momento em que concluo este livro, algumas perturbadoras

notícias de jornais me chamam a atenção. Uma anuncia que as

armas se tornaram a causa número um de morte nos Estados

Unidos, superando os acidentes de carro. A segunda diz que, no

ano passado, o percentual de homicídios subiu 3%.19

Particularmente perturbadora é a previsão nessa segunda

matéria, de autoria de um criminologista, de que estamos

vivendo numa calmaria, porque o “vendaval de crime” virá na

próxima década. Segundo o articulista, os assassinatos cometidos

por adolescentes de até 14 e 15 anos estão em ascensão, e a

essa faixa etária pertencem milhões de jovens. Na próxima

década, esse grupo estará com 18 a 20 anos, idade em que a

prática de crimes violentos é o auge de uma carreira criminosa.

Os prenúncios estão no horizonte. Uma terceira matéria diz que,

nos quatro anos entre 1988 e 1992, cifras do Departamento de

Justiça mostram um salto de 68% no número de jovens acusados

de assassinato, lesões corporais com agravantes, assalto e

estupro, sendo que as lesões corporais aumentaram em 80%.20

Esses adolescentes são a primeira geração a ter não apenas

armas, mas armas automáticas à sua inteira disposição, da

mesma forma que a geração de seus pais foi a primeira a ter

um grande acesso às drogas. O uso de armas por adolescentes

implica que, se no passado as desavenças eram resolvidas na

porrada, hoje podem tranqüilamente ser resolvidas a tiros. E,

observa um especialista, esses adolescentes “não são muito bons

nessa coisa de evitar brigas”.

Um dos motivos por que são tão ruins nessa aptidão básica

para a vida, claro, é que como sociedade não tivemos a

preocupação de garantir a todas as crianças o mínimo de

competência para lidar com a raiva e para resolver conflitos de

forma positiva — tampouco nos preocupamos em ensinar

empatia, controle de impulso ou qualquer dos outros

fundamentos da competência emocional. Deixando ao acaso a

aprendizagem de lições emocionais, corremos o enorme risco

de não aproveitar os momentos mais oportunos —

proporcionados pelo lento processo de maturação do cérebro —

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