Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman
sexual aos 17 anos (os números aumentam ou diminuem adepender de como se define o abuso sexual, entre outrosfatores).65 Não há um perfil único da criança particularmentevulnerável ao abuso sexual, mas a maioria se sentedesprotegida, incapaz de resistir sozinha e isolada pelo que lheaconteceu.Conscientes desses riscos, muitas escolas começaram aoferecer programas para a prevenção de abuso sexual. Amaioria desses programas concentra-se firmemente em fornecerinformações básicas sobre tais abusos, ensinando as crianças, porexemplo, a diferenciar contatos físicos “bons” e “maus”,alertando-as para os perigos e encorajando-as a contar a umadulto se alguma coisa imprópria lhes acontecer. Mas umapesquisa nacional com 2 mil crianças constatou que essetreinamento básico era quase nada — ou na verdade pior quenada — na ajuda para que as crianças fizessem alguma coisaque as protegesse de um arruaceiro da escola ou de ummolestador potencial.66 Pior ainda, a probabilidade de ascrianças que tiveram apenas esse treinamento básico, e maistarde foram vítimas de ataque sexual, comunicarem o fato naverdade era metade daquelas que não participaram de nenhumprograma.Por outro lado, as crianças que receberam treinamento maisabrangente — incluindo aptidões emocionais e sociaisrelacionadas — eram mais capazes de proteger-se contra aameaça de serem vitimizadas: era muito mais provável quepedissem para ser deixadas em paz, gritassem ou resistissem,ameaçassem contar e, na verdade, contassem, se alguma coisade mal lhes acontecesse. Essa última vantagem — comunicar oabuso — é preventiva num sentido revelador: muitosmolestadores de crianças enganam centenas delas. Um estudode molestadores de crianças na casa dos 40 anos constatou que,em média, eles faziam, desde a adolescência, uma vítima pormês. Um relatório sobre um motorista de ônibus e um professorde informática de ginásio revela que, somados os dois, elesmolestavam cerca de trezentas crianças por ano — e, noentanto, nenhuma das crianças comunicou o abuso sexual; acoisa só veio à luz depois que um dos meninos que foramolestado pelo professor começou a molestar sexualmente airmã.67Essas crianças que freqüentaram os programas maisabrangentes tinham três vezes mais probabilidade que as outras,em programas estritos, de comunicar os abusos. O que era quefuncionava tão bem? Esses programas não eram dados de umavez só, mas conforme o nível de escolaridade da criança, comoparte da educação sanitária ou sexual. Os pais eram recrutados
para passar a mensagem à criança, junto com o que seensinava na escola (as crianças cujos pais faziam isso eram asmelhores na resistência a ameaças de abuso sexual).Além disso, aptidões sociais e emocionais eram fundamentais.Não basta a criança simplesmente saber sobre “bons” e “maus”contatos físicos: as crianças precisam da autoconsciência parasaber quando uma situação parece errada ou aflitiva muito antesde começar o contato. Isso implica não apenas autoconsciência,mas também autoconfiança e assertividade para confiar e agircom base nesses sentimentos, mesmo diante de um adulto queesteja tentando lhe assegurar que “está tudo bem”. E aí a criançaprecisa de um repertório de recursos para evitar o que estápara acontecer — tudo, desde fugir a ameaçar contar. Por essesmotivos, os melhores programas ensinam as crianças a defendero que querem, afirmar seus direitos em vez de ficar passivas,saber quais são suas fronteiras e defendê-las.Os programas mais eficazes, portanto, complementavam ainformação básica sobre abuso sexual com habilidadesemocionais e sociais. Esses programas ensinavam as crianças aencontrar meios de resolver conflitos interpessoais de modosmais positivos, ter mais autoconfiança, não se sentirem culpadaspor algo que tenha acontecido e a sentir que tinham nosprofessores e pais um esquema de apoio a que podiamrecorrer. E se alguma coisa má lhes acontecia, era muito maisprovável que contassem.Os Ingredientes AtivosEssas constatações levaram a uma revisão de quais devem seros ingredientes de um programa ideal, baseado naqueles queavaliações imparciais mostraram ser realmente eficazes. Numprojeto qüinqüenal patrocinado pela Fundação W. T. Grant, umgrupo de pesquisadores estudou esse panorama e destilou osingredientes ativos que pareciam fundamentais para o sucessodos programas que realmente funcionavam.68 A lista dosprincipais talentos que o grupo entendeu deverem serabrangidos, independentemente do problema específico quepretendia prevenir, são os ingredientes da inteligência emocional(ver lista completa no Apêndice D).69Entre os talentos emocionais estão: autoconsciência;identificar, expressar e controlar sentimentos; controle deimpulso e adiamento de satisfação; e controlar tensão eansiedade. Um talento-chave no controle de impulso é saber adiferença entre sentimentos e ações e aprender a tomarmelhores decisões emocionais controlando primeiro o impulso
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para passar a mensagem à criança, junto com o que se
ensinava na escola (as crianças cujos pais faziam isso eram as
melhores na resistência a ameaças de abuso sexual).
Além disso, aptidões sociais e emocionais eram fundamentais.
Não basta a criança simplesmente saber sobre “bons” e “maus”
contatos físicos: as crianças precisam da autoconsciência para
saber quando uma situação parece errada ou aflitiva muito antes
de começar o contato. Isso implica não apenas autoconsciência,
mas também autoconfiança e assertividade para confiar e agir
com base nesses sentimentos, mesmo diante de um adulto que
esteja tentando lhe assegurar que “está tudo bem”. E aí a criança
precisa de um repertório de recursos para evitar o que está
para acontecer — tudo, desde fugir a ameaçar contar. Por esses
motivos, os melhores programas ensinam as crianças a defender
o que querem, afirmar seus direitos em vez de ficar passivas,
saber quais são suas fronteiras e defendê-las.
Os programas mais eficazes, portanto, complementavam a
informação básica sobre abuso sexual com habilidades
emocionais e sociais. Esses programas ensinavam as crianças a
encontrar meios de resolver conflitos interpessoais de modos
mais positivos, ter mais autoconfiança, não se sentirem culpadas
por algo que tenha acontecido e a sentir que tinham nos
professores e pais um esquema de apoio a que podiam
recorrer. E se alguma coisa má lhes acontecia, era muito mais
provável que contassem.
Os Ingredientes Ativos
Essas constatações levaram a uma revisão de quais devem ser
os ingredientes de um programa ideal, baseado naqueles que
avaliações imparciais mostraram ser realmente eficazes. Num
projeto qüinqüenal patrocinado pela Fundação W. T. Grant, um
grupo de pesquisadores estudou esse panorama e destilou os
ingredientes ativos que pareciam fundamentais para o sucesso
dos programas que realmente funcionavam.68 A lista dos
principais talentos que o grupo entendeu deverem ser
abrangidos, independentemente do problema específico que
pretendia prevenir, são os ingredientes da inteligência emocional
(ver lista completa no Apêndice D).69
Entre os talentos emocionais estão: autoconsciência;
identificar, expressar e controlar sentimentos; controle de
impulso e adiamento de satisfação; e controlar tensão e
ansiedade. Um talento-chave no controle de impulso é saber a
diferença entre sentimentos e ações e aprender a tomar
melhores decisões emocionais controlando primeiro o impulso