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Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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(que pode estar ligado a deficiências em dois outros

neurotransmissores, serotonina e MAO) descobrem que o álcool

alivia sua agitação. E o fato de não suportarem a monotonia as

torna dispostas a experimentar qualquer coisa; combinado com

sua impulsividade geral, isso as torna propensas ao abuso de

uma lista quase aleatória de drogas, além do álcool.58

Embora a depressão possa levar alguns a beber, os efeitos

metabólicos do álcool muitas vezes simplesmente a agravam,

após uma breve euforia. As pessoas que recorrem ao álcool

como um paliativo emocional o fazem na maioria das vezes

mais para diminuir a ansiedade do que por motivo de

depressão; um tipo inteiramente diferente de drogas alivia as

sensações das pessoas deprimidas — pelo menos

temporariamente. A sensação de infelicidade crônica predispõe

as pessoas para a dependência de estimulantes como a cocaína,

que proporciona um antídoto direto para a depressão. Um

estudo constatou que metade dos pacientes que se tratavam

numa clínica de recuperação do vício da cocaína teria sido

diagnosticada com severa depressão antes de contraírem o vício,

e quanto mais profunda a depressão anterior, mais forte o

vício.59

A raiva crônica leva a mais um tipo de susceptibilidade.

Num estudo de quatrocentos pacientes que se tratavam do vício

em heroína e outros opióides, o padrão emocional mais

impressionante foi a dificuldade, durante a vida toda, de lidar

com a raiva e a rapidez com que se encolerizavam. Alguns dos

pacientes disseram que com os opiados finalmente se sentiam

normais e relaxados.60

Embora a predisposição para o abuso de substâncias tenha

em alguns casos base no cérebro, os sentimentos que levam as

pessoas a “automedicar-se” com bebidas e drogas podem ser

controlados sem que se recorra à medicação, como demonstram

há décadas os Alcoólicos Anônimos e outros grupos de

recuperação. A aquisição da capacidade de lidar com esses

sentimentos — aliviar a ansiedade, sair da depressão, acalmar a

raiva — elimina, prontamente, o ímpeto de usar drogas ou

álcool. Essas aptidões emocionais são ensinadas, paliativamente,

em programas sobre abuso de drogas e álcool. Seria muito

melhor, claro, se fossem aprendidas mais cedo na vida, muito

antes de o vício se instalar.

CHEGA DE GUERRAS ISOLADAS:

A PREVENÇÃO PARA TUDO

Na última década, mais ou menos, proclamaram-se “guerras”,

sucessivamente, à gravidez na adolescência, à evasão escolar, às

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