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Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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Claro, os que vivem em bairros de alta criminalidade, onde o

crack é vendido na esquina e o traficante de drogas é o mais

destacado modelo local de sucesso econômico, correm mais

risco de abuso de drogas. Alguns podem se viciar por virem a

ser, eles próprios, ocasionais passadores, outros, simplesmente,

por causa do fácil acesso ou por uma cultura de colegas que

glamouriza as drogas — um fator que aumenta o risco de uso

em qualquer bairro, mesmo (e talvez sobretudo) nos mais ricos.

Mas ainda assim permanece a questão: de todos os expostos a

essas seduções e pressões, e que chegam a experimentar, quais

aqueles com mais probabilidade de se viciarem?

Uma nova teoria científica diz que os que contraem o hábito,

tornando-se às vezes mais dependentes do álcool ou das drogas,

usam essas substâncias como uma espécie de medicação, uma

maneira de aliviar sintomas de ansiedade, raiva ou depressão.

Ao se iniciarem na droga, eles “descobrem” um remédio

químico, uma maneira de resolver os sentimentos de ansiedade

ou melancolia que os atormentavam. Assim, de várias centenas

de alunos de sétima e oitava séries acompanhados durante dois

anos, foram os que apresentavam níveis mais altos de

perturbação emocional que depois passaram a ter as mais altas

taxas de abuso de substâncias.53 Isso pode explicar por que

tantos jovens podem experimentar drogas e álcool sem se

viciarem, enquanto outros se tornam dependentes quase desde o

início: os mais vulneráveis ao vício parecem encontrar na droga

ou no álcool uma maneira instantânea de aliviar emoções que os

afligem há anos.

Como diz Ralph Tarter, psicólogo do Instituto e Clínica

Psiquiátricos Ocidentais em Pittsburgh:

— Para as pessoas biologicamente predispostas, o primeiro

drinque ou dose é imensamente reforçante, de uma forma que

não funciona para outras pessoas. Muitos que estão se

recuperando do vício em drogas dizem: “Assim que

experimentei a droga, me senti normal pela primeira vez na

vida.” Ela os estabiliza fisiologicamente, pelo menos a curto

prazo.54

Esse, claro, é o pacto com o diabo do vício: uma boa

sensação a curto prazo, em troca da constante deterioração de

nossa vida.

Certos padrões emocionais parecem tornar mais provável

que algumas pessoas encontrem mais alívio emocional numa

substância que em outra. Por exemplo, há dois caminhos

emocionais para o alcoolismo. Um começa com alguém que

era tenso e ansioso na infância e descobre na adolescência que o

álcool alivia a ansiedade. Com muita freqüência, são filhos —

em geral homens — de alcoólatras que recorreram eles

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