Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman
efetivamente. Em vez disso, aprendem a se sentir melhorcomendo; isso pode tornar-se um hábito emocional fortementeentranhado”.Mas quando esse hábito para aliviar-se interage com aspressões que as garotas sentem para permanecer magras, estáaberto o caminho para o surgimento de distúrbios dealimentação.— A princípio, ela pode começar com orgias de comida —observa Gloria Leon. — Mas para continuar magra tem derecorrer a vômitos ou laxativos, ou intenso exercício físico paraperder o peso ganho com o excesso de comida. Outro caminhoque essa luta para lidar com a confusão emocional pode tomaré a garota não comer nada; pode ser um meio de sentir quetem pelo menos algum controle sobre esses sentimentosesmagadores.A combinação de pouca consciência interior e fracasaptidões sociais faz com que essas garotas, quando perturbadaspor amigos ou parentes, não ajam efetivamente para melhoraro relacionamento ou sua própria aflição. Em vez disso, aperturbação dispara o distúrbio de alimentação, seja bulimia,anorexia ou simplesmente orgias de comida. Gloria Leonacredita que o tratamento eficaz para essas garotas precisaincluir alguma instrução terapêutica sobre as aptidõesemocionais que lhes faltam.— Os clínicos constatam — ela me disse — que, se osdéficits nas aptidões emocionais forem abordados, a terapiafunciona melhor. Essas garotas precisam aprender a identificarseus sentimentos e aprender melhores meios de aliviar-se oulidar com seus relacionamentos, sem recorrer aos hábitosalimentares mal adequados para resolver o problema.REJEITADO PELOS COLEGAS: EVASÃO ESCOLARÉ um drama do primário: Ben, um menino da quarta série compoucos amigos, acabou de saber pelo único companheiro, Jason,que os dois não vão brincar juntos no recreio — Jason querbrincar com outro menino, Chad. Ben, arrasado, deixa pender acabeça e chora. Depois que passam os soluços, vai à mesaonde comem Jason e Chad.— Odeio você — berra para Jason.— Por quê? — pergunta Jason.— Porque você mentiu — diz Ben, em tom acusador. —Você disse a semana toda que ia brincar comigo e mentiu.E sai danado da vida para uma mesa vazia, chorandobaixinho. Jason e Chad aproximam-se dele e tentam conversar,mas Ben tapa os ouvidos com os dedos, decidido a ignorá-los, e
sai correndo do refeitório para esconder-se atrás do depósito delixo da escola. Um grupo de meninas que assistiu ao diálogotenta desempenhar um papel pacificador, chegando perto deBen e dizendo-lhe que Jason quer brincar com ele também. MasBen não quer saber de nada e pede que o deixem em paz.Trata de suas feridas, macambúzio e soluçando,desafiadoramente solitário.41Um momento pungente, sem dúvida; o sentimento de serrejeitado e de estar sem amigos é um daqueles pelos quais amaioria passa num ou noutro momento da infância ou daadolescência. Mas o que é mais revelador na reação de Ben éque ele não correspondeu à tentativa de Jason de refazer aamizade dos dois, uma atitude que aumentou seu sofrimento,quando devia tê-lo encerrado. Essa incapacidade de aproveitardeixas-chave é típica de crianças impopulares; como vimos noCapítulo 8, crianças socialmente rejeitadas são, normalmente,fracas na interpretação de sinais emocionais e sociais; mesmoquando compreendem esses sinais, podem ter limitadosrepertórios de respostas.A evasão escolar é um risco particular para as criançasrejeitadas pelos colegas. A taxa é entre duas e oito vezes maiorque para as que têm amigos. Um estudo constatou, porexemplo, que cerca de 25% das crianças “isoladas” no primárioabandonaram os estudos antes de concluir o ginásio, emcomparação com uma taxa geral de 8%.42 Não é de admirar:imaginem passar trinta horas por semana num lugar ondeninguém gosta da gente.Dois tipos de tendências emocionais levam as crianças a setornarem socialmente marginalizadas. Como vimos, uma é atendência a explosões de cólera e a sentir hostilidade mesmoonde não há intenção. A segunda é a timidez, a ansiedade e adepressão. Mas, além e acima desses fatores temperamentais,são as crianças “chatas” — cuja canhestrice deixa sempre aspessoas pouco à vontade — que tendem a ser evitadas.Uma maneira de essas crianças serem “chatas” está nossinais emocionais que enviam. Quando foi pedido a alunos doprimário que tinham poucos amigos que combinassem umaemoção como nojo ou raiva com rostos que exibiam uma gamade emoções, elas cometeram muito mais erros que as criançasque são benquistas. Quando se pediu a crianças de jardim-deinfânciaque descrevessem formas de fazer amigos ou evitaruma briga, foram as chatas — aquelas com as quais as outrasevitavam brincar — que apresentaram as respostas erradas(“Dar um pau nele”, em relação à disputa por um brinquedo,por exemplo), ou vagos pedidos de ajuda a um adulto. E quandose pediu a adolescentes que interpretassem tristeza, raiva ou
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efetivamente. Em vez disso, aprendem a se sentir melhor
comendo; isso pode tornar-se um hábito emocional fortemente
entranhado”.
Mas quando esse hábito para aliviar-se interage com as
pressões que as garotas sentem para permanecer magras, está
aberto o caminho para o surgimento de distúrbios de
alimentação.
— A princípio, ela pode começar com orgias de comida —
observa Gloria Leon. — Mas para continuar magra tem de
recorrer a vômitos ou laxativos, ou intenso exercício físico para
perder o peso ganho com o excesso de comida. Outro caminho
que essa luta para lidar com a confusão emocional pode tomar
é a garota não comer nada; pode ser um meio de sentir que
tem pelo menos algum controle sobre esses sentimentos
esmagadores.
A combinação de pouca consciência interior e fracas
aptidões sociais faz com que essas garotas, quando perturbadas
por amigos ou parentes, não ajam efetivamente para melhorar
o relacionamento ou sua própria aflição. Em vez disso, a
perturbação dispara o distúrbio de alimentação, seja bulimia,
anorexia ou simplesmente orgias de comida. Gloria Leon
acredita que o tratamento eficaz para essas garotas precisa
incluir alguma instrução terapêutica sobre as aptidões
emocionais que lhes faltam.
— Os clínicos constatam — ela me disse — que, se os
déficits nas aptidões emocionais forem abordados, a terapia
funciona melhor. Essas garotas precisam aprender a identificar
seus sentimentos e aprender melhores meios de aliviar-se ou
lidar com seus relacionamentos, sem recorrer aos hábitos
alimentares mal adequados para resolver o problema.
REJEITADO PELOS COLEGAS: EVASÃO ESCOLAR
É um drama do primário: Ben, um menino da quarta série com
poucos amigos, acabou de saber pelo único companheiro, Jason,
que os dois não vão brincar juntos no recreio — Jason quer
brincar com outro menino, Chad. Ben, arrasado, deixa pender a
cabeça e chora. Depois que passam os soluços, vai à mesa
onde comem Jason e Chad.
— Odeio você — berra para Jason.
— Por quê? — pergunta Jason.
— Porque você mentiu — diz Ben, em tom acusador. —
Você disse a semana toda que ia brincar comigo e mentiu.
E sai danado da vida para uma mesa vazia, chorando
baixinho. Jason e Chad aproximam-se dele e tentam conversar,
mas Ben tapa os ouvidos com os dedos, decidido a ignorá-los, e