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Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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forte de previsão da depressão era a perspectiva pessimista

combinada com um grande golpe, como pais se divorciando ou

uma morte na família, que deixava a criança perturbada,

instável e, supõe-se, com pais menos capazes de oferecer um

anteparo protetor. Na escola primária, havia uma mudança

reveladora na maneira como avaliavam acontecimentos bons e

maus, atribuindo-os às suas próprias características: “Eu tiro boas

notas porque sou inteligente”; “Eu não tenho muitos amigos

porque não tenho graça nenhuma”. Essa mudança parece ir se

estabelecendo aos poucos da terceira à quinta séries. Quando

isso acontece, as crianças que desenvolvem uma perspectiva

pessimista — atribuir os reveses em suas vidas a alguma terrível

falha pessoal — começam a ser presas de estados de espírito

depressivos como reação aos reveses. E o que é pior, a

experiência da própria depressão parece reforçar o

pessimismo, de tal forma que, mesmo depois de superada a

depressão, a criança fica com uma espécie de cicatriz

emocional, um conjunto de convicções alimentadas pela

depressão e solidificadas na mente: que não pode se sair bem

na escola e nada pode fazer para fugir de seus estados de

espírito sorumbáticos. Essas idéias fixas podem deixar as

crianças ainda mais vulneráveis a uma posterior depressão.

BLOQUEANDO A DEPRESSÃO

A boa nova: há todos os indícios de que ensinar às crianças

meios mais produtivos de ver suas dificuldades reduz os riscos

de depressão.[1] Num estudo em escola ginasial do Oregon,

cerca de um em cada quatro alunos tinha o que os psicólogos

chamam de “baixo nível de depressão”, não suficientemente

séria para dizer-se que ia além da infelicidade comum.35

Alguns se achavam nas primeiras semanas ou meses dos

primórdios de uma depressão.

Numa classe especial pós-escola, 75 dos alunos com

depressão branda aprenderam a contestar os padrões de

pensamento associados à depressão, tornando-se mais capazes

de fazer amigos, dar-se melhor com os pais e participar de

atividades sociais que achavam agradáveis. No fim do programa

de dois meses, 55% dos estudantes haviam se recuperado da

depressão branda, e apenas um quarto de outros igualmente

deprimidos e que não participaram do programa começara a

sair dela. Um ano depois, um quarto dos que pertenciam ao

grupo de comparação entrara numa grande depressão, contra

apenas 14% dos integrantes do programa de prevenção. Embora

durassem apenas dois meses, as classes pareceram reduzir pela

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