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Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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Embora parte da tendência à depressão quase certamente se

deva a predisposições genéticas, outra parte parece dever-se a

hábitos de pensamento pessimistas reversíveis, que predispõem

os jovens a reagir às pequenas derrotas da vida — uma nota

ruim, discussões com os pais, uma rejeição social — ficando

deprimidos. E há indícios de que a predisposição à depressão,

qualquer que seja a origem, é cada vez mais comum entre os

jovens.

O PREÇO DA MODERNIDADE:

AUMENTO DOS CASOS DE DEPRESSÃO

A virada do milênio iniciou uma Era da Melancolia, do mesmo

modo como o século XX se tornou a Era da Ansiedade. Dados

internacionais mostram uma espécie de epidemia moderna de

depressão, que se espalha de mãos dadas com a adoção, em

todo o mundo, de modos modernos. Desde o início do século

XXI, cada nova geração tem vivido sob maior risco que aquela

que a antecedeu de sofrer uma depressão grave — não a mera

tristeza, mas uma paralisante apatia, desânimo e autopiedade —

no transcorrer da vida.23 E esses episódios estão começando

cada vez mais cedo. A depressão na infância, antes

praticamente desconhecida (ou, pelo menos, não reconhecida),

surge como um dado do panorama moderno.

Embora a probabilidade de ficar deprimido aumente com a

idade, a maior incidência tem ocorrido entre os jovens. Para os

que nasceram após 1955, a probabilidade de sofrerem uma

depressão grave em algum momento da vida é, em muitos

países, três vezes maior que para seus avós. Entre os

americanos nascidos antes de 1905, o percentual dos que

tiveram uma depressão grave durante toda a vida foi de apenas

1%; para os nascidos após 1955, aos 24 anos cerca de 6% já

tinham ficado deprimidos. Para os nascidos entre 1945 e 1954, a

possibilidade de sofrer uma depressão grave antes dos 34 anos

seria dez vezes maior que para os nascidos entre 1905 e

1914.24 E para cada geração, o início do primeiro episódio de

depressão tem tendido a ocorrer cada vez mais cedo.

Um estudo mundial com mais de 39 mil pessoas descobriu a

mesma tendência em Porto Rico, Canadá, Itália, Alemanha,

França, Taiwan, Líbano e Nova Zelândia. Em Beirute, a

incidência de depressão acompanhava de perto os

acontecimentos políticos, a tendência ascendente chegando às

alturas nos períodos de guerra civil. Na Alemanha, para os

nascidos antes de 1914, o percentual de depressão aos 35 anos

era de 4%; para os nascidos na década antes de 1944, seria de

14% aos 35 anos. Em todo o mundo, gerações que chegaram à

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