15.01.2020 Views

Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

cinco a oito anos depois, no início da adolescência. Comparadas

com outras crianças, havia a possibilidade três vezes maior de

haverem batido em alguém sem motivo, furtado lojas, usado

arma numa briga, arrombado ou roubado peças de carro e se

embriagado — tudo isso antes de chegarem aos 14 anos.16

Crianças que, na primeira e segunda séries, são agressivas e

difíceis de lidar, já apresentam um protótipo de violência e

criminalidade.17 Em geral, desde os primeiros anos de escola

elas apresentam dificuldades no controle de impulsos, o que

contribui para que sejam más alunas, vistas e vendo-se como

“burras” — um julgamento que se confirma ao serem

encaminhadas para classes de educação especial (e nem todas

elas têm um maior grau de “hiperatividade” e problemas na

aprendizagem). As crianças que, ao entrarem na escola, já

trazem de casa um estilo “coercitivo” — ou seja, ameaçador —

também são descartadas pelos professores, que têm de passar

muito tempo mantendo a disciplina. O não-cumprimento das

regras da sala de aula que é característico dessas crianças as faz

disperdiçar um tempo que poderia ser utilizado para

aprenderem; o futuro fracasso acadêmico se torna óbvio por

volta da terceira série. Embora os meninos propensos à

delinqüência tendam a ter QI mais baixo, o que está mais

diretamente em causa é a impulsividade deles: a impulsividade

em meninos de 10 anos é um indicador de delinqüência muito

mais seguro do que o nível de seus QIs.18

Na quarta ou quinta séries, esses garotos — a essa altura

considerados como arruaceiros, ou apenas “difíceis” — são

rejeitados pelos colegas e incapazes de fazer amigos com

facilidade, quando o fazem, e já se tornaram fracassos

acadêmicos. Sentindo-se sem amigos, gravitam para o lado de

outros que também são socialmente marginalizados. Entre a

quarta série e o segundo grau, ligam-se a esse grupo e passam

a praticar atos de desrespeito à lei; aí, quintuplicam as faltas às

aulas, o consumo de bebidas e drogas, que aumenta

consideravelmente entre a sétima e a oitava séries. No

secundário, junta-se a eles outro tipo de “atrasados”, atraídos por

seu estilo contestador; esses atrasados muitas vezes são meninos

completamente sem supervisão em casa, e que começaram a

vagar pelas ruas já no primário. No ginásio, esse grupo

marginalizado normalmente abandona a escola, descamba para

a delinqüência, dedicando-se a pequenos delitos como furtos em

lojas, roubos e tráfico de drogas.

(Uma diferença reveladora surge nessa trajetória entre

meninos e meninas. Um estudo de meninas “más” na quarta

série — que criam caso com os professores e violam regras,

mas que não são rejeitadas pelas colegas — constatou que 40%

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!