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Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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O cérebro humano não está totalmente formado no nascimento.

Continua a moldar-se durante a vida, com um ritmo mais

intenso de crescimento durante a infância. As crianças nascem

com muito mais neurônios do que reterá o seu cérebro maduro;

por um processo conhecido como “poda”, o cérebro, na

verdade, perde as ligações neuronais menos usadas e forma

outras, fortes, nos circuitos sinápticos mais utilizados. A poda,

eliminando sinapses estranhas, melhora a relação sinal-ruído no

cérebro, eliminando a causa do “ruído”. O processo é constante

e rápido; formam-se ligações sinápticas em questão de horas ou

dias. A experiência, sobretudo na infância, esculpe o cérebro.

A clássica demonstração do impacto da experiência no

desenvolvimento do cérebro foi feita pelos ganhadores do Prêmio

Nobel Thorsten Wiesel e David Hubel, ambos neurocientistas.10

Eles mostraram que nos gatos e macacos havia um período

crítico, durante os primeiros meses de vida, para o

desenvolvimento das sinapses que levam os sinais do olho ao

córtex visual, onde são interpretados. Se um olho fosse fechado

durante esse período, o número de sinapses desse olho para o

córtex visual reduzia-se, e o número das do olho aberto

multiplicava-se. Se, depois de encerrado o período crítico, se

reabria o olho fechado, o animal estava funcionalmente cego

desse olho. Embora não houvesse problema com o olho

propriamente dito, os circuitos para o córtex visual eram muito

reduzidos para que os sinais desse olho fossem interpretados.

Nos seres humanos, o período crítico correspondente para a

visão são os seis primeiros anos de vida. Durante esse tempo, a

visão normal estimula a formação de circuitos neurais cada vez

mais complexos para a visão que começa no olho e termina no

córtex visual. Caso se tape o olho da criança, ainda que por

umas poucas semanas, isso pode produzir um déficit

mensurável na acuidade visual desse olho. Se a criança tem um

olho fechado durante vários meses nesse período, e depois o

restauram, a visão desse olho estará prejudicada para a

percepção de detalhes.

Uma vívida demonstração do impacto da experiência no

cérebro em desenvolvimento está nos estudos de ratos “ricos” e

“pobres”.11 Os ratos “ricos” viviam em pequenos grupos em

gaiolas com bastantes diversões, como escadas e esteiras

rolantes. Os ratos “pobres” viviam em gaiolas semelhantes mas

sem nada, nem diversões. Durante meses, os neocórtices dos

ratos ricos desenvolveram redes muito mais complexas de

circuitos sinápticos interligando os neurônios; os circuitos

neuronais dos ratos pobres, em comparação, eram esparsos. A

diferença era tão grande que os cérebros dos ratos ricos eram

mais pesados, e, o que talvez não surpreenda, eles eram muito

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