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Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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pedindo socorro. Caíra e não conseguia se levantar sozinha.

Corri para ajudá-la, e enquanto o fazia, em vez de queixar-se

ou lamentar-se, ela ria de seu apuro. Apenas comentou

alegremente: “Bem, pelo menos posso andar de novo.”

Por alguma razão, as emoções de algumas pessoas parecem,

como as da minha tia, gravitar para o pólo positivo; essas

pessoas são naturalmente otimistas e dadas, enquanto outras são

sombrias e melancólicas. Essa amplitude de temperamento —

ebuliência numa ponta, melancolia na outra — parece estar

ligada à relativa atividade das áreas pré-frontais esquerda e

direita, os pólos superiores do cérebro emocional. Esse

entendimento é, em grande parte, fruto do trabalho de Richard

Davidson, psicólogo da Universidade de Wisconsin. Ele descobriu

que as pessoas com maior atividade no lobo frontal esquerdo do

que no direito são por temperamento animadas: geralmente

sentem prazer em estar com outras pessoas e com o que a vida

lhes oferece, dando a volta por cima dos reveses, como minha

tia June. Mas aquelas com maior atividade no lado direito são

dadas ao negativismo e ao azedume, e perturbam-se facilmente

com os problemas da vida; num certo sentido, parecem sofrer

por não poderem evitar a preocupação e a depressão.

Num dos experimentos de Davidson, compararam-se

voluntários que exibiam uma atividade mais pronunciada nas

áreas frontais esquerdas com outros 15 que apresentavam mais

atividade no lado direito. Aqueles com acentuada atividade

frontal direita mostraram um padrão diferente de negativismo

num teste de personalidade: encaixavam-se na caricatura

retratada por Woody Allen, do alarmista que vê catástrofes nas

menores coisas — medrosos e rabugentos, desconfiados de um

mundo que consideram cheio de problemas terríveis e de

perigos a cada esquina. Diferentemente dos melancólicos,

aqueles que têm uma mais forte atividade frontal esquerda viam

o mundo de uma forma bem diferente. Sociáveis e animados,

tinham, geralmente, uma sensação de alegria, estavam sempre

num alto astral e sentiam-se prazerosamente engajados na vida.

Suas contagens de pontos em testes psicológicos sugeriam um

risco menor de contrair depressão e outros problemas

emocionais durante toda a vida.6

Davidson constatou que as pessoas com um histórico de

depressão clínica tinham menores níveis de atividade cerebral

no lobo pré-frontal esquerdo, e mais no direito, quando

comparadas com outras que nunca estavam deprimidas.

Encontrou o mesmo padrão em pacientes com depressão

recém-diagnosticada. Davidson especula que as pessoas que

superam a depressão aprenderam a aumentar o nível de

atividade no lobo pré-frontal esquerdo — uma especulação que

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