15.01.2020 Views

Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

apenas os roedores menores, por ser muito tímido para

enfrentar os maiores, os quais seriam caçados com prazer por

outros felinos, mais corajosos. Sondagens feitas diretamente no

cérebro desses gatos detectaram que partes da amígdala são

incomumente excitáveis, sobretudo quando, por exemplo, ouvem

o rosnado ameaçador de outro gato.

A timidez dos gatos surge com cerca de um mês de idade,

momento em que a amígdala amadurece o suficiente para

assumir o controle dos circuitos do cérebro que ordenam

abordar ou evitar. Um mês de amadurecimento do cérebro de

um gatinho equivale a oito num bebê humano; é aos oito ou

nove meses, observa Kagan, que o medo do “desconhecido”

surge nos bebês — se a mãe abandona o aposento e há um

estranho presente, o bebê chora. Kagan afirma que as crianças

tímidas podem ter herdado cronicamente altos níveis de

norepinefrina ou outros produtos químicos cerebrais que ativam

a amígdala e com isso criam um baixo limiar de excitabilidade,

fazendo a amígdala disparar com mais facilidade.

Um dos sinais dessa maior sensibilidade é identificável

através de medições feitas em laboratório em rapazes e moças

que foram muito tímidos em criança. Expostos a tensões como

maus cheiros, o ritmo cardíaco deles continua muito mais

elevado que o dos colegas mais abertos — um sinal de que a

onda de norepinefrina mantém sua amígdala excitada e, através

de circuitos neurais relacionados, também o sistema nervoso

simpático.4 Kagan constatou que as crianças tímidas reagem

com maior intensidade a toda a gama de índices do sistema

nervoso simpático, desde uma pressão sanguínea mais alta,

quando em repouso, a uma dilatação maior das pupilas e níveis

mais altos de marcadores de norepinefrina na urina.

O silêncio é outro barômetro de timidez. Sempre que a

equipe de Kagan observou crianças tímidas e ousadas num

ambiente natural — no jardim-de-infância, diante de crianças

que não conheciam ou conversando com um entrevistador —, as

tímidas falavam menos. Uma criança tímida de jardim-deinfância

não dizia nada quando outras falavam com ela, e

passava a maior parte do dia apenas olhando os outros

brincarem. Kagan especula que um tímido silêncio diante da

novidade ou de alguma coisa vista como uma ameaça é sinal da

atividade de um circuito neural que liga o cérebro anterior, a

amígdala e as estruturas límbicas próximas que controlam a

capacidade de vocalizar (os mesmos circuitos que nos fazem

“sufocar” sob tensão).

Essas crianças sensíveis correm alto risco de apresentar

problemas de ansiedade, como a crise de pânico, já a partir da

sexta ou sétima série. Num estudo em 754 meninos e meninas

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!