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Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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suficientemente completa para escrever este livro. Essas

observações vêm com um certo atraso, em grande parte porque

o lugar dos sentimentos na vida mental foi, ao longo dos anos,

surpreendentemente desprezado pela pesquisa, fazendo das

emoções um continente pouco explorado pela psicologia

científica. Essa lacuna propiciou uma enxurrada de livros de

auto-ajuda, conselhos bem-intencionados baseados, na melhor

das hipóteses, em opiniões clínicas, mas com pouca ou

nenhuma base científica. Agora a ciência pode finalmente

abordar com autoridade essas questões urgentes e

desorientadoras da psique, no que ela tem de mais irracional,

para mapear com alguma precisão o coração humano.

Esse mapeamento lança um desafio àqueles que são adeptos

de uma visão estreita da inteligência, e que por isto entendem

que o QI é um dado genético impossível de ser alterado pela

experiência de vida, e que nosso destino é, em grande parte,

determinado pela aptidão intelectual recebida geneticamente.

Esse argumento não considera a questão mais desafiante: o que

podemos mudar para ajudar nossos filhos a se sentirem melhor?

Que fatores entram em jogo, por exemplo, quando pessoas de

alto QI malogram e aquelas com um QI modesto se saem

surpreendentemente bem? Eu diria que o que faz a diferença são

aptidões aqui chamadas de inteligência emocional, as quais

incluem autocontrole, zelo e persistência, e a capacidade de

automotivação. E essas aptidões, como vamos ver, podem ser

ensinadas às crianças, na medida em que lhes proporcionam a

oportunidade de lançar mão de qualquer que seja o potencial

intelectual que lhes tenha sido legado pela loteria genética.

Além dessa possibilidade, estamos diante de um premente

imperativo moral. Vivemos um momento em que o tecido social

parece esgarçar-se com uma rapidez cada vez maior, em que

o egoísmo, a violência e a mesquinhez de espírito parecem

estar fazendo apodrecer a bondade de nossas relações com o

outro. Aqui, o argumento a favor da importância da inteligência

emocional depende da ligação entre sentimento, caráter e

instintos morais. Há crescentes indícios de que posturas éticas

fundamentais na vida vêm de aptidões emocionais subjacentes.

Por exemplo, o impulso é o veículo da emoção; a semente de

todo impulso é um sentimento explodindo para expressar-se em

ação. Os que estão à mercê dos impulsos — os que não têm

autocontrole — sofrem de uma deficiência moral. A capacidade

de controlar os impulsos é a base da força de vontade e do

caráter. Da mesma forma, a raiz do altruísmo está na empatia,

a capacidade de identificar as emoções nos outros; sem a noção

do que o outro necessita ou de seu desespero, o envolvimento é

impossível. E se há duas posições morais que nossos tempos

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