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Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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sintomas — o que sugere que o cérebro deles sofrera uma

alteração permanente, com um controle inadequado da secreção

de catecolamina.9

Outras mudanças ocorrem no circuito que liga o cérebro

límbico à glândula pituitária, que regula a liberação de CRF, o

principal hormônio de estresse que o corpo secreta para

mobilizar a resposta lutar-ou-fugir numa emergência. As

mudanças levam a uma supersecreção desse hormônio —

sobretudo na amígdala, hipotálamo e locus ceruleus —,

colocando o corpo em alerta para uma emergência que na

verdade não existe.10

Como disse o Dr. Charles Nemeroff, psiquiatra da

Universidade Duke:

— O excesso de CRF faz com que reajamos de forma

exagerada. Por exemplo, se você é um veterano do Vietnã, tem

PTSD e ouve o barulho de um cano de descarga de um carro

no estacionamento de um shopping center, é o disparo de CRF

que o inunda com os mesmos sentimentos do trauma original:

começa a suar, fica com medo, tem arrepios e tremores, pode

ter flashbacks. Nas pessoas que hipersecretam CRF, a reação de

susto é superativa. Por exemplo, se você chegar sorrateiramente

por trás de alguém e bater palmas, a pessoa levará um susto,

mas depois já não mais se assustará. Acontece que as pessoas

com excesso de CRF não se habituam: reagem com a mesma

intensidade à quarta repetição da palma quanto à primeira.11

Um terceiro conjunto de mudanças ocorre no sistema

opióidico do cérebro, que secreta endorfinas para amortecer a

sensação de dor. Também ele se torna hiperativo. Esse circuito

neural também envolve a amígdala, desta vez em combinação

com uma região do córtex cerebral. Os opióides são produtos

químicos do cérebro, poderosos agentes entorpecentes, como o

ópio e outros narcóticos, seus primos químicos. Quando com

altos níveis de opióides (“a morfina do cérebro”), as pessoas têm

uma maior tolerância à dor — fato observado em campos de

batalha por cirurgiões que constataram que soldados seriamente

feridos precisavam de doses mais baixas de narcóticos para

agüentar a dor do que civis com ferimentos muito menos sérios.

Alguma coisa semelhante parece ocorrer no PTSD.12

Mudanças na endorfina dão uma nova dimensão à mistura neural

pela reexposição ao trauma: um entorpecimento de certas

sensações. Isso parece explicar um conjunto de sintomas

psicológicos “negativos” há muito notados no PTSD: anedonia

(incapacidade de sentir prazer) e um embotamento emocional

generalizado, a sensação de estar isolado da vida ou o

desinteresse pelos sentimentos dos outros. Aqueles que convivem

com essas pessoas podem achar que essa indiferença se deva a

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