Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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15.01.2020 Views

aptidões, diz Brazelton,pega um bloco, coloca na boca, esfrega no cabelo,deixa cair no chão, aguarda que peguemos para ele.Pegamos e ele, então, cumpre a tarefa — junta os doisblocos. Depois olha para a gente com olhinhosbrilhando que dizem: “Diz se eu não sou o máximo!”4Os bebês desse tipo obtiveram uma boa dose de aprovação eestímulo dos adultos com quem conviveram; suas expectativassão de serem sempre bem-sucedidos diante de qualquerpequeno desafio que tenham de enfrentar. Ao contrário, bebêsque vêm de lares muito soturnos, desordenados ou desatenciososcumprem a mesma pequena tarefa de uma maneira que denotaum derrotismo. Eles juntam os blocos, entendem a instrução etêm a coordenação motora necessária para o cumprimento datarefa. Mas, ainda assim, diz Brazelton, sua fisionomia é“caidinha”, uma expressão que diz: “Tudo o que faço é malfeito.Está vendo, fiz tudo errado.” É provável que essas criançaspassem a vida com uma perspectiva pessimista, não esperandoencorajamento nem interesse dos professores, não tendo prazerna escola, e talvez abandonem os estudos.A diferença entre as duas perspectivas — crianças confiantese otimistas versus as derrotistas — começa a ganhar forma nosprimeiros anos de vida. Os pais, diz Brazelton, “precisamentender como a sua atuação pode gerar confiança, curiosidade,prazer na aprendizagem e a definir limites” para que seus filhoslidem bem com a vida. Essa observação se baseia numcrescente conjunto de indícios que mostram como o sucessoescolar depende, em grande parte, de características emocionaisque foram cultivadas nos anos que antecedem a entrada dacriança na escola. Como vimos no Capítulo 6, por exemplo, acapacidade de crianças de 4 anos em controlar o impulso deagarrar um marshmallow previa uma vantagem de 210 pontosem suas contagens no SAT 14 anos depois.A primeira oportunidade para moldar os ingredientes dainteligência emocional é nos primeiros anos, embora essasaptidões continuem a formar-se durante todo o período escolar.As aptidões emocionais que, posteriormente, as criançasadquirem formam-se em cima daquelas aprendidas nosprimeiros anos. E essas aptidões, como vimos no Capítulo 6, sãoo alicerce essencial de todo o aprendizado. Um trabalhorealizado no Centro Nacional de Programas Clínicos Infantisafirma que o sucesso na escola não é previsível tanto pelocapital de fatos da criança ou de sua capacidade precoce de ler

quanto por medidas emocionais e sociais: ser autoconfiante einteressado; saber que tipo de comportamento adotar e comofrear o impulso para se comportar mal; ser capaz de aguardara sua vez, seguir orientações e procurar ajuda junto aosprofessores; e expressar suas necessidades quando emcompanhia de outras crianças.5Quase todos os alunos que se saem mal na escola, diz otrabalho, não têm nenhum desses elementos de inteligênciaemocional (independentemente de também terem problemascognitivos como, por exemplo, dificuldade em aprender). Amagnitude do problema é grande; em alguns estados norteamericanos,quase uma em cada cinco crianças repete aprimeira série, e depois, com o passar dos anos, vai ficandocada vez mais para trás em relação aos colegas, perdendo amotivação, ficando ressentida e conflituosa.Para que uma criança esteja pronta para ir para a escola, énecessário que ela já tenha um conhecimento básico: comoaprender. O trabalho relaciona sete dos principais ingredientesdessa aptidão fundamental — todos relacionados com ainteligência emocional.61. Confiança.O senso de controle e domínio sobre o próprio corpo,comportamento e mundo; a sensação que a criança temde que é mais provável vencer do que fracassar naquiloque empreender e de que os adultos lhe ajudarão nesseintento.2. Curiosidade.A sensação de que descobrir coisas é positivo e dá prazer.3. Intencionalidade.O desejo e capacidade de absorver um impacto eexplorar isso com persistência. Está relacionada com asensação de ser competente, eficiente.4. Autocontrole.A capacidade de moldar e controlar as próprias ações deforma apropriada à sua idade; o senso de controle interno.5. Relacionamento.A capacidade de entrosar-se com os outros, baseada nasensação de que é compreendida por eles e que oscompreende.6. Capacidade de comunicar-se.O desejo e capacidade de, verbalmente, trocar idéias,partilhar sentimentos e concepções com os outros. Está

aptidões, diz Brazelton,

pega um bloco, coloca na boca, esfrega no cabelo,

deixa cair no chão, aguarda que peguemos para ele.

Pegamos e ele, então, cumpre a tarefa — junta os dois

blocos. Depois olha para a gente com olhinhos

brilhando que dizem: “Diz se eu não sou o máximo!”4

Os bebês desse tipo obtiveram uma boa dose de aprovação e

estímulo dos adultos com quem conviveram; suas expectativas

são de serem sempre bem-sucedidos diante de qualquer

pequeno desafio que tenham de enfrentar. Ao contrário, bebês

que vêm de lares muito soturnos, desordenados ou desatenciosos

cumprem a mesma pequena tarefa de uma maneira que denota

um derrotismo. Eles juntam os blocos, entendem a instrução e

têm a coordenação motora necessária para o cumprimento da

tarefa. Mas, ainda assim, diz Brazelton, sua fisionomia é

“caidinha”, uma expressão que diz: “Tudo o que faço é malfeito.

Está vendo, fiz tudo errado.” É provável que essas crianças

passem a vida com uma perspectiva pessimista, não esperando

encorajamento nem interesse dos professores, não tendo prazer

na escola, e talvez abandonem os estudos.

A diferença entre as duas perspectivas — crianças confiantes

e otimistas versus as derrotistas — começa a ganhar forma nos

primeiros anos de vida. Os pais, diz Brazelton, “precisam

entender como a sua atuação pode gerar confiança, curiosidade,

prazer na aprendizagem e a definir limites” para que seus filhos

lidem bem com a vida. Essa observação se baseia num

crescente conjunto de indícios que mostram como o sucesso

escolar depende, em grande parte, de características emocionais

que foram cultivadas nos anos que antecedem a entrada da

criança na escola. Como vimos no Capítulo 6, por exemplo, a

capacidade de crianças de 4 anos em controlar o impulso de

agarrar um marshmallow previa uma vantagem de 210 pontos

em suas contagens no SAT 14 anos depois.

A primeira oportunidade para moldar os ingredientes da

inteligência emocional é nos primeiros anos, embora essas

aptidões continuem a formar-se durante todo o período escolar.

As aptidões emocionais que, posteriormente, as crianças

adquirem formam-se em cima daquelas aprendidas nos

primeiros anos. E essas aptidões, como vimos no Capítulo 6, são

o alicerce essencial de todo o aprendizado. Um trabalho

realizado no Centro Nacional de Programas Clínicos Infantis

afirma que o sucesso na escola não é previsível tanto pelo

capital de fatos da criança ou de sua capacidade precoce de ler

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