Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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não houve qualquer correlação entre o alto nível de tensão e ataxa de mortalidade. O fato de terem pessoas com quem contar,conversar, pessoas que podiam oferecer consolo, ajuda eaconselhamento protegia-os do impacto mortal dos rigores etraumas da vida.A qualidade e um razoável número de pessoas com quemnos relacionamos parecem ser fundamentais para amenizartensões. Os relacionamentos negativos têm um alto custo. Asdiscussões conjugais, por exemplo, causam um impactonegativo no sistema imunológico.42 Um estudo de colegas quemoravam num quarto na universidade constatou que quanto maiseles antipatizavam um com o outro, mais susceptíveis ficavam aresfriados e gripes, e com mais freqüência procuravamassistência médica. John Cacioppo, psicólogo da Universidadedo Estado de Ohio, que fez essa pesquisa, me disse:— São os relacionamentos mais importantes na vida dagente, as pessoas com quem a gente mantém contato cotidiano,que são importantes para nossa saúde. E quanto maissignificativo for o relacionamento, mais ele é importante para apreservação de nossa saúde.43O Poder Curativo do Apoio EmocionalEm As Alegres Aventuras de Robin Hood, Robin aconselha a umjovem discípulo: “Conte-nos seus problemas e fale livremente.Uma enxurrada de palavras sempre ameniza as mágoas docoração; é como abrir as comportas de uma represa que estátransbordante.” Este exemplo de sabedoria popular faz sentido; odesabafo é um bom remédio. A corroboração científica doconselho de Robin vem de James Pennebaker, psicólogo daUniversidade Metodista do Sul, que demonstrou, numa série deexperimentos, que, quando as pessoas expressam os sentimentosque mais as perturbam, o efeito clínico é benéfico.44 O métododele é muito simples: pede às pessoas que escrevam, durante15 ou vinte minutos por dia, pelo período de mais ou menoscinco dias, sobre, por exemplo, “a mais traumática experiênciaque já tiveram”, ou alguma preocupação premente. O que aspessoas escrevem pode ficar só para elas mesmas, se quiserem.O resultado dessa “confissão” é impressionante: melhorfunção imunológica, quedas significativas de atendimento emcentros de saúde nos seis meses seguintes, menor falta aotrabalho e até melhor função enzimática do fígado. Além disso,aqueles em cujos textos havia mais sinais de pensamentosturbulentos foram os que obtiveram maior melhora na funçãoimunológica. A pesquisa revelou um padrão específico como aforma “mais saudável” de extravasar sentimentos perturbadores:

primeiro, expressar um alto nível de tristeza, ansiedade, raiva— qualquer sentimento perturbador que o tema evocasse;depois, no decorrer dos dias seguintes, tecer uma narrativa,identificando algum significado no trauma ou esforço.Esse processo, óbvio, se assemelha ao que ocorre napsicoterapia. Na verdade, as constatações de Pennebakersugerem por que outros estudos mostram que pacientes querecebem ajuda psicoterápica, além de intervenções cirúrgicasou tratamento clínico, muitas vezes obtêm melhoras maissignificativas em suas condições clínicas do que os que recebemapenas tratamento clínico.45Talvez a maior demonstração do valor clínico do apoioemocional esteja nos encontros de grupo da Faculdade deMedicina da Universidade de Stanford, destinados a mulherescom avançado câncer metastático no seio. Após um tratamentoinicial, que muitas vezes incluíra cirurgia, o câncer dessasmulheres voltara e espalhava-se por todo o corpo. Era só umaquestão de tempo, clinicamente falando, para que a doença,expandindo-se, as matasse. O próprio Dr. David Spiegel, quefez o estudo, ficou espantado com as constatações, o mesmoacontecendo com a comunidade médica: as mulheres comavançado câncer no seio que participavam regularmente dasreuniões sobreviviam duas vezes mais que aquelas queportavam a mesma doença, mas que a enfrentavam sozinhas.46Todas as mulheres receberam a assistência clínica padrão; aúnica diferença era que algumas também participavam dosgrupos, onde podiam desabafar com outras que entendiam o queelas estavam passando e estavam disponíveis para ouvir os seustemores, dor e mágoa. Para muitas delas, aquele era o únicolugar onde podiam falar abertamente sobre seus sentimentos,porque as pessoas com quem conviviam temiam referir-se aocâncer e à morte iminente. As mulheres que freqüentavam osgrupos viveram, em média, mais três anos e um mês, enquantoas outras morreram, em média, em um ano e sete meses —um ganho em expectativa de vida para essas pacientes maiorque qualquer remédio ou outro tratamento clínico. Como disse oDr. Jimmie Holland, oncologista psiquiátrico e chefe do Sloan-Kettering Memorial Hospital, um centro de tratamento de câncerna cidade de Nova York:— Todo paciente de câncer devia freqüentar um grupo dessetipo.Na verdade, se os efeitos produzidos pela participação emgrupos de apoio desse gênero pudessem ser produzidos poruma determinada droga, os laboratórios farmacêuticos estariamse engalfinhando para fabricá-la.

não houve qualquer correlação entre o alto nível de tensão e a

taxa de mortalidade. O fato de terem pessoas com quem contar,

conversar, pessoas que podiam oferecer consolo, ajuda e

aconselhamento protegia-os do impacto mortal dos rigores e

traumas da vida.

A qualidade e um razoável número de pessoas com quem

nos relacionamos parecem ser fundamentais para amenizar

tensões. Os relacionamentos negativos têm um alto custo. As

discussões conjugais, por exemplo, causam um impacto

negativo no sistema imunológico.42 Um estudo de colegas que

moravam num quarto na universidade constatou que quanto mais

eles antipatizavam um com o outro, mais susceptíveis ficavam a

resfriados e gripes, e com mais freqüência procuravam

assistência médica. John Cacioppo, psicólogo da Universidade

do Estado de Ohio, que fez essa pesquisa, me disse:

— São os relacionamentos mais importantes na vida da

gente, as pessoas com quem a gente mantém contato cotidiano,

que são importantes para nossa saúde. E quanto mais

significativo for o relacionamento, mais ele é importante para a

preservação de nossa saúde.43

O Poder Curativo do Apoio Emocional

Em As Alegres Aventuras de Robin Hood, Robin aconselha a um

jovem discípulo: “Conte-nos seus problemas e fale livremente.

Uma enxurrada de palavras sempre ameniza as mágoas do

coração; é como abrir as comportas de uma represa que está

transbordante.” Este exemplo de sabedoria popular faz sentido; o

desabafo é um bom remédio. A corroboração científica do

conselho de Robin vem de James Pennebaker, psicólogo da

Universidade Metodista do Sul, que demonstrou, numa série de

experimentos, que, quando as pessoas expressam os sentimentos

que mais as perturbam, o efeito clínico é benéfico.44 O método

dele é muito simples: pede às pessoas que escrevam, durante

15 ou vinte minutos por dia, pelo período de mais ou menos

cinco dias, sobre, por exemplo, “a mais traumática experiência

que já tiveram”, ou alguma preocupação premente. O que as

pessoas escrevem pode ficar só para elas mesmas, se quiserem.

O resultado dessa “confissão” é impressionante: melhor

função imunológica, quedas significativas de atendimento em

centros de saúde nos seis meses seguintes, menor falta ao

trabalho e até melhor função enzimática do fígado. Além disso,

aqueles em cujos textos havia mais sinais de pensamentos

turbulentos foram os que obtiveram maior melhora na função

imunológica. A pesquisa revelou um padrão específico como a

forma “mais saudável” de extravasar sentimentos perturbadores:

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