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Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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retraimento total ou a acirrada resistência passiva que vem do

sentimento de ter sido injustamente tratado. Na verdade, uma

das formas mais comuns de crítica destrutiva no local de

trabalho, diz um consultor empresarial, é uma declaração

generalizada do tipo “Você está fodendo tudo”, feita num tom

duro, sarcástico, inamistoso, que não abre espaço para um

argumento ou sugestão de como fazer melhor. Deixa a pessoa

que a recebe impotente e com rancor. Da perspectiva da

inteligência emocional, essa crítica demonstra ignorância acerca

dos sentimentos que serão provocados naqueles que a recebem

e do efeito devastador que esses sentimentos terão em sua

motivação, energia e confiança na execução do trabalho.

Essa dinâmica destrutiva foi identificada em pesquisa feita

com administradores a quem foi solicitado que se lembrassem

das vezes em que perderam as estribeiras com empregados e

quando, no calor daqueles momentos, fizeram ataques pessoais.5

Os ataques raivosos causaram efeitos muito semelhantes aos que

ocorrem na relação conjugal: os empregados agredidos ficaram

na defensiva, dando desculpas, ou fugiram à responsabilidade.

Ou fecharam-se em copas — quer dizer, tentaram evitar

qualquer contato com o administrador que engrossou com eles.

Se fossem submetidos à análise do mesmo microscópio

emocional que John Gottman usou em casais, sem dúvida ficaria

demonstrado que esses empregados ressentidos estavam se

sentindo como vítimas inocentes ou estavam indignados com

justa razão, o que também é comum em maridos e mulheres

que se sentem injustamente agredidos. Caso houvesse uma

mensuração de suas fisiologias, provavelmente também seria

vista a inundação que reforça tais pensamentos. E, no entanto, os

administradores apenas se sentiram mais irritados e ameaçados

por esse tipo de reação, o que determinou o início do ciclo que,

no mundo das empresas, termina com o empregado demitindose

ou sendo demitido — o equivalente empresarial do divórcio.

Na verdade, uma pesquisa junto a 108 administradores e

funcionários de escritório revelou que a crítica inepta antecedia

a desconfiança, confronto de personalidades, disputas pelo poder

e por salário como motivo de conflito no trabalho.6 Uma

experiência feita no Instituto Politécnico Rensselaer mostra com

exatidão como é prejudicial para as relações de trabalho uma

crítica contundente. Numa simulação, voluntários receberam a

tarefa de criar um anúncio para um novo xampu. Outro

voluntário (um auxiliar-cúmplice dos pesquisadores) simulava

estar julgando os anúncios propostos; na verdade, os voluntários

recebiam uma de duas críticas pré-combinadas. Uma era

ponderada e específica. Mas a outra era sob a forma de

ameaças e se referia a deficiências inatas da pessoa, com

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