Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman
páginas.Em Trabalhando com a Inteligência Emocional, propus umaestrutura que reflete como os aspectos fundamentais do QE —autoconsciência, autocontrole, consciência social e a habilidadede gerenciar relacionamentos — se traduzem em sucessoprofissional. Ao fazer isso, peguei emprestado um conceito deDavid McClelland, o psicólogo de Harvard que foi meu mentorna graduação: competência.Enquanto a inteligência emocional determina nosso potencialpara aprender os fundamentos do autodomínio e afins, nossacompetência emocional mostra o quanto desse potencialdominamos de maneira que ele se traduza em capacidadesprofissionais. Para ser versado em uma competência emocionalcomo atendimento ao consumidor ou trabalho em equipe, épreciso possuir uma habilidade subjacente nos fundamentos doQE, especificamente consciência social e gerenciamento derelacionamentos. Mas as competências emocionais sãohabilidades aprendidas: o fato de uma pessoa possuirconsciência social e aptidão para gerenciar relacionamentos nãogarante que ela tenha dominado o aprendizado adicionalnecessário para lidar com um cliente a contento ou resolver umconflito. Essa pessoa apenas tem o potencial de se tornar hábilnessas competências.Novamente, uma habilidade de QE se faz necessária, emboranão seja suficiente, para manifestar uma determinadacompetência ou aptidão profissional. Seria possível fazer umaanalogia cognitiva com um aluno que possui excelenteshabilidades espaciais, mas não consegue nem aprendergeometria, quanto mais se tornar um arquiteto. Assim, umapessoa pode ser muito empática, porém péssima em lidar comclientes — se não tiver aprendido a competência para oatendimento de clientes. (Para aquelas almas superdedicadas quequiserem entender como o meu modelo atual abarca vinte epoucas competências emocionais dentro dos quatro grupos deQE, vejam o apêndice de O Poder da Inteligência Emocional.)Em 1995, apresentei dados de uma amostragem nacional,demograficamente representativa, de mais de 3 mil crianças de7 a 16 anos, avaliadas por seus pais e professores,demonstrando que no espaço de aproximadamente uma década,entre meados de 1970 e meados de 1980, os indicadores debem-estar entre crianças americanas sofreram um declínioexpressivo. Essas crianças eram mais perturbadas e tinham maisproblemas, que iam desde solidão e ansiedade até desobediênciae queixas. (É claro que sempre existem exceções individuais —crianças que crescerão e se tornarão seres humanos fantásticos
—, sejam quais forem os números gerais.)Porém, um grupo mais recente de crianças, avaliado em1999, parece ter progredido consideravelmente, mostrandoresultados muito melhores do que aquelas do fim da década de1980, embora não tenham recuperado os níveis registrados emmeados da década de 1970.5 É fato que os pais ainda estãoinclinados a reclamar dos filhos de uma forma geral e ainda sepreocupam que seus filhos estejam andando com “máscompanhias” — as queixas parecem piores do que nunca. Masa tendência é nitidamente ascendente.Francamente, estou estupefato. Havia conjeturado que ascrianças de hoje seriam vítimas involuntárias dos progressoseconômico e tecnológico, inábeis em QE porque seus paispassam mais tempo no trabalho do que as gerações anteriores,porque a mobilidade crescente cortou os laços com a famíliamais ampla e porque o tempo “livre” se tornou estruturado eorganizado demais. Afinal, a inteligência emocional sempre foitradicionalmente transmitida nos momentos da vida cotidiana —com os pais e os parentes, e na desordem das brincadeiraslivres — que os jovens estão perdendo.E também há o fator tecnológico. Atualmente, as criançaspassam mais tempo sozinhas do que nunca na história dahumanidade, olhando para um monitor. Isso significa umexperimento natural numa escala sem precedentes. Essascrianças peritas em tecnologia, quando se tornarem adultas, sesentirão tão confortáveis com outras pessoas como se sentemcom seus computadores? Em vez disso, desconfio que umainfância cuja relação seja com um mundo virtual desprepararianossos jovens para as relações face a face.Esses foram meus argumentos. Não aconteceu nada nadécada anterior que revertesse essas tendências. Mesmo assim,ainda bem, as crianças parecem estar se saindo melhor.Thomas Achenbach, o psicólogo da Universidade de Vermontque fez esses estudos, conjetura que o boom econômico dadécada de 1990 beneficiou não só os adultos, como também ascrianças; mais empregos e menos criminalidade resultou emcrianças mais bem cuidadas. Caso haja outra recessãoeconômica grave, ele sugere, nós nos depararíamos com umaoutra queda nesse grau de habilidades para a vida das crianças.Pode ser que sim; só o tempo dirá.A hipervelocidade na qual o QE se tornou um temaimportante em inúmeros campos dificulta previsões, mas deixemeoferecer algumas idéias do que espero para essa área nofuturo próximo.Muitos dos benefícios resultantes do desenvolvimento decapacidades de inteligência emocional foram destinados aos
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—, sejam quais forem os números gerais.)
Porém, um grupo mais recente de crianças, avaliado em
1999, parece ter progredido consideravelmente, mostrando
resultados muito melhores do que aquelas do fim da década de
1980, embora não tenham recuperado os níveis registrados em
meados da década de 1970.5 É fato que os pais ainda estão
inclinados a reclamar dos filhos de uma forma geral e ainda se
preocupam que seus filhos estejam andando com “más
companhias” — as queixas parecem piores do que nunca. Mas
a tendência é nitidamente ascendente.
Francamente, estou estupefato. Havia conjeturado que as
crianças de hoje seriam vítimas involuntárias dos progressos
econômico e tecnológico, inábeis em QE porque seus pais
passam mais tempo no trabalho do que as gerações anteriores,
porque a mobilidade crescente cortou os laços com a família
mais ampla e porque o tempo “livre” se tornou estruturado e
organizado demais. Afinal, a inteligência emocional sempre foi
tradicionalmente transmitida nos momentos da vida cotidiana —
com os pais e os parentes, e na desordem das brincadeiras
livres — que os jovens estão perdendo.
E também há o fator tecnológico. Atualmente, as crianças
passam mais tempo sozinhas do que nunca na história da
humanidade, olhando para um monitor. Isso significa um
experimento natural numa escala sem precedentes. Essas
crianças peritas em tecnologia, quando se tornarem adultas, se
sentirão tão confortáveis com outras pessoas como se sentem
com seus computadores? Em vez disso, desconfio que uma
infância cuja relação seja com um mundo virtual desprepararia
nossos jovens para as relações face a face.
Esses foram meus argumentos. Não aconteceu nada na
década anterior que revertesse essas tendências. Mesmo assim,
ainda bem, as crianças parecem estar se saindo melhor.
Thomas Achenbach, o psicólogo da Universidade de Vermont
que fez esses estudos, conjetura que o boom econômico da
década de 1990 beneficiou não só os adultos, como também as
crianças; mais empregos e menos criminalidade resultou em
crianças mais bem cuidadas. Caso haja outra recessão
econômica grave, ele sugere, nós nos depararíamos com uma
outra queda nesse grau de habilidades para a vida das crianças.
Pode ser que sim; só o tempo dirá.
A hipervelocidade na qual o QE se tornou um tema
importante em inúmeros campos dificulta previsões, mas deixeme
oferecer algumas idéias do que espero para essa área no
futuro próximo.
Muitos dos benefícios resultantes do desenvolvimento de
capacidades de inteligência emocional foram destinados aos