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Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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julgamentos morais, pois os dilemas morais envolvem vítimas

potenciais. Deve-se mentir para evitar ferir os sentimentos de

um amigo? Deve-se manter o compromisso de visita a um

amigo doente ou, ao contrário, aceitar um convite de última

hora para um jantar? Até quando devem ser mantidos ligados os

aparelhos hospitalares que mantêm a vida de alguém?

Essas questões morais são colocadas pelo pesquisador de

empatia Martin Hoffman, que afirma que as raízes da ética estão

na empatia, pois é o sentir empatia com as vítimas potenciais

— alguém que sofre, que está em perigo, ou que passa

privação, digamos — e, portanto, partilhar da sua aflição que

leva as pessoas a agirem para ajudá-las.15 Além dessa ligação

imediata entre empatia e altruísmo nos encontros pessoais,

Hoffman sugere que a própria capacidade de afeto empático,

de colocar-se no lugar de outra pessoa, leva as pessoas a seguir

certos princípios morais.

Hoffman vê um desenvolvimento natural na empatia a partir

da infância. Como vimos, com um ano de idade, a criança se

sente aflita quando vê outra cair e começar a chorar; sua

relação é tão forte e imediata que ela põe o polegar na boca e

enterra a cabeça no colo da mãe, como se fosse ela a

machucada. Depois do primeiro ano, quando os bebês se

tornam mais conscientes de que são distintos dos outros, tentam

ativamente consolar um outro que chora, oferecendo-lhe ursinhos

de pelúcia, por exemplo. Já aos 2 anos as crianças começam a

perceber que os sentimentos dos outros não são os seus e, com

isso, se tornam mais sensíveis a indícios que revelam o que o

outro de fato sente; nessa altura, podem, por exemplo,

reconhecer que o orgulho de outra criança pode significar que a

melhor maneira de ajudá-la a lidar com suas lágrimas é não

chamar indevida atenção para elas.

No fim da infância, surgem os mais elevados níveis de

empatia, pois as crianças são capazes de entender a aflição que

está além de um acontecimento específico e constatar que a

condição ou posição de alguém na vida pode ser um motivo de

aflição permanente. Nesse ponto, as crianças podem perceber

as circunstâncias de todo um grupo, como os pobres, os

oprimidos, os marginalizados. Essa compreensão, na

adolescência, pode reforçar convicções morais centradas na

vontade de aliviar o infortúnio e a injustiça.

A empatia é o suporte de muitas facetas de julgamento e

ação morais. Uma delas é a “raiva empática”, que John Stuart

Mill descreveu como “o sentimento natural de retaliação (...)

tornado pelo intelecto e a simpatia aplicável (...) aos sofrimentos

que nos ferem por ferir outros”; Mill chamou isso de “guardião

da justiça”. Outro exemplo em que a empatia conduz à ação

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