Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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aferição de empatia, o PONS — Profile of Nonverbal Sensitivity,[1] que consiste na exibição de uma série de videoteipes em queuma jovem manifesta sentimentos que vão da antipatia ao amormaterno.2 As cenas percorrem todo um espectro de emoções,desde um acesso de ciúmes até um pedido de perdão, de umademonstração de gratidão a uma sedução. O vídeo foi editado deforma que, em cada um desses estados, fossem sistematicamenteapagados um ou mais canais de comunicação não-verbal; alémdo som, por exemplo, em algumas cenas todos os outros sinaissão bloqueados, sendo mantida apenas a expressão facial. Emoutras, somente são exibidos os movimentos do corpo, e assimpor diante, passando pelos principais canais não-verbais decomunicação, para que os espectadores possam detectar aemoção a partir de uma ou outra indicação não-verbal.Em testes feitos com mais de 7 mil pessoas nos EstadosUnidos e em outros 18 países, as vantagens de poder interpretarsentimentos a partir de indicações não-verbais incluíam ummelhor ajustamento emocional, maior popularidade, maisabertura e — talvez o que seja mais surpreendente — maiorsensibilidade. Em geral, as mulheres são melhores que oshomens nesse tipo de empatia. E as pessoas cujo desempenhomelhorou no decorrer do teste, que durou 45 minutos — umindicador de que aquelas pessoas têm talento para adquiriraptidões de empatia —, também se relacionavam melhor como sexo oposto. A empatia, não é nenhuma surpresa, ajuda navida romântica.Conforme constatações sobre outros elementos de inteligênciaemocional, havia apenas uma relação incidental entre ascontagens nessa medição de acuidade e os resultados do SAT,QI ou dos testes de desempenho escolares. A independência daempatia em relação à inteligência acadêmica também foiconstatada em testagens com uma versão do PONS destinada acrianças. Em testes feitos em 1.011 crianças, aquelas quemostraram aptidão para interpretar sentimentos nãoverbalizadoseram consideradas as mais queridas na escola,eram as mais emocionalmente estáveis.3 Além disso, tinhammelhor desempenho acadêmico embora, na média, nãotivessem QI superior ao de outras crianças menos capacitadaspara interpretar mensagens não-verbais — o que sugere que odomínio dessa capacidade empática abre o caminho para aeficiência na sala de aula (ou simplesmente faz com que osprofessores gostem mais delas).Assim como a forma de expressão da mente racional é apalavra, a das emoções é não-verbal. Na verdade, quando aspalavras de alguém entram em desacordo com o que étransmitido por seu tom de voz, gestos ou outros canais não-

verbais, a verdade emocional está mais no como ele diz algumacoisa do que no que ele diz. Uma regra elementar usada napesquisa de comunicações é que 90% ou mais de umamensagem emocional são não-verbais. E essas mensagens —ansiedade no tom de voz de alguém, irritação na rapidez de umgesto — são quase sempre aceitas inconscientemente, sem quese dê uma atenção especial ao conteúdo da mensagem, masapenas recebendo-a e respondendo-a tacitamente. As aptidõesque nos permitem fazer isso bem ou mal são também, namaioria das vezes, inferidas.COMO SE DESENVOLVE A EMPATIAAssim que Hope, de apenas nove meses, viu outro bebê levarum tombo, ficou com os olhos cheios d’água e engatinhou atésua mãe, procurando consolo, embora não fosse ela que tivesselevado o tombo. E Michael, com um ano e três meses, foi buscarseu ursinho de pelúcia para entregá-lo ao amigo Paul, quechorava; como Paul continuasse chorando, Michael se agarrou nocobertorzinho “de segurança” do amigo. Esses pequenos atos desimpatia e solidariedade foram observados por mães treinadaspara registrar tais incidentes de demonstração de empatia.4 Osresultados do estudo sugerem que as origens da empatia podemser identificadas já na infância. Praticamente desde o dia em quenascem, os bebês ficam perturbados quando ouvem outro bebêchorando — uma reação que alguns encaram como o primeiroindicador da empatia que se desenvolverá até a idade adulta.5Psicólogos do desenvolvimento infantil descobriram que osbebês são solidários diante da angústia de outrem, mesmo antesde adquirirem a percepção de sua individualidade. Mesmopoucos meses após o nascimento, os bebês reagem a umaperturbação sentida por aqueles que estão em torno deles, comose esse incômodo estivesse acontecendo neles próprios,chorando ao verem que outra criança está chorando. Em tornode um ano, começam a compreender que o sofrimento não édeles, mas de outro, embora ainda pareçam confusos sobre oque fazer. Numa pesquisa feita por Martin L. Hoffmann, daUniversidade de Nova York, por exemplo, uma criança de umano trouxe a própria mãe para consolar um amigo quechorava, ignorando que a mãe do amigo também estava norecinto. Essa confusão se vê também quando crianças de um anoimitam a angústia de outras, possivelmente para melhorcompreender o que elas estão sentindo; por exemplo, se outrobebê machuca os dedos, um bebê de um ano põe os seus dedos

aferição de empatia, o PONS — Profile of Nonverbal Sensitivity,

[1] que consiste na exibição de uma série de videoteipes em que

uma jovem manifesta sentimentos que vão da antipatia ao amor

materno.2 As cenas percorrem todo um espectro de emoções,

desde um acesso de ciúmes até um pedido de perdão, de uma

demonstração de gratidão a uma sedução. O vídeo foi editado de

forma que, em cada um desses estados, fossem sistematicamente

apagados um ou mais canais de comunicação não-verbal; além

do som, por exemplo, em algumas cenas todos os outros sinais

são bloqueados, sendo mantida apenas a expressão facial. Em

outras, somente são exibidos os movimentos do corpo, e assim

por diante, passando pelos principais canais não-verbais de

comunicação, para que os espectadores possam detectar a

emoção a partir de uma ou outra indicação não-verbal.

Em testes feitos com mais de 7 mil pessoas nos Estados

Unidos e em outros 18 países, as vantagens de poder interpretar

sentimentos a partir de indicações não-verbais incluíam um

melhor ajustamento emocional, maior popularidade, mais

abertura e — talvez o que seja mais surpreendente — maior

sensibilidade. Em geral, as mulheres são melhores que os

homens nesse tipo de empatia. E as pessoas cujo desempenho

melhorou no decorrer do teste, que durou 45 minutos — um

indicador de que aquelas pessoas têm talento para adquirir

aptidões de empatia —, também se relacionavam melhor com

o sexo oposto. A empatia, não é nenhuma surpresa, ajuda na

vida romântica.

Conforme constatações sobre outros elementos de inteligência

emocional, havia apenas uma relação incidental entre as

contagens nessa medição de acuidade e os resultados do SAT,

QI ou dos testes de desempenho escolares. A independência da

empatia em relação à inteligência acadêmica também foi

constatada em testagens com uma versão do PONS destinada a

crianças. Em testes feitos em 1.011 crianças, aquelas que

mostraram aptidão para interpretar sentimentos nãoverbalizados

eram consideradas as mais queridas na escola,

eram as mais emocionalmente estáveis.3 Além disso, tinham

melhor desempenho acadêmico embora, na média, não

tivessem QI superior ao de outras crianças menos capacitadas

para interpretar mensagens não-verbais — o que sugere que o

domínio dessa capacidade empática abre o caminho para a

eficiência na sala de aula (ou simplesmente faz com que os

professores gostem mais delas).

Assim como a forma de expressão da mente racional é a

palavra, a das emoções é não-verbal. Na verdade, quando as

palavras de alguém entram em desacordo com o que é

transmitido por seu tom de voz, gestos ou outros canais não-

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