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Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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terrível. As preocupações quase sempre se expressam ao

ouvido mental, não ao olho mental — quer dizer, em palavras,

não através de imagens —, e este é um fato importante para o

seu controle.

Borkovec e seus colegas começaram a estudar a

preocupação isoladamente quando tentavam obter um

tratamento para a insônia. A ansiedade, observaram outros

pesquisadores, surge sob duas formas: cognitiva, ou com

preocupações, e somática, com os sintomas psicológicos da

ansiedade, como sudorese, taquicardia, tensão muscular.

Borkovec constatou que o principal problema dos insones não

era o estímulo somático. O que os mantinha acordados eram os

pensamentos intrusos. Eram preocupados crônicos e, por mais

sono que tivessem, não conseguiam parar de se preocupar. A

única coisa que os ajudava a dormir era afastar as

preocupações da mente, concentrando-as, em vez disso, nas

sensações produzidas por um método de relaxamento. Em

suma, as preocupações podiam ser banidas, desviando-se a

atenção delas.

A maioria dos preocupados, porém, não consegue se

desligar. O motivo, acredita Borkovec, tem a ver com uma

vantagem parcial da preocupação que reforça muitíssimo o

hábito de estar preocupado. Parece haver alguma coisa de

positivo nas preocupações: são maneiras de lidar com ameaças

potenciais, com perigos que podem surgir a qualquer momento.

A tarefa da preocupação — quando funciona — é simular esses

perigos e pensar em maneiras de lidar com eles. Mas não

funciona tão bem assim. Novas soluções e formas de ver um

problema não surgem, geralmente, da preocupação, sobretudo

da preocupação crônica. Em vez de produzir soluções para o

perigo que imaginam, os preocupados normalmente ficam

ruminando sobre o perigo em si, imergindo de uma maneira

discreta no pânico a ele associado, sem conseguir parar de

pensar. Os preocupados crônicos se preocupam com muitas

coisas, a maioria das quais não tem a menor possibilidade de

acontecer: vêem perigos no dia-a-dia que outros nunca notam.

Contudo, os preocupados crônicos relatam a Borkovec que a

preocupação os ajuda e se autoperpetua, um interminável ciclo

de pensamento cheio de angústia. Por que a preocupação seria

o equivalente a um vício mental? Curiosamente, como observa

Borkovec, o hábito de preocupar-se é reforçante, como o são as

superstições. Como as pessoas se preocupam com um bocado

de coisas com pouca possibilidade de realmente acontecer —

uma pessoa amada morrer num acidente aéreo, ir à falência ou

coisas do gênero —, há na preocupação, pelo menos para o

cérebro límbico primitivo, algo de mágico. Funcionando como

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