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Revista Apólice #250

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Ainda “

somos os mesmos e vivemos

como os nossos pais”. Ao

contrário da letra composta

por Belchior e imortalizada

nas vozes do próprio autor e de Elis Regina,

definitivamente não somos mais os

mesmos ou vivemos como nossos pais.

Mudamos (e muito) para acompanhar o

relógio secular dos tempos modernos.

A longevidade ganhou contornos mais

complexos com as profundas transformações

promovidas pelo homem nas

últimas décadas em todos os campos

possíveis da vida e dita o nosso tempo e

a jornada de cada um. Hoje, vivemos mais

e, consequentemente, trabalhamos mais.

Parece não haver limites para o homem

do século 21.

O aumento na expectativa de vida

verificou-se logo após a Segunda Guerra

mundial. De lá para cá, superamos doenças

até então incuráveis, e continuamos a

superá-las com o avanço contínuo e célere

da ciência e da tecnologia. As taxas de

mortalidade foram reduzidas. Isso é fato

inexorável. Indiscutível.

Voltando-se o olhar para o Brasil

atual, percebemos que estamos envelhecendo

com mais rapidez. A pecha

de “país jovem” está ficando no passado

para que antropólogos a estudem. Dos

anos de 1940 — justamente no período

pós-guerra — até aqui, nossa expectativa

de vida cresceu mais de 30 anos, como

apontam dados do Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE). Para

o IBGE, nossa terceira idade superará

os 25% da população em 2060, sendo

que elas chegarão aos 85 anos e eles

aos 78 anos.

Divulgados em junho pela Organização

das Nações Unidas (ONU), os dados

do World Population Prospects não

são menos enfáticos que os do IBGE,

ou seja, estamos mesmo mais velhos.

Contávamos 7% da população com 65

anos ou mais em 2010. Esse percentual

de idosos no total de brasileiros — reforça

a pesquisa da ONU — crescerá

intensamente até 2050, saltando para

quase 30%, e com uma média de longevidade

significativamente acima das que

registrarão outros países.

“Só para elucidarmos também

essa questão, em 1910 tínhamos uma

expectativa de vida de 33 anos. Em

1940, 45 anos; em 1980, 63 anos. O

IBGE estima que a expectativa de vida

mais longínqua do brasileiro é de 81

anos em 2050. Sem sombra de dúvida,

estamos vivendo muito mais. Um a cada

três bebês, por exemplo, vão viver até

100 anos de idade”, ressalta o superintendente

regional da Icatu Seguros,

Alexandre Malho.

Envelhecimento crescente

impacta reforma da

previdência

Com o aumento da população da

terceira idade, o impacto registrado na

economia e na Previdência Social vem

sendo latente nas últimas décadas na

vida das pessoas e no mercado de trabalho.

A reforma da Previdência mostrou-

-se, portanto, uma necessidade imediata

a despeito de questões ideológicas e

partidárias. Não há dúvida: a longevidade

ditará o rumo do mercado brasileiro

daqui em diante, e é isso que determina

o texto da reforma previdenciária recentemente

promulgada e, portanto, já em

vigor. Em resumo, teremos de trabalhar

por mais tempo para se aposentar e o

impacto na economia em curto prazo é

inexorável.

“Estima-se que a aprovação da reforma

da Previdência possa gerar uma

economia na grandeza dos 900 bilhões

de reais nos próximos 10 anos para o Governo

Federal, além de ajudar a resolver

o problema fiscal que o país hoje enfrenta,

em que os gastos públicos excedem

as receitas. Como o texto da reforma

foi bem recebido pelos investidores, sua

aprovação também deve ajudar a restaurar

a confiança do mercado na economia,

contribuindo, consequentemente, para

o aumento de investimentos e geração

de empregos. Ainda que essas medidas

possam contribuir com a manutenção

do sistema de seguridade social, sabe-

-se que elas não garantirão a perenidade

do sistema por muitos anos, ou seja,

haverá necessidade de novas reformas

previdenciárias no plano constitucional

e infraconstitucional”, avalia o advogado

Pedro Pierobon, do escritório Bruno

Calfat Advogados.

“ O IBGE estima que a

expectativa de vida mais

longínqua do brasileiro

é de 81 anos em 2050.

Sem sombra de dúvida

estamos vivendo muito

mais. Um a cada três

bebês, por exemplo, vão

viver até 100 anos de

idade”.

Alexandre Malho, da Icatu

Comparando-se com outros países,

como a França, por exemplo, responsável

pelo primeiro plano de aposentadoria da

história, em 1673, e a Alemanha, que implantou

o primeiro regime de previdência

social do mundo, em 1880, o Brasil

tem um modelo construído mais recentemente

e paulatinamente amadurecido

ao longo dos anos. Embora modelos

similares à previdência tenham chegado

ao país no final do império e, posteriormente,

a Lei Eloy Chaves, de 1923, seja

para muitos especialistas a pedra fundamental

da história da previdência social

no país, o sistema só vai engrenar no

Brasil logo após a instauração do Estado

Novo, de Getúlio Vargas. Quanto a um

sistema complementar à aposentadoria,

ele surge por inciativa isolada do Banco

do Brasil, em 1940. Mas falar, oficialmente,

em previdência privada só seria

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