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Ano 24 - nº 250
Dezembro 2019
ESPECIAL LONGEVIDADE
O brasileiro está
vivendo mais e
quer viver melhor
Quem são os idosos
do futuro e como
atendê-los dentro e
fora do mercado de
seguros
O impacto da
longevidade já
é sentido pelas
seguradoras de
saúde e vida
Conheça alguns
produtos e serviços de
seguros especialmente
desenhados para
os 60+
Reforma da previdência
estimula o desenho
e as vendas de novos
produtos do setor
privado
editorial
Ano 24 - nº 250
Dezembro 2019
Esta revista é uma
publicação independente
da Correcta Editora Ltda
e de público dirigido
Diretora de Redação:
Kelly Lubiato - MTB 25933
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graciane@revistaapolice.com.br
Diagramação e Arte:
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Os artigos assinados são de
responsabilidade exclusiva de
seus autores, não representando,
necessariamente, a opinião desta revista.
Envelhecer bem é
o maior desafio da
sociedade
Dados do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística - revelam que estamos vivendo mais. Entretanto, o desafio
é viver melhor, com mais qualidade de vida em todos os sentidos, seja
ele físico, financeiro, social ou emocional.
Vários estudos mostram que a sociedade ainda está aprendendo
a conviver com este novo perfil. Apesar das pessoas não terem
mais vergonha de procurar produtos específicos para os 60+, eles
ainda são escassos nas prateleiras. Agências de publicidade não
desenvolvem campanhas voltadas para este público, exceto quando
falamos em produtos de saúde. A economia prateada, em termos de
consumo, já representa a 3ª economia mundial. O seu rendimento, no
Brasil, é 40% maior, em média, do que outras faixas da população.
Entretanto, as políticas públicas ainda não olham para este
público. Justamente aqueles que dependem da previdência social
são os que ficaram um pouco mais distantes da possibilidade de ter
um rendimento na terceira idade.
É preciso investir em formas de atender os idosos que virão pela
frente. Investir em produtos e serviços específicos pode significar
o sucesso de algumas iniciativas no futuro. Agências de viagem já
descobriram este potencial. O mercado de seguro saúde precisa ter
um olhar atento para não desemparar os 60+ no momento de maior
necessidade.
Esta discussão você vai encontrar em nossas próximas páginas.
Boa leitura!
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Revista Apólice
Diretora de Redação
Mande suas dúvidas, críticas e sugestões para redacao@revistaapolice.com.br
3
sumário
6
11
12
13
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painel
painel eventos
gente
campanha
Mapfre apresenta iniciativa para melhorar a comunicação com a
sociedade de forma geral, apresentando vídeos de histórias reais de
segurados e corretores de seguros
14
|
especial longevidade
panorama
Estudo Tsunami60+ revela dados que mostram a evolução da economia
prateada. Maiores de 60 anos já representam a terceira economia do
mundo e este público será muito relevante para as empresas
12
18
22
28
32
36
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impacto
As carteiras de seguro de vida e seguro saúde são das mais impactadas
pelo envelhecimento da população. Seguradoras e operadoras já
buscam novas formas para atender este público
serviços 60+
Viver mais significa contar com produtos e serviços especialmente
elaborados para os mais velhos. Qualidade de vida física, emocional e
financeira é o objetivo que todos perseguem
forum
Fórum da longevidade promovido pela Bradesco Seguros mostra que
não basta viver mais, mas é preciso viver melhor
reforma da previdência
Idosos já perceberam que o melhor dos mundos é não depender apenas
da previdência social. Entretanto, nem todos possuem poder aquisitivo
para investir em um plano privado
entrevista
Presidência da Mapfre fala sobre as suas expectativas para o futuro do
mercado de sieguros mundial, quais produtos e serviços deverão trazer
tangibilidade para os novos consumidores
14
38
|
eventos
tendências
Fórum Apólice Tendências abriu a discussão sobre Open Insurance
com vários players do mercado. Evento foi realizado em parceria com o
Sindicato das Seguradoras de São Paulo
22
40
45
46
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expoabgr
Evento mostrou que alguns riscos continuam os mesmos, mas que há
uma gama de novidades que devem mudar a configuração do mercado
nos próximos anos
expocist
O crescimento deste setor depende diretamente da recuperação da
economia. Apesar disso, especialistas afirmam que o Brasil apresenta
uma essência positiva para a economia
comunicação
38
4
painel
• ncapitalização
Mercado se une para combater produtos irregulares
A Federação Nacional de Capitalização (FenaCap) promoveu
nos dias 11 e 18 de novembro encontros entre executivos
do mercado, representantes de entidades filantrópicas parceiras
e integrantes da Susep e da Secap (Secretaria de Avaliação,
Planejamento, Energia e Loteria do Ministério da Economia)
para troca de experiências e informações sobre as parcerias
firmadas entre as filantrópicas e o mercado de capitalização, por
meio da comercialização dos títulos de Filantropia Premiável.
“Os títulos desta modalidade permitem que entidades
filantrópicas atuem onde o Estado não chega. Os recursos ajudam
muito com isso e precisamos trabalhar de forma conjunta
para garantir a credibilidade desse trabalho”, explica Marcelo
Farinha, presidente da Federação.
Entre as discussões do grupo está o crescente
número de produtos irregulares que oferecem
sorteios em troca de apoio a entidades
filantrópicas. A comercialização é feita como
se fossem Títulos de Capitalização, utilizando
inclusive terminologias (certificado de contribuição
da modalidade incentivo, CAP, entre
outras) e denominações comerciais como, por
exemplo, nomes muito parecidos com os de
títulos regulamentados.
A utilização é desvirtuada porque esses
operadores não têm autorização da Secap, o
que é obrigatório e, portanto, não são auditados,
não oferecem garantias de entrega dos
prêmios nem dos valores doados. Os produtos
em debate utilizam nomenclatura similar,
podendo confundir o consumidor. Além disso, utilizam o
nome de instituições sérias, como a APAE, indevidamente,
sem que haja qualquer vínculo formal para isso nem qualquer
repasse à entidade. “A Lei 13019/14 veio para facilitar.
Mas o governo tem que ter controle. Algumas brechas na
lei permitem a atuação dessas empresas. A preocupação do
Ministério da Economia é que essa proliferação de sorteios
atrapalhe o trabalho sério que a sociedade precisa”, afirma
Waldir Marques, da Secap.
Desde o início de sua comercialização, em abril, a
modalidade já arrecadou R$ 816 milhões. Desse montante,
cerca de 30% foram doados, ou seja, aproximadamente R$
245 milhões foram repassados para entidades filantrópicas.
n • mobilidade
Seguradora investe em parceria para beneficiar motoristas de Apps
A moObie, plataforma que conecta
quem tem um carro com quem precisa
de um temporariamente, lançou mais
uma categoria em seus serviços: o aluguel
para motoristas de aplicativos. De forma
simples e rápida, condutores poderão alugar
veículos pela plataforma por períodos
curtos, podendo ser apenas uma diária,
por exemplo, ou longos, com preços mais
baratos. Tudo diretamente pelo celular e
com cobertura da Liberty Seguros.
Atualmente, a empresa conta com 40
mil veículos cadastrados em todo o Brasil,
que a partir do respectivo consentimento
dos proprietários, podem estar habilitados
para locação nessa nova categoria. Esse
movimento representa para a empresa
mais um passo importante em seu processo
de crescimento e passa a atingir
mais um público, que até então não era
contemplado na plataforma.
“Com essa parceria, passamos a oferecer
segurança e tranquilidade para um
público crescente na nova economia, além
de aumentar a nossa gama de serviços
com foco no seguro auto”, afirma Mario
Cavalcante, diretor de Massificados da
Liberty.
6
• nmercado
Desregulamentados ou não, corretores
continuam como canal exclusivo
Em seu tradicional almoço
anual com jornalistas, os executivos
da SulAmérica ratificaram
a posição da companhia
de continuar operando apenas
através de corretores de
seguros, mesmo que a categoria
seja desregulamentada,
conforme Medida Provisória
905, editada pelo presidente
da República.
O presidente da companhia,
Gabriel Portella, disse
que a SulAmérica está em um
de seus melhores momentos,
pois a empresa passou por um
processo de reorganização
tarifária há seis anos e, agora,
está pronta para enfrentar o
cenário de juros baixos. “Os
últimos três anos, os piores
da economia, foram os três
melhores da seguradora”,
afirmou. Neste período de
“arrumação”, a companhia
concentrou seus negócios
nos ramos de saúde, vida e
previdência. Ela se desfez da
carteira de capitalização e
de automóveis/RE (vendida
neste ano para a Allianz, por
R$ 3 bi).
painel
• npremiação
Ameplan realiza sonho de seus
corretores campeões
No dia 16 de novembro, a Ameplan Saúde e suas parceiras, as
administradoras de benefícios Affix, Corpore, Divicom, Hebrom,
Safelife e a operadora Dentalpar embarcaram 96 pessoas, entre
corretores e seus acompanhantes, para uma estadia de cinco dias
em Punta Cana, na República Dominicana. A viagem foi uma
das premiações para os profissionais que mais se destacaram no
ranking de vendas de 2019, através da campanha “3 em 1 com a
Ameplan”.
Foram cinco dias de muita emoção, no Resort 5 Estrelas Iberostar
Bavaro, com tudo incluído. Um paraíso à disposição dessas
pessoas que trabalharam muito e conquistaram a oportunidade de
vivenciar uma aventura às margens do Mar do Caribe, com direito
a passeios de parasailing, nado com golfinhos, mergulhos para
observar a beleza da vida marinha, relaxamento em piscinas naturais
em pleno mar
com águas cristalinas,
rapel em grutas,
enfim, lembranças
que serão guardadas
para sempre.
A Ameplan Saúde
e suas parceiras
comerciais se orgulham
em oferecer
momentos assim
para seus campeões.
• nposse
Helio Opipari assume a
presidência da Aconseg-SP
em janeiro
Helio Opipari Junior
assumirá a presidência
da Associação das
Consultorias de Seguros
de São Paulo a partir
de janeiro do próximo
ano. Para ele, “desde sua
fundação, em 2003, a
instituição tem evoluído
e colaborado para a solidificação
das assessorias
de seguros no estado de
São Paulo, disseminando
seus propósitos, objetivos e, principalmente, sua proposta
de valor junto aos corretores e seguradoras”.
Na festa de confraternização que marcou a apresentação
da nova diretoria para o biênio 2020/21, Junior
agradeceu a contribuição dos executivos que passaram pela
presidência da Aconseg-SP e rememorou, especialmente,
Osmar Bertacini, primeiro presidente e um dos fundadores
da entidade, falecido no início deste ano. “Cada um deles,
com sua experiência profissional e visão de mercado,
colaborou de alguma maneira para o crescimento e fortalecimento
das assessorias”.
n • legislação
Governo extingue
profissão de corretor
de seguros
Como já havia sido anunciado
pela superintendente da Susep,
Solange Vieira, no Congresso dos
Corretores de Seguros em outubro,
foi editada a Medida Provisória 905 pela qual a autarquia
deixa de regular a categoria dos corretores de seguros. O
objetivo da medida é gerar mais eficiência para a gestão
pública e concentrar esforços em atividades que demandem
regulação específica.
A iniciativa vem com o entendimento de que a categoria
está madura para atuar em um ambiente mais flexível,
sem a presença do regulador, assim como acontece em
diversos outros setores da economia.
Inconformados com o ato do
Governo, as lideranças dos corretores
de seguros se movimentaram
para tentar barrar a aprovação da
MP 905 no Congresso Nacional.
De acordo com o presidente do
Sincor-GO e deputado federal
(Solidariedade/GO), Lucas Vergilio,
a MP já recebeu mais de 1800
emendas. Para ele, é improvável
que o texto seja aprovado da forma como está.
A Susep, na sequência do processo de Desregulamentação
do Setor da Corretagem, por intermédio da Carta
Circular Eletrônica nº 3, autorizou o Ibracor a estabelecer
critérios de registro, manter e dar sequência à organização
de cadastro de corretores de seguros, de capitalização e de
previdência complementar aberta e prepostos, processando
os pedidos de inscrição, alteração e recadastramento, o
que será implementado em breve.
8
• naquisição
Mais uma aquisição no mercado de seguros
Há três anos, a subsidiária brasileira da Generali firmou
um acordo de distribuição de 20 anos com o Banco BMG
para a venda de seguros massificados. Agora, a italiana
expande sua atuação comprando
30% da financeira a fim de investir
em novos nichos de grande potencial
econômico, como commercial
lines, voltado para empresas, especialmente
o segmento de PME,
garantias e finanças locatícias. A
aquisição foi assinada em 29 de
novembro e anunciada na Comissão
de Valores Mobiliários (CVM)
por um valor de até R$ 89 milhões.
Jorge Sant’Anna, CEO da BMG,
mantém-se no cargo e continuará gerindo a companhia.
A operação está sujeita à aprovação dos reguladores
italianos e brasileiros.
Segundo Antônio Cássio dos Santos, CEO Américas e
Sul da Europa da Generali, “estamos iniciando uma nova
fase da seguradora no Brasil: expandindo nosso posicionamento
na distribuição B2B2C,
focando em iniciativas digitais em
negócios até então tradicionais,
como automóveis, e estimulando
parcerias estratégicas, em especial
com o banco, com quem desenvolvemos
em apenas 24 meses
negócios de seguros de baixo ticket
para pessoas físicas no montante
de mais de R$300 milhões em prêmios
anuais. Esse novo negócio em
Pessoas Jurídicas no Canal BMG é a
evolução natural para tomar posição em Surety e Negócios
de Ramos Elementares e Vida junto à Rede Help e o
público-alvo da financeira”.
painel
• nmercado 2
Setor de seguros cresce dois
dígitos pelo terceiro mês seguido
No acumulado do ano até setembro, o setor segurador
repetiu a alta de dois dígitos pelo terceiro mês consecutivo,
atingindo desta vez a marca histórica de 12,3%, segundo o
presidente da CNseg, Marcio Coriolano. No comparativo de
setembro sobre o mês do ano passado, a evolução de prêmios
foi ainda maior, alcançando 18,6%. Em valores, os prêmios do
setor alcançaram R$ 196,6 bilhões nos nove primeiros meses
do ano (sem saúde e DPVAT). No resultado dos 12 meses
encerrados em setembro, a expansão foi de 8,9%, bem perto
da projeção otimista de crescimento elaborada pela entidade.
Os planos de risco avançaram 15,6% (R$ 32,2 bi), ao passo
que os planos de acumulação (VGBL e PGBL ) registraram alta
de 16,9% (R$ 89,2 bi) e capitalização, 12,1% (R$ 17,4 bilhões).
A expansão do setor só não foi maior porque o segmento de
danos e responsabilidades manteve uma taxa de crescimento
mais reduzida. Nos nove primeiros meses, sua alta foi de 5,3%.
Esse comportamento tem relação direta com o desempenho
fraco das vendas do seguro de automóvel, a principal carteira
do segmento de danos e responsabilidades.
“No caso dos planos de riscos, a expansão confirma a
procura de proteção de vida, contra acidentes e doenças. No
caso da previdência, já pode ser efeito da aprovação da reforma
da previdência no Congresso e a percepção de que as pessoas
terão de constituir fundos para a aposentadoria com recursos
próprios, pensando na manutenção da qualidade de vida e
padrão de renda na aposentadoria”, explicou Coriolano.
• nlegislação 2
Governo edita medida provisória
que extingue o DPVAT em 2020
O Ministério da Economia decidiu propor à Presidência
da República a extinção do seguro DPVAT. A decisão está em
linha com a Lei de Liberdade Econômica (Lei nº 13.874/2019),
que estabelece garantias de livre mercado e de livre escolha
à população. A Medida Provisória 904, de 11 de Novembro,
extinguiu o seguro a partir de 2020.
Dessa forma, com o desenvolvimento do setor de seguros
e com as medidas que vêm sendo implementadas pela Susep,
espera-se que o próprio mercado ofereça coberturas adequadas
para proteção dos proprietários de veículos, passageiros e
pedestres, tal como seguros facultativos de responsabilidade
civil e acidentes pessoais.
Para o Governo, como cerca de 30% da frota circulante
de veículos no Brasil já conta com essas e outras coberturas,
a proteção social, para a camada da população de renda mais
baixa, permanece atendida pela rede de seguridade, com
instrumentos como o Sistema Único de Saúde (SUS) e o Benefício
de Prestação Continuada (BPC) nos casos de invalidez
em pessoas de baixa renda. A verba destinada anualmente ao
SUS pelo DPVAT representa 0,79% de seu orçamento, o que
foi considerado de fácil reposição pelo Governo Federal.
• npremiação 2
Apólice é uma das vencedoras do Prêmio
de Jornalismo do Sincor-GO e do Prêmio
Especialistas
A jornalista Kelly Lubiato, editora da Revista Apólice, recebeu duas
premiações no mês de novembro. Ela foi a 3ª colocada no Prêmio de Jornalismo
promovido pelo Sindicato dos Corretores de Seguros de Goiás,
com a matéria “Mercado pode contribuir para a longevidade dos pequenos
empreendimentos”.
Já pelo Centro de Estudo da Comunicação, a jornalista foi reconhecida,
pelo 5º ano consecutivo, no Prêmio Especialistas, na categoria “Seguros”.
10
painel
• nCVG-SP comemora um ano movimentado
• nAntes do anúncio das mudanças
A diretoria do CVG-SP teve muito o que comemorar neste
2019. Além do grande número de eventos realizados, ainda
recebeu muitos novos associados. A festa aconteceu no Trio
Pérgola, em São Paulo, dia 29 de novembro
A AXA recebeu seus principais corretores de seguros em festa
muito descontraída: um churrasco gourmet. Na foto, a equipe
da seguradora: Cristiane Oliveira, Erika Medici, Walter Venturi
(Diretor da Venturi Corretora) e Omar Modica. Na semana
seguinte foi anunciada a saída de Delphine Meisonneuve da
presidência da companhia (leia na página 11).
• nCCS da Costa da Mata Atlântica empossa nova diretoria
Paulo Sérgio de Souza assumiu a presidência do
Clube dos Corretores de Seguros da Costa da
Mata Atlântica, substituindo Edmundo Paulo de
Oliveira Paschoal. A festa aconteceu em Santos,
no dia 28 de novembro.
Nova diretoria do CCS da Mata Atlântica
- Presidente: Paulo Sergio de Souza - Diretor Social: Ana Paula Corbelli
- Vice Presidente: Petronio Soares - Diretor de Relações Externas:
Regis
Edmundo Paulo de O. Paschoal
- 1º Tesoureiro: Danley da Costa - Diretor de Cultura e Ética: Fernando
Pachoal
Diniz A. Fernandes
- 2º Tesoureiro: Jorge Eduardo C. - Diretor de Convênios: José Roberto
Francisco
S. Bonito
- 1º Secretário: Gian Lucca P. da Costa - Conselho Fiscal: Antonio Luiz de
- 2º Secretário: Nelma Camila N. S. Souza, Claudio Praiero C. da Silva e
Bonito
Gerson de Carvalho
• nCCSOR celebra mais um ano com associados
• nUCS realiza tradicional festa em novembro
O Clube dos Corretores de Seguros de Osasco e Região recebeu
convidados para comemorar as realizações de 2019.
A União dos Corretores de Seguros reuniu seus
associados e convidados para comemorar as
conquistas de 2019. O evento aconteceu no Buffet
Riviera, no bairro da Mooca, em São Paulo.
11
GENTE
Sócio especialista
em seguros
O advogado Gustavo
Palheiro foi anunciado como
novo sócio do escritório Ernesto
Tzirulnik Advocacia
(ETAD). Graduado pela Escola
de Direito da Fundação
Getúlio Vargas do Rio de
Janeiro, Palheiro atualmente
é mestrando na Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), onde pesquisa
sobre a proteção dos dados pessoais no setor da
saúde suplementar.
Superintendente em TI
O Gboex apresentou ao mercado
o novo superintendente de Tecnologia
da Informação da empresa, Marcelo
Boligon de Araujo. Com 25 anos
de experiência na área, Araujo é responsável
agora pelo funcionamento
dos sistemas e infraestrutura de TI
da organização, que possui um papel
estratégico na operação da companhia
“de transformar alternativas tecnológicas de gestão da informação
em ferramentas para atender os desafios corporativos”,
explica o superintendente de TI.
Novos negócios e serviços
Delphine Maisonneuve,
atual CEO da AXA no Brasil,
deixará o cargo para assumir a
mesma função na AXA Next, empresa
dedicada a criar modelos de
negócios e serviços que vão além
das soluções em seguros, e assume
a posição de CIO do Grupo AXA,
responsável por todas as iniciativas
de inovação em escala global.
A executiva inicia na nova função em 1/1/2020 e vai se
reportar a Benoît Claveranne, CEO da AXA International &
New Markets e membro do Comitê Executivo do Grupo AXA.
Até essa data, a executiva permanece em seu atual cargo. A
nova liderança da AXA no Brasil será anunciada nas próximas
semanas e assume a posição em janeiro de 2020.
Reforço comercial
A It’sSeg anunciou Carlos Eduardo Sarkovas como novo
diretor comercial corporativo. O executivo
tem amplo relacionamento com
o mercado de segurador, acumulando
18 anos de experiência. Cadu, como é
conhecido no mercado, será responsável
pela área de vendas de benefícios
e ramos elementares corporativo,
respondendo diretamente a Thomaz
Menezes, presidente da empresa.
Cuidando de pessoas
A Aon anunciou Sonia Romeiro
como a nova diretora de Recursos
Humanos para o Brasil.
A executiva tem cerca de 25 anos
de carreira em Recursos Humanos,
com passagem por corporações como
Deloitte, SKY, Banco Santander e
Ambev.
Informação privilegiada
A seguradora Prudential do Brasil
contratou um novo CIO (Chief Information
Officer), André Schenkel.
O novo colaborador chega à empresa
para liderar as áreas de Soluções
Inovativas, Operações em TI & Infraestrutura,
Governança de TI, Segurança
da Informação e Aplicações
de Negócios, e se reportará diretamente ao presidente & CEO
da companhia, David Legher.
Tecnologia renovada
A Sompo Seguros contratou
Igor Araújo Espósito como novo
gerente de Segurança da Informação
e Governança de TI. O executivo
chega à companhia com o desafio
atuar no desenvolvimento da área de
Tecnologia da Informação (TI) por
meio da elaboração de novos projetos,
planejamentos estratégicos e táticos,
desdobramentos de objetivos e metas com a finalidade de
contribuir com as estratégias estabelecidas para o crescimento
da companhia.
12
campanha | mapfre explica
Seguro explicado por quem entende
e por quem usa os produtos
Para que isso aconteça, o consumidor
deve ter contato com as soluções
disponíveis no mercado por meio
de uma linguagem simples, de fácil
entendimento, explicada por pessoas
que realmente conhecem do assunto
Kelly Lubiato
Ninguém acorda pela manhã
com vontade de comprar seguro
e procura um corretor”,
brinca Luis Gutiérrez, CEO
de Seguros da Mapfre. Esta máxima
do mercado segurador já é amplamente
conhecida. Porém, para despertar algum
interesse por parte do consumidor, é
preciso que ele conheça e receba uma
oferta dos produtos disponíveis no
mercado. Cabe ao setor fazer a sua mea
culpa e investir na comunicação com o
cliente final.
Com este objetivo em mente, a
seguradora criou o canal Mapfre Explica,
uma página na internet com
depoimentos de clientes e de corretores
de seguros, que apresentam situações
reais, vividas por eles, e que tornam o
seguro um produto tangível e de mais
fácil compreensão.
Gutiérrez explica que há várias
barreiras que precisam ser transpostas.
“As pessoas acreditam que o seguro
residencial, por exemplo, é muito caro.
Elas comparam, proporcionalmente, com
o valor do seguro de um automóvel”. Por
isso, desde de julho de 2019, a seguradora
colocou no ar o site, com depoimentos
de sete corretores e de seus clientes. Há
também outros seis vídeos explicando o
funcionamento da plataforma.
Já foram impactadas mais de 101
milhões de pessoas, com 59 milhões de
impressões nas mídias digitais. “Saímos
com a campanha na TV e na internet
também. Agora, estamos preparando
o conteúdo que dará continuidade à
campanha em 2020. É preciso fazer com
que o seguro vire algo tangível para um
público cada vez mais amplo”, acredita
Gutiérrez.
O executivo trabalha para que as
pessoas entendam que o seguro não é um
mal necessário ou um gasto obrigatório.
“Vale mostrar que o seguro é mais do que
isso, pois deve garantir a vida presente
e, sobretudo, o futuro de toda a família.
Este é o verdadeiro sentido do serviço”,
anima-se Gutiérrez.
O mais relevante de todo este processo
é que o consumidor comece a
entender um pouco mais dos produtos
do setor. Para isso, o executivo reforça
a importância de falar a linguagem do
cotidiano, sem termos como prêmio ou
responsabilidade civil, por exemplo. “O
consumidor precisa ver que o seguro
Luis Gutiérrez, da Mapfre
não é apenas uma indenização, mas sim
o acompanhamento do seu desenvolvimento
pessoal e patrimonial ao longo
da vida”.
Desta forma, o CEO aposta no crescimento
do mercado com a entrada de
novos participantes. Há um estudo da
Fundación Mapfre que mostra a BPS
(Brecha de Proteção de Seguros) em
vários países da América Latina. O mercado
brasileiro hoje é de R$ 210 bilhões
e, para alcançar um mercado desenvolvido,
deveria que ter R$ 530 bilhões em
prêmios. “Estamos falando de uma BPS
de 1,5 vezes o mercado atual. Mais que
duplicá-lo. Temos um mundo de possibilidades,
mas é verdade que nos últimos
10 anos na América Latina, o mercado
de seguros caminhou exatamente igual
ao crescimento do PIB. Temos que fazer
algo para aproveitar esse mundo de possibilidades.”
Quem não pode comprar seguro, que
possui outras necessidades prementes,
não vai pensar no assunto. “Entretanto,
há muitos brasileiros que poderiam ter
uma tranquilidade financeira patrimonial
e de futuro e que não o fazem porque não
têm a consciência do seguro ou porque
nunca receberam uma oferta. Temos que
oferecer a eles o conhecimento para que
tenham o poder de escolha, apoiando-os
em uma contratação assertiva, que lhes
proporcione proteção familiar e de seus
bens”, finaliza Gutiérrez.
www.mapfreexplica.com.br
longevidade | panorama
O equ
14
“
ilíbrio entre
VIVER MAIS
e
Há dois grandes riscos contra os quais o homem precisa se
prevenir: morrer cedo e viver muito. Em ambos os casos, o
desafio é proteger não só a si mesmo como também os
entes queridos. Se antes as pessoas com mais de 60 anos
eram praticamente invisíveis, agora elas passam a ocupar
um lugar de destaque na economia mundial
A
pessoa que vai viver 200 anos já
está entre nós”. Esta afirmação
causa algum espanto nas pessoas
que, ao nascerem, achavam
idosos aqueles que alcançavam os 40 anos.
Os parâmetros mudaram, muito. Considerando
que esta afirmação seja verdadeira,
as pessoas passarão a maior parte da sua
vida vivendo na fase adulta, como idosos.
Os 60+, economia prateada, viventes
da 3ª idade, seja que nome for, não querem
mais ser invisíveis. Já é comum encontrar
pessoas com mais de 80 anos que ainda
estão na ativa, com muita saúde.
São muitos os desafios desta nova fase
da vida. Mesmo depois dos 60 anos, um terço
desta população continua como arrimo
de família, seja financeiro ou emocional.
Comprovando esta teoria, o estudo
Tsunami60+ entrevistou pessoas de 55 a 90
anos e trouxe um raio X do comportamento
deste público. A população está envelhecendo,
de forma muito rápida. Se antes o
Brasil era considerado um país de jovens,
hoje ele é um daqueles que envelhecem mais
rapidamente. “A curva de envelhecimento
do Brasil é uma das mais acentuadas do
Kelly Lubiato
mundo”, explica Clea Kloürï, diretora do
Hype60+, uma consultoria de marketing
especializada no consumidor sênior.
A Organização Mundial de Saúde
(OMS) mostra que, em 2016, a média da
expectativa de vida ao nascer da população
mundial era de 74 anos para mulheres e de
69 anos para homens. No Brasil, segundo o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), a expectativa de vida ao nascer,
em 2019, é de 80 anos para mulheres e de
73 anos para homens.
Segundo Clea, o brasileiro está vivendo
mais e com mais qualidade de vida, porque
esta população, até bem pouco tempo, não
era sequer vista pela sociedade. “Não era
uma população que consumia, que estava
inserida na roda da economia. Isto vem
mudando, com um novo olhar sobre uma
população grande, que está entrando no
mercado com todo o potencial de consumo
para fazer com que esta roda gire”.
De acordo com dados da OCDE
(Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico), os 60+ já são
considerados a terceira economia do mundo
em termos de potencial de consumo.
15
>>> panorama
❙❙Clea Kloürï, do Hype60+
O estudo Tsunami 60+ considerou as
classes A, B e C, com 2500 respondentes
em todos os estados brasileiros. A pesquisa
qualitativa foi feita em São Paulo,
Recife e Porto Alegre.
Apesar de ainda ser pouco notado,
este público deve emergir nos próximos
anos. Clea conta, por exemplo, que cerca
de 70% dos “criativos” de agências de publicidade
nunca receberam uma demanda
específica para os 60+. As campanhas publicitárias
normalmente focam o público
até 45 anos. “Esta é uma característica do
nosso mercado, que nunca olhou para a
população mais velha, que ficava refém
do que vinha do público mais novo”,
ressalta a pesquisadora.
O potencial de consumo dos 50+
está ficando bastante significativo, o
que provoca as marcas a olharem para
este público. As empresas também estão
surpresas com a velocidade do avanço
do poder deste público. Antes, apenas
produtos muito específicos olhavam para
os 60+, como os bancos e seus produtos
de crédito consignado e outras áreas
ligadas à saúde.
A geração prateada começa a ser
vista, ainda que timidamente, pelas instituições
financeiras do ponto de vista
do envelhecimento dos seus próprios
clientes, com o objetivo de retê-los. Clea
explica que o mercado de consumo ainda
é fraco como por exemplo, em alimentos
e bebidas. “A parte de cosméticos e beleza
está começando a ver este público.
Por incrível que pareça, as empresas de
comunicação estão olhando para os mais
velhos, com várias iniciativas de como ter
um olhar mais acurado”.
16
❙ ❙
Antonieta Scarlassari, da
Alfa Seguradora
Saúde
Vivendo cada vez mais, há uma fatia
grande da população que chega ao 65
anos muito bem, seja fisicamente, financeiramente
ou emocionalmente. O médico
Alexandre Kalache, gerontologista e
presidente do Instituto da Longevidade,
afirma que chegar aos 100 anos é como
correr uma maratona, que necessita de
preparação. “É preciso integrar os capitais
de saúde e qualidade de vida, de
conhecimento, social e financeiro com
um propósito de vida”, ensina.
As pessoas chegam aos 60, 65 anos
bem de saúde, seja emocional, física ou
financeira. “Elas trabalharam e mantém
um perfil financeiro satisfatório”. São
pessoas que se aposentaram e que mantém
uma rotina de lazer, com viagem,
entretenimento etc. Isso vai até um determinado
ponto”, pontua Clea. Isso porque
há um momento em que o corpo começa
a sentir os efeitos do tempo.
Mesmo assim, a economia prateada,
no Brasil, é responsável emocional ou financeiramente
por mais de 30% dos lares.
Eles contribuem com seu dinheiro, como
arrimo da família, ou com sua atenção
para os netos, por exemplo. Só que com
o avanço da idade, o dinheiro começa a
ficar mais escasso também, porque a longevidade
traz problemas de saúde consigo.
O setor de saúde é um dos mais impactados
pela longevidade. Nos últimos
20 anos de vida, os gastos com saúde
representam 80% de tudo que foi despendido
ao longo da sua existência. Por isso,
planos de saúde voltados especificamente
ao público idoso tendem a ser especia-
❙❙
Alexandre Kalache,
do Instituto da Longevidade
lizados neste público, pois necessitam
equacionar uma conta de gastos mais
altos e mais frequentes.
Mercado de seguros
De olho neste novo segmento de
consumidores, a Comissão de Inteligência
de Mercado da CNseg (Confederação
Nacional das Seguradoras), decidiu realizar
uma pesquisa com suas associadas. O
objetivo foi entender se o mercado já está
olhando para este público com a devida
atenção que o tema merece.
Antonieta Scarlassari, Controller da
Alfa Seguradora e uma das coordenadoras
da pesquisa, disse que havia uma preocupação
mais latente com o público jovem
e futuro consumidor, principalmente
os millenials, mas observa que começa a
haver uma mudança. “Queríamos entender
se alguma empresa já olhava para a
questão da economia prateada”, define. A
análise foi feita a partir de questionários
enviados a 40 empresas do setor.
“Quando perguntamos se a empresa
tinha produtos com foco no público a
partir de 60 anos, a maioria respondeu
que possuía produtos que abrangiam este
público (41%)”, ressalta Antonieta. Ela
acrescenta que estes produtos estão na
linha dos prestamistas, seguros de vida
coletivo ou individual.
Quando questionadas sobre serviços
específicos para o público com mais de
60 anos, 30% responderam que possuem
algum módulo especial, principalmente
relacionado aos checkups para idosos,
assistência viagem, assistência funeral,
cobertura para terceiros e descontos.
“Por enquanto, as empresas não
fazem análise diferenciada das informações
por conta da idade. 35% das empresas
fizeram alterações do ponto de vista
tarifário nos últimos 12 meses, mas 47%
não fizeram. Portanto, ainda não há uma
preocupação direta com o fator longevidade
nas seguradoras”, avalia Antonieta.
Entretanto, as empresas estão começando
a buscar uma comunicação mais
direta com o público mais velho. 70%
disseram já ter olhado para o tema.
Antonieta ressalta que o tema ganhou
destaque tanto pela discussão da Reforma
da Previdência quanto pelos estudos
voltados para a longevidade. “O mercado
segurador é conservador e as mudanças
são mais morosas que em outros mercados.
Percebo o olhar para o tema, que não está
deixado de lado”, antecipa.
O grande desafio é combinar um
produto que tenha fator de risco e seja
economicamente viável para o cliente e
para a empresa. “É uma equação difícil
de ser alcançada”, opina.
❙❙Henrique Noya, da Mongeral Aegon
Um outro olhar
Muitas empresas começam a olhar a
longevidade não só como um desafio, mas
também como oportunidades. “Os desafios
são de todos nós, e vão desde como
aumentar a empregabilidade das pessoas
por mais tempo até como promover as
cidades para atender a este público que
só cresce ou como vamos olhar a questão
da saúde; e temos as oportunidades, como
as empresas que já estão atentas a isso”,
avalia Henrique Noya, diretor executivo
do Instituto de Longevidade Mongeral
Aegon.
É uma população que só cresce.
“Estamos falando em mais de 30% da
população com mais de 60 anos. Esta é
uma população com renda média maior
que outras faixas da população, com 40%
mais que a média de renda nacional. É
uma população cada vez mais conectada,
que aproveita a internet para informação
e para a compra de bens e serviços”,
explica Noya.
As empresas vão desenvolver mais
produtos e serviços. As pessoas deixaram
de ter constrangimento em assumir a sua
idade. Não há mais vergonha de procurar
um suplemento alimentício ou uma gôndola
com produtos para a terceira idade.
As pessoas sabem que terão muita vida
pela frente. Isso é uma conquista!
longevidade | impacto
18
Grisalhos trazem recursos,
e novos desafios, ao
mercado segurador
Empresas se preparam para
cativar o público mais velho e
para atendê-lo de forma mais
assertiva, com produtos e serviços
específicos para a idade
Paula Sales Silva
O
grisalho está na moda e com
razão!
A expectativa de vida do
brasileiro vem crescendo a
cada ano e, segundo dados das Tábuas
Completas de Mortalidade, divulgadas
pelo IBGE em novembro, a média é de
76,3 anos. Este segmento da população,
em franco crescimento, já contabiliza
50% do mercado consumidor e movimenta
R$ 1,8 trilhão, anualmente. É a
chamada Silver Economy, um fenômeno
mundial responsável por movimentar
algo em torno de US$ 15 trilhões ao ano.
Para o setor de seguros e previdência,
a maior expectativa de vida abre espaço
para um público interessante que, em sua
maioria, tem renda própria, é mais exigente
e tem forte tendência a fidelização.
Por isso, há algum tempo, o mercado vem
estudando e lançando produtos e serviços
mais adequados ao segmento sênior.
“De acordo com projeções do IBGE,
o Brasil terá, em 2060, mais de 73 milhões
de idosos, o que equivalerá a um
terço da população. O grande desafio
das seguradoras é desenvolver produtos
adequados a essa faixa etária, que viverá
por mais tempo, especialmente acima dos
60 anos, com aspirações e necessidades
específicas”, afirma Bernardo Castello,
diretor da Bradesco Vida e Previdência.
Castello considera que, mais que
desafios, a longevidade também abre
oportunidades. A redução da mortalidade,
com o consequente aumento da sobrevida
acima dos 60 anos, permite que o
mercado se planeje melhor para oferecer
um leque mais amplo de coberturas, com
maior previsibilidade na precificação dos
diferentes tipos de seguros destinados a
essa faixa da população.
“Temos trabalhado intensamente
na Bradesco Seguros para viabilizar
assistências que sejam úteis no dia a dia
das pessoas e oferecer benefícios que
possam ser desfrutados em vida, além
de desenvolver planos que não sofram
ajustes tarifários em razão das mudanças
de faixas etárias. Viver mais requer um
planejamento maior e queremos ser parceiros
dos brasileiros longevos e de todas
as idades nessa caminhada”, declara.
Para o diretor-presidente da Seguros
Unimed, Helton Freitas, o investimento
na economia prateada é um compromisso
ético e sustentável com a sociedade.
“Entendemos como saudável um mundo
em que as pessoas possam viver mais
e melhor, com mais saúde e mais felicidade.
E a saúde financeira também é
dimensão indissociável desse modo de
viver”, declara.
❙❙Bernardo Castello, da Bradesco
19
>>> impacto
❙❙
Helton Freitas, da Seguros Unimed
Estimular a cultura do seguro, a
educação financeira, os cuidados com a
saúde e a qualidade de vida estão entre
as tarefas que as seguradoras assumiram
para si nos últimos anos. “A longevidade
é um bônus. O ônus é ser previdente.
Temos que olhar este fenômeno como
uma grande oportunidade de viver mais.
No entanto, precisamos pensar mais no
futuro hoje e nos preparar para viver por
mais tempo com a tranquilidade que queremos”,
avalia Marcio Batistuti, diretor de
Varejo da Mongeral Aegon.
Preparar as pessoas para viverem
mais e com qualidade se faz necessário,
pois, além do aspecto social, é preciso
considerar o peso atuarial da longevidade.
“Quanto mais velhas as pessoas,
maiores as chances de elas ficaram doentes
ou morrerem”, resume o economista
Francisco Galiza.
Vida longa e próspera
Do ponto de vista dos produtos de
seguro de vida, a longevidade e o aumento
da expectativa de vida da população
favorecem que estas soluções fiquem,
na verdade, mais baratas para o consumidor.
Ou seja, se tem a expectativa de
viver mais, o cliente pagará mais tempo
e, consequentemente, pagará um valor
mensal menor.
“Quando temos tábuas atuarias mais
atualizadas, o mercado pode oferecer seguro
de vida cada vez mais competitivo,
uma vez que o tempo de vida do indivíduo
passa a ser maior, o que impacta diretamente
no preço”, raciocina Batistuti, da
Mongeral Aegon.
Porém, observa Castello, da Bradesco
Vida e Previdência, atualmente,
o consumidor de seguro ainda está
voltado para os riscos mais imediatos e
perceptíveis do dia a dia, que envolvem
o automóvel ou a residência. “O seguro
de vida, por exemplo, ainda não atingiu
esse estágio, mas a conscientização e a
procura vêm aumentando muito no país
nos últimos anos, o que reflete o potencial
do produto”, diz.
De fato, as pessoas estão cada vez
mais ativas e permanecerão por mais
tempo no mercado de trabalho, o que
deve gerar mais interesse pelas coberturas
de morte, invalidez e doenças graves.
“A cobertura de morte é fundamental
caso esta pessoa 60+ tenha algum dependente
financeiro, como filhos, netos
ou cônjuge. Neste caso, é preciso contar
com o seguro para garantir a tranquilidade
financeira destas pessoas em caso de
ausência”, lembra Batistuti, que destaca
ainda que a cobertura de invalidez, seja
temporária ou permanente, total ou
parcial, é fundamental para garantir a
renda e o padrão de vida do segurado
em caso de invalidez.
No caso da cobertura de doenças
graves, o executivo ressalta o benefício
contratado no caso do diagnóstico de uma
das doenças cobertas pelo plano, como
câncer, infarto e Alzheimer. “Já percebemos
que a contratação deste tipo de
cobertura por este perfil é uma realidade
na Mongeral Aegon”, comenta.
Desta forma, seguradoras, que até
recentemente tinham a idade de 65 anos
como teto para a venda de seguro de vida,
estão estendendo a idade máxima para 80
anos e incluindo coberturas e adicionais
compatíveis, entre eles, o auxílio funeral.
Assim como o aumento da longevidade
do brasileiro, o debate sobre a
Reforma da Previdência, aprovada este
ano, levou a conscientização da importância
fundamental da previdência privada.
O raciocínio é simples. Se vamos viver
mais, precisamos acumular uma reserva
maior para que ela seja suficiente na hora
que decidirmos desacelerar e aproveitar
a vida com renda e padrão de vida próximos
ao do tempo na ativa.
“Quando olhamos para a aposentadoria,
este aumento da expectativa deve
❙❙
Marcio Batistuti, da Mongeral Aegon
ser acompanhado do maior acúmulo de
reservas. Isso quer dizer que a pessoa
deverá juntar mais dinheiro para ter uma
renda suficiente para esta fase da vida”,
raciocina Batistuti, da Mongeral Aegon.
“Ou seja, deve-se aumentar o poder de
poupança e não de despesa.”
Estes recursos economizados ao
longo da vida podem viabilizar projetos
e sonhos que foram ficando para depois.
Recente pesquisa mostra que metade das
pessoas acima de 50 trabalha e, deste
percentual, quase 30% o fazem por conta
própria. Eles já representam 12,3% dos
empreendedores do país.
Este público está viajando mais,
comprando imóveis, smartphones, investindo
em cultura e entretenimento. Mais
de 60% deles são os únicos responsáveis
por suas decisões de compra. A questão
da saúde e da segurança financeira estão
entre suas preocupações constantes e
programas e serviços que promovam
novas vivências e integração social são
muito bem recebidos.
O mercado segurador está atento e
as companhias de Assistência 24 horas
acompanham a demanda. A Europ Assistance,
por exemplo, desenvolveu diversos
serviços para os idosos, garantindo mais
segurança e conforto nessa fase da vida.
O Assistência Idoso oferece, entre outros
serviços, o CheckUp Lar, uma inspeção
para a adaptação e segurança desses idosos
dentro de casa. Há ainda Assistência
Psicológica, desconto em medicamentos,
assistência em informática e descarte
ecológico de móveis, eletrodomésticos
e equipamentos eletrônicos. Além da
20
assistência Concierge disponibilizando
assistente pessoal, informações culturais;
indicação de profissionais e estabelecimentos
para aluguel e compra de
equipamentos médicos, organização de
checkup médico e informações e dicas
de viagens.
O avanço da medicina fez com que
o olhar para a saúde do idoso fosse além
do tratamento de doenças e passasse a
incluir o cuidado com a saúde e a prevenção,
que engloba, entre diversos outros
fatores, manter a mente e o corpo ativos.
Não por acaso, uma das maiores
operadoras de saúde para a Terceira
Idade planeja inaugurar nos próximos
anos um complexo de saúde e lazer.
Com um investimento superior a R$
200 milhões, a Prevent Senior pretende
lançar no bairro da Mooca, zona leste de
São Paulo, a Cidade Prevent Senior, um
espaço de 58 mil m² com ambulatório,
hospital, teatro, piscina, restaurante e
❙❙
Francisco Galiza, economista
centro de convivência. Mais um marco
na trajetória da empresa que surgiu em
1997, apostando na longevidade, e que
hoje tem mais de 450 mil clientes, sendo
250 deles com mais de 100 anos de idade.
Cuidar do paciente antes que ele
fique doente é a melhor estratégia para
as operadoras de saúde tentarem controlar
os custos, pois é natural que os
cuidados fiquem mais caros à medida
que as pessoas vivem mais, dada a maior
probabilidade de incidência de doenças
características desse período da vida,
e também em função dos avanços da
ciência e da medicina. Ou seja, vive-se
mais, mas também gasta-se mais nas
idades avançadas.
“A receita para enfrentar essa realidade
é procurar cuidar-se mais ao longo
da vida, mantendo uma alimentação
balanceada, praticando exercícios físicos
e investindo nos relacionamentos sociais.
Um bom planejamento financeiro,
incluindo não apenas, mas necessariamente,
um plano de previdência privada,
também será cada vez mais importante
para viver essa etapa da vida com
mais tranquilidade”, explica Bernardo
Castello, diretor da Bradesco Vida e
Previdência.
longevidade | serviços para os 60+
População idosa evolui
A longevidade e o
envelhecimento da
sociedade impactam
diversos setores da
economia, mas o de
seguros pode contribuir
diretamente para que
o processo ocorra com
qualidade de vida
Thaís Ruco
A
longevidade humana evoluiu
muito durante o século XX
e, com novas tecnologias e
avanços médicos, a tendência
é de aumento progressivo. A expectativa
de vida de idosos aumenta ano a ano no
Brasil. Além disso, é cada vez maior o
número de pessoas ultrapassando os 100
anos de idade.
É uma enorme conquista do ser
humano. Grande parte relacionada aos
avanços da ciência, medicina e engenharia
que acabaram por contribuir para a
crescente queda da mortalidade infantil
e melhora na qualidade de vida. Porém,
com as pessoas vivendo mais e tendo
menos filhos, aos poucos a população
se torna mais envelhecida. Projeções
mostram que a população de idosos no
planeta deverá triplicar até o final do século,
ou seja, uma em cada quatro pessoas
terá mais de 60 anos.
Apesar de ser motivo para comemoração,
é preciso estar atentos aos
impactos que isso traz para a sociedade
como um todo. Um deles é a dificuldade
de manutenção da previdência social e o
consequente aumento pelo interesse na
previdência privada. Profissionais da área
trabalham para redirecionar um modelo
antigo e que, hoje, já não atende essa nova
realidade.
22
com saúde
23
>>> serviços para os 60+
❙❙Paula Toguchi, da MetLife
“Com o aumento da longevidade da
população, principalmente pela melhoria
do atendimento médico, novas tecnologias
e mais acesso à informação, cada vez
mais, nós como sociedade, teremos que
nos preparar para encarar uma realidade
na qual o principal desafio será manter a
qualidade de vida das pessoas pelo maior
tempo possível”, afirma Paula Toguchi,
superintendente de Produtos da MetLife.
É importante haver uma grande preocupação
em relação à sustentabilidade
do planeta, já que a população como um
todo aumenta e cria novas necessidades,
tanto no âmbito da preservação ambiental
e recursos, como também exige mais
do mercado de trabalho, que precisará
absorver essa população ativa e cheia de
experiência.
“Isso significa, também, que teremos
que nos preparar para ter uma redução
na população economicamente ativa. Os
principais desafios estão ligados a rever
nossas políticas públicas nas áreas de
habitação, saúde e mobilidade urbana”,
completa Paula.
Na visão de Renato Pedroso, presidente
da Previsul, os governos deverão
estar atentos para implementar políticas
públicas que garantam o bem-estar da
população idosa, desde as áreas da saúde
até as da infraestrutura. “De outro lado,
a sociedade deverá estar mais aberta às
questões que deverão ser, necessariamente,
discutidas nos próximos anos,
a exemplo das reformas de Estado, que
terão que cortar privilégios e adequar
os programas públicos a uma realidade
24
que contará com mais pessoas idosas na
composição da população”, analisa.
Um grande aspecto positivo é o
surgimento de novas oportunidades de
mercado para serviços e produtos. “Quem
ignorar essa nova onda de consumidores,
certamente, deixará de ganhar muito
dinheiro”, afirma João Urdiales Gongora,
da J.Gongora Corretora de Seguros.
Ele, que tem 80 anos, revela que, apesar
de reunir idosos em sua carteira, é “seu
cliente” mais velho, possuindo plano
de saúde, seguro de vida e previdência
privada.
Processo de evolução no
atendimento aos idosos
O mercado de serviços para pessoas
60+ está em franco crescimento, já que
a população mais longeva cria abertura
para diversos novos nichos. As empresas
do setor de seguros estão cada vez mais
focadas em desenvolver soluções para
este público, que engloba não somente
a situação de morte, mas sim a perda de
renda. É possível ajudá-los a garantir sua
qualidade de vida, pensando em produtos
que tragam benefícios em vida, tais como
os ligados a possíveis doenças graves e
invalidez.
“Existe uma preocupação das seguradoras
em iniciar um processo de
educação e conscientização da população
como um todo para um planejamento
mais adequado de suas finanças e de
seu futuro, o que mostra também que as
seguradoras se planejam para constituir
reservas de longo prazo”, afirma Paula.
Pedroso reforça que as seguradoras
estão popularizando os produtos de acumulação,
fazendo com que as pessoas
estejam mais preparadas financeiramente
para uma vida mais longa. “Já no aspecto
de qualidade de vida, as seguradoras
estão desenvolvendo produtos de risco
adequados, acoplados a uma grande
variedade de assistências, que permitem
aos segurados contarem com boas opções
de contratação”, declara.
“No mercado de seguros, as companhias
oferecem seguros de vida para as
pessoas acima de 60 anos idênticos aos
demais, sem nenhum fator real de diferenciação
pela idade. É possível encontrar
todos os tipos de coberturas, entretanto
com a grande diferença na questão do
custo das coberturas, que pode chegar a
ser até seis vezes maior que os seguros
de vida ou saúde para pessoas mais jovens”,
garante o corretor de seguros João
Gongora.
O presidente da Previsul lembra
que pode beneficiar, principalmente
os idosos, a grande gama de serviços
disponibilizados pelo mercado para
serem contratados junto às coberturas
securitárias, como guincho, encanador
e eletricista. “Esses serviços facilitam a
vida dos segurados, principalmente os
mais idosos, e auxiliam na materialização
do seguro na vida das pessoas”.
Por outro lado, os consumidores
relatam dificuldades que ainda precisam
ser contornadas pelo setor. A aposentada
Maria Virgínia de Lima Gois, de 64
anos, mantém seguro de vida há muitos
anos, pensando em deixar seus familiares
amparados em uma falta. No entanto, ela
vem de uma geração que sempre contou
com a estabilidade da previdência social
e, por isso, não planejou complementar
sua renda na velhice.
“Sou aposentada pelo INSS desde
que tinha 50 anos, por tempo de trabalho.
Há uns 15 anos cheguei a fazer
uma previdência privada, mas cancelei e
resgatei o valor que tinha pago. Percebi
que, pelo fato de ter demorado a fazer,
estava pagando muito (para mim) por mês
para, no final, receber pouco. Não valia
a pena. O ideal é começar a previdência
privada quando se é jovem, as novas
gerações já têm mais esta consciência, é
totalmente diferente. Minha filha e meu
genro possuem previdência privada num
planejamento que fica melhor para pagar.
No caso deles, é um produto muito interessante”,
reconhece. “Com o valor que
recebo do INSS consigo mais ou menos
me manter, o problema é que as pessoas
estão vivendo mais e dependemos deste
auxílio do governo”, diz Maria Virgínia.
Outro segurado idoso, Celso Luiz
dos Santos Soares, tem 77 anos e sempre
contou com seguro residencial, automóvel
e saúde, gostaria de adquirir outros
produtos, mas encontra obstáculos. “Em
virtude da idade, às vezes é difícil fazer
seguro de vida. Gostaria de garantir
um montante para minha família, mas
infelizmente somente há poucos anos
me interessei por isso. Deveria ter feito
antes. Sou aposentado pelo INSS e em
tudo encontramos dificuldades, o tempo
é mais curto, inclusive para conseguir
um empréstimo consignado já existe um
limite de 80 anos”.
“Eu tinha um seguro saúde pela empresa
que trabalhava. Chegou uma certa
época, eu estava com quase 70 anos, eles
me excluíram do seguro. É difícil, a idade
é problemática. Os benefícios para o idoso
estão reduzidos, mas as pessoas estão vivendo
mais. Há uns 10 anos, a média de
vida era 65 anos, hoje já estamos passando
de 70, no entanto vamos ficando excluídos
desses benefícios”, pondera Celso Luiz.
Cuidado redobrado
com a saúde
No caso de seguro de saúde existem
produtos específicos para os 60+ que
visam proporcionar tratamento espe-
❙❙João Urdiales Gongora, da J. Gongora
cializado e adequado para aquela faixa
etária com coberturas para tratamentos
de doenças correlatas. Nestes planos,
o idoso pode contar com profissionais,
laboratórios e hospitais qualificados para
atendimentos em geral, além daqueles
específicos, que tratam das doenças
mais comuns e que surgem com mais
frequência quando se atinge uma idade
mais avançada, tais como Parkinson,
demência, diabetes, AVC etc.
“Observamos que as seguradoras
investem na criação de planos de saúde
voltados para o conceito de qualidade de
vida wellness. Dessa forma, incentivam
seus clientes a manterem hábitos de vida
mais saudáveis e, com isto, prevenir problemas
de saúde e doenças, propiciando
uma vida melhor em todas as idades.
Além disso, há um massivo investimento
na conscientização para previdência
privada, ajudando assim as pessoas a
terem o necessário para uma vida digna
em todas as idades”, pontua o corretor de
seguros João Gongora.
O envelhecimento da sociedade
acelerou uma transição inevitável no
sistema de saúde, que é a de sair do
>>> serviços para os 60+
“Algumas companhias já estão em fase avançada
nesse movimento de preparação para o novo cenário,
mas faltam ainda mais investimentos no estudo de
novos produtos que estejam ao alcance de uma maior
parte da camada de mercado 60+”
modelo de medicina focado na doença
para um modelo focado em prevenção.
“Ao envelhecermos, as doenças crônicas
ficam mais evidentes e são as principais
causas de morte. Mas essas doenças
são controláveis quando cuidadas precocemente,
por isso a necessidade de
prevenção, focando no envelhecimento
saudável”, afirma Marina Miragaia,
diretora técnica e médica da Saúde
Concierge.
Sobreviver às rápidas transformações
e demandas crescentes da área da saúde é
um grande desafio. “Se por um lado existe
o benefício individual evidente de viver
por mais tempo com uma doença, por
outro existe o impacto populacional decorrente
da necessidade de uma estrutura
mais robusta e complexa para assistência
à saúde”, aponta a diretora.
Para as operadoras de saúde, existe
o impacto do fenômeno conhecido como
“seleção adversa”, isto é, aqueles com
mais doenças são, de modo geral, os que
mais buscam o sistema de saúde. A equipe
de saúde que monitora pacientes 60+
é um facilitador para ações preventivas e
para minimizar riscos de médio e longo
prazo. “Essas ações contribuem para
uma melhor qualidade de vida, além de
promover o uso adequado dos recursos
disponibilizados mas, atualmente, esse
ideal está longe da realidade do processo
de envelhecimento pelo qual passa a
maior parte da nossa população. Existe,
dessa forma, uma demanda crescente por
equipes que trabalhem na reabilitação,
na redução de danos e na assistência às
intercorrências clínicas”, avalia Marina.
Os dois aposentados possuem planos
de saúde, mas migraram recentemente
para operadora com foco em idosos, em
virtude do atendimento e do preço mais
acessível. “Mudei para o Prevent Senior
por questão de grana, mas estou gostando.
João Gongora
Ligaram para que eu fizesse prevenção,
pediram check-up, fui muito bem atendida,
não tenho do que reclamar”, conta
Maria Virgínia. “Essa operadora focada
na atenção ao idoso tem um atendimento
nota 10. Minha esposa Zeneide, que tem
71 anos, está com um problema de saúde
e utilizando mais, eles monitoram, têm
atendimento preferencial dependendo
do problema de saúde, é muito especial,
estamos contentes com o atendimento”,
completa Celso Luiz.
Novas iniciativas para ir além
Pensar cada vez mais na experiência
e na solução que irão entregar aos seus
clientes é um desafio para as seguradoras
neste novo cenário, uma vez que a relação
entre essas partes será cada vez mais
longínqua. “As seguradoras precisam se
preocupar mais com a conscientização
da real necessidade do acesso aos seus
produtos em todos os perfis de consumidor,
até mesmo aqueles que dispõem de
baixa disponibilização financeira para
contratação de seguros de vida”, aponta
a superintendente da MetLife.
Na área de saúde, é possível avançar
e realizar uma estratificação de risco da
saúde dos colaboradores e beneficiários,
para identificar os fatores de risco para
doenças crônicas, definir protocolos
de atendimento e estabelecer metas de
melhoria de quadros clínicos, segundo
Tatiane Farah, diretora operacional da
Saúde Concierge.
Na visão do corretor de seguros
João Gongora, as seguradoras devem
ter um olhar mais amplo para então se
especializar no segmento, já que a demanda
crescente abre espaço para novos
negócios. “A ampliação dos serviços de
saúde, seguros de vida e previdência
tendo como perspectiva as verdadeiras
necessidades desta crescente parte da população
se faz cada vez mais necessária.
A aproximação das seguradoras com os
segurados nunca foi tão importante para
se ter conhecimento do que realmente é
preciso e criar produtos personalizados.
Para isso, o corretor de seguros é peça-
-chave”, defende.
Renato Pedroso analisa que as seguradoras
devem estar atentas às demandas
das pessoas entre 55 e 65 anos, que
tinham restrições à contratação de produtos
securitários há alguns anos. “Com a
evolução da expectativa de vida e da vida
produtiva, eles devem ter à sua disposição
produtos com melhores taxas e mais
opções de capitais”, diz o presidente da
Previsul. Para Paula Toguchi, “de modo
geral, as seguradoras estão preparadas no
que se refere a coberturas de seus produtos,
mas ainda não estão preparadas para
dar de fato acesso à população como todo
aos seus produtos a um preço acessível”.
Ainda há passos importantes a serem
dados para a evolução desse atendimento.
“Temos um produto que ainda está
para ser regulamentado pela Susep, o
Universal Life, que mescla capital de
risco e acumulação, e que irá contribuir
muito para o contínuo desenvolvimento
do mercado nacional”, afirma Renato
Pedroso. Segundo ele, esse produto, em
especial, auxiliará no planejamento financeiro
das pessoas no longo prazo, já que o
produto de risco com capital decrescente
ao longo do contrato tem foco na evolução
etária das pessoas e o capital de acumulação
servirá para como complementação
de renda quando as pessoas chegarem na
terceira idade.
“Algumas companhias já estão em
fase avançada nesse movimento de preparação
para o novo cenário, mas faltam
ainda mais investimentos no estudo de
novos produtos que estejam ao alcance
de uma maior parte da camada de mercado
60+”, diz o corretor de seguros João
Gongora. “É notório o crescimento da
população idosa no Brasil e no mundo, o
que representa a abertura de um novo horizonte
de negócios para as companhias,
uma oportunidade da qual os ganhadores
serão os que ousarem em criar modelos
de negócio inovadores focados em saúde
e qualidade de vida, ou seja, focados
verdadeiramente nas pessoas”.
26
longevidade | evento
Aprender sempre é o segredo para
manter a saúde física e mental
Vencedores do Prêmio Longevidade, categoria Histórias de Vida
14 edições marcam a adolescência do Fórum da
Longevidade, promovido pela Bradesco Seguros
para discutir o maior período da vida
“
V
velhice já é a fase da vida de
maior duração. Não é preciso
ter medo de mudanças, muito
pelo contrário, pois elas fazem
parte da reinvenção necessária para
aceitar e conviver com a nova realidade
da vida. Em 10 anos, o Brasil terá mais
idosos do que jovens. Hoje os 60+ somam
mais de 28 milhões de pessoas. “Temos
que mudar a forma como vemos as coisas,
aprendendo sempre”, afirmou Alexandre
Kalache, embaixador do evento.
Kelly Lubiato
Alessia Forti, Labour Market Economist
da OCDE, ressaltou que é importante
para adultos manterem-se sempre
em aprendizagem, principalmente em
tempos de rápido desenvolvimento tecnológico
e com economia globalizada, para
atualizarem as suas habilidades
No Brasil, o envelhecimento acontece
mais rápido, mas esta é uma tendência
ao redor do mundo. Como as pessoas vão
viver e trabalhar mais, elas necessitam
rever seus conhecimentos e competências
ao longo da vida. Forti explicou que as
profissões estão mudando também. “Os
países que envelhecem rápido necessitam
de mais profissões ligadas à saúde”,
pontuou.
Novas tecnologias também afetam
o mundo do trabalho. Os robos estão
chegando e devem aumentar sua presença
na sociedade. “Estimamos que
14% dos empregos podem desaparecer
por conta da automação e 32% devem
mudar substancialmente”, avisou Forti,
acrescentando que “isso nos diz que um
número substancial de pessoas que já
estão no mercado de trabalho precisam
ser treinadas para fazer outras coisas ou
exercer as mesmas funções de forma
diferente”.
Sabemos que 40% dos adultos são
treinados por ano, incluindo qualquer tipo
28
de treinamento. Uma das barreiras é a falta de motivação,
para mais de 50% dos adultos. Há alguns obstáculos. As
empresas podem prover mais treinamento para os seus
funcionários. Entretanto, elas preferem investir nos mais
jovens, com mais competências e que irão ficar mais
tempo na empresa.
Os grupos em desvantagem são os mais velhos (cujas
qualificações estão desatualizadas); as pessoas com
baixas habilidades; trabalhadores de setores com alta
automação; e trabalhadores de áreas fora do padrão. “Eles
são os que menos recebem treinamento”, constatou Forti.
“Sabemos que os mais velhos têm muitas habilidades,
mas com baixo nível de qualificação. Eles também têm
dificuldades em ficar envolvidos no mercado de trabalho.
Há preconceito em relação a estas pessoas no mercado
de trabalho”, finalizou Forti.
A filósofa Viviane Mosé disse que temos que enxergar
o tempo de uma forma diferente. A idade não é o
tempo cronológico, mas a idade que seu corpo representa.
“O tempo da vida é aquele no qual cada um tem o seu
presente, um círculo que se espraia. O futuro é uma projeção
adiante e o passado é o que carregamos”.
Christine O’Kelly, pesquisadora da Dublin City University
(soluções de alta tencologia) é uma das pessoas que
está investindo na criação de oportunidades para o aprendizado
na maioridade. Em 2010, o programa para atender os
idosos foi inspirado pelo Who Ageing Cities Programme,
pois ele se preocupa em como as pessoas vão envelhecer.
“Teremos que envelhecer juntos, de maneira saudável”,
sentenciou Kelly. Há algum tempo, apenas os muito
ricos podiam estudar. Não havia muitas oportunidades
para envolver as pessoas mais velhas na educação. As
pessoas achavam que a universidade não era lugar para os
mais velhos. Havia muita dúvida e negatividade, até sobre
o que as pessoas iriam pensar daqueles que decidiam
investir na educação após estarem mais velhos.
“Nós convidamos as pessoas mais velhas para conhecer
o campus da universidade, fizemos palestras sobre
psicologia, oratória, tecnologia, mais de 60 palestras
durante o dia”, explicou Kelly, mostrando que é possível
envolver os mais velhos em novos aprendizados.
O médico Kalache acrescentou que é preciso espalhar
a pesquisa para pessoas idosas também. “Estudamos medicina,
por exemplo, utilizando o modelo de um homem
jovem. Quando precisamos encontrar o baço de uma
mulhere idosa e obesa, podemos até matar a paciente por
falta de conhecimento. O único recurso renovável que
temos à disposição são as pessoas mais velhas”.
Planejamento é fundamental
A geriatra Karla Giacomin lembrou que não é a idade
que nos define, mas as oportunidades que temos durante
a vida. “Comparando com uma pessoa de sua mesma
idade e gênero, você diria que a sua saúde é como? Esta
é a pergunta que as pessoas devem se fazer”.
VENCEDORES DOS PRÊMIOS DA LONGEVIDADE
PRÊMIO DE JORNALISMO
Categoria • JORNAL IMPRESSO
1º Colocado - Carmem Lúcia Melo de Souza, do Correio
Braziliense, com uma série de três matérias sobre os
impactos da obesidade na saúde, na qualidade de vida
e na expectativa de vida dos indivíduos.
2º Colocado - Leila Cristina de Souza Lima, do jornal
Valor Econômico, na reportagem “Envelhecimento
rápido impõe novos desafios para o Brasil.
Categoria • REVISTA IMPRESSA
1º Colocado - Giuliana Toledo, da Revista Galileu,
reportagem de capa “O envelhecimento é uma doença?
Tem cura?”
2º Colocado - Joyce Moisés, da Revista AT, do Jornal a
Tribuna de Santos, “Os perennials estão entre nós”.
Categoria • WEB
1º Colocado – Yuri Alves Fernandes, Projeto #Colabora,
“LGBT + 60: Corpos que resistem”.
2º Colocado - Marcelle Cristine de Souza, UOL, “Rumo aos
100 anos”.
Categoria • TV
1º Colocado - Gracielly Bittencourt Machado, TV Brasil,
“Quarta idade: a vida depois dos 80”.
2º Colocado - Mariana Romão, Jornal da Globo, “Jogo da
Previdência: envelhecimento populacional pressiona as
contas da seguridade social.
Categoria • RÁDIO
1º Colocado – Marcos Andrei Meller, Rádio Peperi, de
São Miguel do Oeste, SC, “Viver Mais”.
2º Colocado - Géssika Aline Lima da Costa, Rádio Correio
AM 1200, de Maceió ,”Veteranos da Vida.
29
>>> evento
VENCEDORES DOS PRÊMIOS
DA LONGEVIDADE
PRÊMIO HISTÓRIAS DE VIDA
Categoria • TEXTO
1º Colocado – Eneida Leão
Teixeira, “A arte do encontro”
2º Colocado - Élida Ramirez
Miranda, “Chico Salvador”
Categoria • FOTOGRAFIA
1º Colocado - Beto Oliveira,
“Jovialidade Infinita”
2º Colocado - Cristiano Pereira de
Assis, “O sonho de estar aqui”
Alessia Forti, Christine O'Kelly, Viviane Mose e Alexandre Kalache
30
PRÊMIO PESQUISA
GERIATRIA
1º Colocado - Márlon Juliano
Romero Aliberti, “Avaliação
geriátrica compacta de 10
minutos: desenvolvimento e
validação de um instrumento de
rastreio multidimensional breve
para idosos”.
2º Colocado - Guilherme Cerutti
Muller, “Análise da presença
da inversão da razão CD4:CD8
em idosos e seu perfil celular e
bioquímico”
GERONTOLOGIA
1º Colocado – Camila Astolphi
Lima, “A queda em idosos: da
avaliação ao tratamento pósqueda”,
Camila Astolphi Lima.
2º Colocado - Diego Felix Miguel
“Processo artístico e terceira idade:
oficinas de teatro como estratégia
de emancipação da velhice”
Vinicius Albernaz, da Bradesco Seguros
“De 2020 a 2030 vamos experimentar
a década do envelhecimento saudável,
porque estamos lidando com temas
prioritários, como combater o tabaco e
o álcool, lidamos com a mobilidade e o
desenvolvimento urbano, por exemplo.
A longevidade nos proporciona
chances para sobreviver com mais saúde.
Temos que fortalecer a autonomia e o
autocuidado com informação, atuando na
cultura de quem está vivendo”, ressaltou
a especialista. Ela ensinou que as pessoas
devem aprender a ir mais devagar, pois a
saúde é um reflexo da vida.
Na área financeira também é necessário
muito planejamento, mas é
importante ressaltar que a aposentadoria
laboral é diferente da aposentadoria
financeira. O professor Marcos Silvestre
explicou que a primeira é parar de desenvolver
a atividade que desenvolveu
ao longo da vida para ganhar dinheiro.
A segunda é quando você consegue sobreviver
não mais de um salário, mas de
uma renda acumulada ao longo da vida,
mantendo o nível de remuneração. “Todas
as pessoas deviam pensar em um projeto
de previdência particular”.
longevidade | reforma de previdência
Não somos como nossos avós
Sim, estamos vivendo mais que as gerações passadas.
Diante desse salto na longevidade do brasileiro, a Reforma
da Previdência mostrou-se urgente. Paralelamente, o
mercado sofistica o atendimento para um consumidor que
deseja complementar a aposentadoria com planos privados
André Felipe de Lima
32
Ainda “
somos os mesmos e vivemos
como os nossos pais”. Ao
contrário da letra composta
por Belchior e imortalizada
nas vozes do próprio autor e de Elis Regina,
definitivamente não somos mais os
mesmos ou vivemos como nossos pais.
Mudamos (e muito) para acompanhar o
relógio secular dos tempos modernos.
A longevidade ganhou contornos mais
complexos com as profundas transformações
promovidas pelo homem nas
últimas décadas em todos os campos
possíveis da vida e dita o nosso tempo e
a jornada de cada um. Hoje, vivemos mais
e, consequentemente, trabalhamos mais.
Parece não haver limites para o homem
do século 21.
O aumento na expectativa de vida
verificou-se logo após a Segunda Guerra
mundial. De lá para cá, superamos doenças
até então incuráveis, e continuamos a
superá-las com o avanço contínuo e célere
da ciência e da tecnologia. As taxas de
mortalidade foram reduzidas. Isso é fato
inexorável. Indiscutível.
Voltando-se o olhar para o Brasil
atual, percebemos que estamos envelhecendo
com mais rapidez. A pecha
de “país jovem” está ficando no passado
para que antropólogos a estudem. Dos
anos de 1940 — justamente no período
pós-guerra — até aqui, nossa expectativa
de vida cresceu mais de 30 anos, como
apontam dados do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE). Para
o IBGE, nossa terceira idade superará
os 25% da população em 2060, sendo
que elas chegarão aos 85 anos e eles
aos 78 anos.
Divulgados em junho pela Organização
das Nações Unidas (ONU), os dados
do World Population Prospects não
são menos enfáticos que os do IBGE,
ou seja, estamos mesmo mais velhos.
Contávamos 7% da população com 65
anos ou mais em 2010. Esse percentual
de idosos no total de brasileiros — reforça
a pesquisa da ONU — crescerá
intensamente até 2050, saltando para
quase 30%, e com uma média de longevidade
significativamente acima das que
registrarão outros países.
“Só para elucidarmos também
essa questão, em 1910 tínhamos uma
expectativa de vida de 33 anos. Em
1940, 45 anos; em 1980, 63 anos. O
IBGE estima que a expectativa de vida
mais longínqua do brasileiro é de 81
anos em 2050. Sem sombra de dúvida,
estamos vivendo muito mais. Um a cada
três bebês, por exemplo, vão viver até
100 anos de idade”, ressalta o superintendente
regional da Icatu Seguros,
Alexandre Malho.
Envelhecimento crescente
impacta reforma da
previdência
Com o aumento da população da
terceira idade, o impacto registrado na
economia e na Previdência Social vem
sendo latente nas últimas décadas na
vida das pessoas e no mercado de trabalho.
A reforma da Previdência mostrou-
-se, portanto, uma necessidade imediata
a despeito de questões ideológicas e
partidárias. Não há dúvida: a longevidade
ditará o rumo do mercado brasileiro
daqui em diante, e é isso que determina
o texto da reforma previdenciária recentemente
promulgada e, portanto, já em
vigor. Em resumo, teremos de trabalhar
por mais tempo para se aposentar e o
impacto na economia em curto prazo é
inexorável.
“Estima-se que a aprovação da reforma
da Previdência possa gerar uma
economia na grandeza dos 900 bilhões
de reais nos próximos 10 anos para o Governo
Federal, além de ajudar a resolver
o problema fiscal que o país hoje enfrenta,
em que os gastos públicos excedem
as receitas. Como o texto da reforma
foi bem recebido pelos investidores, sua
aprovação também deve ajudar a restaurar
a confiança do mercado na economia,
contribuindo, consequentemente, para
o aumento de investimentos e geração
de empregos. Ainda que essas medidas
possam contribuir com a manutenção
do sistema de seguridade social, sabe-
-se que elas não garantirão a perenidade
do sistema por muitos anos, ou seja,
haverá necessidade de novas reformas
previdenciárias no plano constitucional
e infraconstitucional”, avalia o advogado
Pedro Pierobon, do escritório Bruno
Calfat Advogados.
“ O IBGE estima que a
expectativa de vida mais
longínqua do brasileiro
é de 81 anos em 2050.
Sem sombra de dúvida
estamos vivendo muito
mais. Um a cada três
bebês, por exemplo, vão
viver até 100 anos de
idade”.
Alexandre Malho, da Icatu
Comparando-se com outros países,
como a França, por exemplo, responsável
pelo primeiro plano de aposentadoria da
história, em 1673, e a Alemanha, que implantou
o primeiro regime de previdência
social do mundo, em 1880, o Brasil
tem um modelo construído mais recentemente
e paulatinamente amadurecido
ao longo dos anos. Embora modelos
similares à previdência tenham chegado
ao país no final do império e, posteriormente,
a Lei Eloy Chaves, de 1923, seja
para muitos especialistas a pedra fundamental
da história da previdência social
no país, o sistema só vai engrenar no
Brasil logo após a instauração do Estado
Novo, de Getúlio Vargas. Quanto a um
sistema complementar à aposentadoria,
ele surge por inciativa isolada do Banco
do Brasil, em 1940. Mas falar, oficialmente,
em previdência privada só seria
33
>>> reforma de previdência
possível após a regulamentação da Lei
nº 6435, em 1977. A partir daquele ano
as instituições financeiras e de seguros
deflagraram a corrida pelo mercado da
longevidade enquanto a Previdência
Social foi se deteriorando até o ponto de
tornar-se insustentável mantê-la sem que
houvesse uma profunda transformação
de suas diretrizes.
“A reforma da Previdência não é
uma questão do Brasil, necessariamente.
Para mim, é uma questão mundial.
Vejo discussões no Japão, na Suécia, na
Alemanha; vejo discussões fortíssimas
na França, enfim, no mundo inteiro.
Mas o que é mais interessante é que
as pessoas estão falando muito sobre o
assunto e mostrando uma consciência
muito grande na questão de poupar e de
investir principalmente com a chegada
da aposentadoria”, destaca Malho, da
Icatu.
Há alguns anos, o coro pela reforma
previdenciária começou a engrossar
até a sua consolidação este ano, mas o
debate permanece e há mobilizações
políticas na Câmara e no Senado para
que o texto recentemente aprovado e
já em vigor seja ajustado. Uma destas
ações é a PEC (Proposta de Emenda à
Constituição) — chamada de “PEC paralela”
— assinada pelo senador Tasso
Jereissati (PSDB-CE), que também foi
relator da reforma da Previdência no
Senado. A “PEC paralela” passou pelos
senadores em meados de novembro e já
está na Câmara, prevendo, entre outras
alterações na reforma da Previdência,
a de um novo cálculo de aposentadoria
novamente sobre 80% correspondentes
às maiores contribuições, desconsiderando
os salários menores, e permitir
que a reforma se estenda a servidores
estaduais e municipais, o que geraria
uma economia de, aproximadamente,
R$ 350 bilhões em dez anos aos estados
e municípios que se encontram em uma
barafunda fiscal ilimitada. Mas o presidente
da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-
-RJ), já sinalizou publicamente que a
“PEC paralela” dificilmente avançará
na Casa. Na pior das hipóteses, uma
decisão concreta deverá ficar para 2020.
Mas há verdadeiramente itens juridicamente
sensíveis na reforma da Pre
34
❙ ❙
Pedro Pierobon, do
escritório Bruno Calfat
vidência? Quais seriam eles? O advogado
Pedro Pierobon avalia esse contexto:
“Ao longo da tramitação da reforma
no Congresso, os pontos considerados
mais sensíveis – e que configurariam
um retrocesso social passível de questionamento
judicial – foram retirados e
os direitos mais básicos foram mantidos,
como por exemplo as alterações no Benefício
de Prestação Continuada (BPC) e na
aposentadoria rural, que foram deixadas
de lado. De igual maneira, o piso de um
salário mínimo para a aposentadoria
permaneceu inalterado. Mesmo assim, já
foram ajuizadas quatro ações diretas de
inconstitucionalidade contra a Reforma
no STF, com pedidos de liminar que serão
relatadas pelo ministro Luís Roberto
Barroso.”
Previdência privada também
ganha com reforma
Se a política ainda insiste em mudar
as regras do jogo na Previdência Social,
o mercado responde com a evolução da
previdência privada. Em julho, como
indica a Federação Nacional de Previdência
Privada e Vida (FenaPrevi), os
números de previdência complementar
aberta recolhidos foram muito bons.
Melhores ainda os de agosto, quando
as novas contribuições totalizaram R$
11,5 bilhões, superando em pouco mais
de 23% o resultado de igual período do
ano passado. Hoje, a previdência privada
acolhe 13,3 milhões de clientes. A
maciça maioria deles (93%) opta pelo
modelo mais popular, o Vida Gerador
de Benefício Livre (VGBL). O restante
fica, portanto, concentrado no Plano
Gerador de Benefício Livre (PGBL),
mais dirigido aos clientes de renda alta.
Na ponta do lápis, isso significa um
crescimento do mercado de previdência
complementar da ordem de 2,2% em
relação ao ano passado. Um percentual
ainda tímido? Sim, mas sempre em
evolução.
“A questão relacionada ao crescimento
da renda pega na veia a indústria
de previdência complementar. Na medida
em que se tem uma expectativa de
crescimento de renda disponível para
consumo ou para previdência complementar
maior, isso é muito saudável e
positivo para o mercado. Mais do que
a reforma ter sido aprovada o principal
impacto é o macro, onde se tem o crescimento
da renda real, e se consegue
projetar aí um cenário bastante otimista
para novos entrantes na previdência
aberta. Já houve um crescimento — ainda
que tímido — no último ano de 13,2
milhões de clientes para 13,3 milhões,
e acho que a recuperação da economia
também funcionou em função da aprovação
da reforma da previdência, que
vai fazer com que a maior disponibilidade
de renda estimule a previdência
complementar”, frisa o vice-presidente
de Investimentos, Vida e Previdência da
SulAmérica, Marcelo Mello.
O temor de quem recorre à previdência
complementar é, contudo, a queda
dos juros, que acaba reduzindo o ganho
final das aplicações. Mas as empresas do
setor já oferecem fundos multimercado
com percentual mais vantajoso em renda
variável, um recorte estratégico que vem
mostrando bons resultados. Estes fundos
multimercado representam, atualmente,
12% do segmento de previdência
privada. Há sinais claros de que o consumidor
brasileiro está começando a se
familiarizar com preceitos da educação
financeira.
Disciplina para guardar
Apesar de reconhecer que a reforma
da Previdência constituiu-se em um
passo significativo para o mercado e que
a população começa a se familiarizar
com preceitos da educação financeira,
Mello alerta que o tema “longevidade”
será sempre um grande desafio para
o setor segurador, exigindo ajustes
contínuos nas regras previdenciárias
e, fundamentalmente, a adequação de
mecanismos que contenham o endividamento
público.
“Qual é o desafio aí? A população
brasileira começa a enxergar cada vez
mais que vai viver por muito tempo, e
pior ainda: vai viver num ambiente de
taxa de juros muito baixa. Uma coisa
é ter a expectativa de que viverá até 85
anos com juros a 14%; outra coisa é ter
a expectativa que vai viver até 85 anos
com juros a 4%. É uma situação única.
A gente nunca viveu essa situação aqui
no Brasil. Qual a consequência disso? Há
algumas situações que a gente já começa
❙❙
Marcelo Mello, da SulAmérica
a enxergar: a primeira delas é quem já
está na previdência complementar aberta
está tomando mais riscos, está indo para
produtos mais sofisticados”, diz Mello,
da SulAmérica.
Não há dúvida de que a maior
longevidade na sociedade e, claro, no
mercado, exige do consumidor um olhar
para o futuro e parcimônia com gastos,
sobretudo quando os juros baixos
atuais — como frisam os especialistas
— reduzem ganhos com aplicações e
dificulta a acumulação de recursos para
esse futuro que nos aguarda grisalhos.
Além da recomendação de que se ingresse
o mais cedo possível na previdência
complementar, três palavras são
essenciais para a relação que devemos
ter com nosso dinheiro nos próximos
anos: disciplina, disciplina e disciplina.
Somente assim o montante financeiro
religiosamente guardado estará a sua
espera mais tarde.
A Revista Apólice deseja a todos
boas festas e um 2020 de ótimos negócios!
entrevista | mapfre
Desafio é criar produtos para
atender o consumidor do futuro
Há dez meses no Brasil, o presidente da Mapfre,
Fernando Perez Serrabona, diz que sua experiência
por aqui já vem há mais de 20 anos. Neste período,
ele observou que apesar das oscilações, o Brasil é
um país estável na América Latina
Kelly Lubiato
Apólice: Como está o acordo da Mapfre
com o Banco do Brasil?
Tivemos uma reestruturação do
acordo, muito positivo para ambos. Vislumbramos
a possibilidade de fazer as
coisas melhores para ambos, pensando
no futuro, há um ano. O relacionamento
continua em três companhias: Brasilseg
(agro, vida), Mapfre Seguros (que
agora é 100% Mapfre, onde fazemos
36
vida, previdência, auto etc) e acordo
de distribuição com o Banco do Brasil
para as vendas de seguro auto. Estamos
pensando agora em fazer novos negócios
nesta parceria.
Apólice: Quais seriam estes negócios?
Vamos ver como se desenvolvem
alguns temas do mercado, como vida,
por exemplo. Temos oportunidade de
desenvolver novos produtos de seguro
ligados à poupança, um conjunto de
coberturas de previdência e risco.
Apólice: Os seguros de pessoas são
os que oferecem mais oportunidades
no Brasil?
Sim, porque a sua penetração no
mercado ainda é muito baixa. Temos
30% de veículos segurados e uma parce-
la menor ainda de seguros residenciais.
Fizemos um estudo sobre mercados
potenciais de seguro no mundo e o
Brasil está na oitava posição, com mais
possibilidade de crescimento do setor.
Para a Mapfre, o Brasil é o mercado com
maior potencial com que trabalhamos,
em nossa organização ele é apenas menor
que a operação da Espanha.
Apólice: O que vocês podem trazer de
novidades para ajudar a desenvolver
este potencial?
O mercado de seguros brasileiro
segue em paralelo ao crescimento do
PIB. Por isso, é importante verificar
qual será o crescimento do PIB (parece
que irá crescer um pouco). Sem entrar
em considerações políticas, a reforma
da previdência tem muito a contribuir
com o desenvolvimento e há outras
medidas de reforma do estado que são
muito positivas. Nossas expectativas são
muito positivas para o desenvolvimento
da economia brasileira.
Apólice: Mas e a parte de produtos?
Estamos investindo em algumas
áreas. Por exemplo, estamos desenvolvendo
produtos de agro, porque esta é
uma indústria com grande potencial.
O seguro residencial também tem um
grande potencial de crescimento se acoplarmos
a ele serviços, pois as pessoas se
preocupam com os problemas menores,
porém mais frequentes. Após a reforma
da previdência, as pessoas também irão
se preocupar mais com a previdência
privada, portanto, cabe uma ação mais
efetiva das empresas. Os riscos são
iguais em qualquer lugar do mundo.
Apólice: A forma de tratar o risco
mudou?
Este é o tema da inovação. Fazemos
um esforço constante. Agora temos o
MOI – Mapfre Open Inovation, uma
estrutura que temos na Espanha, Brasil
e outros países para o desenvolvimento
de novas formas de trabalhar, de como
vamos aperfeiçoar o relacionamento com
o segurado e os corretores de seguros.
As coisas estão mudando, mas os riscos
vão permanecer, o que vai mudar é a sua
forma e frequência.
"O seguro de celular, por exemplo, tem uma grande
quantidade de fraudes e este não é um dano tão
importante quanto um carro. Agora, um seguro de
responsabilidade civil pessoal sempre vai existir.
Quando você tem um carro compartilhado, uma
bicicleta ou fica em uma casa de aluguel temporário,
por exemplo, é preciso ter um seguro pessoal.
Este produto não existe, mas certamente será
comercializado em breve."
Apólice: Vocês acreditam em novas
formas de comercialização de seguros?
Acho que novas formas não avançam.
Nós temos uma experiência, a Verti, uma
companhia que existe na Itália, Alemanha
e Espanha e atua na internet. Achei que
seria revolucionária a venda pela internet,
entretanto, quem utiliza este canal são os
jovens. Este público não contrata seguro.
Apólice: Os jovens não consumem
seguro por quê?
As suas prioridades mudaram. Eles
não querem ter carro ou apartamento.
Vamos descobrir como eles contratarão
seguro no futuro, se será através de uma
plataforma. Os grandes distribuidores
de seguro automóvel serão as próprias
montadoras de veículos, como já está
acontecendo.
Apólice: Vocês apostam em novos
riscos?
Há muitos novos parâmetros. Porém,
o seguro de celular, por exemplo, tem
uma grande quantidade de fraudes e este
não é um dano tão importante quanto um
carro. Agora, um seguro de responsabilidade
civil pessoal sempre vai existir.
Quando você tem um carro compartilhado,
uma bicicleta ou fica em uma
casa de aluguel temporário, por exemplo,
é preciso ter um seguro pessoal. Este
produto não existe, mas certamente será
comercializado em breve.
Apólice: Por corretores de seguros?
O seguro continua sendo uma indústria
tradicional, que tem desenvolvimento
tecnológico mais lento que os bancos.
Não temos demanda para outros canais
de distribuição de seguros, por isso os
corretores continuam sendo os líderes.
Não vemos necessidade de novas formas
de distribuição.
Apólice: Os corretores exigem mudanças
tecnológicas da seguradora?
Sim, eles querem mais agilidade.
Eles não são apenas um mediador que
cobra uma comissão para não fazer nada.
Eles são os profundos conhecedores sobre
coberturas e preços, que conseguem
identificar o produto mais indicado para
cada cliente.
Apólice: Qual é o maior desafio do
mercado de seguros?
O desafio é da sociedade como um
todo. Precisamos melhorar as condições
para os jovens. Se eles não têm salários
para comprar um carro ou para comprar
um apartamento (na Europa eles vivem
em lugares compartilhados), não serão
novos consumidores. Gente jovem não
será dona das coisas, mas apenas usuário.
Uma vida confortável tem significado
diferente para nossa geração, que tem
conceito de propriedade e de proteção. O
conceito de propriedade não existe para
os jovens. Sem propriedade, não há o que
segurar. A propriedade dos veículos, por
exemplo, é das montadoras, cujos veículos
já saem da fábrica segurados. Talvez
faremos o seguro da mobilidade ou da
responsabilidade civil do cidadão.
37
evento | apólice tendências
Open Insurance
é oportunidade
para seguradoras
e corretores
O 1º Fórum Apólice Tendências
colocou em debate como
o open insurance pode
contribuir para a distribuição
de seguros e as possibilidades
que estão por vir no mercado
Nicole Fraga
Em parceria com o Sindicato
das Seguradoras de São Paulo
(Sindseg-SP), a Revista Apólice
realizou, na manhã do dia 28 de
novembro, o 1º Fórum Apólice Tendências,
com o tema “Como o open insurance
pode contribuir para a distribuição do
mercado de seguros?”. O evento ocorreu
no auditório da sede da entidade.
O assunto foi selecionado para o
debate por sua importância para a democratização
do acesso às novas maneiras
de oferecer os produtos de seguro para o
consumidor. O conceito de open insuran-
Renato Terzi, da GR1D
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ce refere-se a um modelo de negócio no
qual os produtos, serviços, informações e
funcionalidades de uma companhia estão
disponíveis para consumo de qualquer
outra organização, desde que se tenha o
aval de todos os envolvidos, de maneira
simples, através de API’s (Application
Programming Interfaces) publicados em
plataformas.
Atualmente, as seguradoras buscam
maneiras de automatizar os processos,
otimizando a operação, facilitando a
negociação e aumentando os lucros
da organização. É neste contexto que
surge o movimento. Trata-se de uma
oferta de serviços e dados a parceiros,
comunidades e startups que visa a contribuir
para a inovação em aplicações,
serviços e modelos de negócio.
O painel “Open Insurance pode
democratizar o acesso ao mercado” contou
com a mediação da jornalista Kelly
Lubiato, diretora de Redação da Revista
Apólice, e a participação de Renato Terzi,
CEO da GR1D; Cristiano Barbieri,
vice-presidente de Estratégia Digital,
Inovação e Tecnologia da SulAmérica; e
Bárbara Bassani, sócia na área de Seguros
e Resseguros do escritório Tozzini
Freire Advogados. Foram abordados
diversos temas, entre eles os conceitos do
movimento que ainda estão indefinidos,
as possibilidades de trocas de informações
entre os entes do mercado e como
os corretores podem levar mais produtos
para os clientes.
O open insurance baseia-se em três
fundamentos: Inovação Aberta (Open
Innovation), Experiência Digital (Digital
Experiences) e Novos Modelos de
Negócios. Juntos, esses três elementos
levam a um maior alcance da distribuição
de seguros, alavancando o mercado
Cristiano Barbieri, da SulAmérica
Fotos: Oficina do Texto
Bárbara Bassani, da
Tozzini Freire Advogados
Marcilio Oliveira, da Sensedia
e equilibrando o nível de acesso dos
profissionais na plataforma. Para Terzi,
“é fundamental que seja feita a inclusão
de todos os participantes na plataforma,
pois somente dessa forma será possível
esclarecer para a sociedade a importância
de se estar protegido”. Barbieri
completou: “Isso só é possível através da
transformação digital”.
O executivo da SulAmérica afirmou
que na empresa já há uma grande plataforma
de API’s, na qual são recebidos
mais de 60 milhões de chamados para
compartilhar dados com corretores,
clientes e, às vezes, até com prestadores
de serviços. “O open insurance já existe.
Todas as seguradoras de alguma forma
têm uma plataforma pronta. Entretanto,
ainda não há uma regulação apontando
quais são as nossas obrigações, que tipo
de dado eu vou ser obrigado a compartilhar
e em qual momento”.
Contudo, com um maior compartilhamento
de dados nesse movimento,
aumentam também as chances dessas
plataformas serem invadidas durante um
ataque hacker. O cliente, ou potencial
segurado, que fornece seus dados ao
preencher qualquer tipo de formulário
é detentor dessas informações, isto é
um fato. Mas o que acontece caso esse
material vaze?
A LGPD – Lei Geral de Proteção
de Dados, que entrará em vigor somente
em agosto de 2020, tem como objetivo
garantir ao usuário maior privacidade
e controle sobre seus dados, visando
combater o uso destes por terceiros. A
lei também serve para instruir quando
uma companhia pode tratar um dado
pessoal, ou seja, quando ela pode armazenar,
processar e transferir esses dados.
As penalidades pelo descumprimento da
medida podem envolver proibição total
ou parcial de serviços relacionados a
tratamento de dados e pode trazer prejuízos
financeiros à empresa em forma
de multas. Essas penalizações podem
corresponder até 2% do faturamento da
empresa ou conglomerado, limitado a até
R$ 50 milhões por infração cometida.
Bárbara falou sobre a medida e como
ela afeta as seguradoras, já que atualmente
todas estão utilizando API’s. “Com a
LGPD, há uma mudança de paradigma
no Brasil, o que é muito bom para o país.
Do ponto de vista regulatório de seguros,
não há uma restrição para esse compartilhamento.
Entretanto, é necessário que
fique de maneira clara para o consumidor
qual a finalidade do uso desses dados e
com quem eles serão divididos”.
Já no painel “API’s abrem acesso
dos corretores a qualquer seguradora
com itens publicados”, que contou com a
participação de Terzi; Marcilio Oliveira,
COO da Sensedia; e Celso Paiva, diretor
do Sindseg/SP e da Alfa Seguradora, foi
discutido como o corretor de seguros
pode utilizar aplicações já publicadas,
com produtos e serviços viabilizados pelo
open insurance, e o papel das seguradoras
para disponibilizarem novas possibilidades
para os parceiros.
As API´s são um conjunto de padrões
de programação para ter acesso a uma
aplicação ou plataforma. Elas permitem
que os componentes de sistemas diferentes
se comuniquem e compartilhem informações
de maneira eficiente. Mesmo que as
estruturas de dados, linguagens de desenvolvimento
e arquiteturas de construção
Celso Paiva, da Alfa Seguradora
de cada plataforma sejam completamente
distintas, é possível que companhias façam
esse compartilhamento.
Oliveira mostrou durante o debate
o que a Sensedia tem feito no ramo de
seguros, apresentando alguns cases da
empresa que visa habilitar a tecnologia
das seguradoras a serem mais acessíveis
através das aplicações. De acordo com o
executivo, além do open insurance e das
companhias exporem seus dados para
que possa ser montado o playground de
construção de produtos, também é possível
que as corretoras e as seguradoras
possam montar suas próprias soluções
usando API’s. “Muito mais do que um
plug, estamos falando da possibilidade de
lançar novos serviços ou mudar a audiência
de um produto através de um alcance
maior, usando uma solução digital”.
Paiva apontou a importância dessas
ferramentas e como o open insurance
oferece a viabilização de cross selling para
o corretor. “A gente transformou os nossos
hábitos e comprar seguro também vai ter
que ter uma mudança. A próxima geração
vai consumir produtos de uma maneira
completamente diferente, para isso as
seguradoras estão inovando e o mercado
precisa trocar informações para se manter
de pé e melhorar a qualidade dela”.
Para o CEO da GR1D, toda essa transformação
digital irá alavancar novas possibilidades
de negócios e os corretores de
seguros não precisam temer a tecnologia
e o open insurance. “O seguro é um bem
que depende da informação. Atualmente,
os consumidores buscam novas experiências.
São elas os nossos concorrentes e
devemos buscar sempre oferecer o melhor
atendimento para o cliente”.
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evento | expo abgr
Profissionais devem se
renovar para atender a
modernização dos riscos
Encontro organizado pela Associação Brasileira de Gerência de Riscos
mostrou que alguns riscos continuam os mesmos, mas que também
há muitas novidades a caminho, trazidas pelas mudanças climáticas,
pela necessidade de tornar os ambientes sustentáveis e pelas
atualizações tecnológicas
Kelly Lubiato*
Um dia após as mudanças que
mexeram com o mercado
de seguros, com a desregulamentação
do corretor de
seguros e a extinção do seguro DPVAT,
a Expo ABGR, organizada pela Associação
Brasileira de Gerenciamento de
Riscos, começou com muito ruído, provocado
pelas cerca de duas mil pessoas
que passaram pelo espaço durante os
dois dias do evento.
A cerimônia de abertura contou com
a participação da presidente da ABGR,
Cristiane Alves, da superintendente da
Susep, Solange Vieira, do diretor técnico
e de estudos da CNseg, Alexandre Leal,
40
do vice-presidente da Fenaber, Fred Knapp,
e do presidente da FenSeg, Antonio
Trindade. Na fala dos palestrantes, uma
ideia foi recorrente: a necessidade de
expandir a cultura da gestão de riscos
no Brasil. “O mundo business não existe
sem o mercado de seguros’’, resumiu
Solange Vieira.
A superintendente da Susep também
mencionou algumas medidas que
foram aprovadas no dia anterior pelo
Governo Federal, incluindo a extinção
do Seguro de Danos Pessoais Causados
por Veículos Automotores de Vias Terrestres
(DPVAT), que ela afirmou que
não funcionava de forma adequada, e a
desregulamentação dos corretores: “Não
faz sentindo o órgão regulador ficar regulando
um mercado que pode se portar
de maneira autorregulada”, opinou. Outro
ponto levantado pela superintendente
é que o DPVAT era alvo de fraudes e
ocupava muito tempo da autarquia com
denúncias e fiscalização. “O sistema é
ineficiente, com corrupção enorme, que
acaba por prejudicar a própria população.
As pessoas, inclusive, vão poder
entrar na Justiça contra quem causou o
acidente”. Ela acrescentou que o INSS já
se encarrega das aposentadorias dos que
ficam inválidos e que o SUS já realiza o
atendimento dos feridos.
Solange Vieira, da Susep
PL de Barragens
Participaram do painel “Projeto de
Lei (PL) de Barragens’’ o gerente de
Gestão de Risco da Juruena Participações
e Investimentos Alexandre Maver;
o superintendente da HDI Global, Marcio
Guerrero e o consultor de engenharia
Marcos Moura. A mediação da mesa
ficou por conta de Walter Polido, sócio da
Polido e Carvalho Consultoria em Seguros
e Resseguros. Marcos Moura frisou
a importância de conhecer os riscos da
barragem desde o início do projeto. Discutindo
projetos como o PL 3561/2015, o
3563/2015 e o 2791/2019, Alexandre Maver
apresentou a visão do empreendedor,
afirmando que os PLs tratam as barragens
equivocadamente de modo homogêneo
e, assim como Guerrero, se posicionou
contrário à obrigatoriedade do seguro.
Garantias Contratuais
Sob a mediação de Ida Patrícia de
Sá, risk manager na Embraer, o painel
“Garantias Contratuais” abordou, dentre
outras questões, a evolução do seguro
garantia nos últimos anos com a regulação
por meio de novos normativos. “A
tendência é de crescimento. Mas, este
seguro precisa se popularizar para ganhar
robustez e atrair capital estrangeiro,
por meio do resseguro”, disse Roque de
Holanda Melo, vice-presidente da Junto
Seguros. Peter de Souza, gerente de Seguros
da Brookfield, comparou o seguro
garantia à carta fiança, concluindo que o
seguro é melhor. “Na obra de uma usina,
por exemplo, somente o seguro garante a
conclusão da obra”, disse. Luiz Alberto
Pestana, diretor da Fator Seguradora,
e Leandro Freitas, diretor de Linhas
Financeiras na MDS Brasil, também
participaram da palestra.
Mercado Brasileiro e Gestão
de Riscos
A plenária “Mercado Brasileiro e
Gestão de Riscos”, que encerrou o primeiro
dia do evento, reuniu grandes CEOs
da área de seguros. Ariel Couto, do MDS
Group; Edson Franco, da Zurich; Marcelo
Homburger, da Aon Brasil; Renato Rodrigues,
da AXA XL; e Alexandre Leal,
diretor técnico e de estudos da CNseg,
com mediação de Jorge Luzzi, presidente
Palestra PL Barragens
Palestra Garantias Contratuais
Mercado Brasileiro e Gestão de Riscos
do conselho de administração da ABGR,
apresentaram importantes insights dos
principais temas que impactam o mercado
atual e as perspectivas para o futuro.
O encontro promoveu uma análise
geral relacionada ao câmbio e tendências,
e como afetará o mercado nos
dois próximos anos. Na sequência, os
especialistas também abordaram a melhoria
dos processos de gestão de risco
junto com o avanço do compliance nas
empresas, capacidade do setor, novos
riscos e coberturas, além de promover
um debate sobre o uso da tecnologia e da
41
>>> expo abgr
Palestra Strategic Risk Management
inteligência artificial na busca por soluções
que facilitem o desenvolvimento de
melhores produtos para o consumidor.
Diversidade aliada à
sustentabilidade nas
organizações
A palestra “Diversidade aliada à
sustentabilidade nas organizações”,
realizada na manhã do segundo dia do
evento, discutiu a importância de cultivar
a diversidade e a inclusão dentro
das empresas. A mesa foi mediada por
Marcia Ribeiro, diretora executiva da
Associação das Mulheres do Mercado
de Seguros (AMMS), e contou com
Maristella Iannuzzi, digital executive da
CMI Business Transformation; Roberta
Nascimento, risk manager da NOV; Francisco
Vidigal Filho, presidente da Sompo
Seguros; Camila Calais, advogada e sócia
do grupo Mattos Filho Advogados; e Simone
Vizani, vice-presidente da AMMS.
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Benefícios e impactos da
reforma da Previdência
No painel que discutiu os “Benefícios
e impactos da reforma da Previdência”,
Marcelo Rossetti, superintendente Executivo
da Bradesco Vida e Previdência,
chamou a atenção para a mudanças demográficas.
“Sem a reforma, em 2045, o
Brasil gastaria 20% do PIB”, disse. Para
Filipe Nicodemus, diretor de Benefícios
na MDS Brasil, a previdência privada
poderá ser utilizada nas empresas como
um meio de garantir renda para os trabalhadores
que permanecerem mais tempo
trabalhando. Antonio Penteado Mendonça,
sócio titular da Penteado Mendonça e
Char Advocacia, disse que a população
mais pobre não terá renda para comprar
planos de previdência.
O Futuro e Tendências do
Setor Logístico
Logística 4.0, Internet das Coisas,
uso de drones, transportes autônomos,
Blockchain e Big Data com aplicação
na área de logística e Digital Twins
foram as principais tendências abordadas
na palestra “O Futuro e Tendências do Setor
Logístico”, com mediação de Luciano
Póvoa, gerente de riscos em transportes
da RCG da Herco Consultoria de Riscos.
Guilherme Brochmann, diretor de
gerenciamento de risco Latam da DHL;
Luiz Carlos de Andrade, superintendente
técnico da Lockton Brasil; e Paulo
Robson Alves, head of marine da AXA
XL; também fizeram avaliação sobre a
atuação do segmento na área de seguros,
pontuando a necessidade de reinvenção
frente aos novos riscos, processos de
inovação e uso de tecnologia, incluindo
a busca de alternativas que superem os
desafios de infraestrutura no Brasil, como
a falta de polos logísticos de qualidade,
ferrovias inacabadas e as péssimas condições
das estradas.
Engenharia de riscos - Loss
Prevention
Poucas empresas possuem área de
prevenção de perdas, segundo Carlos
Cortés, Head Risk Engineering da Zurich.
“A maioria tem apenas áreas de política de
segurança e saúde ocupacional”, disse ele
durante o painel que abordou o tema “Engenharia
de Riscos e Loss Prevention”.
Cesar López, gerente da área de
Engenharia de Riscos na Mapfre Global
Risks, destacou a importância do engenheiro
para a avaliação de risco. “Porque
o interesse é comum com as seguradoras”,
disse. Empresas que investem em loss
prevention oferecem maior retorno aos
acionistas, segundo levantamento da
Aon, como informou Alexandre Botelho,
diretor da Aon Brasil.
Política de seguros e salvados
Rodrigo Ávila, gerente de Riscos e
Seguros na Suzano e vice-presidente da
ABGR, disse que a política de seguros
nas empresas deve contemplar todas as
normas de contratação do seguro até
como atuar em caso de sinistro. “Isso dá
mais conforto ao gestor de riscos”, disse.
Sobre os salvados, Julia Santoro, sócia da
DR&A Advogados, destacou que para a
seguradora servem para minimizar os
efeitos do sinistros na carteira. Já o lucro
com a venda de salvados pertence ao
segurado, segundo ela. Sheila Garcia, diretora
de Sinistros na Aon Brasil, contou
que um segurado preferiu não reclamar
o sinistro e vender o salvado, porque era
mais vantajoso.
P&C - Property & Casualty e a
nova maneira de encarar os
riscos
Rodrigo Ávila mediou o painel “P&C
- Property & Casualty e a nova maneira
de encarar os desafios”. Os desafios da
gestão de riscos para a carteira foram
apresentados pelos especialistas em
recortes específicos como, por exemplo,
processos de avaliação de riscos e quais
cenários devem ser considerados; evolução
de ambientes econômicos e, com isso,
o surgimento de novos riscos relacionados
ao uso da tecnologia; adoção de melhores
práticas e processos de inovação em tratamento
de riscos, entre outros.
* Informações da assessoria de imprensa
do evento
evento | expocist
Crescimento do setor depende
do reaquecimento econômico
Maior evento de seguro transporte do mercado brasileiro
recebeu cerca de mil pessoas para as palestras e feira
Kelly Lubiato
Crise é a palavra do momento no
Brasil, mas como sair dela foi o
tema do 7º Simpósio do Clube
Internacional de Seguros de
Transporte, realizado no WTC Eventos,
em São Paulo. A abertura, realizada pelo
presidente da entidade, Salvatore Lombardi,
mostrou as realizações da entidade
e sua importância para a retomada do crescimento
do setor de seguro transporte e de
logística. “Cerca de mil pessoas passaram
pelo auditório e pela Expocist. Temos que
falar para o mercado de logística, seguro
e resseguro para mostrar o que é o risco,
runindo pessoas para integrar e capacitar
os players do mercado”.
O Sindicato das Empresas de Transporte
de Carga de SP foi representado
pelo seu vice-presidente, Tayguara Helou,
que afirmou que o conteúdo do evento
é muito produtivo e este é o momento
certo. A mensagem dos transportadores
é que o Brasil nunca teve essência tão
positiva em relação à iniciativa privada.
“Como empresários, precisamos defender
o desenvolvimento econômico e os
brasileiros. Para isso, pedimos que todos
deem as mãos para construir a retomada
econômica sustentável, com modelo
logístico variado”.
Mário Pinto, diretor de negócios da
ENS - Escola de Negócios e Seguros,
disse que agora é possível ver o Brasil
com olhos mais otimistas, o que deve
demandar a área de logística, que vai ser o
fator crítico de sucesso do país. “A questão
da formação e da capacitação profissional
será crucial para o sucesso do setor”.
Economia
Luiz Rabi, economista-chefe da Serasa
Experian, disse que estamos atravessando
um ambiente de baixo dinamismo
Acácio Queiroz e Salvatore Lombardi
para o comércio internacional.
Isso não acontece
apenas com os países desenvolvidos,
mas também com
os emergentes. “Estamos
em fase de desaceleração
do comércio internacional,
mas a previsão da OMC -
Organização Mundial de
Comércio - fica abaixo do
projetado, com previsão
para o ano de 2020 de crescimento
de 2,7%. 2019 foi o
fundo do poço, com 1,2% de
crescimento apenas”, lamentou.
Os dados do FMI divulgados em
outubro mostram que o crescimento econômico,
em 2019, no mundo, foi de 3%. A
projeção para 2020 é de 3,4% e a projeção
para os próximos 5 anos é de 3,5%, sempre
menor do que foi 2017 e 2018.
“A economia mundial caminha para
um crescimento mais fraco. As economias
emergentes devem crescer mais,
com 3,9% em 2019 e 4,8% projetado para
2024, puxado pela Índia. A China deve
continuar desacelerando”, avalia Rabi.
Os fatores que explicam este desenvolvimento
mais fraco são as tensões
comerciais, principalmente entre EUA x
China, e o Brexit, que afeta as perspectivas
de investimento na Europa. Este
ambiente mais turbulento faz a economia
mundial não se movimentar.
O Brasil segue este ritmo de menor
dinamismo, como no mercado mundial.
“Nós podemos dividir a história econômica
brasileira em 4 fases: 1994 a
2003, com a consolidação do Plano Real
- média de 2,6%; 2004 a 2008, com o
superciclo das commodities, a média de
4,8% de crescimento; 2009 a 2016, com a
heterodoxia e crise financeira internacional,
com inversão da política econômica
nacional, crescimento de 1,% em média;
2017 a 2019, fase de transição, de posição
altamente debilitada para novo padrão
de crescimento econômica baseado em
algumas premissas, com crescimento
médio de 1%. A transição está se completando
e devemos ter perspectiva melhor
para crescimento econômico de 2,5% ao
ano, um novo padrão dado o contexto da
economia internacional”, avaliou Rabi.
Acácio Queiroz, executivo com mais
de 60 anos de atuação no mercado de
seguros, apresentou a palestra Fábrica de
Líderes, mostrando a sua experiência na
formação de 13 presidentes de empresas.
O principal na vida é ter equilíbrio
e inteligência emocional. É preciso ter
dedicação profissional, pessoal e familiar.
“A base de tudo na vida é a família”, ele
ressaltou.
Queiroz deixou algumas lições de
suas experiências: seja transparente,
olhe nos olhos, afaste-se de pessoas pessimistas.
Líderes inseguros se afastam
de seus comandados, pensando que com
isso estão preservando a sua autoridade.
Não adianta ser um teórico. Prática
é fundamental.
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comunicação e expressão
por J. B. Oliveira*
Até tu,
Waze?
“Waze é uma aplicação para smartphones ou
dispositivos móveis similares baseada na navegação
por satélite (ex: GPS) e que contém informações de
usuários e detalhes sobre rotas, dependendo da localização
do dispositivo portátil na rede. Foi desenvolvida
pela start-up Waze Mobile de Israel, empresa que foi
adquirida pela Google em 2013..”
Esse genial aplicativo está presente em praticamente
todos os países. Falando a língua de cada um,
é claro. A propósito, meu filho conserva a fonia do
Waze em italiano, desde que o usou por lá. Diz que
é para treinar o idioma...
Satisfeita a curiosidade primeira – sobre a origem
desse sofisticado equipamento – resta esclarecer outra...
Como todo mundo, também me valho do Waze.
Sou testemunha viva, portanto, de como ele facilitou
nossa vida! Antes, recorríamos ao Google Maps:
imprimíamos o mapa de localização do destino e também
o roteiro de todo o percurso... e íamos, desconfortavelmente,
olhando-o durante o deslocamento...
Em épocas anteriores, os recursos eram meramente
físicos: bancas de jornal e postos de gasolina (não
necessariamente o Ipiranga...).
Hoje, você se senta ao volante, faz a conexão com
a “carinha” rechonchuda do aplicativo e já ouve a
mensagem: “Estamos prontos? dirija com segurança”
ou equivalente, e as instruções vão sendo dadas por
fonia, enquanto o visor mostra o caminho a seguir,
com os mais diversos detalhes... Como dizia um personagem
do Jô Soares: “É ‘chose de loc’”
O detalhe é que essa voz que vai falando com o
motorista em seu itinerário pode ser masculina ou
feminina. Há uma com a voz do Sílvio Luiz, com todos
os seus jargões, começando por tratar o motorista
de “campeão”. Outra versão é de um neurastênico
desbocado, que se irrita quando sua instrução não é
seguida: “Seu idiota! Eu disse para virar à esquerda!”
e por aí afora...
A curiosidade, porém, aqui está: quando a voz é
masculina, a orientação que transmite é assim: “Em
mil e duzentos metros, vire à direita, na rua Tal.”
Cala-se e só voltará a falar ao serem cumpridos os
1.200 metros, quando dirá: “Vire à direita na rua
Tal”.
Agora, quando a voz é feminina...! Ela dirá: “Em
mil e duzentos metros, vire à direita, na rua Tal”;
“a novecentos metros, vire à direita na rua Tal”; “a
seiscentos metros, vire à direita, na rua Tal”; “a trezentos
metros, vire à direita, na rua Tal”; “a duzentos
metros, vire à direita, na rua Tal”; “a cem metros,
vire à direita, na rua Tal”; “vire à direita na rua Tal”!
Dia desses, minha nora estava dirigindo, usando
o Waze, junto com minha netinha de quatro anos. A
certa altura, explodiu a menininha: “Puxa! Mamãe,
essa mulher não para de falar!”
Apesar disso eu, particularmente, prefiro a voz
feminina. Ouço-a com toda paciência (afinal, casado
há 47 anos, já estou acostumado...). Só não a ouço
quando vou a algum velório ou enterro. Prefiro não
ouvir a frase: “Você chegou ao seu destino”!
* J. B. Oliveira é Consultor de Empresas, Professor Universitário, Advogado e Jornalista.
É Autor do livro “Falar Bem é Bem Fácil”, e membro da Academia Cristã de Letras
www.jboliveira.com.br – jboliveira@jbo.com.br
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