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*Dezembro/2019 - Revista Biomais 36

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TECNOLOGIA<br />

V<br />

azamentos de petróleo estão atingindo<br />

mais de 450 praias no Nordeste do Brasil,<br />

alcançando areia, estuários e manguezais.<br />

Para conter a contaminação, métodos<br />

naturais são a recomendação de especialistas como a<br />

melhor alternativa de biorremediação.<br />

O Igeo/Ufba (Instituto de Geociências da Universidade<br />

Federal da Bahia) apresentou ao Comando<br />

Unificado de Incidentes, em Salvador, uma minuta<br />

em que estão indicados métodos biotecnológicos<br />

de remediação. O documento indica processos que<br />

aceleram a degradação dos compostos de petróleo já<br />

impregnados nas áreas afetadas, realizando a limpeza<br />

da toxicidade microscópica, impossível de ser feita<br />

com o trabalho manual.<br />

As técnicas foram desenvolvidas pelo Igeo, com<br />

patente da Ufba, individualmente ou em parceria com<br />

a Universidade de Salvador - Unifac. As inovações<br />

aliam tecnologia e insumos encontrados facilmente<br />

nas costas baiana e nordestina, o que reduz o custo<br />

ao mesmo passo em que evita o uso de produtos<br />

químicos, diminuindo a inserção de novas substâncias<br />

possivelmente tóxicas nas biotas já impactadas pelo<br />

derramamento de óleo. Apesar de novas, as técnicas já<br />

foram testadas com amostras do óleo que chegou ao<br />

litoral do nordeste brasileiro.<br />

“O que fazemos é usar organismos vivos para<br />

remover os poluentes do ambiente. Não adianta só<br />

tirar a poluição visual, é preciso eliminar os compostos<br />

invisíveis, como benzeno, tolueno e xileno, ou no<br />

mínimo diminuir a presença deles. Aí entra a biotecnologia,<br />

com diferentes indicações para cada ambiente”,<br />

explica o professor da Ufba, Ícaro Moreira, que já<br />

atuou na agência ambiental do governo canadense na<br />

área de remediação em episódios de derramamento<br />

de petróleo.<br />

Para remover poluentes que já estão dissolvidos<br />

na água, a técnica utilizada é baseada em microalgas<br />

que se alimentam do carbono contido nas substâncias<br />

tóxicas. Neste processo, a água contaminada entra em<br />

um reator contendo microalgas que se abastecem do<br />

carbono. Em seguida, a água limpa é liberada de volta<br />

no ambiente. Já as microalgas, após se alimentarem<br />

de carbono e crescerem, viram uma biomassa que<br />

pode ser utilizada para produção de biodiesel. “É um<br />

Apesar de novas, as<br />

técnicas já foram testadas<br />

com amostras do óleo<br />

que chegou ao litoral do<br />

nordeste brasileiro<br />

processo que não gera resíduo. A água fica limpa e a<br />

microalga pode virar um combustível também limpo”,<br />

completa Moreira em entrevista ao portal UOL.<br />

O processo, além de sustentável, é altamente<br />

eficaz: um dos estudos desenvolvidos no Programa<br />

de Pós-Graduação em Geoquímica - Petróleo e<br />

Meio Ambiente da Ufba mostrou que as microalgas<br />

conseguem, em um período de 28 dias, eliminar 94%<br />

dos poluentes de amostras da chamada “água do<br />

petróleo” (efluente resultante da produção petrolífera<br />

que é considerado um dos efluentes mais poluídos do<br />

mundo).<br />

Uma estimativa feita pelo professor Ícaro Moreira,<br />

um dos coautores das pesquisas que deram origem às<br />

técnicas de biorremediação, aponta que um conjunto<br />

de reatores capaz de tratar 1,5 mil litros de água marinha<br />

a cada três dias custaria cerca de R$ 50 mil para<br />

implantação, com custo de manutenção mensal de R$<br />

7 mil. Ao final do processo, a biomassa gerada poderia<br />

ser vendido por R$ 1 mil/quilograma.<br />

“No final das contas, a biomassa gerada paga as<br />

contas e ainda dá lucro. Isso é um exemplo bem claro<br />

do que nós chamamos de economia circular”, aponta<br />

Moreira.<br />

Já as áreas de areia de praia ou áreas de mangue<br />

apresentam dificuldades para limpeza manual e maior<br />

risco de impregnação de substâncias poluentes.<br />

Nesses casos, a recomendação da entidade é fitorre-<br />

<strong>36</strong> www.REVISTABIOMAIS.com.br

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