*Dezembro/2019 - Revista Biomais 36
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Como é o mercado de combustíveis renováveis<br />
no Brasil hoje? Até onde projetos ou iniciativas estão<br />
sendo desenvolvidos para esse setor?<br />
O Brasil tem tudo para se tornar a “Arábia Saudita dos<br />
biocombustíveis”. A afirmação é frequente entre analistas<br />
do setor. O cenário externo nunca foi tão favorável. Com<br />
a assinatura do Acordo do Clima de Paris em 2015, 192<br />
países se comprometeram a adotar medidas para transição<br />
rumo a uma economia mais limpa. Temos grandes<br />
empresas tomando medidas efetivas para tentar reduzir<br />
seu impacto ambiental. O mercado financeiro está de<br />
olho nos riscos de investimentos insustentáveis ambientalmente,<br />
porque a questão ambiental tem reflexos diretos<br />
nos ganhos econômicos. O cenário interno também é<br />
favorável. O uso de biodiesel e etanol estão consolidados<br />
no país. A indústria vem demonstrando cada vez mais a<br />
capacidade de atender à demanda crescente por energia<br />
limpa. O Brasil conta com grande oferta de matéria-<br />
-prima, mão de obra, solo fértil e condições climáticas<br />
favoráveis que nos colocam em avançada vantagem<br />
em relação ao resto do mundo. Com a Política Nacional<br />
de Biocombustíveis (RenovaBio) temos a perspectiva<br />
de um novo paradigma de produção e consumo de<br />
combustíveis que pode ser aplicado inclusive em outros<br />
setores da economia. Este modelo valoriza a eficiência,<br />
considerando todos os aspectos da cadeia de produção,<br />
desde sustentabilidade da matéria-prima, passando pelos<br />
processos de produção, até a entrega do produto final<br />
ao consumidor. Ou seja, estamos com a faca e o queijo<br />
na mão. O mundo conspira a favor do Brasil, que tem o<br />
maior potencial na produção de biocombustíveis: biodiesel,<br />
etanol, biogás e, o próximo e indiscutivelmente o que<br />
vem para ficar por muitos anos, o bioquerosene.<br />
segurança energética e cuidado com o meio ambiente e<br />
com a saúde da população. Em 2018, o Brasil produziu o<br />
recorde de 5,3 bilhões de litros de biodiesel para abastecer<br />
o mercado interno. Com isso, não só os consumidores<br />
puderam utilizar um combustível mais limpo como também<br />
a indústria pôde retomar sua produção e consolidar<br />
a posição do país como segundo produtor global deste<br />
biocombustível - atrás apenas dos EUA (Estados Unidos<br />
da América). Já em <strong>2019</strong>, a produção e o consumo no Brasil<br />
devem marcar novo recorde: 6 bilhões de litros/ano.<br />
No final do ano passado, o Cnpe (Conselho Nacional de<br />
Política Energética) aprovou uma resolução que deu previsibilidade<br />
inédita para o setor. O cronograma do Cnpe<br />
estabelece o aumento de 1% ao ano no teor de biodiesel<br />
adicionado ao diesel fóssil até 2023. Com isso, a previsão<br />
é alcançar o B15 (15% de biodiesel) até março de 2023.<br />
Para a Ubrabio, o B11 chegou oportunamente e o B12 em<br />
março é necessário para que a indústria possa continuar<br />
produzindo, gerando empregos e, principalmente, substituindo<br />
combustível fóssil por renovável.<br />
Como o RenovaBio deverá mudar o cenário de<br />
combustíveis no Brasil? Quais as expectativas do<br />
projeto?<br />
O RenovaBio é uma política de Estado de descarbonização<br />
do transporte e valorização dos biocombustíveis.<br />
Ela foi desenvolvida para ajudar o Brasil a cumprir seu<br />
compromisso de redução de emissões de gases de efeito<br />
estufa assumido no Acordo do Clima de Paris. Além de<br />
reduzir as emissões e melhorar a qualidade do ar, um<br />
estudo do MME mostra que o RenovaBio deve gerar mais<br />
No âmbito das políticas públicas, até onde o país<br />
está avançando para os combustíveis renováveis?<br />
Como a legislação brasileira está acertando ou errando<br />
neste sentido?<br />
A legislação brasileira prevê importantes avanços<br />
para o setor de transportes e combustíveis, com a<br />
previsibilidade de incremento do uso de biodiesel para<br />
substituir gradualmente o diesel fóssil – desde 1° de<br />
setembro de <strong>2019</strong>, todo o diesel fóssil vendido no Brasil<br />
conta com 11% de biodiesel. A atual política de biocombustíveis<br />
foi construída a partir de necessidades latentes<br />
no cenário brasileiro: valorização dos produtos nacionais,<br />
diminuição do desemprego, fortalecimento da indústria,<br />
Ao substituir o diesel<br />
fóssil por biodiesel, que<br />
é um produto renovável<br />
e produzido no Brasil,<br />
reduzimos a dependência<br />
por combustível<br />
importado<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
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