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SCMedia News | Revista | Outubro 2019

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<strong>Outubro</strong>’19<br />

4,60€ Mensal<br />

4<br />

PROCUREMENT<br />

EFICIENTE<br />

NO CIRQUE DU<br />

SOLEIL<br />

EVOLUÇÃO: BOOK,<br />

E-BOOK, WOOK<br />

COMBATE AO<br />

DESPERDÍCIO<br />

NADA SE PERDE NA<br />

SUPPLY CHAIN<br />

Sugal Group<br />

Negócio concentra muita logística


dora.assis@supplychainmagazine.pt<br />

Dora Assis<br />

EDITORIAL<br />

(RE)LANÇAR OS DADOS<br />

«O que define o nosso carácter é o que fazemos quando ninguém está a ver»<br />

John Wooden<br />

Os debates eleitorais já lá vão, as campanhas e<br />

caravanas partidárias que espalharam promessas<br />

e beijos de Norte a Sul também e, da ida às urnas,<br />

já saiu novo Governo. É o maior de sempre: 20<br />

ministros e 50 secretários de Estado, mas nenhum<br />

é dos Transportes ou da Logística. E lá vamos nós<br />

para mais uma voltinha no carrossel!<br />

Em fim de campanha estão também os<br />

produtores de tomate, que é tempo dele. O<br />

Sugal Group é um dos maiores produtores de<br />

concentrado e polpa a nível global e o único que<br />

detém duas campanhas de tomate no mesmo<br />

ano. Uma capacidade instalada para processar<br />

2,4 milhões de toneladas de tomate fresco e um<br />

crescimento anual médio de 18% ao ano são<br />

alguns dos números deste negócio que, como vai<br />

ver, concentra muita logística.<br />

Da logística depende, e muito, o Dia das<br />

Compras na Net. A oitava edição foi agora em<br />

<strong>Outubro</strong> e já conta com a participação de mais de<br />

100 marcas. Fomos conhecer um pouco melhor<br />

a logística envolvida nesta iniciativa que agrega<br />

websites e lojas de comércio electrónico de<br />

marcas presentes em Portugal, como é o caso da<br />

Fnac, La Redoute, El Corte Inglés ou o Continente<br />

Online. Quando o tema é Ecommerce, recebermos<br />

aquilo que é esperado traz sempre conforto e<br />

segurança no que está para vir.<br />

Confiança no futuro é algo que não falta à Porto<br />

Editora, que acaba de investir seis milhões de<br />

euros na sua unidade gráfica e logística. O Zuslog,<br />

assim se chama o bloco logístico, tem agora<br />

capacidade para armazenar 21 mil europaletes, 70<br />

mil contentores e 12 milhões de livros, expedindo<br />

diariamente entre 12 e 15 mil volumes para<br />

distribuição. De parabéns está a aposta deste<br />

grupo editorial no online. Estávamos no virar do<br />

milénio quando a Porto Editora criou a primeira<br />

livraria virtual em Portugal. Este mês também<br />

falamos da Wook, que já completou 20 anos e tem<br />

sabido resistir, primeiro à bolha “dot.com” e agora<br />

à concorrência.<br />

Virar a página é o que se está a tentar fazer<br />

no mundo procurando combater o desperdício.<br />

Finalmente lá percebemos que os recursos<br />

naturais são finitos e que, na verdade, deitar fora<br />

é algo que simplesmente não existe. Abordamos o<br />

desperdício alimentar e o que está a ser feito para<br />

minimizar a situação, nomeadamente no retalho.<br />

Combatê-lo e minimizá-lo, nos seus diferentes<br />

níveis, passou a integrar a agenda de quem está<br />

na supply chain. Noutros termos? Na supply<br />

chain nada se perde e tudo se transforma. Nem<br />

Lavoisier diria melhor.<br />

Sim, finalmente, <strong>Outubro</strong> já se parece com o<br />

Outono e até as folhas das árvores fazem o que<br />

lhes compete nesta altura do ano e, não tarda<br />

muito, já se sente o Natal por aí.Trivial e assunto<br />

de somenos importância? Não, não é. Na logística,<br />

como todos sabemos, já começou há uns tempos<br />

e, quem sabe, para o mês que vem falamos sobre<br />

isso?


4<br />

OUTUBRO <strong>2019</strong><br />

#22 #28<br />

#46<br />

ÍNDICE<br />

FACTOS & NÚMEROS<br />

Produção automóvel cresce 78,2% 6<br />

LOGÍSTICA<br />

Sugal Group - Negócio concentra muita<br />

logística 8<br />

O potencial inexplorado da logística<br />

inversa 18<br />

Um incentivo ao e-commerce 22<br />

Empack and Transport&Logistics com<br />

balanço positivo 28<br />

Evolução: book, e-book, wook 30<br />

PROCUREMENT<br />

Procurement eficiente no Cirque du<br />

Soleil 36<br />

O que leva os clientes internos<br />

a confiarem no profissional de<br />

procurement? 42<br />

Olhar para o horizonte com uma visão<br />

futurista 46<br />

INTRALOGÍSTICA<br />

Porto Editora retoma produção na<br />

Maia 48


<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong> 5<br />

TECNOLOGIAS<br />

Combate ao desperdício: Nada se perde<br />

na supply chain 52<br />

2020 Third Party Logistics Study 58<br />

Um expoente de coexistência<br />

da loja física com o digital 59<br />

TRANSPORTE<br />

CARREIRA<br />

#48 #68<br />

“Não estamos de passagem, estamos<br />

para ficar” 64<br />

A busca por profissionais<br />

de logística 68<br />

O MUNDO É REDONDO<br />

Crítica do livro My Life in Leadership,<br />

Frances Hesselbein 74<br />

FICHA TÉCNICA<br />

Propriedade_<br />

SC Media Unipessoal, Lda.<br />

Al. Júlio Dinis, nº68 - São Francisco<br />

2890-307 Alcochete<br />

T: 210 499 074<br />

NPC_<br />

514707143<br />

Capital Social_<br />

100,00€<br />

Participações Sociais_<br />

Susana Silva<br />

Administração_<br />

Filipe Barros<br />

Sede, Administração e Redacção_<br />

Al. Júlio Dinis, nº68 - São Francisco<br />

2890-307 Alcochete<br />

T: 210 499 074<br />

Registo na ERC n.º _<br />

127322<br />

Depósito Legal n.º _<br />

458604/19<br />

Directora _<br />

Dora Assis<br />

Redacção_<br />

Ana Paiva, Fábio Santos<br />

Colaboraram_<br />

Cláudia Brito, Pedro Rocha<br />

Design e Fotografia_<br />

Alexandra Santos<br />

Projecto Gráfico_<br />

Maria João Carvalho<br />

Paginação_<br />

Alexandra Santos<br />

Circulação & Eventos_<br />

Inês Ferreira<br />

Direcção Comercial_<br />

Filipe Barros<br />

Sales & Marketing_<br />

Margarida Matildes<br />

Impressão_<br />

VASP DPS<br />

MLP – Quinta do Grajal,<br />

Venda Seca<br />

2739-511 Agualva Cacém<br />

Tiragem_<br />

3 mil exemplares<br />

Os artigos assinados apenas veiculam a posição dos<br />

seus autores.<br />

Interdita a reprodução de textos e imagens sem<br />

autorização expressa.


6 OUTUBRO <strong>2019</strong><br />

FACTOS<br />

& NÚMEROS<br />

PRODUÇÃO AUTOMÓVEL<br />

CRESCE 78,2 POR CENTO<br />

92,7% da Produção<br />

é exportada<br />

E<br />

m Agosto de <strong>2019</strong>, segundo a ACAP,<br />

foram produzidos em Portugal 13.711<br />

veículos automóveis o que representou<br />

um crescimento de 78,2 por cento face ao mês<br />

homólogo de 2018.<br />

Em termos acumulados, nos oito meses<br />

de <strong>2019</strong>, saíram das fábricas instaladas em<br />

Portugal 225.102 veículos. Ou seja, mais 18,8<br />

por cento do que em igual período do ano<br />

anterior.<br />

Produção automóvel em Portugal<br />

A informação estatística relativa ao ano<br />

de <strong>2019</strong> confirma a importância que as<br />

exportações representam para o sector<br />

automóvel já que 97 por cento dos veículos<br />

fabricados em Portugal têm como destino o<br />

mercado externo, o que, sublinhe-se, contribui<br />

de forma significativa para a balança comercial<br />

portuguesa.<br />

Fonte: ACAP<br />

Ligeiros de Passageiros<br />

Comerciais Ligeiros<br />

Veículos Pesados<br />

Total Produção Automóvel<br />

Agosto <strong>2019</strong> Janeiro - Agosto <strong>2019</strong><br />

Unidades Var. 19/18 Unidades Var. 19/18<br />

10.889 82,3% 183.974 20,8%<br />

2.683 76,0% 37.654 11,2%<br />

139 -29,4% 3.474 1,6%<br />

13.711 78,2% 225.102 18,8%<br />

MONTAGEM DE VEÍCULOS<br />

AUTOMÓVEIS PESADOS<br />

A Europa continua a ser o mercado líder<br />

nas exportações dos veículos fabricados em<br />

território nacional – com 97,5 por cento.<br />

Alemanha (24,2%)<br />

Em Agosto foram montados 119 veículos<br />

pesados (+7,2%) e, em termos acumulados,<br />

de Janeiro a Agosto, foram montados 2.262<br />

veículos (+110,6%). Destes, foram exportados<br />

92,7 por cento, tendo sido a América (87,5%) o<br />

seu principal destino. •<br />

França (15%)<br />

Itália (14,7%)<br />

Espanha (10,9%)


<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong> 7<br />

Terreno Industrial<br />

ZONA INDUSTRIAL DE LINHÓ (SINTRA)<br />

85.000 m 2<br />

• INDÚSTRIA<br />

• LOGÍSTICA<br />

• RETAIL<br />

Próximo:<br />

- Autodromo do Estoril<br />

- Zona Industrial da Beloura<br />

- Centro Logístico LIDL<br />

Contacto:<br />

terreno.landlog@gmail.com


8<br />

OUTUBRO <strong>2019</strong><br />

LOGÍSTICA<br />

Sugal Group processa<br />

2,4 milhões de<br />

toneladas de tomate<br />

NEGÓCIO CONCENTRA<br />

MUITA LOGÍSTICA<br />

Texto: Ana Paiva<br />

Fotos: Sugal<br />

Detentor de várias fábricas com diferentes capacidades e exportador para vários países,<br />

o Sugal Group tem a seu cargo a produção, a colheita e o processamento de tomate. São o<br />

único grupo global que detém duas campanhas de tomate no mesmo ano, pelo que a supply<br />

chain do grupo concentra muita logística… e muito tomate.


<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong> 9<br />

O<br />

tomate é um fruto sazonal, ou seja, a<br />

sua colheita é sempre feita na mesma<br />

altura: terminou agora, em Setembro, a<br />

campanha do tomate. Não, a sazonalidade<br />

não é um factor negativo para este tipo de<br />

negócio. O Sugal Group, um dos maiores<br />

produtores de concentrado e polpa de frutas<br />

a nível global, é o único que detém duas<br />

campanhas de tomate no mesmo ano. E esta<br />

é a chave para o grupo ter rentabilidade todo<br />

As fábricas da Azambuja e de Benavente<br />

têm capacidade instalada, as duas juntas, de<br />

12.000 toneladas de tomate fresco diariamente,<br />

produzindo o concentrado de tomate industrial,<br />

molho de pizza, tomate em pedaços e formatos<br />

para cadeias de Food Service. A unidade<br />

industrial de Benavente dispõe ainda de uma<br />

fábrica de retalho que inclui sete linhas de<br />

produção, desde embalagens de plástico para<br />

ketchups, molhos barbecues e pizza; vidro para<br />

A produção de retalho tem implementado o sistema<br />

de pull planning, utilizando diversas ferramentas<br />

lean, como caixas de nivelamento, caixa logística,<br />

ferramentas de gestão visual e daily kaizen, de forma<br />

a conseguir responder às mais altas exigências de<br />

mercado e manter elevados níveis de serviço, a par<br />

dĄeċ uơmőa rƄeċdĄuơçĀãùoŝ dĄoŝsƌ sƌtƙoŝcýkŅsƌ eċ dĄasƌ iİnœeċfiǟcýiİêĐnœcýiİasƌ dĄoŝ<br />

processo<br />

o ano através da produção e colheita de um<br />

fruto sazonal.<br />

Detêm duas fábricas em Portugal, na<br />

Azambuja e em Benavente, uma em Espanha,<br />

na Andaluzia, e duas no Chile, em Tilcoco e<br />

em Talca. Nestas geografias são realizadas<br />

duas campanhas de tomate. Em Portugal e<br />

em Espanha decorrem entre o início de Julho<br />

e o final de Setembro. Já no Chile ocorre entre<br />

Janeiro e início de Maio.<br />

Ricardo Ramos, director de supply chain do<br />

Sugal Group, refere que têm “uma capacidade<br />

instalada de 2,4 milhões de toneladas de<br />

tomate fresco processado, o que representa<br />

um crescimento anual médio de 18%/ano da<br />

capacidade instalada ao longo dos últimos 20<br />

anos e um investimento acumulado de cerca de<br />

250 milhões de euros”.<br />

polpas, passatas e molhos diversos de tomate;<br />

Tetra 200 ml, 500 ml e Recart, uma embalagem<br />

que permite aglomerar vários tipos de produto<br />

desde polpas, pedaços e tomate pelado (uma<br />

inovação a nível mundial deste tipo de produto<br />

numa embalagem mais sustentável); e ainda<br />

de uma linha de pouches focada nas cadeias de<br />

food service.<br />

Por sua vez, a fábrica de Espanha tem<br />

capacidade para processar 4.400 toneladas<br />

diariamente de tomate fresco e, as duas<br />

fábricas no Chile, 12.000 toneladas de tomate<br />

fresco por dia, a que acrescem 2.000 toneladas<br />

de frutas entre as quais maçã, pêra, pêssego,<br />

morango e ameixa.<br />

“Estas localizações são de excelência porque<br />

é onde o tomate cresce de forma natural e<br />

saudável”, indica Ricardo Ramos.


10<br />

OUTUBRO <strong>2019</strong><br />

Colheita,<br />

Transformação,<br />

Transporte,<br />

Exportação<br />

O Sugal Group tem duas áreas de<br />

negócio: uma b2b industrial, onde<br />

é feita a transformação do tomate<br />

como matéria-prima para as indústrias<br />

transformadoras clientes do grupo, e<br />

outra b2c, focada na parte de retalho<br />

em que os produtos chegam ao<br />

consumidor final.<br />

Na parte dos produtos de retalho,<br />

pode ser utilizado o tomate fresco<br />

colhido directamente do campo e<br />

embalado em menos de 24h num<br />

conceito de “colheita fresca” para a marca<br />

Guloso, ou pode ser utilizado o concentrado<br />

de tomate como matéria-prima. A unidade<br />

industrial de Benavente respeita o seguinte<br />

processo “a produção de retalho tem<br />

implementado o sistema de pull planning,<br />

utilizando diversas ferramentas lean, como<br />

caixas de nivelamento, caixa logística,<br />

ferramentas de gestão visual e daily kaizen,<br />

de forma a conseguir responder às mais altas<br />

exigências de mercado e manter elevados<br />

níveis de serviço, a par de uma redução dos<br />

stocks e das ineficiências do processo”, explica<br />

o director de supply chain.


<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong> 11<br />

Todo o processo envolve transporte inbound,<br />

desde os campos em que são colhidos os<br />

tomates até à fábrica, e outbound, desde a<br />

fábrica ou centro logístico até ao destino final.<br />

Em Portugal, apenas entre 30% a 40% dos<br />

transportes inbound de tomate são operados<br />

pela Sugal, sendo os restantes operados pelos<br />

próprios produtores. Os transportes outbound<br />

são externalizados.<br />

O mesmo não acontece em Espanha e no<br />

Chile, onde o Sugal Group controla todas<br />

as operações e os transportes inbound e<br />

outbound estão a seu cargo, o que permite<br />

“não só sinergias de transportes e de custos,<br />

como também um correcto nivelamento da<br />

entrada de tomate na fábrica”, indica Ricardo<br />

Ramos.<br />

A nível nacional recorrem ainda a dois<br />

armazéns à responsabilidade de outra empresa<br />

onde guardam produtos finais produzidos<br />

directamente em campanha no conceito de<br />

colheita fresca, ou seja, em regime sazonal.<br />

Já no Reino Unido, em França e na Polónia


12<br />

OUTUBRO <strong>2019</strong><br />

utilizam três plataformas logísticas externas, para facilitar as<br />

suas operações de distribuição mais próximas destes mercados.<br />

O transporte próprio de mercadoria em Portugal afirma-se<br />

como uma das principais metas que a empresa pretende atingir<br />

nos próximos anos, segundo o director de supply chain. 95%<br />

do que é produzido pela Sugal é exportado. O concentrado<br />

que parte das unidades industriais do grupo é comprado por<br />

grandes unidades industriais líderes do sector alimentar e que<br />

têm o tomate como um dos principais ingredientes<br />

dos seus produtos e, portanto, há a exigência de<br />

terem na sua cadeia de abastecimento parceiros<br />

que garantam a qualidade e nível<br />

de serviço e que adicionem valor<br />

à sua marca.<br />

A nível geográfico, o<br />

continente para o qual é<br />

exportado mais produto é para<br />

a Europa, seguido<br />

da América do Sul,<br />

Médio Oriente e Ásia,<br />

América do Norte e<br />

Central, África e Oceânia.<br />

O Sugal Group<br />

traça o objectivo<br />

de chegar ao final<br />

de <strong>2019</strong> a exportar<br />

para 70 países,<br />

prosseguindo<br />

a trajectória de<br />

crescimento da facturação (que em<br />

2018 ascendeu a mais de 285 milhões<br />

de euros).


<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong> 13<br />

“<br />

ALMEJAMOS, IGUALMENTE, MELHORAR<br />

A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E, PARA TAL,<br />

PROMOVEMOS A UTILIZAÇÃO DE ENERGIAS<br />

RENOVÁVEIS SEMPRE QUE POSSÍVEL E<br />

UTILIZAMOS GÁS NATURAL PARA AS CALDEIRAS<br />

HÁ MAIS DE UMA DÉCADA NA AZAMBUJA E,<br />

DESDE 2011, EM BENAVENTE, ESTANDO TAMBÉM<br />

IMPLEMENTADO UM PROJECTO DE CARBON FREE<br />

DESDE 2010<br />

”<br />

PUB


14<br />

OUTUBRO <strong>2019</strong><br />

Objectivos alcançados,<br />

mas insatisfação constante<br />

Num negócio como o da Sugal, que opera<br />

em três países diferentes, as tecnologias<br />

de informação podem mostrar-se úteis<br />

e vantajosas. Nas palavras de Ricardo<br />

Ramos contribuem “decisivamente para a<br />

automatização dos nossos fluxos, melhoria dos<br />

níveis de serviço, maior precisão na definição<br />

dos níveis de stock, redução dos gastos da<br />

cadeia de abastecimento, bem como para uma<br />

maior partilha de dados”.<br />

Além disso, permitem reforçar a relação<br />

com os parceiros mais directos na cadeia de<br />

abastecimento e ainda prevenir quebras de<br />

confidencialidade ou outro tipo de riscos de<br />

origem electrónica.<br />

Intercâmbio Electrónico de Dados (EDI),<br />

Identificação por Radiofrequência (RFID),<br />

ferramentas de suporte à decisão e módulos<br />

especializados em sistemas de informações<br />

integrados (ERP) são algumas das tecnologias<br />

implementadas/em implementação no Sugal<br />

Group.


<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong> 15<br />

Outra questão importante a que o grupo não<br />

se mostra indiferente é o meio ambiente e a<br />

sua preservação. E, uma vez que se trata da<br />

produção, colheita e tratamento de um produto<br />

agrícola há algo indispensável neste processo<br />

que se quer suficiente e não desperdiçado: a<br />

água, o solo e a energia.<br />

A cultura do tomate requer rega constante<br />

e, por isso, no campo é utilizado um sistema<br />

de irrigação gota-a-gota que permite reduzir<br />

40% do consumo de água em comparação<br />

com os métodos tradicionais. Por sua vez, na<br />

fábrica, o volume de água necessário é muito<br />

mais elevado. Assim, recorrem a um sistema de<br />

reciclagem de águas e ao tratamento de águas<br />

residuais na estação de tratamento (ETAR)<br />

visando conseguir assegurar uma produção<br />

sustentável.<br />

“Almejamos, igualmente, melhorar a<br />

eficiência energética e, para tal, promovemos<br />

a utilização de energias renováveis sempre<br />

que possível e utilizamos gás natural para as<br />

caldeiras há mais de uma década na Azambuja<br />

e, desde 2011, em Benavente, estamos também<br />

a implementar um projecto ‘carbon free’ desde<br />

2010”, refere o director de supply chain.


16<br />

OUTUBRO <strong>2019</strong><br />

Além destes, a empresa propõe-se ainda a<br />

outras metas sustentáveis, como é o caso da<br />

mobilidade eléctrica. Este ano já adquiriram a<br />

primeira viatura 100% eléctrica para a força de<br />

vendas comercial e estão a estudar alternativas<br />

ao transporte terrestre convencional a diesel,<br />

pelo recurso recorrente a transportes inbound<br />

e outbound, quer seja com viaturas a GNV ou<br />

comboio.<br />

Existe ainda um foco adicional, o da<br />

economia circular, em que procuram “potenciar<br />

em mais de 50% o reaproveitamento actual dos<br />

nossos bidões e bins, recolhendo-os dos nossos<br />

clientes por todo o mundo, aproveitando os<br />

retornos dos transportes marítimos e, mediante<br />

o restauro deste vasilhame que já hoje<br />

fazemos, reutilizá-los com a sua reintrodução<br />

no processo para a campanha do ano seguinte”,<br />

sublinha Ricardo Ramos.<br />

O Sugal Group tem a linha de objectivos bem<br />

definida, tendo conseguido concretizar alguns,<br />

mas não perdendo de vista os que ainda estão<br />

por alcançar.<br />

Um dos desafios que perfilam é “redefinir<br />

o mapa logístico actual e implementar novas<br />

abordagens ao mercado e formas de chegar<br />

ao destino final da maneira mais económica e<br />

sustentável possível”, indica Ricardo Ramos.<br />

Novos investimentos, novos negócios,<br />

novas geografias. São hipóteses<br />

que o director de supply chain não<br />

afasta, caracterizando o grupo como<br />

“permanentemente insatisfeitos”,<br />

reforçando a ideia de que se encontram<br />

bastante atentos<br />

ao mercado. •<br />

“<br />

ESTAS LOCALIZAÇÕES SÃO<br />

DE EXCELÊNCIA PORQUE<br />

É ONDE O TOMATE CRESCE<br />

DE FORMA NATURAL E<br />

SAUDÁVEL<br />


<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong> 17<br />

Revolução<br />

VERDE<br />

SAVE THE DATE<br />

21 DE NOVEMBRO<br />

UNIVERSIDADE DE AVEIRO<br />

www.supplychainmagazine.pt/automotiveportugal<br />

Inscreva-se já!<br />

Organização


18<br />

OUTUBRO <strong>2019</strong><br />

LOGÍSTICA<br />

O papel da<br />

logística inversa<br />

O POTENCIAL<br />

INEXPLORADO DA<br />

LOGÍSTICA INVERSA<br />

Texto: Jim Dempsey, Director Panasonic<br />

Fonte: Supply Chain Brain<br />

Com o crescimento do comércio electrónico, algumas empresas devem adoptar estratégias<br />

qƃuơeċ lňhīeċsƌ eċxǃiİjłamő pƁoŝuơcýoŝsƌ cýuơsƌtƙoŝsƌ, mőaiİoŝrƄ eċfiǟcýiİêĐnœcýiİa eċ aiİnœdĄa uơmőa büoŝa rƄeċlňaçĀãùoŝ cýoŝmő oŝ cýlňiİeċnœtƙeċ.<br />

Como? Através da logística inversa. Ainda não encarada como uma oportunidade, mas sim<br />

como uma despesa para muitas empresas do sector, o seu papel mostra as vantagens que<br />

pode trazer ao seu negócio.


<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong> 19<br />

A<br />

logística inversa não é algo novo para<br />

os produtores e retalhistas. Ao longo de<br />

várias décadas que as empresas gerem o<br />

fluxo de mercadorias e materiais devolvidos,<br />

mas este processo tem sido negligenciado a<br />

favor do atendimento de pedidos e da logística<br />

directa.<br />

Para um mercado projectado para atingir,<br />

até 2025, 603,9 mil milhões de dólares, a<br />

logística inversa, quando optimizada, pode não<br />

só incrementar a satisfação do cliente, mas<br />

também o retorno do investimento. No entanto,<br />

embora 75% dos retalhistas a identifiquem<br />

como uma parte importante da cadeia de<br />

abastecimento, apenas 3% a consideram como<br />

uma área essencial de investimento.<br />

Por que razão estão os produtores a largar<br />

tanto dinheiro ‘em cima da mesa’, colocando a<br />

logística inversa em segundo plano? O facto<br />

de ser um processo dispendioso e não rentável<br />

ou, como muitos vêem, mercadorias devolvidas<br />

como resíduos, é um equívoco comum<br />

Porém, quando este processo é simplificado<br />

e optimizado, as empresas podem recuperar<br />

o valor das suas mercadorias devolvidas, quer<br />

estejam danificadas ou não.<br />

Ao reunir o feedback dos clientes sobre<br />

o motivo da devolução, avaliar o valor das<br />

mesmas através da recolha móvel de dados,<br />

partilhar informações no armazém e simplificar<br />

o planeamento do espaço, os fabricantes podem<br />

optimizar o processo de logística inversa e<br />

transformar numa oportunidade lucrativa, o que<br />

antes era considerado um fardo.<br />

DE FORMA A OPTIMIZAR O PROCESSO DE AVALIAÇÃO, OS FUNCIONÁRIOS<br />

PODEM UTILIZAR DISPOSITIVOS MÓVEIS, INCLUINDO SCANNERS DE<br />

CÓDIGOS DE BARRAS, CLASSIFICAÇÃO VISUAL E COMPUTADORES MÓVEIS,<br />

PARA FACILITAR A RECOLHA E PARTILHA DE DADOS EM TEMPO REAL.


20<br />

OUTUBRO <strong>2019</strong><br />

A LOGÍSTICA INVERSA<br />

ENTRA EM ACÇÃO<br />

Assim que um cliente decide devolver uma<br />

compra, é accionado o processo da logística<br />

inversa. À medida que o produto dá entrada<br />

num centro de devolução centralizado, os<br />

funcionários podem preparar as avaliações<br />

inicias com uma triagem local. É importante<br />

perceber se o produto está estragado, se<br />

precisa de reparação ou se não tem alternativa<br />

senão ser mandado fora, ao rastrear as<br />

informações da recolha, entrega e código de<br />

barras, pois fornece transparência em todo o<br />

processo pela cadeia de abastecimento inversa.<br />

Além disso, ajuda ainda a dirigir o produto para<br />

o canal de retorno mais adequado, com mais<br />

eficiência.<br />

Através de todo este procedimento, os<br />

produtores podem tomar decisões mais<br />

rapidamente. De forma a optimizar o processo<br />

de avaliação, os funcionários podem utilizar<br />

dispositivos móveis, incluindo scanners de<br />

códigos de barras, classificação visual e<br />

computadores móveis, para facilitar a recolha e<br />

partilha de dados em tempo real.<br />

É IMPORTANTE QUE OS GERENTES<br />

DE ARMAZÉM SAIBAM QUANTOS<br />

PRODUTOS SERÃO REVENDIDOS,<br />

RECICLADOS, REPARADOS OU<br />

DESCARTADOS, DE FORMA A PEDIR<br />

NOVOS PRODUTOS PARA COLOCAR<br />

EM STOCK NO ARMAZÉM,<br />

ELIMINANDO O DESPERDÍCIO DE<br />

TEMPO E DESPESAS.<br />

Com todas as informações registadas e<br />

digitalizadas, os clientes ficam a saber que a<br />

sua devolução está prontamente disponível.<br />

Conseguem não só rastrear o produto<br />

desde o momento em que está em trânsito<br />

até à recepção do mesmo, mas também têm<br />

visibilidade total caso haja algum problema.<br />

Os scanners de códigos de barras podem<br />

proteger clientes, retalhistas e fabricantes<br />

através do rastreamento individual de cada<br />

produto durante todo o processo de devolução,<br />

garantindo que acabam no destino correcto.<br />

Por último, todos os dados recolhidos sobre<br />

um produto devolvido podem ser utilizados<br />

para determinar a melhor forma de recuperar o<br />

seu valor. Ao chegarem ao centro de devolução<br />

centralizado, os produtos são classificados e<br />

transferidos para serem reciclados, reparados<br />

ou descartados. Factores como os dados do<br />

inventário e a comunicação em tempo real<br />

são essenciais para garantir que o processo de<br />

classificação funcione sem constrangimentos,<br />

e que os produtos sejam direccionados<br />

rapidamente pelo processo de devolução.<br />

Nesta fase, é necessário realizar um inventário<br />

dos produtos devolvidos e acompanhar a<br />

localização, o status e o destino de cada<br />

componente individual, a fim de avançar com o<br />

processo logístico.


<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong> 21<br />

Instalar alertas de fluxo de trabalho é outra<br />

maneira de manter os funcionários actualizados<br />

à medida que os produtos passam pelas várias<br />

fases da cadeia de abastecimento inversa.<br />

Estes alertas são enviados directamente para<br />

os dispositivos móveis dos trabalhadores e<br />

fornecem notificações, em tempo real, sobre<br />

os produtos que já se encontram no armazém.<br />

Desta forma, podem controlar e gerir melhor<br />

cada devolução individual e garantir que cada<br />

produto é tratado adequadamente. Ao manter<br />

o volume necessário de dados individuais sobre<br />

os itens devolvidos, as empresas asseguram a<br />

transparência do inventário.<br />

A transmissão de dados em toda a cadeia de<br />

abastecimento inversa mantém os funcionários<br />

informados e permite que se preparem para o<br />

stock recebido. É importante que os gerentes<br />

de armazém saibam quantos produtos<br />

serão revendidos, reciclados, reparados ou<br />

descartados, de forma a pedir novos produtos<br />

para colocar em stock no armazém, eliminando<br />

o desperdício de tempo e despesas.<br />

Com a ascensão do comércio electrónico, que<br />

aumenta a pressão das devoluções, os produtos<br />

que se encontram na cadeia de abastecimento<br />

tendem a passar mais tempo nos canais de<br />

‘trás’ do que nos da ‘frente’, o que resulta num<br />

incremento dos custos de stock, transporte e<br />

armazenamento, e uma redução do lucro.<br />

À medida que este mercado continua a<br />

crescer, as empresas devem mostrar a sua<br />

posição: ou estão de acordo, ou arriscamse<br />

a ser sobrecarregadas pelo volume de<br />

devoluções. Ao implementar ferramentas<br />

e processos como recolha móvel de dados,<br />

análise predictiva, partilha de dados e<br />

planeamento do espaço, os produtores e<br />

retalhistas podem aproveitar ao máximo os<br />

seus retornos, aumentar a satisfação do cliente<br />

e ainda ver retorno no investimento aplicado. •


22<br />

OUTUBRO <strong>2019</strong><br />

UM INCENTIVO<br />

AO E-COMMERCE<br />

LOGÍSTICA<br />

Mais de 100 marcas<br />

participam no Dia das<br />

Compras na Net<br />

Actualmente, a maior parte dos<br />

consumidores procuram ter uma experiência<br />

positiva quando decidem comprar online. De<br />

forma a promover o comércio electrónico,<br />

a ACEPI leva a cabo, anualmente, uma<br />

iniciativa para incentivar os clientes<br />

a comprar online em várias lojas, que<br />

disponibilizam promoções e descontos. Para<br />

isto, há uma grande logística envolvida,<br />

nomeadamente na coordenação dos lojistas<br />

para conseguirem dar resposta a todos os<br />

pedidos.<br />

Texto: Ana Paiva


<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong> 23<br />

G<br />

osta de fazer compras?<br />

E se lhe dissermos<br />

que, durante 24 horas,<br />

poderá fazer compras nas<br />

suas lojas favoritas, com<br />

preços acessíveis, sem sair<br />

de casa? Sim, é mesmo isso.<br />

A Associação de Economia<br />

Digital (ACEPI) organiza,<br />

anualmente, o Dia das Compras na Net (DCN),<br />

uma iniciativa que agrega websites e lojas de<br />

comércio electrónico pertencentes a marcas<br />

presentes em Portugal, que disponibilizam<br />

produtos com promoções e descontos.<br />

A oitava edição acontece no<br />

dia 25 de <strong>Outubro</strong> e já conta<br />

com a participação de mais de<br />

100 marcas.<br />

70%<br />

OF F<br />

comércio electrónico e<br />

das melhores práticas<br />

realizadas neste<br />

contexto.<br />

Agora em termos<br />

práticos: como é que<br />

tudo isto funciona,<br />

logisticamente falando?<br />

Paula Alves, directora<br />

de e-commerce da FNAC Portugal e Tiago<br />

Figueirôa da FNAC Portugal explicam todo o<br />

processo desde o momento em que é registada<br />

a encomenda até à entrega final.<br />

No caso da FNAC existem, pois, três cenários<br />

possíveis.<br />

O vice-presidente da ACEPI, Manuel Paula,<br />

explica que o objectivo é “promover o comércio<br />

electrónico, estimular a economia digital<br />

no nosso país e ampliar a experiência dos<br />

internautas, demonstrando as potencialidades<br />

da Internet que neste dia efectuaram um amplo<br />

conjunto de promoções dos mais variados<br />

produtos”.<br />

Aos lojistas, cabe a tarefa de entregar boas<br />

oportunidades de compra aos consumidores<br />

que optam por esta via.<br />

Manuel Paula faz um balanço positivo sobre<br />

as várias edições do evento “temos assistido a<br />

um número crescente de sites a participar, e a<br />

cada ano o nível de satisfação tem sido maior”.<br />

Acrescenta ainda que o DCN tem vindo a<br />

ganhar relevo junto dos lojistas e consumidores,<br />

o que se re lecte no objectivo de criar uma<br />

acção nacional de dinamização do


24<br />

OUTUBRO <strong>2019</strong><br />

1º CENÁRIO<br />

Quando se trata de um artigo em stock<br />

central, “a equipa logística da internet processa<br />

a encomenda e entrega-a ao transportador<br />

que a pode entregar num ponto de recolha,<br />

numa morada que o cliente tenha fornecido<br />

ou numa das nossas 30 lojas, que é o método<br />

mais popular junto dos clientes da FNAC”. É de<br />

salientar que as encomendas são entregues<br />

no dia útil seguinte, à excepção das lojas em<br />

Saldanha e Amoreiras, em Lisboa, que são<br />

entregues no próprio dia.<br />

É de referir que, não só durante o evento, mas<br />

também ao longo do ano, existe uma pessoa<br />

responsável pela logística dos canais digitais<br />

que tem o dever de fazer cumprir as datas de<br />

entrega ao cliente.<br />

2º CENÁRIO<br />

Caso o cliente encomende um artigo que se<br />

encontra na loja onde o pretende recolher, a<br />

equipa encarregue da logística da loja apenas<br />

prepara a encomenda e, no período de uma<br />

hora, o cliente recebe uma mensagem de texto<br />

a informar que já poderá levantá-la.<br />

3º CENÁRIO<br />

Por último, se o produto encomendado<br />

estiver disponível junto dos parceiros de<br />

marketplace da FNAC, serão estes a preparar a<br />

encomenda e a entregá-la na morada indicada<br />

pelo cliente.<br />

A importância da gestão do stock<br />

Para conseguir corresponder a uma iniciativa<br />

deste género, as lojas devem organizar-se<br />

internamente de forma a dar resposta a todos<br />

os pedidos dos clientes e, para isso, é preciso<br />

ter atenção ao stock.


<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong> 25<br />

“Na repartição de stock pelos diferentes<br />

pontos logísticos temos sempre em atenção<br />

a procura de cada um dos locais/canais de<br />

forma a melhor satisfazer os nossos clientes,<br />

minimizando rupturas”, referem Paula Alves<br />

e Tiago Figueiroa. Ainda assim, garantem<br />

que, em qualquer das lojas FNAC, mesmo<br />

que o artigo não se encontre em stock, é<br />

possível encomendar a partir do stock central,<br />

tipicamente para uma entrega no dia seguinte.<br />

Este tema, na perspectiva de Manuel Paula,<br />

director de marketing do El Corte Inglés, outra<br />

das marcas que se juntou ao evento, é encarado<br />

como um desafio, uma vez que as vendas têm<br />

vindo a crescer significativamente. Explica que<br />

a previsão de venda é constantemente afinada,<br />

o que acaba por influenciar a compra que fazem<br />

para dar resposta à necessidade dos clientes.<br />

“<br />

TEMOS ASSISTIDO A UM<br />

NÚMERO CRESCENTE DE SITES<br />

A PARTICIPAR, E CADA ANO<br />

O NÍVEL DE SATISFAÇÃO TEM<br />

SIDO MAIOR<br />

”<br />

No que diz respeito às encomendas, estas<br />

são acompanhadas por um sistema interno que<br />

assegura que as entregas correm dentro dos<br />

níveis de serviço estipulados e “se algo correr<br />

mal, facilmente conseguimos agir e informar o<br />

cliente para que seja encontrada uma solução”,<br />

refere Manuel Paula.<br />

Para o Continente Online e para a La<br />

Redoute, a mecânica desta operação não é<br />

estranha, uma vez que o comércio online é a<br />

base do negócio.<br />

No caso do Continente, existe uma equipa<br />

dedicada à gestão de encomenda do canal,<br />

durante todo o ano, que se encontra integrada<br />

com as restantes equipas da marca, de forma<br />

a conseguir corresponder, de melhor forma, às<br />

necessidades dos clientes.


26<br />

OUTUBRO <strong>2019</strong><br />

A marca detém ainda ferramentas baseadas<br />

em conhecimento de informação real e<br />

predictiva que servem para suportar os<br />

processos relacionados com o stock dos<br />

produtos.<br />

Relativamente às entregas, estas podem ser<br />

realizadas no próprio dia. Com o objectivo de<br />

reforçar “a proposta de valor de conveniência<br />

aos nossos clientes temos também actualmente<br />

um conjunto de parcerias para entregas de uma<br />

gama adaptada de produtos até 40 minutos”,<br />

afirma Pedro Santos, director de e-commerce<br />

Sonae MC. Refere ainda que têm assistido ao<br />

crescimento do levantamento de encomendas<br />

nas lojas, embora, dependendo de factores<br />

como o tipo de produto ou geografia, podendo<br />

ser também realizada a entrega ao cliente<br />

através de serviços dedicados ou das redes que<br />

têm vindo a desenvolver com parceiros.<br />

A La Redoute não regista diferença nos<br />

processos que existem para o DCN ou para<br />

qualquer outro dia. Assim, Paulo Mateus Pinto,<br />

CEO da La Redoute Portugal, explica que “as<br />

encomendas realizadas nesse dia seguem o<br />

fluxo habitual das encomendas. Não temos<br />

nenhuma acção específica para esta operação”.<br />

Existe uma pessoa no departamento<br />

de marketing que, neste caso, segue mais<br />

atentamente esta operação, mas a gestão<br />

é semelhante a todas as outras que são<br />

realizadas na La Redoute, acrescenta Paulo<br />

Mateus Pinto.<br />

A conclusão de todas estas marcas é<br />

que o Dia das Compras na Net é uma boa<br />

oportunidade para promover a importância<br />

deste canal, que é o comércio electrónico, para<br />

fazer compras, bem como para atrair os clientes<br />

aos respectivos sites das marcas. •


FORMAÇÃO EM<br />

DEMAND DRIVEN MRP<br />

<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong> 27<br />

_fundamentação<br />

Como conseguir 100% de nível de serviço reduzindo os inventários<br />

Nos tempos atuais é importante questionar-se de forma crítica certos aspetos chave do<br />

negócio, tais como o inventário, ao mesmo tempo que programamos estratégias efetivas<br />

para diminuir os seus custos. Mas... como se pode reduzir o investimento no inventário?<br />

E como podemos diminuir os inventários encurtando os prazos de entrega e melhorando<br />

o nível de serviço?<br />

Data_<br />

07 de Novembro de <strong>2019</strong><br />

Horário_<br />

09H30- 17H00<br />

Ao longo deste curso será apresentada uma solução inovadora na gestão de materiais,<br />

que tem permitido alcançar resultados extraordinários, num mundo cada vez mais<br />

complexo e variável, e no qual de nada serve supor que o futuro será uma mera projeção<br />

do passado.<br />

As previsões de venda não poderão nunca ser o input da nossa planificação de materiais.<br />

Devemos procurar uma alternativa muito mais realista. As empresas de todo o mundo e<br />

de diferentes setores, pioneiras na implantação destas regras, têm conseguido:<br />

* Reduzir drasticamente os níveis de stock;<br />

* Aumentar o nível de serviço até 100%;<br />

* Reduzir os custos associados às urgências.<br />

Esta solução chama-se Demand Driven MRP!<br />

Formador_<br />

Manuel A. Castro Hermida_<br />

Master em Logística, pelo Centro Espanhol de Logística. Licenciado pela<br />

Universidade de Vigo em Engenharia Superior Industrial (Organização<br />

Industrial). Programa de Alta Direcção na Escola de Negócios Caixanova.<br />

Formado na Teoria das limitações T.O.C. pelo Avraham Goldratt<br />

Institute Academy (New Haven, USA). Certified Demand Driven Planner<br />

pelo Demand Driven Institute. A sua carreira profissional desenvolveuse<br />

nos Estados Unidos e Espanha, onde liderou implementações de<br />

processos de melhoria continua nas áreas de engenharia, produção<br />

e distribuição, em empresas de setores muito diferentes: têxtil,<br />

automação, aeronáutica, naval, microeletrónica, plásticos, construção<br />

e muitos outros. Alguns dos seus clientes são: TUBACEX, TELEVÉS,<br />

ITP, UNIPAPEL, IBERIA, ESCURÍS, GRUPO ISOLUX, CASER, TECNOBIT,<br />

CIE AUTOMOTIVE, FUCHOSA, OHL, IZAR, ULMA, JAE, EMESA, ACTION<br />

PARK, POMAR, AMPER PROGRAMAS, INDRA SISTEMAS, ISOLUX, URS-<br />

SA, FAGOR AUTOMATION, BLUSENS.<br />

Na atualidade é sócio diretor da Constraints Management Group,<br />

professor do Colégio de Direção do Instituto de Empresa em Madrid e<br />

docente colaborador de diferentes escolas de negócios.<br />

Local_<br />

Tryp Porto Expo Hotel<br />

Valor.de.inscrição_<br />

425€ + IVA<br />

O valor de inscrição inclui<br />

documentação da Acção de<br />

Breaks.<br />

A inscrição só é considerada<br />

após pagamento.<br />

Inscrições_<br />

210 499 074<br />

Organizado por:<br />

Testemunhos.de.edições.anteriores_<br />

“Em relação à formação tenho a informar que é de grande interesse Operacional, e o<br />

formador é fantástico!”<br />

“Foi uma apresentação bem conseguida feita por um formador animado e bem<br />

preparado quanto ao tema e conseguiu criar expectativas elevadas quanto ao futuro<br />

do cálculo de necessidades.”<br />

Em parceria com:


28<br />

OUTUBRO <strong>2019</strong><br />

LOGÍSTICA<br />

Empack and<br />

Transport & Logistics<br />

com balanço positivo<br />

A Empack and Transport & Logistics Porto<br />

contou com milhares de visitantes. Durante dois<br />

dias passaram pela Exponor as mais recentes<br />

iİnœoŝvƽaçĀõżeċsƌ dĄeċsƌtƙiİnœadĄasƌ aoŝsƌ pƁrƄoŝfiǟsƌsƌiİoŝnœaiİsƌ dĄasƌ árƄeċasƌ dĄa<br />

embalagem, armazenagem, manutenção e logística.<br />

O balanço da 5.ª edição do evento “é muito positivo<br />

e para o próximo ano há já 47 empresas inscritas”,<br />

segundo Raquel Carboneras, directora da feira.


<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong><br />

29<br />

Mais de 130 empresas estiveram<br />

representadas naquela que é a maior<br />

feira ibérica de embalagem e logística,<br />

que decorreu na Exponor, nos dias 18 e 19 de<br />

Setembro. Os visitantes tiveram contacto com<br />

novos produtos e conheceram soluções que<br />

poderão acrescentar valor ao seu negócio.<br />

“TIVEMOS MAIS DE 3.000 VISITANTES<br />

PROFISSIONAIS NA FEIRA E OS NOSSOS<br />

EXPOSITORES COMENTARAM CONNOSCO<br />

QUE A QUALIDADE DOS VISITANTES FOI<br />

MUITO ALTA, OU SEJA, EM VEZ DE ESTAREM<br />

PRESENTES APENAS OS COMERCIAIS,<br />

CONTÁMOS COM A PRESENÇA DE CARGOS<br />

ALTOS DAS EMPRESAS VISITANTES”,<br />

SALIENTA RAQUEL CARBONERAS.<br />

Ao longo destas cincos edições, a<br />

Empack&Logistics Porto tornou-se num evento<br />

de referência para o sector de embalagem<br />

e logística em Portugal. “Iniciámos este<br />

projecto porque vimos uma lacuna de mercado<br />

português e queríamos lançar uma feira capaz<br />

de se tornar tão bem sucedida como a de<br />

Madrid”. E, na verdade, na primeira edição, 75%<br />

dos expositores eram espanhóis e hoje 75% são<br />

portugueses, ou seja, a feira conquistou o seu<br />

espaço no mercado português.<br />

€<br />

Economia circular e nova<br />

regulamentação<br />

No centro da discussão da 5.ª edição da<br />

feira esteve a economia circular e os novos<br />

regulamentos para as embalagens de uso único.<br />

Raquel Carboneras lembra que “os visitantes<br />

procuram respostas para os seus desafios, como<br />

a sustentabilidade, os mercados orientados<br />

para o consumidor, a eficiência, processos<br />

mais rápidos, etc. A feira deu respostas a<br />

estes desafios graças à grande variedade de<br />

produtos apresentados e ao programa de<br />

conferências, com intervenções da área do<br />

retalho, embalagens, indústria de alimentos,<br />

e-commerce, que explicaram os seus casos de<br />

estudos”.<br />

Questionada sobre a periodicidade da feira,<br />

Raquel Carboneras explica que “as indústrias<br />

da embalagem e da logística são muito rápidas<br />

e estão em constante evolução. Logo, os<br />

profissionais do sector precisam de encontrar<br />

respostas e a Empack&Logistics Porto é o<br />

encontro anual que permite aos players da área<br />

estarem perante soluções inovadoras para os<br />

seus negócios”.


30<br />

OUTUBRO <strong>2019</strong><br />

LOGÍSTICA<br />

E-Commerce<br />

para livros<br />

EVOLUÇÃO:<br />

BOOK,<br />

E-BOOK,<br />

WOOK<br />

Texto: Fábio Santos<br />

Pioneira na venda de livros online em Portugal, a Wook percorreu um longo caminho até<br />

aos dias de hoje. 20 anos depois, tem mais de 9 milhões de referências, chega a mais de 100<br />

países por todo o mundo, em diversos idiomas, e tem exclusividades como edições de autor ou<br />

centenas de milhares de livros em stock, muitos dos quais já nem se encontram em circulação.


<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong> 31<br />

Na altura em que a Wook foi criada, em<br />

1999, ainda não se falava muito em<br />

e-commerce, só alguns anos depois<br />

se viria a utilizar a internet para estes fins.<br />

“Era o tempo do ROBO (Research Online,<br />

Buy Offline)”, explica Rui Aragão, director de<br />

e-commerce da Wook, as pessoas ainda não<br />

confiavam totalmente nas compras online, e<br />

usavam a internet apenas para consulta prévia<br />

antes de visitar a loja física.<br />

”<br />

INVESTIMOS<br />

OBSTINADAMENTE<br />

EM SERVIR BEM E<br />

EM PROPORCIONAR<br />

CONTINUAMENTE UMA<br />

OFERTA EXAUSTIVA,<br />

E MUITAS VEZES<br />

EXCLUSIVA, DE TODA A<br />

EDIÇÃO PRODUZIDA EM<br />

PORTUGUÊS, INGLÊS,<br />

ESPANHOL E FRANCÊS<br />

”<br />

Foi um longo percurso de duas décadas<br />

no mercado nacional e internacional, apenas<br />

com o passar dos anos os clientes foram<br />

confiando mais no digital, e as encomendas<br />

começaram a chegar gradualmente até<br />

aos dias de hoje. Rui Aragão não transfere<br />

o mérito de se tornarem uma referência<br />

nacional no mercado do livro para o facto de<br />

serem pioneiros neste modelo em Portugal,<br />

mas sim que tudo se deveu à estratégia da<br />

qualidade da Wook.<br />

“De um negócio praticamente<br />

inexistente passámos por um período<br />

de transição, de muitos anos, onde<br />

lojas on-line eram usadas para auxiliar<br />

o processo de decisão de compra,<br />

mas a compra era concretizada nos<br />

canais físicos habituais, onde os<br />

clientes encontravam a confiança<br />

necessária para uma compra ‘segura’<br />

“, conta o director. Era um modelo<br />

que complementava um ao outro: a<br />

internet providenciava a visibilidade,<br />

enquanto a loja fornecia o produto…<br />

a logística era mais fácil.


32<br />

OUTUBRO <strong>2019</strong><br />

LIVROS DE LOGÍSTICA E<br />

LOGÍSTICA DOS LIVROS<br />

Hoje a logística passa por muito mais do<br />

que a consulta online e pedidos ocasionais:<br />

o modelo tomou posse dos clientes. A este<br />

novo formato juntam-se diversas dificuldades<br />

logísticas, e Rui Aragão destaca especialmente<br />

a exportação para mercados internacionais<br />

extra-comunitários, que envolvem maiores<br />

burocracias alfandegárias e comprometem<br />

o SLA (sigla inglesa para Acordo de Nível de<br />

Serviço) de acordo com os parâmetros de<br />

exigência da Wook.<br />

O responsável também aponta como<br />

dificuldade a capacidade de entrega dos<br />

diversos operadores logísticos em alturas de<br />

pico, como por exemplo o regresso às aulas,<br />

Black Friday e Natal, “onde a pressão de todos<br />

os sellers nacionais e internacionais abafam<br />

a capacidade de last-mile dos serviços de<br />

entrega, com um impacto muito negativo para<br />

a qualidade da nossa operação”.<br />

FÍSICO VS DIGITAL<br />

Não só a compra online e o modelo de<br />

negócio evoluíram exponencialmente,<br />

mas também o próprio produto teve de ser<br />

repensado ao longo do tempo. O cliente<br />

do século XXI habituou-se ao imediato, e<br />

foi necessário procurar uma forma de lhe<br />

podermos entregar um livro o quanto antes, o<br />

que foi muito facilitado devido ao digital e a<br />

ascensão dos e-books.<br />

Os livros digitais são um modelo que<br />

consegue cortar em grande parte os custos<br />

logísticos associados aos livros, desde custos<br />

de produção (impressão, papel e tintas),<br />

embalamento, entrega, cuidados a ter com<br />

o material e claro, tendo a vantagem do<br />

comodismo para o cliente, que para além de<br />

receber o livro no acto da compra, também<br />

pode aceder ao mesmo em qualquer lugar.<br />

RUI ARAGÃO [Director de E-Commerce da Wook]


<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong> 33


34<br />

OUTUBRO <strong>2019</strong><br />

“O e-book cumpre”, defende, “com esse<br />

formato conseguimos disponibilizar, em<br />

segundos, um livro em qualquer lugar do<br />

mundo”. Conta que este modelo ainda não é<br />

muito utilizado em Portugal, mas que existem<br />

muitos portugueses pelo mundo a optar pelos<br />

livros virtuais.<br />

“<br />

A WOOK DISPONIBILIZA A<br />

MAIOR BASE DE DADOS DE<br />

LIVROS PORTUGUESES NESTE<br />

FORMATO<br />

”<br />

Rui Aragão conta que a penetração da leitura<br />

virtual em Portugal está a ser mais lenta que<br />

na maior parte dos países europeus. Segundo<br />

revela, as vendas dos e-books ainda não são<br />

significativas em Portugal, comparativamente<br />

com os mercados internacionais,<br />

exemplificando com o caso dos EUA, onde<br />

houve uma adesão violenta ao digital por<br />

parte dos retalhistas. “Livros a pouco mais<br />

de um euro foi um percurso que os editores<br />

portugueses não conseguiram fazer”, explica.<br />

“A decisão do governo português em<br />

classificar o e-book como artigo de software<br />

(com IVA de 23%) também ditou que o esforço<br />

dos editores para baixar o preço deste formato<br />

do livro fosse consumido pelo imposto”,<br />

critica, mas recentemente essa questão foi<br />

alterada para todo o espaço europeu, o que<br />

poderá contribuir para um ressurgimento deste<br />

mercado.<br />

O “FENÓMENO CLIMATÉRICO<br />

EXTREMO”<br />

Em Março de 2018 as unidades de produção<br />

da Porto Editora sofreram um acidente<br />

climatérico extremo que levou a uma paragem<br />

de produção temporária. Indirectamente,<br />

também a empresa do grupo foi afectada<br />

pela quebra de produção, levando a uma<br />

inactividade forçada do projecto por algumas<br />

semanas. Embora tivessem tido a possibilidade<br />

de cancelar as suas encomendas, os clientes<br />

mostraram-se fiéis e permaneceram aliados à<br />

marca, o que mostrou a confiança depositada<br />

na Wook.<br />

“Com a resiliência que é apanágio do grupo<br />

Porto Editora e a nossa capacidade inventiva<br />

conseguimos implementar, em tempo record,<br />

um plano de contingência para a produção<br />

e para a logística que nos permitiu ter um<br />

abastecimento escolar quase ‘normal’ ”, explica<br />

o director de e-commerce.<br />

“Hoje, um ano e meio depois deste infortúnio,<br />

estamos plenamente operacionais com<br />

instalações totalmente renovadas e mesmo<br />

requalificadas onde mantemos uma operação<br />

24 sobre 7”, conta o responsável.


<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong> 35<br />

Para uma plataforma online se manter<br />

operacional e pronta a responder ao mercado<br />

é necessário investir em tecnologia. Rui<br />

Aragão conclui explicando que não investir<br />

em melhorias não é uma opção nos dias de<br />

hoje: “mesmo tendo dimensionado as nossas<br />

soluções com um horizonte de crescimento<br />

ambicioso, não há praticamente ano em que<br />

não se façam investimentos em novas soluções<br />

técnicas ou estruturais a fim de permitir<br />

continuar a dar resposta efectiva às crescentes<br />

exigências de mercado”. •<br />

“<br />

OS LIVROS DIGITAIS SÃO UM<br />

MODELO QUE CONSEGUE<br />

CORTAR EM GRANDE PARTE<br />

OS CUSTOS LOGÍSTICOS<br />

ASSOCIADOS AOS LIVROS<br />


36<br />

OUTUBRO <strong>2019</strong><br />

PROCUREMENT<br />

Inovação<br />

e sustentabilidade<br />

TRANSFORMAÇÃO DIGITAL<br />

NO CIRQUE DU SOLEIL


<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong> 37<br />

O CiİrƄqƃuơeċ dĄuơ Soŝlňeċiİlň éČ uơmő eċsƌpƁeċcýtƙácýtƙuơlňoŝ qƃuơeċ eċnœgĤlňoŝbüa pƁeċrƄfģoŝrƄmőanœcýeċsƌ iİnœoŝvƽadĄoŝrƄasƌ, fiǟgĤuơrƄiİnœoŝsƌ<br />

exuberantes e música ao vivo. Por se destacar pela diferença, é necessário um grande<br />

esforço por parte da equipa de procurement, que é responsável por grande parte das<br />

funções dentro do circo. Actualmente procuram tornar as práticas de procurement mais<br />

iİnœoŝvƽadĄoŝrƄasƌ, eċfiǟcýiİeċnœtƙeċsƌ eċ sƌuơsƌtƙeċnœtƙávƽeċiİsƌ.<br />

C<br />

om a sua equipa de figurinos e<br />

compradores, Fulya Oguz, operational<br />

procurement manager & supply chain do<br />

Cirque du Soleil, revela como a companhia<br />

gere as compras únicas no processo de<br />

transformação digital.<br />

“O que nós fazemos é único. Num dia posso<br />

estar a falar com um comprador sobre um<br />

elevador que irá levantar uma tenda de 25<br />

toneladas num canto do mundo, como no outro<br />

posso estar a discutir a lingerie necessária para<br />

o nosso espectáculo Zumanity”, revela.<br />

A companhia de entretenimento Canadiana<br />

foi criada em Montreal, no Québec, em 1984.<br />

Nos últimos 35 anos, o negócio expandiu-se a<br />

nível global, apresentando espectáculos para<br />

mais de 200 milhões de espectadores, em 450<br />

cidades.<br />

Dado à natureza colorida das performances,<br />

é frequentemente requerido à equipa de<br />

procurement que encontrem produtos nãoconventuais<br />

para alcançarem as produções<br />

de qualidade a que já habituaram o público.<br />

“O nosso objectivo é apelar à imaginação,<br />

incentivar à fantasia e evocar emoções. Para<br />

isso, compramos produtos feitos à medida,<br />

especializados e únicos”, afirma.<br />

“QUANDO DIZEMOS QUE A<br />

SUSTENTABILIDADE E O AMBIENTE<br />

SÃO MUITO IMPORTANTES PARA O<br />

CIRQUE, NÓS SENTIMO-LO”<br />

Fulya Oguz gere a equipa de procurement<br />

dentro das operações de supply chain da<br />

companhia, que se concentram na compra<br />

estratégica, gestão de viagens, figurinos e<br />

logística. “A minha equipa é formada por project<br />

managers e compradores, especializados em<br />

diferentes commodities. Essencialmente, a<br />

minha equipa dá apoio a todas as unidades do<br />

Cirque, incluindo estúdios, edifícios, IT, tours de<br />

espectáculos, produção e, claro, workshops de<br />

figurinos”, refere.


38<br />

OUTUBRO <strong>2019</strong><br />

A sua função é assegurar que todas as<br />

unidades de negócio interno são suportadas<br />

por contratos sólidos, processos eficientes<br />

de procurement e boa gestão de risco. Para o<br />

Cirque du Soleil, a eficiência é importante para<br />

garantir que todos os aspectos relacionados<br />

com o cliente funcionem em perfeitas<br />

condições. “Operacionalmente, nós temos de<br />

ser eficientes e pontuais”. Os espectáculos ao<br />

vivo exigem equipamento fiável, cenários e<br />

figurinos ousados, e se não existir eficiência por<br />

parte da equipa de procurement, podem não<br />

estar prontos a tempo.<br />

A inovação é uma força-chave por detrás das<br />

funções. Através de determinadas operações<br />

que influenciam o crescimento, a equipa está<br />

actualmente a introduzir novas tecnologias<br />

para gerir as compras e garantir a o máximo de<br />

eficiência. “Como afirmou o nosso presidente<br />

Daniel Lamarre ‘no Cirque du Soleil não se fala<br />

em diversidade, nós convivemos todos os dias<br />

com diferentes nacionalidades que influenciam<br />

o nosso crescimento’. Eu acho que é muito<br />

importante, pois somos uma empresa mundial e<br />

a nossa presença global consolidou-se ao longo<br />

dos anos. E, claro, esse crescimento influencia<br />

e afecta todas as unidades de negócio e<br />

respectivas operações. Portanto, tudo o que<br />

fazemos é com o objectivo de tornar tudo mais<br />

eficiente e eficaz”, explica Fulya Oguz.<br />

PARA APOIAR A NOSSA TRANSFORMAÇÃO<br />

DA SUPPLY CHAIN, INVESTIMOS NUMA<br />

PLATAFORMA NA CLOUD DE E-SOURCING,<br />

SEGUIDA DE UMA DE PROCUREMENT.<br />

A PLATAFORMA DE E-SOURCING FOI<br />

INTRODUZIDA COM A INTENÇÃO DE<br />

SIMPLIFICAR AS NOSSAS COMUNICAÇÕES.<br />

ENQUANTO COMPRADOR RECEBEMOS<br />

SOLICITAÇÕES SOB TODOS OS FORMATOS,<br />

VERBAL E ESCRITO<br />

A equipa agora está concentrada em<br />

introduzir novas soluções criativas “é um<br />

negócio conduzido pela criatividade. Nós<br />

tentamos adquirir os melhores talentos no<br />

campo das compras enquanto capitalizamos<br />

o avanço tecnológico e as ferramentas<br />

disponíveis”.<br />

Inovação através da tecnologia<br />

A fim de introduzir novas tecnologias, o<br />

Cirque du Soleil começou por questionar<br />

como conduzia os seus negócios. Ao pensar<br />

sobre o que podia ser eliminado<br />

das operações diárias, ajudaria<br />

a decidir por onde investir<br />

primeiro. “Para apoiar a nossa<br />

transformação da supply chain, investimos<br />

numa plataforma na cloud de e-sourcing,<br />

seguida de uma de procurement. A plataforma<br />

de e-sourcing foi introduzida com a intenção<br />

de simplificar as nossas comunicações.<br />

Enquanto comprador recebemos solicitações<br />

sob todos os formatos, verbal e escrito”.<br />

O Cirque du Soleil tem conseguido<br />

processar um volume maior sem aumentar<br />

a equipa. A cloud tem permitido ao circo<br />

criar operações com eficiência, fazendo<br />

com que a companhia comunique a<br />

nível global, reduzindo o seu tempo de<br />

resposta. A equipa também descobriu<br />

que as soluções possibilitavam<br />

o rastreamento das estatísticas,<br />

a análise e rastreabilidade,<br />

ao contactar os diferentes<br />

departamentos. “Podemos<br />

convidar diferentes parceiros<br />

dentro da mesma ferramenta,<br />

e isso quebra barreiras.<br />

Todos podem participar”,<br />

continua.


<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong> 39<br />

Mas a inovação não é a única prioridade<br />

para Fulya Oguz, pois o Cirque du Soleil tem<br />

também de assegurar que os seus produtos são<br />

adquiridos de forma sustentável. “Enquanto<br />

cidadãos do mundo temos de valorizar métodos<br />

sustentáveis e ter atenção à nossa pegada.<br />

Temos de integrar estes princípios nas nossas<br />

práticas de procurement”, afirma. “Actualmente<br />

fazemos espectáculos em todo o mundo e<br />

temos de mostrar produtos exclusivos, o<br />

que significa que os tecidos e acessórios que<br />

usamos não estão prontamente disponíveis ou<br />

acessíveis”.<br />

Em 2017, a companhia transportou tecidos<br />

de França para o Canadá no barco Avontuur.<br />

A viagem, bem-sucedida, emitiu 0% de CO2,<br />

pois o barco, sem motor, não necessitava<br />

de combustível. Isto levou a empresa a<br />

comprometer-se a realizar, pelo menos, cinco<br />

viagens através deste método até 2020, de<br />

forma a reduzir os danos ambientais aquando<br />

da aquisição de materiais especializados.<br />

Quando criaram o espectáculo LUZIA,<br />

a empresa usou 6000 litros de água por<br />

performance. De forma a compensar estas<br />

grandes quantidades, o Cirque du Soleil<br />

garantiu que cada litro seria reciclado durante<br />

a estadia numa determinada cidade. “Quando<br />

dizemos que a sustentabilidade e o ambiente<br />

são muito importantes para o Cirque, nós<br />

sentimo-lo”, acrescenta.<br />

Desde que se juntou à companhia há oito<br />

anos, Fulya Oguz tem ajudado a transformar<br />

a equipa de compras. Enquanto continua<br />

a quebrar barreiras e a garantir que os<br />

espectáculos são realizados dentro dos prazos,<br />

a head of operational department ambiciona<br />

assegurar que as soluções são implementadas<br />

em todo o mundo. “No que diz respeito à<br />

tecnologia, já decidimos que a vamos utilizar e<br />

estamos a trabalhar para isso. O próximo passo<br />

é garantir que as plataformas na cloud estejam<br />

acessíveis a nível global”, refere.


40<br />

OUTUBRO <strong>2019</strong><br />

Fonte: Gigabit Magazine<br />

“<br />

O QUE NÓS FAZEMOS É ÚNICO.<br />

NUM DIA POSSO ESTAR A FALAR<br />

COM UM COMPRADOR SOBRE UM<br />

ELEVADOR QUE IRÁ LEVANTAR<br />

UMA TENDA DE 25 TONELADAS<br />

NUM CANTO DO MUNDO, COMO<br />

NO OUTRO POSSO ESTAR A<br />

DISCUTIR A LINGERIE NECESSÁRIA<br />

PARA O NOSSO ESPECTÁCULO<br />

ZUMANITY<br />


<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong> 41


42<br />

OUTUBRO <strong>2019</strong><br />

PROCUREMENT<br />

Trusted<br />

Business Partner<br />

O QUE LEVA<br />

OS CLIENTES INTERNOS A<br />

CONFIAREM NO PROFISSIONAL DE<br />

PROCUREMENT?<br />

PEDRO HUGO ROCHA<br />

[Global Procurement Director Center of Excellence]<br />

Campari Group


<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong><br />

43<br />

R<br />

ecentemente li um artigo da Harvard<br />

Business Review, publicado em Fevereiro<br />

de <strong>2019</strong>, intitulado “The 3 Elements<br />

of Trust” (https://hbr.org/<strong>2019</strong>/02/the-3-<br />

elements-of-trust).<br />

Analisando os resultados de uma avaliação<br />

360° a 87 mil líderes, os autores identificam<br />

três factores preponderantes que levam as<br />

pessoas a confiarem mais ou menos nos seus<br />

líderes. Eu acrescentaria que os três factores<br />

podem ser genericamente aplicados a relações<br />

entre pessoas, não só no contexto profissional,<br />

mas também no pessoal.<br />

Neste artigo, tomo a liberdade de fazer a<br />

transposição das conclusões do estudo para o<br />

mundo do Procurement.<br />

É um processo que não tem base científica,<br />

trata-se apenas de um exercício que me<br />

ajuda a responder à pergunta que constitui<br />

o título deste artigo: afinal, o que leva os<br />

nossos clientes internos a confiarem no<br />

Procurement, a deixarem-nos entrar nos seus<br />

processos de aquisição de bens e serviços e a<br />

delegarem no departamento de Procurement<br />

a responsabilidade de encontrar as melhores<br />

soluções de fornecimento e os melhores<br />

fornecedores para as suas necessidades?<br />

Parece-me que os três factores<br />

preponderantes são:<br />

• relações positivas<br />

• bom julgamento/expertise<br />

• consistência<br />

PUB


44<br />

OUTUBRO <strong>2019</strong><br />

Relações positivas:<br />

Em parte, a confiança baseia-se na<br />

capacidade que a pessoa tem de demonstrar<br />

interesse pelos outros, de equilibrar a procura<br />

de resultados com entender as preocupações<br />

das outras pessoas, de criar cooperação entre<br />

pessoas, de dar feedback que seja útil para os<br />

outros.<br />

Aplicado ao Procurement: este ponto capta<br />

aquilo a que no jargão de Procurement se<br />

chama stakeholder relationship management.<br />

Aqui, não me refiro a ferramentas e a<br />

templates; refiro-me sim à arte e à ciência de<br />

criar e alimentar relações positivas com os<br />

nossos clientes internos. É imperativo ouvirmos<br />

o cliente interno, entender as suas prioridades<br />

e os seus “pain points”, e alinhar os nossos<br />

esforços para servir as prioridades do negócio.<br />

Devemos ouvir activamente, e ouvir duas vezes<br />

mais do que falar. É imperativo falarmos a<br />

linguagem do business, e não a linguagem do<br />

Procurement. Evitem falar de RFI, RFP, SRM,<br />

P2P, S2C e outras siglas destas que nós em<br />

Procurement usamos. É imperativo alinharmos<br />

as nossas métricas de performance com as<br />

métricas do nosso cliente interno. Porque razão<br />

vamos falar de bottom line savings à directora<br />

de marketing, quando o que ela quer é mais<br />

inovação trazida pelos fornecedores e com um<br />

time-to-market mais curto?<br />

Bom julgamento/Expertise:<br />

Este ponto diz respeito à credibilidade que<br />

geramos quando temos conhecimentos técnicos<br />

do que falamos, quando demonstramos bom<br />

julgamento nas decisões que tomamos, quando<br />

somos procurados pelas pessoas que respeitam<br />

a nossa opinião sobre um determinado assunto<br />

sobre o qual temos competência técnica.<br />

Aplicado ao Procurement: este é um<br />

ponto-chave do Procurement, aquilo a<br />

que eu globalmente chamaria de category<br />

management excellence. Trata-se da nossa<br />

competência técnica na gestão das várias<br />

categorias de materiais e de serviços que<br />

compramos. Aqui não podemos fugir do que<br />

é essencial: para categorias importantes<br />

ou críticas para a nossa empresa, os nossos<br />

clientes internos esperam que o profissional<br />

de Procurement saiba tudo sobre a categoria,


<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong> 45<br />

temos que ser os CEOs da categoria, com<br />

expertise no sector, conhecimentos profundos<br />

dos fornecedores, das estruturas de custo,<br />

das grandes tendências do sector, dos riscos e<br />

oportunidades, etc. Trata-se de dar confiança<br />

ao cliente interno e à gestão de topo de que a<br />

categoria está a ser bem gerida.<br />

Consistência:<br />

Este ponto descreve a capacidade que a<br />

pessoa tem em fazer o que diz que vai fazer,<br />

cumprir com as promessas, respeitar prazos de<br />

entrega que foram prometidos, e liderar dando<br />

o exemplo.<br />

Aplicado ao Procurement: este ponto<br />

é interessante transpor para o mundo do<br />

Procurement. Quantas equipas de Procurement<br />

se avaliam a si próprias como estando<br />

a entregar bons resultados e de forma<br />

consistente, e quando os clientes internos são<br />

sondados, eles dão o feedback que nem sempre<br />

a promessa é cumprida, ou noutros casos,<br />

dizem que a entrega é mais lenta do que devia<br />

e o processo de compra é complicado e às vezes<br />

inconsistente? Consistência significa entender<br />

as expectativas dos clientes internos, alinhar<br />

com eles o que é realístico alcançar, depois<br />

executar com disciplina e entregar conforme a<br />

expectativa. E fazê-lo repetidamente.<br />

Disse Denzel Washington:<br />

“without commitment<br />

you will never start, but<br />

more importantly, without<br />

consistency you will never<br />

finish.”<br />

Em resumo:<br />

Com práticas excelentes de stakeholder<br />

relationship management, com uma gestão<br />

de compras excelente das categorias<br />

importantes ou criticas para a empresa, e com<br />

um trackrecord excelente de entregar aquilo<br />

que prometemos aos nossos clientes internos,<br />

nós profissionais de Procurement seremos<br />

verdadeiramente trusted business partners,<br />

e ganharemos relevância neste mundo de<br />

negócios em acelerada transformação. Tem é<br />

que ser tudo bem feito... com excelência, pois<br />

claro! •


46<br />

OUTUBRO <strong>2019</strong><br />

PROCUREMENT<br />

Vortal<br />

VISION’19<br />

OLHAR PARA O HORIZONTE<br />

COM UMA VISÃO FUTURISTA<br />

No passado dia 16 de <strong>Outubro</strong>, 1.000 profissionais de compras de cerca de 14<br />

países dirigiram-se para o Centro Cultural de Belém (CCB) para participar no<br />

evento Vortal VISION’19, um congresso que desafiou os seus participantes a<br />

“ver para além do horizonte” e a assistirem a diversos momentos de debate<br />

que foram desde Contratações Públicas e Privadas, Tecnologia 4.0, Compras e,<br />

no fundo, todo o acto de Procurement. Foi ainda durante este evento que se<br />

deu o lançamento da plataforma de compras da Vortal, a nextVISION.<br />

D<br />

are to see the horizon. Foi este o mote<br />

que preencheu a agenda do Vortal<br />

VISION’19, um evento que requereu mais<br />

duas salas adicionais para sessões paralelas,<br />

para além da plenária que ocorria no grande<br />

auditório, sob a apresentação de Filomena<br />

Cautela. Entre os cerca de 50 oradores do<br />

evento pudemos encontrar especialistas em<br />

matéria de contratação electrónica, nacionais<br />

e internacionais, vindos de grandes empresas<br />

de renome, de entidades públicas e do meio<br />

académico.<br />

Dos temas em debate estiveram em<br />

destaque a contratação electrónica e a gestão<br />

de compras, avaliando as suas evoluções,<br />

o que esperar futuramente, co-existência<br />

entre as plataformas privadas e públicas,<br />

desafios, centralização de compras em<br />

organizações globais, tecnologias 4.0 como<br />

Inteligência Artificial e Machine Learning,<br />

interoperabilidade entre plataformas de<br />

contratação e facturação electrónica.<br />

Durante a manhã foi ainda apresentada a<br />

nova plataforma de compras Vortal nextVISION<br />

que, como explicaram Nuno Silva e Pedro<br />

Cabral, da tecnológica portuguesa, trata-se de<br />

uma plataforma de compras inteligente, mais<br />

“usável, intuitiva e com novas funcionalidades”,<br />

podendo ser utilizada tanto no computador<br />

como no telemóvel.


<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong> 47<br />

“<br />

“A nextVISION foi construída com o utilizador<br />

final e para o utilizador final, num espírito<br />

colaborativo”, explica Miguel Sobral, CEO<br />

da Vortal, descrevendo-a como sendo uma<br />

“plataforma user-friendly e focada no cliente,<br />

alicerçada num binómio usabilidade-evolução<br />

tecnológica, alinhada com as necessidades de<br />

um mercado cada vez mais exigente”. Segundo<br />

conta, enquanto as outras plataformas de<br />

contratação se restringem a determinados<br />

A INTRODUÇÃO DE TECNOLOGIAS DE<br />

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E MACHINE<br />

LEARNING PERMITEM PREVER A<br />

PUBLICAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE<br />

NEGÓCIO, SUGERIR PERFIS DE NEGÓCIO,<br />

MODELOS DE CONSULTAS, DATAS PARA<br />

CONSULTAS PARA OBTENÇÃO DOS<br />

MELHORES RESULTADOS, ETC.<br />

Prémios Vision:<br />

“<br />

países devido aos diferentes contextos legais, a<br />

da Vortal “permite estar em vários países, com<br />

customizações diferentes”.<br />

A pensar nas Pequenas e Médias Empresas,<br />

que têm recursos limitados, os recursos da<br />

tecnologia 4.0 da plataforma tornam-se<br />

particularmente úteis para esta vertente,<br />

podendo as organizações apostar em opções<br />

com maior probabilidade de sucesso.<br />

A nova plataforma esteve ainda disponível<br />

para consulta mais detalhada ao longo do<br />

evento nos stands da Vortal, como forma de<br />

ajudar o cliente e esclarecer possíveis dúvidas.<br />

“O sucesso do evento consolida a afirmação<br />

da Vortal enquanto empresa tecnológica<br />

inovadora, líder internacional no mercado das<br />

tecnologias de gestão de compra, de olhos<br />

postos no futuro e com relações sólidas com os<br />

seus clientes”, conclui Miguel Sobral. •<br />

Iniciativa da European Vortal Academy (eVA), que tem como objectivo reconhecer<br />

os projectos mais visionários em áreas de procurement em entidades públicas e<br />

privadas, os vencedores foram conhecidos no encerramento do Vortal VISION’19.<br />

Inovação<br />

> Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS)<br />

> Universidad de Almeria<br />

Transparência<br />

> Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, E.P.E.<br />

> Ayuntamiento de Alzira<br />

Transformação Digital<br />

> RTP<br />

> Câmara Municipal de Paredes<br />

EfiǟcýiİêĐnœcýiİa<br />

> Agrupamento de Escolas de Valongo<br />

> APDL<br />

Valorização de Mercado<br />

> Instituto de Gestão Financeira da Educação, I.P. (IGeFE)<br />

> Fidelidade<br />

Texto: Fábio Santos<br />

Fotos: Vortal


48 AGOSTO <strong>2019</strong><br />

INTRALOGÍSTICA<br />

PORTO EDITORA<br />

RETOMA A PRODUÇÃO NA MAIA<br />

Zuslog<br />

Em Março do ano passado as instalações da Porto Editora na Maia foram afectadas pela<br />

depressão Gisele, uma catástrofe natural inesperada que recordou clássicos da literatura<br />

como “E tudo o vento levou”, ou “O Feiticeiro de OZ”, que requereu uma acção imediata de<br />

modo a não parar a logística. Recentemente, no início de Setembro, cerca de um ano e meio<br />

depois, o Grupo Porto Editora inaugurou as suas novas instalações..<br />

Texto: Fábio Santos<br />

Fotos: Porto Editora


<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong> 49<br />

N<br />

ada faria prever a situação inédita que<br />

ocorreu nas instalações da Porto Editora<br />

no primeiro trimestre do ano passado.<br />

Envolvidas na catástrofe da Maia estiveram<br />

duas naves, a gráfica de produção e a Zuslog,<br />

a maior unidade de Portugal dedicada ao<br />

livro, que em poucos minutos foi de 100%<br />

operacional a inactiva.<br />

Estimavam-se prejuízos na ordem dos 6<br />

ou 7 milhões, valor que fora investido na<br />

reconstrução e melhoramento das capacidades<br />

das instalações, aquisição de equipamento que<br />

ficou destruído e actualização de pormenores.<br />

“O maior impacto foi na parte gráfica, mas a<br />

logística ficou também seriamente afectada”,<br />

revela-nos Fernando Miranda, director de<br />

logística na Porto Editora. Explica que a<br />

produção teve de ser transferida da Bloco<br />

Gráfico para outras gráficas portuguesas e<br />

estrangeiras, e enquanto isso “a Zuslog montou<br />

uma operação temporária de logística para<br />

assegurar a distribuição”.<br />

O director de<br />

logística explica<br />

que “uma das<br />

características que<br />

distingue o Grupo<br />

Porto Editora é a<br />

resiliência”, e que<br />

houve um grande<br />

esforço de todos para que tudo corresse bem.<br />

Segundo conta, no próprio dia em que viram<br />

os estragos causados nas suas instalações<br />

avançaram rapidamente para definir os passos<br />

seguintes e recuperarem o mais rapidamente<br />

possível.<br />

Também a Wook, livraria online do grupo, foi<br />

afectada pela quebra de produção da unidade,<br />

tendo sido impossível assegurar a resposta às<br />

encomendas online durante semanas. Fernando<br />

Miranda explica que sentiram um grande<br />

orgulho no voto de confiança dos clientes<br />

da Wook, que podendo cancelar as suas<br />

encomendas, as mantiveram.<br />

MAL SE NOTOU A DIFERENÇA EM RELAÇÃO AOS ANOS ANTERIORES


50<br />

OUTUBRO <strong>2019</strong><br />

AS NOVAS INSTALAÇÕES<br />

No dia 3 de Setembro de <strong>2019</strong> foram<br />

inauguradas as novas instalações da Porto<br />

Editora. O responsável explica que visto já<br />

terem atingido “um nível elevado de capacidade<br />

e sofisticação”, as melhorias foram pontuais, e<br />

que após a surpresa do ano anterior, estas já<br />

foram pensadas com outros parâmetros.<br />

“A aposta na parte<br />

tecnológica sempre<br />

existiu e continuará a<br />

distinguir-nos”


A celebrar este ano o seu 75.º aniversário, a Porto Editora, fundada em 1944 e<br />

que começou por ser uma editora de livros escolares e de dicionários, reabriu com<br />

capacidade para produzir 16 milhões de livros por ano, num bloco gráfico de 12 mil<br />

metros quadrados de área. A Zuslog, por seu turno, responsável pela gestão logística<br />

do Grupo Porto Editora, apresenta agora uma capacidade para armazenar 21 mil<br />

paletes, numa área de 14 mil metros quadrados, o equivalente a 12 milhões de<br />

livros, 70 mil contentores e 92 mil SKUs, permitindo ainda uma expedição de 12 mil<br />

encomendas e 15 mil volumes diários.<br />

“As nossas unidades estão perfeitamente ajustadas às necessidades do grupo para<br />

abastecer o mercado nacional, os mercados onde temos editoras (Angola, Moçambique<br />

e Timor-Leste) e assegurar a exportação que registamos para mais de 90 países”,<br />

explica o director.<br />

<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong> 51


52<br />

OUTUBRO <strong>2019</strong><br />

TECNOLOGIAS<br />

Combate<br />

ao desperdício<br />

NADA SE PERDE NA<br />

SUPPLY CHAIN<br />

Muito embora o mais mediático seja o<br />

alimentar, o combate ao desperdício é<br />

um fenómeno transversal à economia e<br />

tem hoje uma escala global. Combatê-lo<br />

e minimizá-lo, nos seus diferentes níveis,<br />

passou a integrar a agenda de quem está<br />

na supply chain. Noutros termos? Na supply<br />

chain nada se perde e tudo se transforma.<br />

Nem Lavoisier diria melhor.<br />

Texto: Dora Assis


<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong> 53<br />

V<br />

amos falar de desperdício. De acordo<br />

com o dicionário de português online,<br />

Des-per-dí-cio é a “Acção ou efeito de<br />

desperdiçar ou de gastar em excesso; acção de<br />

não aproveitar alguma coisa da maneira como<br />

se deveria; falta de proveito; perda”.<br />

Há muito que ainda não se aproveita como<br />

deveriamos, mas há também, e cada vez mais,<br />

exemplos práticos e resultados efectivos<br />

do que se tem vindo a aprender a reciclar, a<br />

aproveitar, a reutilizar para que as perdas para<br />

a sociedade em geral, para a economia e para o<br />

planeta sejam mínimas.<br />

Um novo relatório da FAO, lançado no<br />

início de <strong>Outubro</strong> pelas Nações Unidas para<br />

Agricultura e Alimentação, fornece informações<br />

sobre a quantidade de alimentos desperdiçados<br />

- e também onde e por quê - em diferentes<br />

fases da cadeia de abastecimento e exige<br />

que se tomem decisões informadas para uma<br />

redução efectiva.<br />

Isso não apenas ajudará a progredir em<br />

direcção ao objectivo importante de reduzir<br />

a perda e o desperdício de alimentos, mas<br />

também poderá contribuir para vários objetivos<br />

de desenvolvimento sustentável relacionados<br />

à segurança alimentar e sustentabilidade<br />

ambiental, afirma o relatório.<br />

De acordo com o State of Food and<br />

Agriculture <strong>2019</strong>, em todo o mundo cerca de<br />

14% dos alimentos agrícolas são perdidos<br />

após a colheita e antes de atingir o nível das<br />

cadeias de distribuição, inclusive por meio<br />

de actividades nas explorações agrícolas, no<br />

armazenamento e até no transporte.<br />

No entanto, as perdas de alimentos variam<br />

consideravelmente de uma região para outra<br />

dentro dos mesmos grupos de mercadorias e<br />

fases da supply chain.<br />

MEDIR AS PERDAS<br />

O relatório oferece uma nova metodologia<br />

para medir cuidadosamente as perdas em cada<br />

fase da cadeia de abastecimento dos produtos<br />

alimentares. Isso ajudará a identificar pontos<br />

críticos de perda em toda a supply chain.<br />

São sobretudo pontos em que as perdas de<br />

alimentos têm a mais alta magnitude, o maior<br />

impacto na segurança alimentar e as maiores<br />

dimensões económicas, além de identificar as<br />

medidas apropriadas para a sua redução.<br />

Também aponta para a importância de<br />

reduzir o desperdício de alimentos que<br />

acontece ao nível das cadeias de retalho e do<br />

consumo, sobretudo as que estão ligadas a<br />

prazos de validade e ao comportamento do<br />

consumidor. “Enquanto nos esforçamos para<br />

progredir na redução da perda e desperdício de<br />

alimentos, só podemos ser realmente eficazes<br />

se os nossos esforços forem acompanhados de<br />

uma sólida compreensão do problema”, disse<br />

o director-geral da FAO, Qu Dongyu, aquando<br />

do lançamento do relatório. “Como podemos<br />

permitir que se deitem fora alimentos quando<br />

mais de 820 milhões de pessoas no mundo<br />

continuam a passar fome todos os dias?”,<br />

questionou ainda. A pergunta fica no ar.<br />

Um dado interessante a reter: países ricos<br />

desperdiçam na fase do consumo. Já os países<br />

em desenvolvimento desperdiçam durante a<br />

produção. A problemática do desperdício vai<br />

muito para lá dos impactos sociais ou mesmo<br />

económicos, pois todos os anos a produção<br />

destes alimentos que acabam no lixo exerce<br />

pressões enormes sobre o planeta em termos<br />

de gestão de recursos naturais como a água; o<br />

solo; a qualidade do ar; o consumo de energia<br />

ou a manutenção da biodiversidade.


54<br />

OUTUBRO <strong>2019</strong><br />

FEIOS, FRESCOS E BONS<br />

No entanto, a sociedade e as empresas<br />

têm já encontrado soluções para reduzir este<br />

desperdício, aliando inclusivamente à cadeia<br />

de produção soluções criativas e inovadoras,<br />

como é o exemplo da Fruut que converteu as<br />

suas maçãs rejeitadas num produto saudável<br />

e atractivo: snacks de maçã desidratada. Ou,<br />

por outro lado, cadeias de distribuição que<br />

começam a contribuir para a desmistificação da<br />

equação bom aspecto = qualidade, colocando<br />

nas prateleiras produtos disformes, não<br />

calibrados ou até mesmo feios.<br />

Mas, afinal, de onde vem o desperdício?<br />

Os motivos para este desperdício são vários<br />

e ocorrem ao longo de toda a cadeia agroalimentar.<br />

Modelos de produção intensivos,<br />

condições inadequadas de armazenamento<br />

e transporte, adopção de prazos de validade<br />

demasiado curtos, são algumas das causas que<br />

contribuem para o desperdício.<br />

Outro problema é a preferência dos canais<br />

habituais de distribuição por frutas e legumes<br />

“perfeitos” em termos de formato, cor e calibre,<br />

o que acaba por restringir o consumo aos<br />

alimentos que respeitam determinadas normas.<br />

Esta exigência resulta num desperdício de cerca<br />

de 30% do que é produzido pelos agricultores.<br />

Foi por isso que nasceu a Fruta Feia.<br />

A cooperativa Fruta Feia surgiu da<br />

necessidade de inverter as tendências de<br />

normalização de frutas e legumes que nada<br />

têm a ver com questões de segurança, higiene<br />

ou qualidade alimentar, criando um mercado<br />

alternativo para a fruta, legumes e hortaliças<br />

“feios”. Um mercado que gere valor para os<br />

agricultores e consumidores, mas que combate<br />

o desperdício alimentar, assim como o gasto<br />

desnecessário dos recursos utilizados na sua<br />

produção.


<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong> 55<br />

O relatório da FAO insta os países a<br />

intensificar os esforços para combater as causas<br />

profundas da perda e desperdício de alimentos<br />

em todas as etapas da supply chain e fornece<br />

orientação sobre políticas e intervenções para<br />

reduzir a perda e o desperdício.<br />

OS DESAFIOS DOS RETALHISTAS<br />

Uma das formas de reduzir o desperdício<br />

alimentar passa pela visibilidade em tempo<br />

real da cadeia de abastecimento. Como se vê,<br />

o desperdício no mercado alimentar tornouse<br />

um grande desafio para os retalhistas.<br />

Mas, como reduzi-lo e criar um negócio mais<br />

sustentável?<br />

No mercado actual, as exigências<br />

manifestadas pelos clientes resultaram<br />

não só em maiores eficiências em termos<br />

de velocidade e comodidade da cadeia de<br />

abastecimento, como também estão a forçar<br />

cada vez mais os retalhistas a abordarem<br />

as expectativas relativas a uma melhor<br />

sustentabilidade. As consequências de<br />

acompanhar os desejos dos clientes nem<br />

sempre são fáceis e podem ter um efeito<br />

adverso nos planos e processos comerciais a<br />

curto prazo, especialmente se a sua cadeia<br />

de abastecimento não for tão integrada e<br />

transparente quanto deveria ser. Mesmo a<br />

mais pequena ineficiência pode resultar em<br />

vários tipos de desperdício durante a produção,<br />

transporte e até eliminação dos produtos.<br />

Ao longo dos últimos anos, o mercado<br />

alimentar tem sido objecto de escrutínio e<br />

pressão intensa para reavaliar a sua abordagem<br />

ao combate ao desperdício alimentar, com cerca<br />

de 88 milhões de toneladas de desperdício<br />

gerado anualmente na UE, sendo que 40% dos<br />

alimentos nem sequer chegam ao mercado.


Amir Harel [Director-Geral de Soluções de Visibilidade] Zetes<br />

56<br />

“Quando os retalhistas conseguem partilhar<br />

dados em tempo real em todo o ecossistema<br />

do fornecedor, podem criar a base para uma<br />

melhor colaboração, baseada em ligações<br />

mais fortes e em previsões dinâmicas<br />

altamente eficazes”<br />

FALTA VISIBILIDADE<br />

“O problema é que, sem informações em<br />

tempo real sobre o estado e condição exactos<br />

dos produtos e do inventário na cadeia de<br />

abastecimento, de ponta a ponta, que opções<br />

têm as empresas para abordar o desperdício<br />

e melhorar o envolvimento dos clientes?”,<br />

questiona Amir Harel, director-geral de<br />

Soluções de Visibilidade na Zetes.<br />

O mundo estará pronto para mudar? De<br />

acordo com o REFRESH, um projecto de<br />

investigação da UE contra o desperdício<br />

alimentar, os recursos perdidos e desperdiçados<br />

na Europa seriam suficientes para alimentar<br />

todas as pessoas famintas no mundo, duas<br />

vezes.<br />

É uma mensagem que os consumidores de<br />

todo o mundo estão a levar a sério. Desde sacos<br />

reutilizáveis a palhinhas de papel, de artigos<br />

de higiene sem garrafas a dietas sem carne,<br />

as pessoas estão a adoptar passos concretos<br />

para reduzir o desperdício e esperam que as<br />

empresas às quais compram produtos façam o<br />

mesmo.<br />

“No Reino Unido, por exemplo, os merceeiros<br />

comprometeram-se a reduzir para metade<br />

o desperdício alimentar “da quinta para<br />

o prato” até 2030. Embora felicitemos os<br />

grandes retalhistas por implementarem<br />

ideias inovadoras, como a introdução nos<br />

supermercados de vegetais que não cumprem<br />

os requisitos estéticos devido ao seu formato<br />

ou aparência, de forma a combater o<br />

desperdício, é através da análise da produção<br />

de desperdício a um nível mais granular que<br />

será possível alcançar um impacto ambiental<br />

positivo numa escala bastante maior e eficaz.”,<br />

salienta Amir Harel.<br />

Contudo, uma investigação recente da Sapio,<br />

em nome da Zetes, revela que os actuais níveis<br />

de visibilidade da cadeia de abastecimento<br />

estão longe da perfeição, com 94% das<br />

organizações inquiridas a indicarem que lhes<br />

falta transparência ao longo da cadeia de<br />

abastecimento.<br />

DESBLOQUEAR CAPACIDADES<br />

Para implementar uma resolução adequada,<br />

é imperativo compreender a causa do<br />

desperdício. O especialista em visibilidade<br />

da Zetes explica que “são muitos os factores<br />

que contribuem para o desperdício, desde<br />

inventário em excesso que resulta de previsões<br />

e encomendas falhadas e/ou tardias, assim<br />

como o tempo perdido durante o processo de<br />

distribuição, a par de modelos de transporte


<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong> 57<br />

ineficazes, que podem ser devastadores para<br />

quaisquer produtos de vida útil reduzida”.<br />

Apenas 30% das organizações têm<br />

visibilidade total das mercadorias em<br />

trânsito. Consequentemente, a abordagem do<br />

desperdício alimentar que ocorre em cada fase<br />

da cadeia de abastecimento representa uma<br />

tarefa complexa.<br />

A referida investigação indica que 79%<br />

acreditam que uma melhor visibilidade teria<br />

um efeito material na redução do desperdício.<br />

Numa análise às potenciais poupanças, estimase<br />

que as cadeias de abastecimento possam<br />

reduzir o desperdício alimentar em 240 mil<br />

milhões de euros.<br />

A este propósito, Amir Harel lembra,<br />

por exemplo, que “reduzir as viagens sem<br />

carga, melhorar as entregas realizadas à<br />

“<br />

Outro problema é a preferência dos<br />

canais habituais de distribuição por<br />

frutas e legumes “perfeitos” em termos<br />

de formato, cor e calibre, o que acaba<br />

por restringir o consumo aos alimentos<br />

que respeitam determinadas normas<br />

primeira tentativa e na totalidade, minimizar<br />

a movimentação desnecessária de stock<br />

entre lojas, evitar litígios com encomendas e<br />

previsões e obter um encaminhamento muito<br />

mais inteligente são componentes críticos de<br />

uma cadeia de abastecimento eficiente que<br />

minimiza o desperdício”.<br />

“<br />

PUB


58<br />

OUTUBRO <strong>2019</strong><br />

EM TODO O MUNDO CERCA DE 14% DOS<br />

ALIMENTOS AGRÍCOLAS SÃO PERDIDOS APÓS<br />

A COLHEITA E ANTES DE ATINGIR O NÍVEL DAS<br />

CADEIAS DE DISTRIBUIÇÃO<br />

EFICIÊNCIA EM TEMPO REAL<br />

Dispor de total visibilidade e rastreabilidade<br />

da cadeia de abastecimento é também a chave<br />

para uma cadeia de abastecimento resiliente,<br />

o que é especialmente importante quando<br />

as recolhas e as falhas na produção podem<br />

causar situações de crise e perturbações.<br />

“Quando os retalhistas conseguem partilhar<br />

dados em tempo real em todo o ecossistema<br />

do fornecedor, podem criar a base para uma<br />

melhor colaboração, baseada em ligações mais<br />

fortes e em previsões dinâmicas altamente<br />

eficazes”, lembra a mesma fonte.<br />

É também essencial que as empresas<br />

compreendam como a tecnologia pode ser<br />

implementada e utilizada para abordar cada<br />

desafio, quer se trate da redução do desperdício<br />

através de um transporte melhorado ou de<br />

níveis de disponibilidade de stock mais precisos<br />

e dinâmicos.<br />

“UM DADO INTERESSANTE A RETER: PAÍSES<br />

RICOS DESPERDIÇAM NA FASE DO CONSUMO.<br />

JÁ OS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO<br />

DESPERDIÇAM DURANTE A PRODUÇÃO”<br />

Seja como for, a consciência ambiental na era<br />

digital vai continuar a ter um grande impacto<br />

nos retalhistas: “a visão de transformar “da<br />

quinta para o prato” e eliminar o desperdício<br />

alimentar da cadeia de abastecimento<br />

é ambiciosa. Para ser bem-sucedida, os<br />

retalhistas devem começar por pequenas<br />

acções, identificando primeiramente as<br />

áreas prioritárias em que podem ser obtidas<br />

vitórias rápidas e de elevado impacto. Quando<br />

começarem a ver os resultados, poderão<br />

expandir as acções e alcançar a visibilidade<br />

total da cadeia de abastecimento” conclui. •<br />

No âmbito do Relatório da Zetes foram inquiridos 451 participantes<br />

no UK, França, Alemanha e Espanha. As entrevistas foram realizadas<br />

em Dezembro de 2018 e em Janeiro de <strong>2019</strong>.


<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong> 59<br />

TECNOLOGIAS<br />

2020 Third Party<br />

Logistics Study<br />

ELD’S COMO FORMA DE<br />

MELHORAR A EFICIÊNCIA<br />

NA SUPPLY CHAIN<br />

De acordo com o “2020 Third Party Logistics Study”, os expedidores estão<br />

cada vez mais a apostar nos operadores logísticos devido às suas avançadas<br />

iİnœfģrƄaeċsƌtƙrƄuơtƙuơrƄasƌ tƙeċcýnœoŝlňóŞgĤiİcýasƌ. SeċgĤuơnœdĄoŝ oŝ eċsƌtƙuơdĄoŝ, 93% acýrƄeċdĄiİtƙa qƃuơeċ a rƄeċlňaçĀãùoŝ<br />

cýoŝmő oŝsƌ sƌeċuơsƌ oŝpƁeċrƄadĄoŝrƄeċsƌ lňoŝgĤíIJsƌtƙiİcýoŝsƌ fģoŝiİ büeċmő sƌuơcýeċdĄiİdĄa, eċ qƃuơeċ 99% dĄeċsƌtƙeċsƌ<br />

considera o mesmo. Tanto um lado como o outro consideram que a análise<br />

é necessária para o sucesso, mas apenas um quarto destes se mostra<br />

contente com as capacidades existentes, havendo espaço para melhorar.


60<br />

OUTUBRO <strong>2019</strong><br />

D<br />

ata Analytics, ou análise de dados, é, de<br />

acordo com a definição atribuída pelo<br />

Institute for Operations Research and the<br />

Management Science, “o processo científico<br />

de transformar dados em premunições<br />

para tomar decisões mais acertadas”. Este<br />

processo tem vindo a ter uma aposta cada<br />

vez maior por parte das empresas e dos<br />

operadores logísticos, e actualmente é<br />

uma das ferramentas mais importantes –<br />

especialmente para o sector logístico – para<br />

antecipar stocks, rotas de distribuição, etc.<br />

Quanto maior a capacidade das empresas<br />

de analisar os dados de que dispõem, melhor<br />

a qualidade da informação, e melhores os<br />

resultados. Pela sua importância, e pelas<br />

inúmeras possibilidades no seu tratamento,<br />

tanto os expedidores como os operadores<br />

logísticos admitem as suas possibilidades, mas<br />

ainda não se encontram satisfeitos com as<br />

capacidades de análise de informação de que<br />

dispõem actualmente, nem com a qualidade<br />

dos dados.<br />

Como forma de responder a esta capacidade<br />

de análise, o “2020 Third Party Logistics Study”<br />

propõe o uso de ELD’s para registar toda a<br />

informação necessária.<br />

Electronic Logging Devices (ELD’s)<br />

Os ELD’s são aparelhos utilizados nos EUA<br />

semelhantes ao tacógrafo europeu, que são<br />

ligados a um motor de um veículo comercial<br />

e regista informações como as horas de<br />

condução, distância percorrida, paragens e suas<br />

durações, etc. A Frotcom explicava nos finais de<br />

2017 que este conceito englobava dispositivos<br />

como tablets a bordo do veículo, conectados ao<br />

mesmo, que disponibilizassem a sua informação<br />

online.<br />

Segundo o estudo, a informação destes<br />

dispositivos cria a transparência necessária,<br />

ao permitir que os envolvidos na cadeia de<br />

abastecimento vejam informações idênticas<br />

ao mesmo tempo. As empresas têm investido<br />

neste sentido de dar a conhecer as suas cadeias<br />

de end-to-end, e o comunicado explica que<br />

estes se estão a tornar “mais sofisticados na<br />

forma como demonstram e documentam as<br />

suas emissões de carbono, consumo, dados e<br />

métricas de eficiência”.<br />

Os dados fornecidos pelos ELD’s também<br />

podem ser utilizados de forma a conduzir<br />

informação aos transportadores e fornecedores<br />

de serviços logísticos, para identificar<br />

ineficiências, minimizar tempo ocioso e manter<br />

os carregamentos em movimento. O estudo<br />

revela ainda que os expedidores acreditam<br />

que, não tendo as capacidades tecnológicas<br />

necessárias para atingir os seus objectivos, a<br />

oportunidade passa por criar parcerias com<br />

quem delas disponha.


SCM Supply Chain Magazine 61<br />

Experiência final é a prioridade<br />

inicial<br />

Um outro estudo, da BluJay Solutions,<br />

concluiu ainda que a maioria dos profissionais<br />

de supply chain acredita que a experiência do<br />

cliente ultrapassará as vantagens no preço e<br />

a qualidade do produto, tornando-se o maior<br />

diferencial das marcas nos próximos cinco anos.<br />

David Landau, chief product officer da BluJay<br />

Solutions, aponta que “um dos importantes<br />

conceitos que o estudo revela é que as<br />

empresas de sucesso mostram como prioridade<br />

que se focam primeiramente no resultado final<br />

– neste caso, na experiência do consumidor”.<br />

Também este confirma o estudo anterior<br />

relativamente à transparência, visto ter<br />

encontrado “uma crescente procura pela<br />

visibilidade em tempo real, e uma maior<br />

dependência na conectividade electrónica<br />

entre os parceiros de negócio como forma de<br />

melhorar a experiência do consumidor”, conclui<br />

o estudo.<br />

ALGUNS DOS RESULTADOS DO<br />

2020 THIRD PARTY LOGISTICS STUDY


62<br />

OUTUBRO <strong>2019</strong><br />

Que tecnologias ecológicas fazem parte das operações logísticas hoje?<br />

E nos próximos cinco anos?<br />

43%<br />

36%<br />

39%<br />

29%<br />

27%<br />

20%<br />

10%<br />

9%<br />

Combustíveis alternativos<br />

Veículos autónomos ou tecnologias de platooning<br />

81%<br />

79%<br />

89%<br />

87%<br />

Expedidores (agora)<br />

Expedidores (daqui a 5 anos)<br />

Operadores Logísticos (agora)<br />

Operadores Logísticos (daqui a 5 anos)<br />

Expedidores (agora)<br />

(daqui a 5 anos)<br />

Operadores Logísticos (agora)<br />

(daqui a 5 anos)<br />

18%<br />

13%<br />

8%<br />

2%<br />

Optimização (rota, consolidação da carga)<br />

Outro


<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong> 63<br />

Tipos de problemas<br />

69%<br />

66%<br />

65%<br />

65%<br />

63%<br />

60%<br />

Atendimento pontual e<br />

completo de pedidos<br />

Visibilidade da remessa<br />

Custo de transporte por<br />

envio<br />

Expedidores<br />

Operadores Logísticos<br />

As actividades predominantes dos<br />

expedidores em outsourcing são:<br />

73%<br />

Transporte Doméstico<br />

73%<br />

Armazenagem<br />

65%<br />

Transporte Internacional<br />

54%<br />

Despachos Aduaneiros<br />

52%<br />

Expedição de Encomendas


64<br />

OUTUBRO <strong>2019</strong><br />

“NÃO ESTAMOS DE<br />

PASSAGEM, ESTAMOS<br />

PARA FICAR”<br />

TRANSPORTE<br />

Grupo Salgar fez<br />

a sua primeira<br />

internacionalização<br />

Texto: Fábio Santos<br />

Fotos: Fábio Santos & Grupo Salgar<br />

O Grupo Salgar foi criado em 2013, e actualmente encontra-se presente<br />

em todos os portos espanhóis e é líder no transporte de contentores em<br />

EsƌpƁanœhīa, cýoŝmő uơmőa fģacýtƙuơrƄaçĀãùoŝ dĄeċ 38 mőiİlňhīõżeċsƌ. Noŝ fiǟnœalň dĄeċ 2018 eċnœtƙrƄarƄamő<br />

em Portugal e já estão em Leixões, Lisboa, Sines e Setúbal porque, como<br />

dizem os responsáveis do grupo Salgar: “Não estamos de passagem,<br />

eċsƌtƙamőoŝsƌ pƁarƄa fiǟcýarƄ”.


<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong> 65<br />

“<br />

Foi uma entrada difícil”, revela Paulo<br />

Gomes, general manager em Portugal.<br />

Explica que tirando os grandes clientes,<br />

que impulsionaram a internacionalização da<br />

marca, em Portugal quase ninguém sabia<br />

quem era a Salgar. “Prevíamos arrancar em<br />

Janeiro, mas na verdade só começámos em<br />

Março”.<br />

Xavier Sales Garcia, director-geral do Grupo<br />

Salgar, revela que alguns dos seus grandes<br />

clientes espanhóis tinham actividades em<br />

Portugal, e questionaram-no sobre o porquê de<br />

não estarem presentes em Portugal, visto “ficar<br />

a um pequeno passo”.<br />

O principal obstáculo para a entrada em<br />

Portugal foi a falta de motoristas, realidade<br />

que também sentem em Espanha, mas que os<br />

afectou mais deste lado da Península Ibérica.<br />

OS CLIENTES PERGUNTAVAM-ME ‘JÁ QUE ME<br />

PRESTAS SERVIÇOS EM VALÊNCIA, PORQUE<br />

NÃO ME PRESTAS TAMBÉM SERVIÇOS EM<br />

ALGEZIRAS, OU BARCELONA, OU MADRID,<br />

CASTELA, VIGO... E PORQUE NÃO ME AJUDAS<br />

TAMBÉM EM PORTUGAL?<br />

Xavier Sales Garcia [Director-geral do Grupo Salgar]<br />

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66<br />

OUTUBRO <strong>2019</strong><br />

Devido às complicações de entrada em<br />

Portugal, as movimentações que esperavam<br />

(15.000 movimentações de contentores e<br />

10.000 viagens convencionais) foram reduzidas<br />

para 60%, o que ainda assim é um número<br />

assinalável.<br />

Paulo Gomes revela que estão a comprar<br />

novos equipamentos e a investir fortemente,<br />

“acreditando que é um projecto com muita<br />

segurança e, acima de tudo, com muita<br />

seriedade e futuro”, e anuncia que a equipa<br />

irá expandir brevemente: “iremos começar a<br />

empregar mais 15 motoristas, com a compra de<br />

15 veículos novos”.<br />

PAULO GOMES [General manager em Portugal]<br />

VAI HAVER ALGUMA CRIAÇÃO DE<br />

POSTOS DE TRABALHO, TODOS<br />

PORTUGUESES. É UMA POLÍTICA<br />

DO GRUPO SALGAR, E QUE<br />

DEMONSTRA O NOSSO INTERESSE<br />

E A NOSSA CONFIANÇA NESTE<br />

PROJECTO EM PORTUGAL<br />

Independentemente do destino da carga, o<br />

importante para o Grupo Salgar são as pessoas<br />

e responder às suas necessidades. Paulo Gomes<br />

revela que muitas vezes a última preocupação<br />

que têm é o preço, e a sua prioridade é<br />

encontrar soluções. “É algo que acontece todos<br />

os dias”, explica, “preocupamo-nos em fornecer<br />

o serviço, por vezes sem saber o preço que<br />

iremos cobrar por ele, porque essa é a última<br />

coisa com que nos preocupamos. O importante<br />

é o cliente”.<br />

“Mais que preços, fornecemos<br />

soluções”<br />

– Paulo Gomes<br />

Revela que conseguem chegar a qualquer<br />

parte do mundo, dependendo das necessidades<br />

do cliente, e o líder espanhol afirma mesmo<br />

que estarão “onde o cliente precise de nós”.<br />

Confrontado com a questão da possibilidade<br />

de saída do Reino Unido da União Europeia e a<br />

repercussão que isso possa ter para o negócio,<br />

Paulo e Xavier explicam que neste momento<br />

trata-se apenas de uma incerteza, que poderá<br />

ser impactante em especial no transporte<br />

rodoviário, e talvez um pouco no marítimo, mas<br />

em menor escala, prendendo-se apenas com<br />

questões de taxas adicionais.<br />

De acordo com Paulo Gomes, a vantagem<br />

de estarem presente em todos os portos<br />

espanhóis, marítimos e secos, e agora<br />

também nos principais portos portugueses,<br />

é a capacidade de serviço que conseguem<br />

prestar. Xavier Sales Garcia explica que esta<br />

preocupação com o serviço é importante<br />

para o Grupo Salgar, e revela que se tentam<br />

diferenciar através das pessoas: “Hoje, o preço<br />

é muito idêntico, serviço todos podem dar,<br />

uns dão melhor informação que outros, mas a<br />

Salgar tem uma coisa que é única: as pessoas<br />

que compõem a empresa”.<br />

A aposta nas pessoas não se limita à equipa.<br />

O Grupo Salgar leva a sério a responsabilidade<br />

social e procura apoiar associações de<br />

solidariedade social em Portugal, tal como já<br />

faz em Espanha, como reforço do compromisso<br />

social do grupo: “apoiamos, contribuímos<br />

e somos sócios de diversas associações e<br />

entidades de apoio e solidariedade social, por<br />

exemplo relacionadas com o cancro e com<br />

síndrome de down, e temos inclusivamente


<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong> 67<br />

nas nossas equipas pessoas com síndrome de<br />

down”.<br />

Para Xavier Sales Garcia este é um<br />

investimento sem qualquer interesse comercial,<br />

que se prende apenas com o papel e impacto<br />

social positivo que as empresas podem e<br />

devem ter.<br />

Até ao final do ano, o Grupo Salgar tenciona<br />

ultrapassar os 100 mil contentores em Espanha,<br />

meta que revela estar quase alcançada, tendo<br />

movimentado mais de 400 camiões diários ao<br />

longo do ano. Relativamente ao crescimento<br />

do grupo, após esta primeira expansão para<br />

Portugal os dois responsáveis admitem que<br />

está nos planos, para já, chegar a mais dois<br />

países. Um na Europa e o outro em África. •<br />

“Consideramos que um sector como o dos transportes, que não vemos<br />

como sendo muito participativo em acções sociais, deveria aprender ou<br />

iniciar estes temas tão importantes para a sociedade”<br />

– Xavier Garcia<br />

GRUPO SALGAR<br />

<strong>2019</strong>/2020


68<br />

OUTUBRO <strong>2019</strong><br />

CARREIRA<br />

Outsourcing e<br />

Recursos Humanos<br />

A BUSCA POR<br />

PROFISSIONAIS DE LOGÍSTICA<br />

Em 1997 apareceu a primeira licenciatura em Gestão da Distribuição e<br />

da Logística em Portugal, no Instituto Politécnico de Setúbal, e desde<br />

eċnœtƙãùoŝ qƃuơeċ a pƁrƄoŝcýuơrƄa pƁoŝrƄ pƁrƄoŝfiǟsƌsƌiİoŝnœaiİsƌ cýoŝmő eċsƌtƙa fģoŝrƄmőaçĀãùoŝ acýadĄéČmőiİcýa<br />

tem vindo a crescer gradualmente, tendo-se vindo a acentuar mais<br />

recentemente.<br />

Texto: Fábio Santos


<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong> 69<br />

A<br />

o contrário do que acontecia há alguns<br />

anos, quando ainda não se falava muito<br />

de logística e não se investia tanto na<br />

área, a profissionalização do sector é hoje uma<br />

preocupação no mundo empresarial.<br />

Com o crescente reconhecimento da<br />

logística neste meio, a procura por bons<br />

profissionais no sector tem-se acentuado. A<br />

criação da diferença e competitividade está<br />

nas pessoas, e as empresas começaram-se<br />

a aperceber disso, então temos assistido a<br />

uma procura por profissionais da área da<br />

logística cada vez mais capazes de responder<br />

às necessidades do mercado. Recrutar<br />

serviços e pessoas externamente é também<br />

uma opção, especialmente nas épocas de<br />

pico de actividade, por envolverem maior<br />

movimentação e as empresas nem sempre<br />

se encontrarem preparadas para eles com os<br />

seus recursos, e aí entram as empresas de<br />

outsourcing e de recrutamento.<br />

ESTADO DO SECTOR: FORMAÇÃO É A CHAVE<br />

Por parte do Grupo Constant, Cláudia<br />

Rodrigues, HR & Training National Manager, e<br />

Patrícia Rodrigues, Logistics Product Manager,<br />

apontam que a taxa de desemprego em<br />

Portugal neste momento se encontra nos 6,3%,<br />

o valor mais baixo em 17 anos, e explicam<br />

que a recuperação se deu essencialmente<br />

nos sectores do turismo e da construção, o<br />

que aumenta a necessidade de recurso ao<br />

transporte e aos serviços especializados de<br />

logística. “As organizações nunca estiveram tão<br />

focadas na procura de profissionais neste sector<br />

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A Formação de Executivos<br />

tem um novo horizonte.<br />

Do qual todos fazemos parte.<br />

Sabemos o que queremos ser: pioneiros do futuro, numa<br />

comunidade determinada a impactar e transformar o agora.<br />

Junte-se a nós. O próximo capítulo desta história é consigo.<br />

exed.novasbe.pt/oproximocapitulo


70<br />

como agora”, defende Filipe Forte, Associate<br />

Manager Michael Page Logistics & Supply<br />

Chain, comentando ainda que “cada vez mais<br />

vemos as empresas preocupadas com a sua<br />

cadeia de valor, com a profissionalização dos<br />

seus departamentos de logística e com a sua<br />

formação”.<br />

Patrícia Rodrigues conta que as empresas<br />

hoje procuram pessoas “sobretudo para<br />

quadros intermédios e directivos”, tendo como<br />

requisito a formação em áreas de Logística,<br />

Supply Chain, Engenharia ou Gestão. Explicam<br />

que embora a licenciatura em Gestão da<br />

Distribuição e da Logística tenha já mais de<br />

20 anos, “o crescimento deste sector não foi<br />

proporcional à necessidade de formação de<br />

profissionais especializados”.<br />

“Cada vez mais a Logística<br />

é considerada parte do core<br />

business das organizações,<br />

motivo pelo qual os seus<br />

pƁrƄoŝfiǟsƌsƌiİoŝnœaiİsƌ dĄeċvƽeċrƄãùoŝ<br />

apresentar uma visão global de<br />

gestão estratégica e analítica,<br />

oŝuơ atƙéČ dĄeċ cýarƄácýtƙeċrƄ fiǟnœanœcýeċiİrƄoŝ,<br />

para que possam evoluir e<br />

progredir no sector”<br />

profissionais, o que demonstra o interesse na<br />

Logística e o seu valor no mercado de trabalho<br />

actual”, e isso revela que a aposta na logística<br />

não começa nas empresas, e sim atrás na<br />

cadeia formativa.<br />

O responsável da Michael Page defende<br />

ainda que o foco hoje se encontra virado<br />

para o cliente, pelo que a nova mentalidade<br />

das empresas passa por apostar em sectores<br />

direccionados para a experiência final. “As<br />

empresas estão cada vez mais focadas na<br />

melhoria do serviço prestado ao cliente, na<br />

qualidade de entrega e na optimização do custo<br />

operacional, para se manterem competitivas<br />

no mercado de trabalho e para continuarem a<br />

desenvolver-se”, e a logística tem um grande<br />

papel neste sentido, o que<br />

se comprova pelo grande<br />

crescimento que tem tido<br />

nos últimos tempos.<br />

PATRÍCIA RODRIGUES [Grupo Constant]<br />

Filipe Forte sustenta a ideia da recrutadora<br />

relativamente às áreas de formação dos<br />

profissionais, e acrescenta que temos assistido<br />

a “um claro crescimento de cursos e formações<br />

especializados neste sector, que têm tido<br />

igualmente grande procura por parte dos


<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong><br />

71<br />

Equipas vindas de fora<br />

Segundo explica Cláudia Rodrigues, a aposta<br />

no outsourcing logístico começou quando as<br />

empresas perceberam que “optimizar os seus<br />

recursos e concentrarem-se naquilo que melhor<br />

sabem fazer é fulcral para que se distingam<br />

da concorrência e invistam tempo no ‘core’ da<br />

empresa. São vários os estudos que provam que<br />

o outsourcing conduz a uma redução de custos<br />

e ao aumento da produtividade em 10%, 15%”.<br />

CLÁUDIA RODRIGUES [Grupo Constant]<br />

“O conceito é hoje cada vez mais popular,<br />

mas há uns anos atrás ainda era confundido<br />

com sub-contratação de actividades de<br />

baixo valor acrescentado e afastadas do<br />

negócio vital de cada empresa”<br />

Durante os picos de actividade, como o<br />

Verão ou o Natal, a Michael Page não sente<br />

grandes variações no caso da logística, por se<br />

focar no recrutamento de cargos middle ou top<br />

management, mas que como trabalham outras<br />

áreas estas se complementam, e têm diferentes<br />

picos, o que Filipe Forte considera ser uma<br />

ajuda a combater a sazonalidade.<br />

Por sua vez, o Grupo Constant sente um forte<br />

impacto no recrutamento sazonal, motivado<br />

pelo aumento de encomendas e clientes.<br />

Conta que muitas vezes as empresas “não têm<br />

colaboradores para fazer face a uma época de<br />

pico de actividade, nem estrutura de recursos<br />

humanos disponível para desenvolver todos<br />

os processos de recrutamento e para gerir<br />

administrativamente toda a contratação”<br />

durante estes picos, e como tal recorrem ao<br />

outsourcing para responder a essa necessidade.


72<br />

OUTUBRO <strong>2019</strong><br />

“A arte de seleccionar é bem mais<br />

complexa do que apenas recrutar,<br />

consideramos que serão muitos os<br />

pƁrƄoŝfiǟsƌsƌiİoŝnœaiİsƌ cýoŝmő cýapƁacýiİdĄadĄeċ dĄeċ rƄeċcýrƄuơtƙarƄ,<br />

mas poucos os que conseguem, com<br />

sucesso , seleccionar o candidato mais<br />

adĄeċqƃuơadĄoŝ aoŝ pƁeċrƄfiǟlň iİdĄeċnœtƙiİfiǟcýadĄoŝ”<br />

FILIPE FORTE [Michael Page]<br />

Filipe Forte explica que “as empresas<br />

têm apostado no outsourcing, dentro da<br />

logística, para funções operacionais, de modo<br />

a se adaptarem às constantes alterações do<br />

mercado”, e explica que isto as torna mais<br />

competitivas nas alturas de picos de actividade<br />

ou de baixas de produção, mas que no caso<br />

dos cargos de chefia intermédia ou top<br />

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LOGISTICS &<br />

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& ACCESORIES<br />

STORAGE<br />

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& CONTAINERS<br />

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& COMPONENTS<br />

PACKAGING<br />

& MATERIALS<br />

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& CODING<br />

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FOOD INDUSTRY, BEVERAGES, DISTRIBUTION, PHARMA & COSMETICS, AUTOMOTIVE, TEXTILE, ELECTRONICS, TRANSPORT, RETAIL/NOON-FOOD.<br />

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<strong>SCMedia</strong> <strong>News</strong> 73<br />

management investem nas suas equipas fixas,<br />

retendo assim os profissionais qualificados e<br />

todo o seu know-how no sector.<br />

Retenção de talento<br />

Uma das grandes preocupações das empresas<br />

actualmente é a retenção de talento. Nem<br />

sempre é fácil uma organização manter as suas<br />

equipas, pois embora a oferta formativa seja<br />

muita, a que se apresenta ao mercado ainda<br />

não é suficiente para responder às necessidades<br />

de todos.<br />

A ideia passa pelas empresas adoptarem<br />

novas políticas de modo a conseguirem<br />

manter as suas equipas, e Patrícia Rodrigues<br />

explica que pela sua experiência, “nos últimos<br />

dois anos as organizações têm assumido<br />

uma preocupação crescente com a adopção<br />

de politicas de retenção de talento mais<br />

orientadas para os seus colaboradores”.<br />

Defende ainda que um dos principais<br />

desafios passa por “implementar uma cultura<br />

organizacional em que os colaboradores sintam<br />

que as políticas e ferramentas de recursos<br />

humanos estão orientadas para a sua felicidade<br />

e satisfação”, apontando como exemplos<br />

melhorias nos sistemas de compensação e<br />

benefícios; reconhecimento por mérito, esforço<br />

e resultado; cultura de feedback e flexibilidade<br />

laboral.<br />

“A logística tem tido uma procura cada vez<br />

maior de profissionais qualificados, procura<br />

a qual tem, por diversas vezes, superado a<br />

oferta, o que tem feito com que o sector se<br />

vá reinventando constantemente”, explica<br />

Filipe Forte, acrescentando que as empresas<br />

têm apostado no crescimento interno dos<br />

seus profissionais e na sua formação contínua,<br />

bem como noutros fringe benefits, como por<br />

exemplo ginásio, seguro de saúde, fundo de<br />

pensões, bem como em progressões salariais<br />

constantes, baseadas em objectivos.<br />

De Norte a Sul<br />

O recrutamento não difere<br />

apenas nestas sazonalidades,<br />

mas também em termos<br />

geográficos. Devido à região<br />

Centro apresentar uma baixa<br />

taxa de desemprego, Cláudia<br />

Rodrigues sente uma maior<br />

dificuldade na contratação<br />

nessa área, tendo em conta<br />

o “incremento do sector<br />

industrial e a falta de mão-deobra<br />

formada e especializada”.<br />

Como é espectável, as<br />

grandes metrópoles sentem um impacto maior<br />

da procura que as restantes regiões do país.<br />

“Lisboa e Porto têm aumentado claramente<br />

as necessidades de recrutamento através<br />

da construção e redimensionamento das<br />

instalações das empresas do sector logístico e<br />

de transporte”, explica, e “não apenas nos perfis<br />

menos qualificados, mas em todos os perfis de<br />

forma transversal”.<br />

Também Filipe Forte sente que nestas<br />

regiões se verifica uma procura por funções<br />

especializadas com maior regularidade, e que<br />

nestas regiões existem ranges salariais mais<br />

elevados, não sendo, no entanto, exclusivo da<br />

área da logística.<br />

Em tom de conclusão, o responsável da<br />

Michael Page comenta que “o que antes era um<br />

departamento de suporte, ao dia de hoje é um<br />

departamento fulcral numa organização, para o<br />

seu crescimento e a sua sustentabilidade”. •


74<br />

O MUNDO É REDONDO, por Cláudia Brito<br />

My Life in Leadership,<br />

Frances Hesselbein<br />

Jossey-Bass, 2011 edition<br />

Frances Hesselbein tem 103 anos de idade e um ar muito composto e frágil, em flagrante contraste<br />

com o seu carácter vigoroso, sólido e inabalável. Ela representa o verdadeiro herói americano que a<br />

Europa sempre admirou (e de quem temos muitas saudades...): cheio de confiança em si mesmo sem ser<br />

arrogante, patriótico sem ser racista, sofrido sem nunca se deixar derrotar e com uma crença imensa na<br />

força do espírito humano.<br />

» O livro “My Life in Leadership” (“A Minha<br />

Vida na Liderança”) de Frances Hesselbein<br />

descreve as etapas da sua vida que a<br />

conduziram ao topo do reconhecimento por<br />

presidentes, generais e gurus da liderança.<br />

Nele, ela partilha as histórias de família<br />

contadas pela avó materna (o seu ídolo) e os<br />

seus momentos decisivos, que pedra a pedra<br />

construíram a muralha da sua determinação.<br />

Sem uma educação superior formal, passando<br />

metade da vida como mãe de família e<br />

liderando organizações sem fins lucrativos<br />

(a maior parte como voluntária), à frente das<br />

“Girls Scouts of the USA” levou a gestão do<br />

sector social duma posição secundária para a<br />

vanguarda dos sectores público e privado nos<br />

Estados Unidos. Frances Hesselbein bebeu dos<br />

ensinamentos de Peter Drucker, e foi por ele<br />

considerada a melhor gestora de todo o país,<br />

em todos os sectores.<br />

» Para Frances Hesselbein, a liderança é o<br />

“ser”, não o “fazer”. Ela inventou o conceito de<br />

“gestão circular”, em que não há uma hierarquia<br />

na organização (com cima, baixo e caixas<br />

quadradas) mas antes uma espécie de sistema<br />

solar, com a organização e a comunidade à<br />

volta e o líder no centro.<br />

» Segundo ela, o mais importante é a missão<br />

que se estabelece, o único guia para toda e<br />

qualquer decisão. Tudo pode mudar menos<br />

a razão de ser, os valores e os príncipios.<br />

O contexto cria os desafios e determina as<br />

soluções baseadas em factos, conhecimento e<br />

nas necessidades daqueles que o líder serve. A<br />

seguir, é necessário respeitar a opinião de todos<br />

e dar-lhes tempo para se ajustarem à mudança,<br />

nunca humilhar nem minimimizar quem quer<br />

que seja. Depois de consolidar o presente, é<br />

preciso tornar a organização auto-suficiente<br />

e um motor de aprendizagem contínua,<br />

preparada para qualquer futuro.<br />

» A auto-descrição vívida e genuína das<br />

experiências de vida de Frances Hesselbein<br />

ilustra maravilhosamente todos estes pontos. O<br />

seu grande talento e paixão é a comunicação, o<br />

poder da linguagem, e ela sabe como ninguém<br />

criar uma visão inspiradora para todos e<br />

cristalizá-la em poderosas palavras. Comunicar<br />

não é falar, é ser ouvido. Pensa primeiro, fala<br />

depois. A vida é para amar e ser amado, por<br />

esta ordem. E pede emprestado o slogan de<br />

Liderança do Exército Americano: “Ser, Saber e<br />

Fazer”.<br />

Frances Hesselbein é a presidente e CEO do “Leader to<br />

Leader Institute”. Ganhou ao longo da sua longa vida<br />

numerosos prémios, nomeadamente a maior distinção<br />

civil americana, a Medalha de Liberdade Presidencial,<br />

das mãos de Bill Clinton, como reconhecimento da sua<br />

extraordinária liderança das “Girl Scouts of the USA” de<br />

1976 a 1990.


Formação IN-HOUSE<br />

Gestão de Stocks<br />

Negociação na Logística<br />

Gestão do Armazém<br />

Auditoria Logística<br />

Gestão de Compras<br />

Workshops/Cursos<br />

Intra-Empresas<br />

estruturados e<br />

construídos à medida,<br />

realizados nas<br />

instalações da<br />

empresa, nos horários<br />

que forem mais<br />

convenientes.<br />

Procurement eficiente<br />

Seleção e avaliação de fornecedores<br />

O essencial da Gestão Logística e da Cadeia de Abastecimento<br />

Libertar e maximizar o potencial das equipas logísticas<br />

através da liderança eficaz<br />

Lean Logistics<br />

Gestão de Processos<br />

Facility Management<br />

Esta é uma oportunidade<br />

para reciclar<br />

conhecimentos, ampliar<br />

outros e alargar horizontes<br />

profissionais.<br />

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www.supplychainmagazine.pt/flow/<br />

flow@supplychainmagazine.pt<br />

Gestão de Rotas<br />

Gerir com sucesso a sua frota<br />

Como minimizar os custos de transporte<br />

Ferramentas de gestão logística para transitários<br />

Marcação de reuniões no Sector Transitário<br />

Sector Transitário - Formação em Vendas<br />

Formação Air & Sea - Vertente Comercial<br />

Formação em Transporte Aéreo - Vertente Comercial<br />

Formação em Transporte Marítimo - Vertente Comercial<br />

Formação em Supply Chain<br />

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