PME Magazine - Edição 14 - Outubro 2019
Leonor Freitas, empresária da Casa Ermelinda Freitas, é a figura de capa da PME Magazine de outubro. Leia aqui a edição completa.
Leonor Freitas, empresária da Casa Ermelinda Freitas, é a figura de capa da PME Magazine de outubro. Leia aqui a edição completa.
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OUTUBRO <strong>2019</strong> | TRIMESTRAL | EDIÇÃO <strong>14</strong><br />
EDIÇÃO ANO IV - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA<br />
tapcorporate.com<br />
DIRETORA: MAFALDA MARQUES<br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.SAPO.PT<br />
LEONOR<br />
FREITAS<br />
“Estou aqui por amor”<br />
VITACRESS<br />
COMIDA RÁPIDA SAUDÁVEL<br />
COM SELO PORTUGUÊS<br />
ORIGEM<br />
MERCADONA<br />
APOSTA NO MERCADO<br />
PORTUGUÊS PARA EXPANDIR<br />
IRMÃOS PINTO BASTO INVESTEM<br />
NO MERCADO SAUDÁVEL EM LISBOA
a<br />
FIGURA de DESTAQUE<br />
Índice<br />
p4 | BREVES<br />
p6 | CASOS DE SUCESSO<br />
Vitracress e o negócio das saladas rápidas saudáveis<br />
p8 | Frubis e as novas formas de comer fruta<br />
p10| FISCALIDADE<br />
Sandra Laranjeiro dos Santos e o planeamento sucessório<br />
p12| INTERNACIONAL<br />
Collision e aposta das startups portuguesas no Canadá<br />
p<strong>14</strong>| Mercadona e a aposta no mercado português<br />
p16| AMBIENTE<br />
Green Up e os projetos sustentáveis do turismo<br />
p19| RESPONSABILIDADE SOCIAL<br />
AbbVie e um mundo de possibilidades para todos<br />
p22| RH<br />
Bravon e a gamificação na produtividade das empresas<br />
p23| Julius Baer aposta em Portugal<br />
p26| FIGURA DE DESTAQUE<br />
Leonor Freitas e a expansão internacional de um negócio<br />
familiar<br />
p36| EMPREENDORISMO<br />
Alojamento local a impulsionar a economia nacional<br />
p38| Origem e o negócio das cafetarias e restaurantes<br />
saudáveis em Lisboa<br />
p40| Zome e os novos conceitos do mercado imobiliário<br />
p42| MEDIR PARA GERIR<br />
Luís Duarte e a importância dos estudos de mercado<br />
p44| MARKETING<br />
Pedro Caramez - O "Social CEO"<br />
p45| TECNOLOGIA<br />
Web Summit de regresso a Lisboa<br />
p46| LISPOLIS e a imporância das scale-up<br />
p47| FORA D'HORAS<br />
Legaaal, comida francesa em Lisboa<br />
p48| AGENDA<br />
Marketing Digital para pequenos negócios<br />
p50| OPINIÃO<br />
Álvaro Covões e o futuro de Portugal<br />
Ficha técnica<br />
DIRETORA: Mafalda Marques<br />
EDITORA: Ana Rita Justo<br />
REDAÇÃO: Mariana Barros Cardoso<br />
VÍDEO E FOTOGRAFIA: NortFilmes, João Filipe Aguiar<br />
DESIGN GRÁFICO: Inês Antunes<br />
DIGITAL MANAGERS: Fábio Jesuíno e Ricardo Godinho<br />
COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: Álvaro Covões, Cíntia Costa, Denisse Sousa, Luís Duarte,<br />
Pedro Caramez, Pedro Montijo, Pedro Rebordão e Sandra Laranjeiro dos Santos<br />
ESTATUTO EDITORIAL (leia na íntegra em www.pmemagazine.sapo.pt)<br />
DIREÇÃO COMERCIAL: Daniel Marques<br />
EMAIL: publicidade@pmemagazine.com<br />
PROPRIEDADE: Massive Media Lda.<br />
NIPC: 510 676 855<br />
MORADA SEDE ENTIDADE PROPRIETÁRIA/EDITOR:<br />
LisboaBiz - Av. Engenheiro Arantes e Oliveira, n.3 R/C<br />
1900-221 Lisboa<br />
REDAÇÃO: LisboaBiz - Av. Engenheiro Arantes e Oliveira, n.3 R/C<br />
1900-221 Lisboa<br />
TELEFONES: 217 112 690 | 96 453 31 02 | 934 952 854<br />
EMAIL: info@pmemagazine.com<br />
N. DE REGISTO NA ERC: 126819<br />
EDIÇÃO N.º: <strong>14</strong><br />
DEPÓSITO LEGAL N.º: 427738/17<br />
ISSN: 2184-0903<br />
TIRAGEM: 23.000 exemplares<br />
IMPRESSÃO: Lidergraf<br />
Rua do Galhano, n.º 15 4480-089 Vila do Conde<br />
DISTRIBUIÇÃO: Gratuita com o jornal Expresso<br />
PERIODICIDADE: Trimestral<br />
a<br />
Os compromissos das empresas<br />
Editorial<br />
Compromisso é vestir a camisola,<br />
mesmo que ninguém mais<br />
acredite naquilo que estamos a<br />
fazer. É levar uma empresa ao<br />
sucesso, falhando vezes sem<br />
conta, rumo a um ideal que nem<br />
sempre se encontra.<br />
Foi isso que Leonor Freitas,<br />
grande entrevistada da <strong>PME</strong><br />
<strong>Magazine</strong> de outubro, fez com a<br />
empresa que se confunde com<br />
ela própria. Ao seu comando, e<br />
depois de passar de geração em geração pela bisavó, avó,<br />
pai e mãe, a Casa Ermelinda Freitas encontrou com Leonor<br />
Freitas todo o esplendor de uma marca de vinhos global,<br />
testando novas castas que trouxeram diversidade a uma casa<br />
cada vez mais nas bocas do mundo.<br />
Numa época em que tanto se fala sobre responsabilidade<br />
empresarial, a <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> foi conhecer algumas das empresas<br />
que colocam o foco no cliente, como a Mercadona, na<br />
responsabilidade ambiental e em estilos de vida mais saudável.<br />
É o caso da Vitacress e da cadeia de cafetarias e restaurantes<br />
saudáveis Origem, um projeto que saiu da cabeça dos irmãos<br />
Luís, Luz e Vera Pinto Basto e que prolifera nas zonas mais<br />
empresariais de Lisboa.<br />
Damos ainda a conhecer as políticas de responsabilidade social<br />
da AbbVie e os projetos de turismo sustentável vencedores<br />
do prémio Green Up, promovido pela Territórios Criativos<br />
e pelo Turismo de Portugal.<br />
Desvendamos as novidades da nova edição da Web Summit<br />
e também a importância das técnicas da gamificação para a<br />
produtividade das empresas, com a Bravon.<br />
A participação portuguesa do evento ‘irmão’ do Web Summit,<br />
o Collision, em Toronto, também vem destacada nesta edição,<br />
bem como a importância cada vez maior do alojamento<br />
local na melhoria da qualidade de vida das empresas.<br />
<strong>2019</strong> caminha a passos largos para o final e novos horizontes<br />
aparecem no contexto empresarial. É preciso agir para não<br />
ficar para trás.<br />
Boas leituras e bons negócios!<br />
ANA RITA JUSTO | EDITORA<br />
ColorADD<br />
na <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong><br />
A <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> conta com <strong>14</strong> grandes secções,<br />
que servem de guia estrutural para as temáticas<br />
abordadas. De forma a tornar a revista mais inclusiva,<br />
foi integrado nas secções o sistema de<br />
identificação de cores ColorADD. Assim, cada<br />
secção conta com uma cor diferente, identificada<br />
com um símbolo que permite a pessoas<br />
daltónicas identificarem as cores que estão a<br />
ver.<br />
Desenvolvido com base nas três cores primárias,<br />
representadas através de símbolos gráficos,<br />
o código ColorADD assenta num processo<br />
de associação lógica que permite ao daltónico,<br />
através do conceito da adição das cores, relacionar<br />
os símbolos e facilmente identificar toda<br />
a paleta de cores. O branco e o preto surgem<br />
para orientar as cores para as tonalidades claras<br />
e escuras.<br />
Azul<br />
Vermelho<br />
Verde<br />
Roxo<br />
Amarelo<br />
Castanho<br />
Laranja<br />
Tons Claros<br />
Tons Escuros<br />
Branco<br />
Cinza<br />
Claro<br />
Preto<br />
Cinza<br />
Escuro<br />
3
o<br />
Breves<br />
RECODME REQUALIFICA JOVENS NO DESEMPREGO<br />
O Recodme é um programa de formação para o setor<br />
da inovação e tecnologia que vai requalificar jovens<br />
desempregados inscritos no Instituto do Emprego e<br />
Formação Profissional (IEFP). O curso não tem custos<br />
para os formandos e dura sete meses, tendo como<br />
alvo pessoas que tenham o 12.º ano completo e até 29<br />
anos. A primeira edição do curso terá início no último<br />
trimestre de <strong>2019</strong> com 20 alunos.<br />
Recodme, programa de formação no setor da inovação e tecnologia<br />
HARLEY-DAVIDSON E FCA BANK<br />
JUNTAS EM PORTUGAL<br />
No inicio do mês de setembro, a Harley-Davidson<br />
e a FCA Bank S.P.A. estenderam a sua parceria ao<br />
território português. A Harley-Davidson Financial<br />
Services é a empresa de financiamento e serviços da<br />
icónica marca americana de motas e isso permite à<br />
FCA Bank desenvolver ainda mais a sua experiência<br />
neste setor, representando uma nova oportunidade de<br />
crescimento.<br />
Harley-Davidson e FCA Bank em Portugal<br />
MINI ELIDE FIRE CHEGA A PORTUGAL<br />
As Mini Elide Fire vermelha e azul, especialmente desenhadas<br />
para extinguir fogos em veículos automóveis,<br />
no cofre do motor e dentro do tablier, chegaram a<br />
Portugal. Têm apenas 400 gramas e 4 polegadas, mas<br />
funcionam exatamente da mesma forma, com o mesmo<br />
pó e são igualmente biodegradáveis e amigas do ambiente.<br />
Mini Elide Fire vermelha e a azul<br />
E-COMMERCE EXPERIENCE DE VOLTA<br />
O E-commerce Experience vai iniciar a sua segunda<br />
edição e tem por objetivo ajudar as empresas<br />
participantes a otimizar e acelerar o crescimento de<br />
operações de e-commerce. O programa contempla<br />
pequenas,médias e grandes empresas, tem a duração<br />
de seis meses e potencia troca de experiências entre os<br />
profissionais, com palestras, workshops e mentorias.<br />
Lisboa recebe mais uma edição do E-commerce Experience<br />
4
OUTUBRO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.SAPO.PT<br />
CONTAMOS-LHE COMO FOI<br />
João Filipe Aguiar<br />
No passado mês de julho, a <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> apresentou<br />
a sua 13.ª edição, no Lispolis, com uma palestra do<br />
fundador e CEO da Science4You, Miguel Pina Martins.<br />
Aqui ficam as fotos do evento!<br />
5
e<br />
CASOS DE SUCESSO<br />
“ESTAMOS ATENTOS À PREOCUPAÇÃO<br />
AMBIENTAL” - LUÍS Mesquita Dias<br />
Mariana Barros Cardoso<br />
Victacress<br />
A Vitacress é uma marca que faz história há já 68<br />
anos. Com o lema “Sabor que começa na origem.<br />
Frescura, sabor e saúde: estes são os valores que<br />
nos inspiram”, a Vitacress tem as distinções de<br />
marca “responsável” e “de confiança”. Foi com<br />
um humilde campo de produção de agrião de água<br />
que se tornaram numa empresa internacional que<br />
emprega cerca de 1.500 pessoas, atualmente<br />
com 720 hectares de campo cultivado. A Vitacress<br />
responde pelas suas ações e cumpre as suas<br />
promessas, nesta entrevista de Luís Mesquita<br />
Dias, diretor-geral, à <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong>.<br />
Luís Mesquita Dias, diretor-geral Vitacress<br />
<strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> – Vitacress, qual foi a linha de raciocínio<br />
para chegar a um dos nomes mais soados em<br />
Portugal, nomeadamente por quem é fã da rentabilidade<br />
de tempo na hora de fazer o jantar?<br />
Luís Mesquita Dias – A empresa mãe, fundada em Inglaterra<br />
chamava-se Vitacress, quando o dono da empresa<br />
veio para Portugal, chamou-lhe "Iberian Salads",<br />
em inglês, sua nacionalidade e manteve o nome até há<br />
cerca de quatro anos, altura em que começámos a chamar-nos<br />
Vitacress Portugal. Entretanto, a marca tinha<br />
ganho muita notoriedade e queríamos tão rápido quanto<br />
possível mostrar às pessoas que éramos portugueses.<br />
Há cerca de quatro anos mudámos para Vitacress<br />
Portugal.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Em 1981 começaram a produzir em Portugal,<br />
no Algarve. Quais foram as maiores adversidades<br />
que encontraram?<br />
L. M. D. – Há pouca documentação referente a essa<br />
época, mas é curioso ter sido escolhido um sítio que,<br />
na altura, era predominantemente agrícola e que agora<br />
está rodeado de empreendimentos urbanos, portanto<br />
estamos de certa forma limitados no nosso crescimento.<br />
Atualmente, podemos referir que o agrião de<br />
água, produzido no Algarve, representa muito pouco<br />
do nosso portefólio total, da mesma maneira que o Algarve<br />
representa uma pequena parte dos terrenos que<br />
temos. No Algarve temos 20 hectares e a Vitacress tem<br />
no total 350 hectares [de agrião de água]. Diria que somos,<br />
a nível europeu, a empresa que mais agrião de<br />
água produz e que mais sabe de agrião de água.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Em 1988 começaram a produção de folhas<br />
baby em Portugal, foi uma aposta que sabiam<br />
que ia resultar?<br />
L. M. D. – Nessa altura não se tratava tanto de resultar<br />
pela diferença, porque o objetivo do proprietário da<br />
6<br />
empresa era abastecer Inglaterra no inverno. Ele era<br />
um agricultor visionário que percebeu que o mercado<br />
caminharia num sentido de maior conveniência, maior<br />
consumo deste tipo de produtos e que, a prazo, passariam<br />
a ser embalados e essa era a visão que ele tinha<br />
para o negócio e que se comprovou visionária. No entanto,<br />
quando ele veio para Portugal era com o objetivo<br />
só de produzir para Inglaterra. Depois, naturalmente,<br />
começou a achar, e bem, que também em Portugal haveria<br />
oportunidade e como queria produzir outros produtos,<br />
além do agrião de água, criou em Odemira o que<br />
é agora a sede da Vitacress.<br />
"Queríamos tão rápido quanto<br />
possível mostrar às pessoas<br />
que éramos portugueses"<br />
<strong>PME</strong> Mag. – A nível de durabilidade, é mais resistente<br />
a folha baby. Foi uma escolha assertiva para o<br />
vosso negócio?<br />
L. M. D. – Não se pode dizer que ela seja mais resistente.<br />
Ela é mais rica em nutrientes e tem uma característica<br />
que, por ser pequena, quando é cortada, a<br />
superfície do talo sujeito a oxidação é pequena. Não é<br />
uma questão da durabilidade da folha, mas sim da tenrura<br />
da folha e da sua riqueza a nível nutritivo. É uma<br />
forma de plantação muito densa.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – São realmente os únicos produtores de<br />
folha baby em Portugal?<br />
L. M. D. – Não, há mais produtores. A maior parte<br />
deles são produtores relativamente pequenos. Os<br />
nossos dois principais concorrentes compram a muitos<br />
pequenos produtores. Enquanto produtores individuais<br />
somos de longe os maiores, mas não somos os únicos.
OUTUBRO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.SAPO.PT<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Como é que surgiu a hipótese de fazer<br />
parceria com a Uber Eats, uma vez que a plataforma<br />
tem parceria essencialmente com restaurantes?<br />
L. M. D. – Surgiu da nossa parte, de forma a termos o<br />
nosso produto cada vez mais disponível em mais ocasiões<br />
para mais consumidores. Fizemos uma parceria<br />
com uma cadeia de restaurantes que, juntamente<br />
com os seus produtos, se disponibilizou a vender os<br />
nossos. Um consumidor Uber Eats pode encontrar os<br />
nossos produtos em alimentação saudável se procurar<br />
numa loja virtual, na Vitacress e ainda nas lojas do<br />
nosso parceiro, inclui na sua ementa salada Vitacress.<br />
Esperamos com esta parceria ter mais sucesso junto de<br />
empresas.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Por falar em parcerias, foram parceiros<br />
do Web Summit em 2018, há perspetiva para este<br />
ano?<br />
L. M. D. – Em princípio, de uma forma ou de outra, tencionamos<br />
manter.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Qual é a estratégia da Vitacress para os<br />
próximos anos, nomeadamente com as empresas?<br />
L. M. D. – No fundo, mais do que entrar nas empresas<br />
o que queremos é chegar onde o consumidor está<br />
e temos conhecimento, estudos de mercado que dizem<br />
que grande parte dos nossos consumidores são<br />
pessoas ativas que trabalham em empresas, portanto,<br />
tudo o que seja Uber Eats, máquinas de venda, etecetera,<br />
são boas estratégias para nós e a comunicação<br />
massiva, na rádio, por exemplo.<br />
Cultivo de folha baby que compõe as saladas Vitacress<br />
Preparação do solo para cultivo de folhas baby Vitacress<br />
Campo de cultivo Vitacress, costa alentejana<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Vivemos uma fase de muita sensibilidade<br />
face às problemáticas ambientais. Há previsão de<br />
quando os consumidores poderão comprar os vossos<br />
produtos com outro embalamento sem ser de plástico?<br />
L. M. D. – O plástico está a ser diabolizado de uma maneira<br />
que não merece. Quem merece ser diabolizado<br />
é quem manipula mal o plástico. São as pessoas que<br />
lhe dão mau uso, que não o reciclam ou que o deitam<br />
para onde não o devem deitar que estão, no fundo, a<br />
condenar uma matéria prima que é muito nobre e muito<br />
adequada à segurança alimentar. Cada vez haverá<br />
mais consciência de que deve ser bem utilizado e até<br />
diminuído. A perceção das pessoas é muito negativa,<br />
nós temos de dar passos concretos para reduzir e já<br />
estamos a reduzir em cuvetes com plástico à volta, mas<br />
a cuvete que é de plástico vai passar a ser a cartão. São<br />
pequenos passos que demonstram que a marca está<br />
atenta à preocupação ambiental.<br />
"Grande parte dos nossos<br />
consumidores são pessoas<br />
ativas que trabalham em empresas"<br />
<strong>PME</strong> Mag. – A Vitacress veio oferecer rentabilidade<br />
de tempo, têm essa noção?<br />
L. M. D. – Sem dúvida, porque precisamente trabalhamos<br />
sempre, não apenas no conteúdo, mas na conveniência<br />
da maneira como o apresentamos. Uma folha<br />
é uma folha, num saco, num prato ou numa taça, mas,<br />
efetivamente, o grau de conveniência é muito maior<br />
com as nossas saladas.<br />
7
e<br />
CASOS DE SUCESSO<br />
NÃO HÁ DESCULPAS PARA NÃO COMER FRUTA<br />
Mafalda Marques<br />
Frubis<br />
A Nuvi Fruits quer ser uma referência nacional<br />
e internacional no desenvolvimento e produção<br />
de soluções alimentares derivadas da fruta, com<br />
vista a facilitar o acesso a uma alimentação mais<br />
equilibrada e saudável com produtos saborosos,<br />
divertidos e inovadores. A marca mais conhecida é<br />
a Frubis, ou a forma divertida de comer fruta.<br />
O grupo Luis Vicente está organizado em três áreas<br />
de negócio: produção agrícola, distribuição de fruta e<br />
a área industrial onde a fruta é a matéria prima, dando<br />
origem à Nuvi Fruits em 2006. No final de 2013, inaugurou<br />
a unidade industrial para processamento de fruta<br />
com tecnologia de ponta certificada nos referenciais<br />
IFS Food e BRC Food, com sede na Freixofeira, em Torres<br />
Vedras. Um investimento acumulado, à data desta<br />
edição, na ordem dos 5 milhões de euros, a operar com<br />
cerca de 75 funcionários.<br />
Atualmente a Nuvi Fruits opera em duas áreas de negócio:<br />
fruta fresca cortada (produtos da chamada IV<br />
Gama) que representa 55% na faturação da empresa e<br />
a fruta desidratada. O crescimento desta última consolidou<br />
a sua marca mais conhecida, a Frubis, numa categoria<br />
de produtos com cerca de 4 ou 5 anos de existência.<br />
Frubis é a marca mais conhecida, com cerca de 4 ou 5 anos de existência<br />
Além do mercado nacional, a Frubis já produz a marca<br />
própria de um retalhista no Reino Unido, na IV Gama,<br />
mas atua nos mercados internacionais com o nome<br />
Frubis, não tendo havido necessidade de adaptação<br />
por motivos culturais.<br />
A agenda de inovação a nível de desenvolvimento de<br />
novos produtos é muito ambiciosa, pelo que o crescimento<br />
da empresa passará não só pela entrada em novos<br />
mercados, mas também pela consolidação e alargamento<br />
da sua gama de produtos nos países onde já<br />
atua.<br />
“Organizamos mensalmente sessões a que chamamos<br />
Funil de Inovação, com o objetivo de lançarmos anualmente<br />
novos produtos. Até final de <strong>2019</strong>, contamos<br />
conseguir lançar mais dois ou três”, afirma.<br />
A Frubis desafia as pessoas a consumir fruta de forma<br />
diferente, descontraída e divertida: “Com o ritmo<br />
da vida, as pessoas pouco param para comer, então<br />
quando o fizerem que façam escolhas saudáveis”.<br />
David Mota, diretor-geral da Nuvi Fruits<br />
David Mota, diretor-geral da Nuvi Fruits, explica que “o<br />
negócio dos desidratados da Nuvi fruits está a crescer<br />
e as exportações já têm um peso de 35% a 40% neste<br />
segmento".<br />
"Já exportamos para mais de 10 países na Europa, entre<br />
os quais Espanha, Alemanha, Reino Unido, Itália,<br />
Grécia, Bielorrússia, Lituânia e, na Ásia, já chegámos<br />
ao Japão e Coreia. Este ano contamos chegar ao Chile”,<br />
conta.<br />
8<br />
“Queremos estar em locais de conveniência, vending<br />
machines e pontos de compra impulsiva para que hajam<br />
escolhas saudáveis e saborosas”, refere David Mota.<br />
"Cada vez mais é difícil colocar as novas gerações a<br />
consumir fruta e, de uma forma disruptiva e divertida,<br />
conseguimos que o façam, não havendo desculpas<br />
para não comer fruta.”<br />
Nuvi Fruits opera na área da fruta fresca cortada e fruta desidratada
PT-BIO-03<br />
Agricultura Portugal
p<br />
fiscalidade<br />
EMPRESAS FAMILIARES E PLANEAMENTO<br />
SUCESSÓRIO: UM DESAFIO OU UMA OPORTUNIDADE?<br />
Sandra Laranjeiro dos Santos, LS Advogados, RL<br />
LS Advogados, RL<br />
A notícia do falecimento de Alexandre Soares dos Santos<br />
poderia ser o mote para este artigo, mas a verdade<br />
é que a história do homem que veio para Lisboa com um<br />
ano de idade, quando o seu pai se mudou para a capital<br />
para trabalhar com o sogro na Jerónimo Martins, e<br />
o desenlace desta estória com mais de 4.100 lojas que<br />
se estendem por mais de 10.000 quilómetros entre Colômbia,<br />
Portugal e Polónia, é apenas mais um exemplo<br />
do impacto que as empresas familiares têm no tecido<br />
empresarial português.<br />
Segundo um estudo feito em 2011 a propósito do tema 1 :<br />
80%<br />
60%<br />
50%<br />
das empresas portuguesas são familiares<br />
e estas são responsáveis por gerar<br />
do Produto Interno Bruto,<br />
da empregabilidade deste belo<br />
país à beira mar plantado.<br />
As empresas familiares constituem a mais antiga e dominante<br />
forma de organização empresarial e são os<br />
principais agentes do setor privado na economia mundial<br />
2 .<br />
Tudo isto leva qualquer leigo na matéria a compreender<br />
que a dinâmica das empresas familiares merece e<br />
precisa de ser estudada, pois o ADN que estas fazem<br />
transpirar nos bens ou serviços que criam, não só as<br />
diferencia no mercado como é a pedra basilar da sua<br />
(auto)subsistência. Contudo, se a filosofia do negócio<br />
(seja ele qual for) é intrínseco a cada família, os desafios,<br />
esses, parecem ser comuns: das 2802 entrevistas<br />
a presidentes executivos de empresas familiares,<br />
feitas pela Consultora PwC 3 foram identificadas duas<br />
grandes fragilidades neste tipo de empresas: o risco de<br />
colapso por não planearem a sucessão e alguma indiferença<br />
perante os desafios da revolução tecnológica.<br />
De acordo com o referido estudo, 43% das empresas<br />
familiares inquiridas não dispunham de qualquer tipo<br />
de plano de sucessão, embora os mesmos inquiridos<br />
reconheçam a necessidade de planear a sucessão<br />
como uma prioridade e desafio. Contudo, porque a<br />
decisão sobre uma nova liderança pode ser uma fonte<br />
de fortes discórdias e divisões familiares o tema é<br />
muitas vezes adiado. Ora, a liderança é a chave mestra<br />
10<br />
Sandra Laranjeiro dos Santos, LS Advogados, RL<br />
para o sucesso das organizações, pelo que no núcleo<br />
das empresas familiares torna-se ainda mais decisiva<br />
a sua escolha, a história mostra-nos que escolhas menos<br />
acertadas podem levar ao colapso de um “império”,<br />
razão pela qual o planeamento sucessório é aqui<br />
um grande desafio, mas representa também uma oportunidade<br />
para a inovação na linha da continuidade.<br />
E por falar em oportunidade há ainda que assinalar que<br />
a nível da tributação uma empresa como “veículo do<br />
património global familiar” pode, também, ser uma excelente<br />
aposta para que o legado permaneça no seio<br />
familiar, com a menor tributação possível – vejamos.<br />
Nas sucessões por morte, o imposto selo (antigo imposto<br />
sobre sucessões e doações) é devido pela herança,<br />
representada pelo cabeça-de-casal, e pelos legatários.<br />
Quando da herança faça parte uma empresa<br />
(que a lei identifica como estabelecimento comercial,<br />
industrial ou agrícola ou outro estabelecimento com<br />
contabilidade organizada), bem como quotas ou ações<br />
o valor da herança será, regra geral, determinado com<br />
base no balanço, sendo que os imóveis de que a empresa<br />
seja titular também são considerados no ativo do<br />
balanço pelo valor patrimonial tributário (vulgo, VPT).
OUTUBRO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.SAPO.PT<br />
O valor de quota social transmitida por herança é determinado<br />
pelo último balanço, na suposição de que<br />
esse balanço exprime a situação económica e financeira<br />
da sociedade e, portanto, a medida do enriquecimento<br />
gratuito do património do herdeiro.<br />
Determinado o imposto poderá haver lugar à isenção<br />
de tributação em sede de imposto do selo, quando a<br />
herança seja partilhada pelo cônjuge ou unido de facto,<br />
descendentes e ascendentes. Note-se que se nenhum<br />
destes intervenientes ficar com mais de 75% do capital<br />
social da referida sociedade (por quotas ou ações) que<br />
seja proprietária de imóveis situados em território português,<br />
a partilha da herança não gerará a incidência<br />
de Imposto sobre Transmissões Onerosas de Imóveis<br />
(IMT).<br />
De igual modo, há aqui que destacar que quando destas<br />
empresas faça parte um elevado espólio imobiliário,<br />
os herdeiros poderão (ainda) beneficiar de uma<br />
taxa reduzida do Adicional de Imposto Municipal sobre<br />
Imóveis (AIMI), isto porque o legislador permite que a<br />
tributação do AIMI passe para a esfera dos herdeiros<br />
desde que exista um procedimento ativo do cabeça-<br />
-de-casal e confirmação dos dados por parte dos herdeiros<br />
por este mencionados. Com este procedimento<br />
consegue-se repartir o património imobiliário que in-<br />
tegra a herança e evitar o AIMI ou um maior pagamento<br />
de imposto. Dizemos evitar, pois se na esfera de cada<br />
herdeiro de per si ficar reunido um espólio imobiliário<br />
inferior aos 600.000,00 euros de VPT não haverá AIMI<br />
a pagar, ainda que no seu conjunto o espólio imobiliário<br />
(da herança no seu todo) seja de valor bastante<br />
superior.<br />
Para o efeito, o cabeça-de-casal terá de entregar uma<br />
declaração identificando todos os herdeiros e as suas<br />
quotas nessa herança, até 31 de março, e os herdeiros<br />
terão de confirmar essas quotas declaradas, igualmente<br />
através de declaração, de 1 de abril a 30 de abril.<br />
Cumprindo estes procedimentos, a herança indivisa<br />
deixa de ser tributada em AIMI, passando o novo imposto<br />
a recair sobre os herdeiros, será cada herdeiro a<br />
suportar a sua quota-parte, dividindo-se assim o valor.<br />
As empresas familiares têm desafios e oportunidades a<br />
considerar no planeamento sucessório, duas faces de<br />
uma mesma realidade que bem ponderadas permitirão<br />
assegurar a sustentabilidade daqueles que geram grade<br />
parte da riqueza neste país.<br />
1<br />
Vide Almeida, P. N. (coord.). (2011). Livro Branco da Sucessão Empresarial Portuguesa -<br />
O Desafio da Sucessão Empresarial em Portuga. AEP-Associação Empresarial de Portugal.<br />
2<br />
Vide Comi & Eppler, 20<strong>14</strong>.<br />
3<br />
Num inquérito feito em 2016 pela Consultora.<br />
11
INTERNACIONAL<br />
O QUE É QUE O CANADÁ TEM?<br />
Ana Rita Justo<br />
Divulgação<br />
Das mãos dos organizadores da Web Summit surge, pelo quinto ano, a Collision, um evento de base tecnológica<br />
que este ano decorreu em Toronto e contou com a presença de cinco empresas portuguesas. Fomos saber o<br />
resultado deste investimento.<br />
Mais de 25 mil pessoas de 125 países diferentes deslocaram-se<br />
a Toronto, em maio deste ano, para assistir à<br />
Collision, evento irmão da Web Summit, mas com foco<br />
na América do Norte. Crossjoin, Itscredit, Infinite Foundry,<br />
Fractal Mind e Winwel Electronics foram os projetos<br />
portugueses que se apresentaram ao mercado norte-americano<br />
neste evento, de onde a visibilidade e a geração<br />
de leads foram o que mais retiraram.<br />
interesse no evento. O resultado foi, por isso, “bastante<br />
positivo”.<br />
“Posso dizer que fomos convidados por várias regiões<br />
do Canadá a transferir o nosso negócio para lá, com incentivos<br />
bastante interessantes.”<br />
UMA ECONOMIA “INFLUENTE”<br />
Já para João Modesto, fundador da Crossjoin, consultora<br />
tecnológica com sede em Lisboa e já com operações<br />
em vários países, esta foi uma oportunidade para tentar<br />
crescer no país, onde a Crossjoin já se encontra a trabalhar<br />
“com a maior empresa de telecomunicações do<br />
Canadá”.<br />
“Há muito por onde crescer neste país. O Canadá tem<br />
uma economia das mais influentes do mundo e Toronto<br />
é considerada uma potência tecnológica, já apontada<br />
como a nova Silicon Valley."<br />
Depois de três edições na Web Summit, houve até quem<br />
reconhecesse a Crossjion na Collision, o que tornou<br />
esta participação ainda mais especial. O foco da empresa<br />
estava no setor bancário, “um dos maiores do mundo”,<br />
sublinha João Modesto.<br />
Tiago Perdigão, CEO da Fractal Mind, decidiu investir na Collision<br />
Com um conceito de gamificação para resolver problemas<br />
no mundo dos negócios, a Fractal Mind participou<br />
na Web Summit no ano passado, o que lhe valeu aprovação<br />
imediata da parte da organização da Collision<br />
para participar no evento.<br />
“Como tinham tido um feedback fantástico da nossa<br />
participação em Lisboa disseram-nos logo que estávamos<br />
aprovados para participar, ou seja, sem passar por<br />
todo o processo de seleção”, revelou à <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong><br />
Tiago Perdigão, CEO da empresa.<br />
O mercado da América do Norte é um dos apetecíveis<br />
para a Fractal Mind, “com especial ênfase no Canadá,<br />
onde a gamification está bastante evoluída e é muito utilizada<br />
pelas empresas”, confessa o responsável, daí o<br />
12<br />
“Estamos, neste momento, a estudar a possibilidade de<br />
colaboração com algumas das empresas que estiveram<br />
na Collision”, revela o responsável, que “pretende aumentar<br />
os clientes a nível internacional”, mas também a<br />
presença em Portugal.<br />
João Modesto faz balanço positivo da presença da Crossjoin em Toronto<br />
“Estamos presentes um pouco por todos os continentes.<br />
Na Europa, além de Portugal, estamos no Reino Unido,<br />
França, Alemanha, Bélgica e Espanha. No continente<br />
americano temos projetos no Peru, Chile e Canadá.”
OUTUBRO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.SAPO.PT<br />
DESTINO: EUA<br />
Focado na expansão para aquele país, onde já tem<br />
clientes, João Lima Pinto, CEO da Itscredit, spin-off da<br />
ITSector que nasceu em 2018 com soluções de software<br />
de crédito, esta foi uma boa oportunidade para aumentar<br />
a visibilidade da empresa no mercado canadiano.<br />
João Lima Pinto, CEO da Itscredit<br />
“Marcámos um conjunto de reuniões importantes, fomos<br />
visitados no nosso stand por várias pessoas que<br />
partilharam comentários e sentiram-se inspiradas pelas<br />
nossas soluções. Toda esta dinâmica gerou leads, parcerias<br />
e brand and market awareness”, exultou João Lima<br />
Pinto. Contudo, o objetivo final desta startup é mesmo<br />
entrar no mercado dos Estados Unidos.<br />
A América do Norte é, por isso, um alvo ainda neste segundo<br />
semestre de <strong>2019</strong>, depois de uma presença importante<br />
na Coliision.<br />
“Temos a nossa tecnologia implementada em clientes de<br />
referência na América Latina, como a Mercedes-Benz,<br />
Volkswagen, Peugeot Citroen, Electrolux. O nosso objetivo<br />
é escalarmos para outras regiões do mundo que<br />
têm clusters fabris estratégicos para nós, nomeadamente<br />
Europa Central (Alemanha e França), Ásia (China e<br />
Japão), e América do Norte (EUA e Canadá).”<br />
Depois de Las Vegas e Nova Orleães, esta foi a primeira<br />
vez, ao fim de cinco edições, que Toronto recebeu a<br />
Collision. Entre os oradores de peso contam-se Alex<br />
Stamos, antigo chefe de segurança do Facebook, a diplomata<br />
costa-riquenha Christiana Figueres, o cantor<br />
Akon, Evan Williams, fundador e presidente da Medium,<br />
Peggy Johnson, da Microsoft, e Dadiv Eun, da Samsung.<br />
Em 2020, o cenário repete-se.<br />
“Temos a ambição de criar uma rede de parceiros globais,<br />
através de cross-selling em clientes existentes”,<br />
acrescenta.<br />
Já a Infinite Foundry, plataforma cloud que permite a<br />
otimização de processos de fabrico e treino de funcionários<br />
através de tecnologia 3D, vê na América do Norte<br />
um potencial para a expansão internacional.<br />
DESCOBRIR UMA<br />
DAS MAIORES ECONOMIAS<br />
DO MUNDO<br />
Infinite Foundry foi uma das empresas portuguesas na Coliision<br />
“Conseguimos interagir com o ecossistema local, tanto<br />
ao nível das grandes empresas que estão a olhar para<br />
esta fábrica digital, como investidores especializados<br />
em indústria, que é algo um pouco mais difícil de encontrar<br />
em Portugal”, diz André Luz, sócio fundador da<br />
empresa.<br />
Com um dos maiores sistemas bancários do mundo, o<br />
Canadá é país apetecível para qualquer empresa que<br />
queira expandir negócio. A economia canadiana está<br />
entre as dez maiores do mundo, sendo dominada pelo<br />
setor dos serviços. Tem, também, a terceira maior reserva<br />
de petróleo do mundo, com 169,7 bilhões de barris,<br />
segundo dados da Organização dos Países Exportadores<br />
de Petróleo (OPEP). É o maior parceiro comercial<br />
dos Estados Unidos, com as trocas comerciais diárias<br />
a rondar os 1,4 mil milhões de dólares canadianos. Segundo<br />
a OCDE, o Canadá é o país mais atrativo para empreendedores,<br />
bem como para os novos talentos.<br />
13
INTERNACIONAL<br />
MERCADONA, UM PROJETO<br />
DE EXPANSÃO DIFERENCIADOR<br />
Denisse Sousa<br />
Mercadona<br />
Líder de mercado em Espanha, a cadeia de<br />
supermercados Mercadona dá os seus primeiros<br />
passos num projeto de internacionalização para<br />
Portugal. Sendo o primeiro projeto deste nível da<br />
empresa, a exploração de mercado, conhecimento<br />
do consumidor e procura de fornecedores para<br />
produtos de qualidade mostram que esta marca veio<br />
fazer a diferença.<br />
Nasceu em 1977 como uma cadeia de mercearias e<br />
nada fazia prever o sucesso que esta empresa familiar<br />
iria atingir. Na Mercadona os conceitos de atuação são<br />
básicos: a qualidade dos produtos, a forma inovadora<br />
como respeitam o ‘Chefe’, ou o consumidor, a transparência<br />
com os fornecedores e ações de responsabilidade<br />
social e sustentabilidade.<br />
No entanto, este processo de diferenciação iniciou-<br />
-se em 1993. Depois de chegar aos 10.000 colaboradores<br />
e 150 lojas em Espanha, a marca implementou a<br />
estratégia comercial “SPB – Sempre Preços Baixos”,<br />
ou seja, não fazem promoções. Num mercado como o<br />
português (e, também o espanhol), onde os consumidores<br />
são adeptos das promoções e da publicidade,<br />
esta filosofia vem colocar a Mercadona num patamar<br />
diferente.<br />
Em 1996 nascem as marcas próprias: a Hacendado (alimentação),<br />
Bosque Verde (produtos do lar), Deliplus<br />
(produtos de higiene) e Compy (produtos para animais<br />
de estimação). Nestes produtos, estão identificados no<br />
rótulo os fornecedores que fazem os produtos em Portugal.<br />
Ou seja, num pacote de leite Hancedado, atrás<br />
pode-se ver qual o produtor português que faz o leite.<br />
Aqui, a relação com o fornecedor quer-se transparente<br />
e win win para todos os lados. Assim, garante-se a<br />
qualidade do produto e o crescimento de marcas parceiras<br />
e da própria cadeia.<br />
A relação com o fornecedor<br />
quer-se transparente e win win<br />
para todos os lados<br />
Mas, como é que se combatem as promoções e a publicidade?<br />
Na Mercadona acreditam que, em primeiro<br />
lugar, é imperativo ter os melhores produtos a preços<br />
competitivos. Aqui entra também o boca-a-boca e a<br />
recomendação de clientes que já conhecem os produ-<br />
<strong>14</strong><br />
O projeto de expansão para Portugal teve início em 2016<br />
tos. E a segunda, e principal razão, é que ao manter os<br />
preços fixos todos os elos da produção - desde os produtores<br />
até ao cliente final - sabem com o que podem<br />
contar. Na Mercadona há uma relação de transparência<br />
e ganho comum a todos.<br />
EXPANSÃO A PARTIR DO NORTE<br />
Em 2016 é aprovado o projeto de internacionalização<br />
da empresa para Portugal. Até aqui, a Mercadona estava<br />
em toda a Espanha. Apostou no Norte devido à<br />
proximidade e eficiência do bloco logístico em León,<br />
no Norte de Espanha, e do bloco na Póvoa de Varzim,<br />
perto do Grande Porto. Para a marca, este projeto de<br />
expansão é como uma mancha de azeite: começou no<br />
Porto e daí irá expandir-se para o resto do país.<br />
Focando-nos em números, a longo prazo a Mercadona<br />
espera abrir 150 lojas em Portugal, o que equivale<br />
a 1.100 postos de trabalho. Até ao final de 2018,<br />
foram investidos cerca de 160 milhões de euros, com<br />
previsão de chegar ao final de <strong>2019</strong> com 260 milhões<br />
de euros. Até ao final de 2018, foram comprados cerca<br />
de 203 milhões de euros a fornecedores portugueses<br />
e, mais recentemente, a empresa criou a "Irmãdona", a<br />
irmã da Mercadona, com sede no Porto, para que todos<br />
os impostos da atividade portuguesa sejam declarados<br />
em Portugal.<br />
RESPEITO PARA COM O 'CHEFE'<br />
Desde 2016 até à abertura da primeira loja em <strong>2019</strong>,<br />
a Mercadona andou a conhecer e perceber o “Chefe”<br />
(consumidor) português. A marca procura, assim, soluções<br />
para se adiantar às necessidades do ‘Chefe’,<br />
colocando-o no centro de todas as suas decisões.<br />
Tem em Matosinhos aquilo a que chama de Centros<br />
de Co-Inovação, um grande laboratório de ideias com<br />
cerca de 1000 metros quadrados, constituído por uma<br />
equipa de cerca de 50 pessoas, a quem chamam de<br />
“especialistas”, cada um dedicado a uma categoria de<br />
produtos.
OUTUBRO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.SAPO.PT<br />
Nesses centros, o “Chefe” prova e vai dando opiniões<br />
sobre os produtos apresentados, os “especialistas”<br />
criam uma ficha de características com aquilo que o<br />
“Chefe” quer e depois passa-a a um departamento de<br />
compras, ao qual informa a necessidade de encontrarem<br />
o melhor fornecedor de acordo com as especificidades<br />
pedidas. Depois de encontrado, o “Chefe” é<br />
chamado para uma nova prova, se não estiver de acordo<br />
com o que pretende, volta para trás.<br />
Mercadona espera abrir 150 lojas<br />
em Portugal e criar 1.100 postos<br />
de trabalho<br />
O desafio aqui é, além de entender o consumidor português,<br />
a marca manter-se firme ao modelo de negócio<br />
e dar valor à qualidade dos seus produtos.<br />
Secção de padaria e pastelaria no Canidelo<br />
DEVOLVER À COMUNIDADE<br />
No que toca à comunidade, a Mercadona não se impõe.<br />
Aqui entram os projetos de responsabilidade social, alguns<br />
dos quais já em andamento em Portugal. Primeiro,<br />
com uma parceria com o Sport Clube de Canidelo<br />
e a Câmara Municipal, onde reconstruíram o campo de<br />
futebol Manoel Marques Gomes e onde hoje mais 300<br />
crianças podem treinar todos os dias. Recuperaram a<br />
antiga fábrica de conservas Vasco da Gama, em Matosinhos,<br />
que estava devoluta. Mantiveram a fachada<br />
original, recuperaram o brasão da família e mantiveram<br />
a chaminé em barro, enquanto no Porto têm uma parceria<br />
com o Banco Alimentar para doações.<br />
Empresa tem em curso vários<br />
projetos de responsabilidade social<br />
A Mercadona aposta, ainda, na economia circular. Por<br />
exemplo, os baldes de esfregona, do lixo e a próprias<br />
esfregonas são feitas de plástico que foram buscar aos<br />
fornecedores. Regem-se pela estratégia do 8: se um<br />
camião sai de um bloco logístico para a loja e, pelo caminho<br />
passa pelo fornecedor que tem restos de plástico<br />
e pelo fornecedor dos baldes, este camião pode ir<br />
buscar os desperdícios de um, dar a outro e assim faz-<br />
-se o reaproveitamento.<br />
O QUE DIZEM<br />
OS FORNECEDORES<br />
Para Licínio Almeida, da BMVIV, que fez parte do processo<br />
inicial de implantação das lojas Mercadona, “o<br />
desafio foi estimulante devido à adaptação a novos<br />
processos construtivos de soluções de aquecimento,<br />
ventilação e ar condicionado, que o cliente impôs,<br />
fosse respondido de forma competente, rigorosa, com<br />
compromisso, por forma a que a solução final refletisse<br />
um sistema de elevados padrões de qualidade”.<br />
Já António Neto, administrador da Esferabrutal, reconhece<br />
que a Mercadona foi “a rampa de lançamento<br />
para um dos maiores voos da empresa, conseguindo<br />
um crescimento exponencial ao nível dos seus recursos<br />
e ao nível de volume de faturação”. “O modelo de trabalho<br />
da Mercadona, o empenho, dedicação e profissionalismo<br />
de todos os colaboradores da Esferabrutal<br />
e a proximidade entre ambas as entidades proporcionaram<br />
o clima de confiança existente”, acrescenta.<br />
Mercadona conta com especialistas para perceber o que o consumidor quer<br />
15
AMBIENTE<br />
TURISMO CADA VEZ MAIS SUSTENTÁVEL<br />
Ana Rita Justo<br />
Divulgação e Territórios Criativos<br />
Mais de 250 participantes candidataram as suas ideias de turismo sustentável ao programa Green Up, do<br />
Turismo de Portugal em parceria com a Territórios Criativos. Fomos conhecer os vencedores.<br />
Green Up teve mais de 250 participantes<br />
Os negócios querem-se, cada vez mais, sustentáveis e<br />
o turismo não foge à regra. Foi por isso que o Turismo<br />
de Portugal e a Territórios Criativos lançaram o Green<br />
Up, um programa de ideação em turismo sustentável, do<br />
qual saíram três grandes vencedores: um projeto móvel<br />
de degustação de doçaria tradicional, sacos de compras<br />
feitos a partir de plásticos retirados dos oceanos e um<br />
projeto de redescoberta do património megalítico português<br />
em modo caminhada.<br />
Gonçalo Silva, 17 anos, dá a cara pelo projeto vencedor<br />
do programa, que saiu da cabeça de seis colegas da<br />
Escola de Hotelaria e Turismo de Portimão. Chama-se<br />
“Little Tuga Treasures” e consiste numa forma “móvel<br />
e interativa de o turista e a população no geral terem<br />
acesso à doçaria tradicional e conventual”.<br />
O projeto tem por base a idealização de uma carrinha<br />
movida “maioritariamente a energias renováveis”, com<br />
uma vitrine com quatro secções de doces tradicionais.<br />
e Algarve, que muito ajudaram a desenvolver estes novos<br />
projetos.<br />
“As formações foram extremamente úteis para o desenvolvimento<br />
do nosso projeto. Os mentores foram muito<br />
profissionais e isso ajudou bastante”, sublinha Gonçalo<br />
Silva, que terminou este ano o curso de Técnicas de Cozinha<br />
e Pastelaria e que se encontra, atualmente a trabalhar<br />
num boutique hotel em Lagos.<br />
UM PLANO "AMBICIOSO"<br />
Dília Nunes, que aos 41 anos decidiu voltar a estudar e<br />
tirar o Mestrado em Design e Comunicação para Turismo<br />
e Cultura da Universidade do Algarve, conquistou o segundo<br />
prémio com o projeto “Mind the Bag”. O conceito,<br />
explica, passa por “sacos feitos de materiais plásticos<br />
retirados dos oceanos, 100% reutilizáveis, laváveis e recicláveis”.<br />
“Nesta vitrine, o cliente terá acesso a três doces tradicionais<br />
e um de inovação, sem glúten, ou outro produto<br />
que torne o doce mais saudável. Ao mesmo tempo, terá<br />
a oportunidade de, enquanto o seu pedido é finalizado,<br />
ouvir, a partir de um narrador audiovisual, a história e<br />
tradição por detrás daquele doce”, explica o vencedor.<br />
Atualmente em pausa para que os seis estudantes possam<br />
agora dar largas à sua imaginação no mundo sério<br />
do trabalho, o “Little Tuga Treasures” espera agora que<br />
os seus mentores voltem a agarrar na ideia e a transformem<br />
efetivamente num negócio de sucesso.<br />
O Green Up contou com mais de 12 oficinas criativas por<br />
diversas universidades e escolas de turismo do Alentejo<br />
16<br />
Sacos "Mind the Bag" serão feitos com plásticos dos oceanos
AMBIENTE<br />
“Pretende-se manter o conforto e a qualidade de vida<br />
dos consumidores, enquanto tentamos mudar paradigmas<br />
de consumo e ajudamos a salvar os oceanos, fundamentais<br />
para o nosso turismo e para a vida do planeta”,<br />
explica.<br />
Atualmente, Dília encontra-se a desenvolver o protótipo<br />
do saco para depois avançar para a procura de investidores.<br />
“A ‘Mind The Bag’ tem planos ambiciosos para o futuro<br />
e quer fazer a diferença na proteção dos oceanos. Esperamos<br />
estar em casa de todos os portugueses muito<br />
em breve.”<br />
Para isso, muito contribuiu a formação dada através do<br />
programa Green Up, nomeadamente o “The Good Business<br />
Model” [ver caixa].<br />
Segundo explica Teresa Preta, CEO da Territórios Criativos,<br />
um dos promotores do programa, trata-se de uma<br />
ferramenta para negócios sustentáveis que “permite<br />
trabalhar a sustentabilidade nos seus três níveis: financeiro,<br />
social e ambiental”.<br />
inicialmente em modo caminhada, mas que no futuro<br />
poderá ser alargado a experiências em bicicleta e jipe-<br />
-safari e também replicado noutros locais de Portugal<br />
por via do franchising.<br />
“O interior do nosso país é rico em património histórico,<br />
megalítico, cultural, social e natural, existe muito por<br />
descobrir em cada aldeia ou vila. É preciso criar um movimento<br />
capaz de revolucionar este estado de fraqueza<br />
cultura em que nos encontramos”, exorta Carlos Plácido.<br />
Para Teresa Preta, da Territórios Criativos, os “empreendedores<br />
estão cada vez mais sensibilizados para a<br />
importância da sustentabilidade e do impacto dos seus<br />
negócios”.<br />
“Há, por isso, a necessidade de acompanhar a evolução,<br />
não só do turismo, mas dos negócios.”<br />
“É fundamental que negócios sustentáveis na área do<br />
turismo sejam apoiados, não só porque o impacto do turismo<br />
é positivo, mas também porque os negócios querem-se<br />
conscientes”, advoga a responsável.<br />
Para Teresa Preta, os objetivos do Green Up “foram<br />
atingidos”.<br />
18<br />
“Confirmar que há tantos<br />
projetos sustentáveis<br />
idealizados por jovens foi<br />
uma surpresa muito grande”,<br />
confessa.<br />
REINVENTAR<br />
O PATRIMÓNIO<br />
O terceiro projeto galardoado<br />
pelo Green Up foi o<br />
Teresa Preta, CEO da Territórios Criativos “Pé-Anta-Pé”, idealizado<br />
por Carlos Plácido, natural<br />
de Pavia, concelho de Mora, Évora. A ideia surgiu quando,<br />
passado 20 anos, decidiu recuperar a casa de uns<br />
familiares e se deparou com o cenário de “desertificação”.<br />
“Recuperei apontamentos guardados há muito e parti à<br />
procura do megalítico de Pavia, descobrindo o ‘El Neolítico<br />
de Pavía’, de Vergílio Correia editado em 1921. Despertou-me<br />
as placas de xisto encontradas no interior de<br />
centenas de antas na região, em especial a encontrada<br />
no interior da nossa anta-capela de São Dinis”, explica<br />
Carlos Plácido à <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong>.<br />
Assim nasceu o “Pé-Anta-Pé”, um projeto que pretende<br />
“disponibilizar experiências temáticas e megalíticas”,<br />
"Little Tuga Treasures" foi o projeto vencedor do Green Up<br />
O QUE É O "THE GOOD<br />
BUSINESS MODEL"<br />
O "The Good Business Model" é um modelo de negócio<br />
desenhado pela consultora The Good Brands e<br />
que foi aplicado aos projetos do programa Green Up.<br />
É uma forma de trabalhar negócios que se querem<br />
conscientes e relevantes.<br />
Propõe então uma série de passos até se chegar ao<br />
projeto de sonho, financeiramente sólido e cheio de<br />
impacto social e ambiental, tais como: alinhamento<br />
com o propósito (“Golden Circle”), pensar de dentro<br />
para fora (conceito), nada se perde, tudo se transforma<br />
(ecossistema), operacionalização do negócio<br />
(tática), avaliar (impacto) e foco no que tem de ser<br />
feito (top objetivos estratégicos).
i<br />
RESPONSABILIDADE SOCIAL<br />
OUTUBRO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.SAPO.PT<br />
ABBVIE, GERAR IMPACTO<br />
JUNTO DE QUEM MAIS PRECISA<br />
Denisse Sousa<br />
AbbVie<br />
Na AbbVie, a missão principal é gerar um impacto notável na vida dos doentes, não só através do trabalho<br />
realizado em laboratório, mas também através das políticas de responsabilidade social. Conversámos com<br />
Carlo Pasetto, diretor-geral da AbbVie sobre como uma “semana de possibilidades” consegue mudar a vida<br />
daqueles que mais precisam.<br />
O Great Place to Work Institute atribuiu, em <strong>2019</strong>, à AbbVie o Prémio de Responsabilidade Social<br />
Com uma política de responsabilidade social forte, a<br />
AbbVie, bio farmacêutica americana fundada em 2013,<br />
procura criar impacto na vida das pessoas dentro e fora<br />
dos laboratórios. Além do trabalho desenvolvido na área<br />
da saúde através do desenvolvimento de soluções terapêuticas<br />
inovadoras e disruptivas, a bio farmacêutica<br />
acredita que o impacto social deve ir além do medicamento.<br />
Desde a sua criação, a AbbVie promove diversas iniciativas<br />
de responsabilidade social. Ajudar a melhorar a vida<br />
das pessoas nas comunidades em que estão inseridas,<br />
sejam doentes ou não, faz parte do ADN da empresa. A<br />
empresa acredita que a responsabilidade social deve ir<br />
mais além do que algo que está escrito no core do negócio,<br />
deve ser algo intrínseco a cada um dos seus colaboradores<br />
para que pequenos gestos possam fazer uma<br />
grande diferença.<br />
Desde a sua criação, a AbbVie<br />
promove diversas iniciativas<br />
de responsabilidade social<br />
“Procuramos assumir um papel ativo nas comunidades<br />
onde vivemos e trabalhamos. Queremos ter um impacto<br />
positivo na vida dos doentes, mas também na sociedade<br />
como um todo. Queremos contribuir para um mundo<br />
mais informado, mais saudável, mais justo”, explica<br />
Carlo Pasetto, diretor-geral da AbbVie Portugal.<br />
UMA SEMANA DE POSSIBILIDADES<br />
Em 2018 foi criada a Week of Possibilites, projeto global<br />
de responsabilidade social da companhia que, todos os<br />
anos, envolve cerca de 9 mil voluntários em todo o mundo.<br />
Durante essa semana, os colaboradores da AbbVie<br />
são desafiados a pôr em prática uma iniciativa de responsabilidade<br />
social para retribuir à comunidade.<br />
Um dos parceiros envolvidos nesta semana de responsabilidade<br />
social é a Fundação AFID Diferença, sediada<br />
em Alfragide, na Amadora, instituição dedicada à inclusão<br />
de jovens portadores de deficiência e cuidado a<br />
crianças e idosos.<br />
“Como nos identificámos de imediato com os valores da<br />
AFID e acreditamos que para mudar o mundo não é necessário<br />
ir muito longe, oferecemos a nossa ajuda durante<br />
a Week of Possibilities”, explica o diretor-geral.<br />
“Começámos por fazer obras de remodelação e pintura<br />
num espaço do Lar Residencial da AFID que não estava<br />
a ser utilizado e, posteriormente, os nossos voluntários<br />
montaram móveis novos e redecoraram o espaço. Desta<br />
ação resultou uma nova zona de lazer para os utentes,<br />
onde agora podem ver televisão, conversar, mas tam-<br />
19
i<br />
RESPONSABILIDADE SOCIAL<br />
bém dedicar o seu tempo a algumas atividades lúdicas,<br />
como a pintura e o artesanato”, adianta.<br />
Além desta fundação, a farmacêutica apoia também outras<br />
instituições como a Associação de Intervenção Comunitária,<br />
Desenvolvimento Social e de Saúde (AJPAS),<br />
o Grupo de Ativistas em Tratamentos (GAT) e a Associação<br />
Portuguesa de Doença Inflamatória do Intestino<br />
(APDI). Em <strong>2019</strong>, ajudou também a Academia do Johnson<br />
quando em conjunto criaram o “Escolher Viver”, um<br />
projeto de prevenção de comportamentos de risco destinado<br />
a crianças e jovens, que impactou mais de 3 mil<br />
alunos do concelho da Amadora.<br />
uma mudança positiva, a intervir em prol do bem comum”,<br />
conclui Carlo Pasetto.<br />
RESPONSABILIDADE SOCIAL EM EQUIPA<br />
A consciência da responsabilidade social é passada<br />
a todos os novos colaboradores da AbbVie através de<br />
uma formação inicial, na qual é explicada a cultura da<br />
bio farmacêutica, os seus valores, a forma de atuar e o<br />
compromisso com a comunidade.<br />
“É muito importante que todos os colaboradores se<br />
identifiquem com a cultura da companhia. Além de serem<br />
os melhores profissionais da área, são também<br />
pessoas extremamente dedicadas e empenhadas em<br />
marcar a diferença, em mudar a vida das pessoas para<br />
melhor”, reforça.<br />
O objetivo é ajudar a resolver<br />
problemas identificados<br />
pelas instituições<br />
Parte do trabalho é desenvolvido pelo departamento de<br />
recursos humanos na formação contínua, no desenvolvimento<br />
pessoal e profissional das pessoas que fazem<br />
parte da AbbVie.<br />
“Ajudar os outros faz parte da nossa identidade, da nossa<br />
cultura e é algo que fomentamos todos os dias. Esta é<br />
a nossa forma de estar”, conclui Carlo Pasetto.<br />
Recentemente, o Great Place to Work Institute atribuiu à<br />
AbbVie o Prémio de Responsabilidade Social.<br />
Carlo Pasetto, diretor-geral da AbbVie<br />
“A nossa relação com estas e muitas outras associações<br />
é uma relação que se faz no dia-a-dia, uma vez que vamos<br />
trabalhando e colaborando em conjunto ao longo<br />
de todo o ano. E, além das já citadas, é importante não<br />
esquecer o apoio que é dado às muitas associações de<br />
doentes com quem trabalhamos em estreita colaboração<br />
no desenvolvimento de ações na promoção de mais<br />
e melhor saúde”, explica o diretor-geral.<br />
AbbVie ajudou a remodelar os quartos da Fundação AFID Diferença<br />
Em todas as ações o objetivo nunca é forçar a intervenção,<br />
mas sim ajudar a resolver problemas identificados<br />
pelas próprias associações. Da parte das instituições, o<br />
feedback dessas ações é extremamente positivo e prova<br />
que as iniciativas nunca são um ato isolado, mas o manter<br />
de uma relação longa e de confiança.<br />
“É extremamente gratificante vermos o antes e o depois,<br />
constatarmos que estamos realmente a contribuir para<br />
20<br />
A consciência da responsabilidade social é passada aos novos colaboradores da AbbVie
q<br />
RH<br />
GAMIFICAÇÃO A TRABALHAR<br />
PARA A PRODUTIVIDADE DAS EQUIPAS<br />
Ana Rita Justo<br />
Bravon<br />
As novas tendências do trabalho fazem com que,<br />
cada vez mais, se recorra a técnicas de gaming para<br />
motivar equipas. Algo que a Bravon faz e que quer dar<br />
a conhecer, cada vez mais, aos negócios B2B.<br />
Na Figueira da Foz nasceu, em 20<strong>14</strong>, a Bravon, empresa<br />
criada por David Iachetta, belga com ascendência portuguesa<br />
que quer tornar as estratégias de jogos ‘amigas’<br />
da produtividade e da gestão de equipas.<br />
Na Figueira da Foz, rapidamente percebeu que a casa<br />
dos avós “era demasiado pequena”. A Bravon passou<br />
então para o Instituto Pedro Nunes, em Coimbra, agora<br />
com uma equipa de nove pessoas.<br />
Com background em development em banca e também<br />
em consultoria para grandes empresas, David Iacheta<br />
sempre foi um “apaixonado por gamificação”, mas sabia<br />
que “o mercado não estava preparado”, por isso esperou<br />
pela altura certa para avançar.<br />
“A abordagem old school são os incentivos, em que pedimos<br />
que as pessoas atinjam um certo nível de resultados<br />
e, em seis meses, um ano, têm um bónus. Hoje,<br />
as novas gerações já não estão focadas nisso, mas sim<br />
na flexibilidade, querem trabalhar remotamente, são<br />
viajantes, não querem estar no escritório das 9h00 às<br />
17h00, portanto, a gamificação vem resolver este tipo<br />
de questões para os gestores”, advoga o empresário.<br />
PONTOS QUE INCENTIVAM<br />
A Bravon trata-se, assim, de uma plataforma online,<br />
personalizável mediante os objetivos da empresa.<br />
“Se dizem que querem trabalhar no talento, na aprendizagem,<br />
se têm um problema de engagement, então<br />
desenvolvemos uma estratégia gamificada e pomos em<br />
prática com as equipas de gestão”, explica.<br />
Através de desafios, cada trabalhador vai ganhando<br />
pontos mediante a superação dos mesmos ou não e, a<br />
partir daí, tem uma recompensa.<br />
Um dos exemplos de implementação da plataforma vem<br />
de uma cadeia de comercialização de eletrodomésticos<br />
e eletrónica na Bélgica, onde os trabalhadores foram<br />
desafiados a vender mais smartphones Samsung em detrimento<br />
de iPhones, uma vez que estes últimos davam<br />
uma menor margem de lucro.<br />
“Decidimos colocar desafios para que os colaboradores<br />
vendam Samsung, de forma a tornar a venda fácil e di-<br />
22<br />
David Iachetta lançou Bravon em 20<strong>14</strong><br />
vertida e depois eram recompensados. É uma forma de<br />
aumentar a margem nos produtos que vendemos sem<br />
pedir simplesmente ao empregado: ‘Tens de vender<br />
Samsung porque assim ganhamos mais’. Se dissermos<br />
isto a um jovem ele vai-se embora, certamente”, sublinha.<br />
Outro desafio foi o facto de gestores da cadeia não partilharem<br />
os seus colaboradores quando alguém falta.<br />
“Quando faltam pessoas por estarem doentes, ou em<br />
férias em alguns departamentos, não tiravam pessoas<br />
de um departamento para outro, simplesmente contratam<br />
trabalhadores temporários e isso custa dinheiro.<br />
então, foi-nos pedido um desafio em que se os gestores<br />
trabalharem juntos e partilharem recursos serão recompensados.”<br />
O resultado, diz o empreendedor, foi “uma mudança<br />
completa” da parte dos colaboradores: “Viu-se as pessoas<br />
a mudarem de atitude porque gostam das recompensas<br />
e é motivador para eles”.<br />
UMA MUDANÇA DE PARADIGMA<br />
Querer acompanhar as novas gerações de trabalhadores<br />
é objetivo primordial de quem aposta em estratégias<br />
de gamificação. O desafio, confessa Iachetta, é convencer<br />
as empresas de que este é o caminho a seguir.<br />
“A gamificação é demasiado recente e as empresas vêm<br />
isto como jogos e dizem que não querem jogar porque<br />
estão a trabalhar. Contudo, nós só estamos a usar estratégias<br />
de jogos.”<br />
O retalho é o setor onde este tipo de estratégias mais é<br />
procurado, mas também nas empresas de serviços, “que<br />
precisam de um sistema de recomendações”, empresas<br />
com equipas comerciais e com grandes departamentos<br />
de recursos humanos.<br />
“Temos um modelo de negócio aplicável a pequenas<br />
empresas, até mesmo a startups, por isso acho que vamos<br />
vingar em Portugal. trata-se de uma abordagem de<br />
pagar pelo uso [pay as you use], por isso as empresas só<br />
pagam pelas pessoas que querem que trabalhem com a<br />
aplicação”, advoga.
OUTUBRO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.SAPO.PT<br />
BI<br />
q<br />
Pedro Montijo<br />
Divulgação<br />
Julius Baer contrata equipa<br />
para o mercado português<br />
No dia 3 de setembro, uma equipa de 10 experientes<br />
gestores de fortunas começou a trabalhar na Julius<br />
Baer, em Madrid, com o objetivo de desenvolver<br />
e fazer crescer o mercado português numa base<br />
transfronteiriça. Os recém-nomeados José Maria<br />
do Cazal-Ribeiro, responsável pelo mercado<br />
português, e Gonçalo Maleitas Correia, responsável<br />
de equipa para o mercado português, dependem<br />
hierarquicamente de Carlos Recoder, responsável<br />
pela Europa Ocidental da Julius Baer.<br />
Equipa de 10 experientes gestores contrata pela Julius Baer<br />
Aurora Berra de Unamuno<br />
é a diretora-geral da Ipsen<br />
Aurora Berra, licenciada em Medicina<br />
e Cirurgia pela Universidade<br />
Complutense de Madrid, é agora a<br />
diretora-geral da Ipsen, empresa<br />
biofarmacêutica global centrada na<br />
inovação e atenção especializada,<br />
em Portugal e Espanha.<br />
Adriano Prates é o novo diretor<br />
comercial do Fitness Hut<br />
A cadeia de ginásios Fitness Hut,<br />
que opera no mercado de fitness low<br />
cost em Portugal integrou Adriano<br />
Prates como diretor comercial para<br />
Portugal e Espanha. Antes de entrar<br />
para a equipa da VivaGym, Prates<br />
era diretor de marketing e vendas da<br />
EDP Comercial.<br />
Mary Kay Portugal contrata Paula<br />
Costa para O Marketing<br />
A marca de referência no mundo da<br />
beleza e cosmética de venda direta<br />
reforçou a sua equipa com a entrada<br />
de Paula Costa que passa a gerir o<br />
departamento de Marketing e Vendas<br />
da marca americana em Portugal.<br />
23
Cisco Portugal nomeia Miguel<br />
Almeida para Diretor-Geral<br />
O cargo da direção-geral era ocupado<br />
por Sofia Tenreiro que liderava a tecnológica<br />
desde 2015 e que se encontra<br />
agora na Galp, como diretora de<br />
operações comerciais. Miguel Almeida<br />
será agora o responsável por fazer<br />
convergir as diferentes equipas da<br />
Cisco Portugal.<br />
PATRICIA DAIMIEL ASSUME<br />
A DIREÇÃO-GERAL DA NIELSEN IBÉRIA<br />
Patricia Daimiel é a nova diretora-<br />
-geral da Nielsen para Espanha e<br />
Portugal. Com um percurso de quase<br />
duas décadas na empresa, ocupava<br />
a posição de diretora-geral da<br />
área de inovação desde de 2018.<br />
Altitude Software<br />
contrata Paul Jones<br />
A Altitude Software, fornecedora<br />
global de soluções omnichannel,<br />
contratou Paul Jones para liderar<br />
a equipa que gere a sua crescente<br />
base de clientes no mercado da<br />
América do Norte, a partir da sua<br />
base nos Estados Unidos, em<br />
Chicago.<br />
FOTOGRAFIA CORPORATIVA<br />
PERFIL PROFISSIONAL | EVENTOS EMPRESARIAIS<br />
24<br />
912 659 442 jfa@joaofilipeaguiar.pt https://joaofilipeaguiar.pt
a<br />
figura de destaque<br />
“<br />
CONTINUO<br />
A QUERER<br />
SER A SENHORA<br />
DO CASTELÃO<br />
DE PALMELA<br />
Leonor<br />
Freitas<br />
“<br />
Leonor Freitas é a quarta geração à frente do negócio da família<br />
26
OUTUBRO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.SAPO.PT<br />
Ana Rita Justo<br />
João Filipe Aguiar e NortFilmes<br />
Em Fernando Pó, concelho de Palmela, nasceu em 1920 o negócio que viria a ser a Casa Ermelinda Freitas. De<br />
geração em geração, quase sempre no feminino, chegou às mãos de Leonor Freitas, agora com 550 hectares de<br />
vinha e um ambicioso plano de expansão internacional e de diversificação do portefólio também com as apostas<br />
no Douro e Minho. Os ensinamentos, os desafios e as raízes, na entrevista de Leonor Freitas à <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong>.<br />
<strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> – Quando era mais nova quis tirar um<br />
curso agrícola, mas o seu pai não deixou. O bichinho<br />
ficou?<br />
Leonor Freitas – É verdade. Quando quis ir para o curso<br />
de Regente Agrícola, que havia após o 5.º ano, tinha<br />
15 anos. Foi a única coisa a que o meu pai se opôs.<br />
O meu pai tinha uma visão um bocadinho diferente da<br />
maioria das pessoas desta zona rural, porque é preciso<br />
situarmo-nos de que era uma zona rural muito fechada.<br />
Só pude fazer aqui a 4.ª classe e depois tive de andar<br />
em colégios. Fiz o secundário em Setúbal e quando fiz<br />
o 5.º ano quis ir para uma escola agrícola tirar [o curso<br />
de] regente agrícola. O meu pai, de facto, impôs-se<br />
dizendo: ‘Não é curso para menina, tu vais continuar<br />
a estudar. Quero que tenhas uma vida melhor do que<br />
aquela que nós temos’. A vida do campo sempre foi<br />
muito difícil, eles trabalhavam muito, eu era filha única<br />
e tive o privilégio de poder estudar. Acabei por não ir e<br />
não voltei mais à área agrícola. Tirei uma licenciatura<br />
em Serviço Social, acabei por trabalhar nessa área cerca<br />
de 20 anos, na função pública e não estava no meu<br />
plano de vida vir para o mundo rural.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Depois de o seu pai falecer, quando é<br />
que decidiu assumir o negócio?<br />
L. F. – Resolvi vir para a Casa Ermelinda Freitas no dia<br />
que o meu pai faleceu. Tínhamos 60 hectares de vinha<br />
e eu pensava que talvez um dos meus filhos, um dia venha<br />
a gostar. E eu achava que era a geração que não<br />
vinha, precisamente porque os meus pais eram novos.<br />
O meu pai faleceu com 59 anos, era uma pessoa nova,<br />
estava bem e, no dia em que ele faleceu, entre o adoecer<br />
e o falecer foram três semanas de luta, portanto<br />
não pensei em nada. No dia em que ele faleceu tive<br />
bem a noção de que a minha mãe não estava preparada<br />
sozinha para dar continuidade, porque como havia esta<br />
grande estratificação entre o mundo rural e o mundo<br />
urbano e entre a mulher e os papéis do homem – a minha<br />
mãe era uma mulher do negócio, mas estava sempre<br />
por trás do meu pai, se não até parecia mal. Posso<br />
dizer-lhe que ela nunca tinha ido a um banco, nunca<br />
tinha assinado um cheque. Naquele dia pensei: ou vou<br />
para lá ou tenho de vender. E quando pensava em vender<br />
arrepiava-me toda. E disse para o meu marido: ‘Vai<br />
buscar os miúdos e vamos viver para Fernando Pó’. O<br />
meu marido foi a pessoa mais colaboradora que podia<br />
haver, nunca disse nada. Viemos para cá, primeiro para<br />
fazer companhia à minha mãe e depois para ver se era<br />
capaz de não vender, porque senti naquele momento<br />
tudo o que a família me tinha transmitido ao longo dos<br />
anos. Eu vinha aos fins de semana mesmo quando estava<br />
a estudar, mas o exemplo da família, de trabalho, o<br />
amor que eles tinham à terra, a dedicação, isso tudo me<br />
foi transmitido sem me aperceber, ao ponto de achar<br />
que se vendesse ia fazer uma violência à família. E venho<br />
ver o que sou capaz de fazer. É nesse momento que<br />
tomo essa decisão. Não deixei de trabalhar, continuei a<br />
ir e a vir, mas arranjámos a figura de capataz, que ainda<br />
existe. E todos os dias eu chegava, falava, até que chegou<br />
um ponto em que tive mesmo de deixar [o trabalho],<br />
porque as coisas começaram a tomar uma amplitude<br />
diferente, mas eu vinha cheia de força. Além de manter,<br />
comecei a achar que era aqui que eu me reencontrava.<br />
Foi uma decisão que nem foi difícil, porque foi de tal<br />
maneira sentida – estou aqui por amor. Tinha a minha<br />
vida muito organizada fora daqui: o meu marido trabalhava<br />
na ex-Portucel, eu trabalhava na Administração<br />
Regional de Saúde, tínhamos vencimentos de técnicos<br />
superiores, tínhamos a ajuda dos pais, não gastávamos<br />
mais do que o que tínhamos. Mas foi uma boa solução<br />
que tomei por amor e pela família que tive.<br />
TRABALHO E AMOR<br />
<strong>PME</strong> Mag. – E quais os ensinamentos que a sua mãe<br />
e a sua avó lhe deixaram?<br />
L. F. – A minha mãe e a minha avó – e o meu pai! –<br />
deixaram-me os conteúdos que ainda me regem hoje:<br />
uma família muito simples, muito trabalhadora, mas<br />
com grandes noções de proximidade do outro, de ajuda<br />
ao outro, de que nós temos de trabalhar, temos de<br />
partilhar aquilo que temos e não desistir. A minha avó<br />
ficou viúva com 38 anos, ficou com uma casa agrícola.<br />
“Foi uma decisão que nem<br />
foi difícil, porque foi de tal maneira<br />
sentida - estou aqui por amor"<br />
O meu pai era o mais velho, mas era ainda criança e ela<br />
aguentou uma casa agrícola naquela altura, era uma<br />
mulher de armas. Não tinha fins de semana, não tinha<br />
férias, trabalhava no campo, em casa, ainda ajudava a<br />
tomar conta dos netos. Foi uma mulher que deu a imagem<br />
do que é o trabalho e a dedicação. Nunca mais se<br />
casou. A minha mãe era uma mulher muito ligada à família,<br />
uma dona de casa extraordinária, ela cozinhava<br />
como ninguém. Era uma mulher com uma intuição para o<br />
negócio muito grande e que passava sempre a imagem<br />
de que tínhamos de ter cuidado, porque o outro também<br />
podia enganar-nos. E isto equilibrava muito com o<br />
27
a<br />
figura de destaque<br />
meu pai, porque o ele era muito boa<br />
gente, era um homem de grandes<br />
afetos, queria ajudar todos e ela,<br />
embora fosse de afetos, equilibrava.<br />
O meu pai foi muito importante,<br />
o único homem que teve mais tempo<br />
vivo na família, até o facto de ter<br />
ido estudar tenho a agradecer-lhe.<br />
Foram pessoas muito conceituadas<br />
aqui na região, trabalhavam ao lado<br />
dos seus colaboradores e eu vim<br />
beneficiar da imagem que eles tinham.<br />
A minha mãe ajudava toda a<br />
gente, até quando se queriam casar<br />
ela ia ajudar nas refeições. O meu<br />
pai ajudou sempre outros sobrinhos<br />
e primos que acabaram por complementar<br />
a minha educação. Tive<br />
uma vida muito equilibrada familiarmente,<br />
com grandes mensagens<br />
de trabalho, de amor ao próximo e<br />
de honestidade no negócio. Não<br />
eram precisos contratos, a palavra<br />
valia. Tenho muita pena se perco<br />
isto. Fernando Pó é um lugarejo em<br />
que somos todos de família e aqui<br />
ainda se pode ter isso.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Quais foram os primeiros<br />
desafios?<br />
L. F. – Quando pego na Casa Ermelinda<br />
Freitas, o meu primeiro desafio<br />
era ver se não vendia, como<br />
disse. Depois, houve uma coisa que<br />
fez toda a diferença, foi ter saído<br />
daqui para estudar, mesmo que<br />
noutra área. Quando cheguei, sabia<br />
que não sabia e isso fez toda a<br />
diferença, porque fui à procura de<br />
pessoas que soubessem para ajudar-me.<br />
Isto eu passo sempre até<br />
aos jovens: vale a pena fazer uma<br />
formação, porque depois adaptamo-la.<br />
Se eu nunca tivesse saído<br />
daqui, achava que sabia tudo. O<br />
principal setor económico desta<br />
região é a vinha e o vinho, mas se<br />
eu nunca tivesse saído daqui achava<br />
que sabia tudo. A grande diferença<br />
foi, precisamente, depois de<br />
ver que não sabia, procurar as pessoas.<br />
Depois de me reencontrar, de<br />
ver que era isto que gostava, foi não<br />
me isolar. Comecei a contactar com<br />
todos os organismos, a ir lá para<br />
fora. Foi muito importante uma ida<br />
que tive a Bordéus, porque a nossa<br />
história é de vinho a granel. Não<br />
tínhamos marcas. E Bordéus tinha a<br />
maior feira de vinhos, mas tudo engarrafado.<br />
E eu comecei a ver que<br />
toda a gente com maior dimensão<br />
do setor ia para Bordéus e fiquei<br />
com a curiosidade e também fui. Foi<br />
um marco grande para mudar e ver<br />
que a seguir ao vinho a granel também<br />
tinha de fazer marcas, tinha de<br />
identificar-me. Lá, davam um prestígio<br />
ao vinho diferente. Um produtor<br />
de 60 hectares lá era grande,<br />
porque França vende só por ser<br />
francês, mas vim de lá com a ideia<br />
de que tinha muito a fazer. Uma<br />
adega nova – não podia continuar<br />
com a mesma que tinha – um espaço<br />
para poder receber as pessoas…<br />
Vim de lá cheia de desafios. Só tinha<br />
duas castas quando cá cheguei:<br />
Castelão para os vinhos tintos, Fernão<br />
Pires para os vinhos brancos.<br />
Vim de lá com a noção de que tinha<br />
de plantar outras castas. Tinha de ir<br />
ao encontro do consumidor, porque<br />
lá não conheciam nem o Castelão,<br />
nem o Fernão Pires. Marcou-me de<br />
tal maneira aquela ida a Bordéus,<br />
que foi uma mudança de atitude.<br />
Vim com a ideia de que tinha de<br />
investir numa adega, não tinha era<br />
dinheiro. Consegui fazer a primeira<br />
adega mais moderna – pensei que<br />
era a obra da minha vida. Depois<br />
a segunda e nunca mais parei até<br />
agora. É um investimento permanente,<br />
mas os meus desafios eram<br />
manter o que tinha e ter a produção<br />
toda em garrafa.<br />
“O QUE ELA ANDA A FAZER…”<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Como é que pensa a<br />
mistura das castas?<br />
L. F. – A primeira [casta] que plantei<br />
foi a Touriga. Quando a plantei<br />
dizia-se que nesta região não se<br />
dava nada bem se não o Castelão<br />
Empresa quer complementar portefólio com vinhos do Minho e Douro<br />
28
OUTUBRO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.SAPO.PT<br />
e o Fernão Pires. Quando plantei a<br />
Touriga Nacional, que é a casta portuguesa,<br />
a maior casta do mundo<br />
até, os meus colaboradores e toda<br />
a gente dizia que isto aqui não se vai<br />
dar. “Olha o que ela anda a fazer…”<br />
Repare, ninguém tinha confiança na<br />
menina que tinha vindo da cidade e<br />
que não tinha cá estado. A minha<br />
mãe sofreu bastante, coitada, porque<br />
iam ter com ela e diziam-lhe: ‘A<br />
sua filha só está a gastar dinheiro,<br />
isto não vai dar’. Ela, coitada, dizia-me:<br />
‘Filha, tu gastas o dinheiro<br />
todo’. Ela sofreu imenso com a falta<br />
de confiança que tinha em mim e<br />
com o que eu queria inovar. Correu<br />
“Ninguém tinha<br />
confiança na menina<br />
que tinha vindo<br />
da cidade e que não<br />
tinha cá estado"<br />
mal a primeira plantação. Mais uma<br />
vez, não desisti, fiz a segunda de<br />
Touriga. E a partir daí não parei. Tenho<br />
29 castas: Touriga, Trincadeira,<br />
castas portuguesas e depois fui<br />
para castas estrangeiras. O Merlot,<br />
o Cabernet, o Syrah, Arinto, Gravo<br />
Stamina, agora tenho uma nova<br />
chilena [Carmenere]... Comecei a ir<br />
para as feiras e não conseguia com<br />
que provassem o Castelão e o Fernão<br />
Pires – porque não conheciam<br />
– sem dizer: ‘Mas prove este Ca-<br />
“São como filhos”, diz Leonor dos vinhos<br />
bernet para ver como ele é bom’. E<br />
ficavam muito admirados quando<br />
o provavam. Estamos numa grande<br />
região e as castas dão-se todas<br />
muito bem. Têm um comportamento<br />
diferente, têm a estrutura destes<br />
terrenos arenosos, perto do mar.<br />
Houve uma casta que plantámos<br />
para fazer um espumante e acabámos<br />
por fazer um vinho, porque<br />
aqui tem uma estrutura diferente<br />
e as pessoas começaram a gostar<br />
muito. E depois já podia dizer:<br />
‘Gostou tanto desse Syrah, desse<br />
Petit Verdot, prove o nosso Castelão’.<br />
Provavam e até gostavam.<br />
Portanto, primeiro, foi ir lá para fora<br />
e levar castas que eles conheciam,<br />
para que depois pudesse levar as<br />
nossas e começar a vender. Mas<br />
também, sobretudo em Portugal,<br />
teve uma função pedagógica: explicar<br />
que as uvas não são todas<br />
iguais, que cada casta tem as suas<br />
características, até para os jovens,<br />
até para as crianças quando visitam<br />
uma vinha! Porque estamos num<br />
setor tão importante, quer para a<br />
região, quer a nível nacional, que<br />
é importante explicar que bebendo<br />
com moderação o vinho não faz mal<br />
e é importantíssimo para a economia<br />
de uma região, de um país. É<br />
assim que acabo por ter um leque<br />
muito grande de monocastas e que<br />
vem dar, além da função pedagógica,<br />
o também ir entrando nos mercados<br />
estrangeiros, mas continuo a<br />
querer ser a senhora do Castelão de<br />
Palmela [risos]. Tenho vinhas com<br />
70 anos de idade, plantadas ainda<br />
pela família de Castelão. Já não é<br />
mérito meu, é da minha família que<br />
tem muitos bons clones de Castelão,<br />
que plantou nesta região. Isto<br />
é um microclima em que o Castelão<br />
se dá como em nenhum sítio. Posso<br />
dizer que o Leo d'Honor, da vinha<br />
de 70 anos e que só fazemos nos<br />
anos de grande qualidade, é uma<br />
referência da região, da casa e de<br />
mim própria, porque quero continuar<br />
a ser a senhora do Castelão de<br />
Palmela e uma rural que sou desta<br />
região.<br />
VINHOS COMO FILHOS<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Qual é o seu vinho<br />
preferido?<br />
L. F. – Tenho muita dificuldade em<br />
dizer qual é o meu vinho preferido,<br />
porque são como filhos. Há espaço<br />
para todos. Tenho uma estima especial<br />
por toda a linha Dona Ermelinda,<br />
por ser a minha mãe. Depois,<br />
tenho, por este Leo d’Honor, que é<br />
o meu nome disfarçado, é uma expressão<br />
latina – leão de honra – por<br />
serem as vinhas plantadas ainda<br />
pela família e que nós mantemos<br />
como bebés. Diria que tenho muita<br />
dificuldade, porque passa tudo<br />
pelas nossas mãos: desde o rótulo,<br />
a caixa, são autênticos filhos que<br />
criámos. É isto que é diferente na<br />
agricultura, no meio rural. A ligação<br />
que temos à terra, ver crescer<br />
uma vinha e ver crescer um filho.<br />
Ver nascer um vinho é espetacular,<br />
porque tem vida. Um vinho é<br />
muito mais do que só um vinho: ele<br />
tem uma história de família, o trabalho<br />
dos nossos colaboradores,<br />
o empenho, tem a história da própria<br />
terra e serve para festejarmos.<br />
Queremos ir ao encontro do consumidor,<br />
queremos criar o vinho com<br />
todo o afeto que temos, com toda<br />
a preferência que possamos ter.<br />
Queremos que o consumidor goste<br />
do nosso vinho.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Em que países já estão?<br />
L. F. – A Casa Ermelinda Freitas<br />
tenta ir semeando em todos os países<br />
em que é possível estar. Estamos<br />
em 32 países, mas lutamos<br />
diariamente para aumentar. Uns<br />
29
a<br />
o Douro. No Douro é difícil tratar a vinha, é uma paisagem<br />
maravilhosa, enquanto aqui é plano. Lá, aquele<br />
contraste da serra com o rio e aquelas inclinações são<br />
um desafio. Quando, depois de já estar no mundo do<br />
vinho, fui visitar o Douro, emocionei-me. Enquanto nós<br />
fazemos tudo com máquinas, lá é tudo trabalhado com<br />
muito esforço humano e só quem vive a terra e este<br />
amor compreende o esforço que é. A partir daí fiquei<br />
sempre com uma grande paixão de ter vinha no Douro.<br />
Tentei várias vezes, mas tenho investido muito e o<br />
Douro é uma zona cara. Achei que não podia comprar,<br />
mas era extremamente importante para complementar<br />
o portefólio da Casa Ermelinda Freitas, o meu sonho e,<br />
sobretudo lá fora, dizer: ‘Portugal é isto, visitem Portugal’.<br />
Apareceu-me uma oportunidade no Minho, numa<br />
quinta que estava à venda, que tinha adega e achei que<br />
era uma oportunidade, porque também há muita profigura<br />
de destaque<br />
com pouca expressão ainda, outros com mais, mas<br />
todos são importantes. Sempre que é possível, mesmo<br />
com algum esforço económico, nunca queremos<br />
perder uma oportunidade, porque depois de lá estar<br />
podemos vir a crescer, a conhecer melhor o consumidor<br />
e fazer um vinho adequado. Somos uma casa dinâmica,<br />
adaptamos os vinhos ao consumidor, mesmo<br />
ao estrangeiro e por isso temos tantas castas. Temos<br />
marcas, rótulos e vinhos diferentes consoante os países.<br />
E conseguimos estar num leque muito grande de<br />
países. Não posso dizer que é fácil. Vamos a todas as<br />
feiras mais importantes, desde Bordéus, Alemanha,<br />
China, Japão, tal como concursos. É uma forma de divulgarmos<br />
o nosso produto, a nossa região e Portugal.<br />
O vinho está na moda, Portugal está na moda e temos<br />
muito bons vinhos. Houve um avanço na enologia, não<br />
estamos atrás de nenhum país. O que precisamos é de<br />
ser conhecidos. E nunca desistimos. Chegamos a ir três<br />
vezes ao mesmo país e não vender uma garrafa, mas<br />
o lema é não desistir até… O nosso grande foco, além<br />
de Portugal, que é muito importante para nós – 60% é<br />
vendido em Portugal – é cada vez mais vender fora. Estamos<br />
no Brasil, Colômbia, Polónia, em todos os países<br />
da Europa. Temos uma riqueza enorme que são os nossos<br />
portugueses espalhados pelo mundo. Vendemos<br />
imenso para o Luxemburgo, Inglaterra, Estados Unidos,<br />
Angola, Moçambique, Finlândia, Noruega, Xangai<br />
e muitas outras [cidades] que não lhe sei dizer o nome<br />
na China [risos]. França, Suíça, na Nigéria, no México,<br />
países difíceis para Portugal vender, mas temos conseguido<br />
apostar e temos conseguido ter resultados<br />
e cada vez aumentamos mais. A Rússia também é um<br />
mercado muito importante e cada vez está a crescer<br />
mais.<br />
COMPLETAR O PORTEFÓLIO<br />
<strong>PME</strong> Mag. – O que trouxe a expansão para o Douro e<br />
para o Minho?<br />
L. F. – De facto, este mundo da vinha e do vinho é apaixonante.<br />
A minha vida deu uma grande volta, tinha uma<br />
vida calma e deixei de ter, mas não a trocava. Começamos<br />
a ficar completamente apaixonados por aquilo<br />
que é um vinho, uma região, Portugal. Temos um país<br />
pequeno, mas é tão diversificado, quer na paisagem,<br />
quer no terroir, que uma Touriga do Douro é diferente<br />
da Touriga da Península de Setúbal, um Arinto nos vinhos<br />
verdes é diferente do Arinto da Península de Setúbal<br />
e isso traz-nos uma motivação muito grande para<br />
termos outras regiões onde possamos trabalhar. A Península<br />
de Setúbal é uma região de excelência, muito<br />
competitiva, é tudo plano, temos uma grande área e<br />
será sempre a nossa casa principal. Podemos ter vinhos<br />
muito competitivos, para grandes volumes, como<br />
temos vinhos de nicho, como o Leo d’Honor. O tamanho<br />
da propriedade, as características da região proporcionam-nos<br />
isso. É um contraste muito grande com<br />
“A Península de Setúbal<br />
é uma região de excelência,<br />
muito competitiva"<br />
Entrevista decorreu no museu da Casa Ermelinda Freitas<br />
30
REGISTE-SE EM: <strong>PME</strong>MAGAZINE.SAPO.PT/ASSINATURA/<br />
FÓRUM TECNOLÓGICO | LISPOLIS<br />
Estrada Paço do Lumiar 44,<br />
1600-546 Lisboa<br />
ENTRADA GRATUITA
a<br />
figura de destaque<br />
cura nos mercados externos de vinho verde. Cada vez<br />
mais as pessoas gostam de vinhos leves, frescos, frutados<br />
e o vinho verde é um pouco isto. Acabei por comprar<br />
e até já temos no mercado o vinho verde. O Douro<br />
ainda não, irá para o próximo ano. Eu não tinha dinheiro<br />
para comprar uma, acabei por comprar duas propriedades.<br />
Sou uma mulher de desafios, mesmo com a idade<br />
que tenho, tenho muitos projetos. Estes desafios vêm<br />
reforçar um sonho que tinha, poder ir para fora com um<br />
portefólio mais completo e investir na marca Portugal.<br />
Estes desafios compensam-me muito e tenho uma boa<br />
equipa. Além dos bens que tenho da vinha, da adega,<br />
das marcas, tenho um bem enorme que são os meus<br />
colaboradores. Estou muito feliz e convencida de que<br />
vamos lutar e havemos de conseguir.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – O que é que a Casa Ermelinda Freitas<br />
trouxe a Fernando Pó?<br />
L. F. – A Casa Ermelinda Freitas trouxe a Fernando<br />
Pó mais vida, mais dinamismo, mais empregabilidade.<br />
Damos sempre prioridade de emprego às pessoas<br />
daqui. Trouxe, também, o orgulho de ser de Fernando<br />
Pó. Fernando Pó era desconhecido. Quando os meus<br />
filhos estavam no colégio em Setúbal, eu tive de ir dizer<br />
que existia Fernando Pó, porque o meu filho dizia que<br />
ao fim de semana ia para Fernando Pó, isto ainda antes<br />
de eu cá estar, e o professor dizia que não existia.<br />
Estamos tão perto de Lisboa, tão perto de Setúbal, e<br />
éramos tão diferentes e tão desconhecidos. Ainda hoje<br />
somos, mas com as acessibilidades é mais fácil. Hoje,<br />
Fernando Pó começa a ser conhecido até pelos vinhos.<br />
A Casa Ermelinda Freitas trouxe isso tudo e trouxe orgulho<br />
às pessoas de Fernando Pó também de serem<br />
de Fernando Pó. Eu sou uma rural, toda a minha família<br />
é rural, trabalhou, trabalha no campo e tem orgulho<br />
de haver reconhecimento. Acho que é o meu dever<br />
reconhecer e valorizar o trabalho rural. Não vem para<br />
o campo quem não sabe fazer mais nada, vem para o<br />
campo quem gosta. Fui uma privilegiada de Fernando<br />
Pó. Sinto que é uma obrigação minha, como rural que<br />
“É o meu dever reconhecer<br />
e valorizar o trabalho rural.<br />
Não vem para o campo quem não<br />
sabe fazer mais nada,<br />
vem para o campo quem gosta"<br />
Casa Ermelinda Freitas tem 29 castas diferentes<br />
mio em 2008, com o vinho de 2005, do melhor Syrah do<br />
mundo em Paris. Isto foi uma grande ajuda para nós e<br />
o nosso Syrah todos os anos continua a ganhar medalha<br />
de ouro e as pessoas gostam muito de o provar. A<br />
Quinta da Mimosa também tem um Castelão Velho que<br />
é limitado, só pode ser daquela quinta e as pessoas<br />
têm muita curiosidade em provar e fazer provas verticais,<br />
de vários anos, para verem como tem evoluído. O<br />
Leo d’Honor é sempre o nosso máximo e vamos aparecendo<br />
com novidades. Por exemplo, o Dona Ermelinda<br />
branco de reserva. Temos um Dona Ermelinda normal<br />
que as pessoas também gostam, é um Chardonet com<br />
Arinto, mas este é um novo, portanto as pessoas gostam<br />
de vir aqui e provar novidades. Temos também um<br />
Carmenere, que é um vinho chileno, que nem sei se há<br />
mais alguma adega que tenha… Temos um Pinot Noir<br />
que plantámos para fazer espumante e agora temos as<br />
sou, sentir orgulho de poder ter feito com que esta terra<br />
seja reconhecida e que haja trabalho para que as<br />
pessoas que são daqui poderem ficar.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Qual é o vinho mais apreciado por quem<br />
vos visita?<br />
L. F. – Toda a gente quer provar o Dona Ermelinda,<br />
mas depois apreciam muito as novas castas que não<br />
encontram facilmente aí fora. O tal Gravo Stamina, um<br />
branco da Alsácia, que plantámos aqui e que é um vinho<br />
muito floral. Gostam do Syrah, que ganhou um pré-<br />
32<br />
Leonor Freitas garante que a empresa vai continuar na família
OUTUBRO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.SAPO.PT<br />
duas coisas, em espumante e em vinho e as pessoas<br />
gostam muito destas novidades. Este Dona Ermelinda<br />
Reserva está a ir agora para o mercado e é um branco<br />
diferente. É um varietal, tem Chardonet, tem Antão Vaz<br />
e Arinto para lhe dar frescura, mas passa em barrica. É<br />
um branco reserva, não há muitos, precisamente porque<br />
dá-lhe outra estrutura, dá-lhe umas especiarias e<br />
é para ir ao encontro do consumidor que gosta de um<br />
branco diferente. Por outro lado, não podemos achar<br />
que tudo está ganho. A vida é uma moda, uma empresa<br />
é uma moda, uma marca é uma moda, não podemos<br />
sair da moda e temos de estar constantemente a antecipar,<br />
a criar coisas novas, a oferecer coisas novas aos<br />
nossos consumidores e, no enoturismo, poderem vir e<br />
terem novidades, poderem ser recebidos. Eu sempre<br />
que posso agradeço, para as pessoas me conhecerem<br />
e saberem que eu estou aqui, para perceberem que so-<br />
mos uma casa familiar. A minha mãe sempre me passou<br />
a mensagem do bem receber e quero que essa mensagem<br />
seja executada e passada. Quem vem à nossa<br />
casa tem de ser bem recebido e vir à Casa Ermelinda<br />
Freitas é como vir à minha casa, à nossa casa. O enoturismo<br />
é uma grande aposta, achamos que é transmitir<br />
os valores da região e de Portugal, é irem daqui com<br />
o que é a família, com conhecimentos sobre o vinho,<br />
sobre as castas e também com uma mensagem: bebam<br />
com moderação. Este também é o nosso lema: não<br />
queremos alcoolismo, queremos que bebam e apreciem<br />
o que é bom, porque o vinho, bebido na quantidade<br />
certa, é aquilo que qualquer produtor quer. Beber<br />
com moderação é extremamente importante. Também<br />
achamos que é muito importante sermos um complemento<br />
à cidade. Estamos tão perto de Lisboa, tragam<br />
os turistas até aqui e mostrem-lhes o que é a outra<br />
parte de Portugal. Precisamente com essa perspetiva<br />
temos uma parceria com o restaurante Wine Not, no<br />
Chiado, que só vende os nossos vinhos e onde a pessoa<br />
pode conjugar a comida ao copo e pode levar para<br />
casa uma garrafa. Isto é irmos ao encontro do consumidor,<br />
mas gostávamos que cada vez mais ele viesse<br />
ao nosso encontro. Temos pessoas que falam várias<br />
línguas e só precisamos que saibam que estamos aqui<br />
disponíveis para os receber. Há uma prova de vinhos<br />
além da visita, há sempre cinco vinhos à prova. Temos<br />
o nosso Moscatel, é outro vinho típico da região. Moscatel<br />
de Setúbal não há outro e ainda agora ganhámos<br />
o melhor Moscatel num concurso de Moscatéis. Temos<br />
"Vir à Casa Ermelinda Freitas é como<br />
vir à minha casa, à nossa casa"<br />
de enaltecer esta região que se dizia que só dava Castelão<br />
e Fernão Pires, dá tudo de bom. Dá espumantes,<br />
dá Moscatel, dá as castas, é uma região que já se fala<br />
muito nela, mas vai dar muito que falar. É importantíssima,<br />
é versátil e fácil de trabalhar. Depois, estamos<br />
perto de Lisboa, onde há tanto turismo, portanto temos<br />
de os trazer até cá, já que somos penalizados por estarmos<br />
dentro da Grande Lisboa e não temos ajudas,<br />
não temos os mesmos subsídios, mas não vamos fazer<br />
disso uma batalha. O per capita das pessoas daqui não<br />
é igual ao de Lisboa, mas o legislador entendeu assim,<br />
temos esse prejuízo. As ajudas são quase zero, então<br />
vamos trazer o turismo que está em Lisboa.<br />
APOSTA NOS FESTIVAIS<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Como é que vê a Casa Ermelinda Freitas<br />
hoje e para o futuro?<br />
L. F. – Vejo a Casa Ermelinda Freitas como uma casa<br />
que já conseguiu conquistar uma segurança e um nome<br />
entre as maiores adegas da região e até algumas do<br />
país. Estamos entre as maiores e melhores adegas.<br />
Vejo-a com bons alicerces, com dinamismo, com um<br />
grupo de colaboradores espetacular, admirada pelos<br />
consumidores. Sinto que os consumidores gostam dos<br />
nossos vinhos. Agora também andamos nos festivais.<br />
33
a<br />
figura de destaque<br />
Eu sou a mais velhota da equipa, mas tenho a minha<br />
filha e um grupo de jovens que a acompanham e têm<br />
bem a noção – e eu também acompanho isso – de que<br />
temos de inovar e o vinho tem de estar onde estão os<br />
jovens: nos festivais, ao lado da cerveja, ao lado de<br />
outras bebidas. Não podemos manter-nos com aquele<br />
conservadorismo de que o vinho é para se beber só<br />
em determinado momento, só aquele vinho tinto para a<br />
carne, o branco para o peixe, não. O vinho tem de ser<br />
um produto para saber bem, para dar alegria e para<br />
inovarmos. Por que não fazer um cocktail de Moscatel?<br />
Por que não um rosé frutado, um branco mais ligeiro e<br />
nós vamos ter todas essas oportunidades, até com os<br />
vinhos verdes. Andamos em vários festivais, não para<br />
ganhar dinheiro, mas para divulgar e para estarmos<br />
também com os jovens. O vinho faz parte de uma refeição<br />
equilibrada e nós temos de ensinar aos jovens<br />
que o vinho não faz mal, pode fazer parte do que bebem<br />
e sermos parceiros de outras bebidas. Vejo a Casa<br />
Ermelinda Freitas com um futuro muito risonho e com<br />
outra mulher à frente, a minha filha, que vai assumir a<br />
gestão, porque o irmão quer ficar nas tecnologias.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – E o que é que se vê a fazer depois de<br />
passar a gestão à filha?<br />
L. F. – É difícil. Às vezes penso nisso, acho que devo<br />
Antigos alambiques ainda fazem parte do espólio da Casa Ermelinda Freitas<br />
Leonor Freitas em entrevista à <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong><br />
34<br />
ir passando. Normalmente os filhos só crescem depois<br />
de os pais morrerem e eu não quero isso. Quero ver os<br />
meus filhos crescerem e gerirem, mas estar cá. Tenho<br />
de, a pouco e pouco, ir passando, mas acho que há<br />
lugar para todos. Vai ser ótimo ter menos responsabilidades<br />
e vir visitar, acompanhar visitas e depois ir ao<br />
Douro. Vou ter sempre ideias, só não quero entravar o<br />
crescimento da Casa Ermelinda Freitas, porque de resto<br />
não me vejo separada disto, não quero entravar, não<br />
quero complicar, mas quero ficar [risos]. É-me difícil<br />
ver-me completamente separada, mas acho que vou<br />
tirar partido de ver a casa crescer e ter a alegria de ver<br />
os meus filhos a crescer, a casa dinâmica. Naquilo que<br />
puder ser útil cá estarei, porque vai ser muito difícil ficar<br />
em casa.
OUTUBRO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.SAPO.PT<br />
Leonor<br />
Freitas<br />
Empresário prepara-se para incluir filha na gestão do negócio<br />
Leonor Freitas nasceu em Fernando Pó em 1952, fez<br />
a escola primária na mesma localidade, o secundário<br />
em Setúbal e os estudos superiores em Lisboa no<br />
Instituto Superior de Serviço Social. Apesar de uma<br />
carreira profissional bem-sucedida na área de saúde<br />
desde 1976, sempre acompanhou de perto o trabalho<br />
na terra desenvolvido pelos familiares e consolidado<br />
pelos seus pais (Manuel João de Freitas e Ermelinda<br />
Freitas).<br />
Após a morte do pai, assume os destinos da Casa<br />
Ermelinda Freitas e, nos finais dos anos 1990,<br />
acompanhando as tendências mais modernas,<br />
lança-se no engarrafamento com marca própria.<br />
Optando definitivamente por esta atividade, em<br />
2004 Leonor Freitas passa a dedicar-se a tempo<br />
inteiro a este setor.<br />
Em novembro de 2008, recebeu o prémio de Inovação<br />
e Empreendedorismo pelo ministro da Agricultura<br />
e, em 2009, recebeu a Comenda de Ordem de<br />
Mérito Agrícola no dia 10 de Junho, das mãos do então<br />
Presidente da República, Cavaco Silva. Em 2010,<br />
foi-lhe atribuída a medalha Municipal de Mérito Grau<br />
de Ouro pelo Município de Palmela e, em 2017, foi<br />
condecorada com o Prémio Mercúrio – Prestígio,<br />
pela Confederação do Comércio e Serviços de Portugal<br />
pela Escola de Comércio de Lisboa.<br />
Em 2018 foi destacada com o Prémio Mulher Empresária,<br />
tendo sido a primeira mulher portuguesa a<br />
obter o mesmo. Recebeu, ainda, o Prémio Agricultura<br />
2018, na categoria Empresas.<br />
35
h<br />
empreendedorismo<br />
ALOJAMENTO LOCAL: A NOVA FÓRMULA<br />
DO EMPREENDORISMO<br />
Denisse Sousa<br />
HomeAway & GuestReady<br />
Segundo o Barómetro das Férias da Europ Assistance,<br />
61% dos portugueses em férias preferem ficar<br />
num alojamento local. Esta nova tendência veio<br />
cultivar um espírito empreendedor em proprietários<br />
de imóveis e potenciar zonas nunca antes exploradas.<br />
O alojamento local apareceu como forma de contornar<br />
a crise que o país atravessou, deixando muitos portugueses<br />
numa situação profissional e económica mais<br />
delicada. Esta nova forma de empreendedorismo permitiu<br />
obter rendimentos extra num contexto económico<br />
mais sensível e relançar uma economia que se encontrava<br />
em decadência.<br />
Até agosto deste ano, existiam em Portugal 89.392 registos<br />
de alojamento local. Só na área metropolitana<br />
de Lisboa encontram-se registadas 26.102 imóveis de<br />
alojamento local, com 60.521 quartos e 102.863 camas,<br />
segundo o relatório Travel BI do Turismo de Portugal.<br />
O número de propriedades registadas como alojamento<br />
local aumentou nos últimos anos, pois, só em 2018,<br />
houve 25.177 novos registos (+40% do que em 2017) e,<br />
em <strong>2019</strong>, 9.761 imóveis.<br />
ACOMPANHAMENTO<br />
DESDE O PRIMEIRO MOMENTO<br />
O gigante do alojamento local Airbnb conta com mais<br />
de seis milhões de anúncios em todo o mundo, 100.000<br />
cidades com casas anunciadas na plataforma em mais<br />
de 191 países. Regista ainda 500 milhões de chegadas<br />
de hóspedes da plataforma Airbnb e, em média, mais<br />
de 2 milhões de pessoas ficam hospedadas num<br />
alojamento representado por eles, por noite.<br />
“Isto permite que os anfitriões fiquem com 97% do<br />
preço fixado por eles próprios ao partilhar o seu<br />
espaço. Só nos últimos 12 meses, anfitriões de 33<br />
cidades ganharam coletivamente mais de 100 milhões<br />
de dólares por cidade ao alojar hóspedes, utilizando a<br />
plataforma Airbnb. Estes recursos servem para que os<br />
anfitriões possam pagar as despesas das suas próprias<br />
habitações, lançar novos negócios ou dedicar-se às<br />
suas paixões”, afirma Andreu Castellano, porta-voz<br />
Airbnb para Espanha e Portugal.<br />
A plataforma apoia os proprietários em todos os<br />
momentos do processo, desde a recolha de informação<br />
36<br />
Atualmente existem em Portugal 89.392 registos de alojamento local<br />
quando decidem tornar-se anfitriões até eventuais<br />
dúvidas que possam surgir quando recebem hóspedes.<br />
“Para os acompanhar e apoiar disponibilizamos toda a<br />
informação necessária no que respeita a hospedagem<br />
responsável em Portugal, que inclui esclarecimentos<br />
sobre impostos, regulamentos e permissões gerais,<br />
registo de alojamento local, licenças e autorizações<br />
contratuais, assim como legislação da UE sobre defesa<br />
dos consumidores, segurança, cortesia, entre outras”,<br />
explica.<br />
UMA OPORTUNIDADE DE NEGÓCIO<br />
Nestes cenários de oportunidade de negócio nascem<br />
empresas como a HomeAway, que serve neste momento<br />
milhões de proprietários em todo o mundo. Pertencente<br />
ao Grupo Expedia, conhecido pelas marcas<br />
Trivago, Hotels.com ou Travelocity, o portal da HomeAway<br />
conta com mais de dois milhões de anúncios<br />
em 190 países.<br />
A HomeAway atua em zonas balneares e no litoral, mas<br />
também na região interior do<br />
país, onde a oferta hoteleira<br />
pode ser mais escassa. O<br />
perfil dos viajantes, segundo<br />
a HomeAway, são geralmente:<br />
famílias (41%), grupos de<br />
amigos (18.5%) a partir dos<br />
30, 35 anos, casais (35%)*<br />
até aos mais seniores.<br />
Sofia Dias, responsável<br />
da comunicação da HomeWay<br />
“O Primeiro Barómetro nacional<br />
sobre o perfil do viajante<br />
que privilegia o alojamento<br />
local, realizado pela HomeAway<br />
em parceria com a Universidade<br />
Lusófona em dezembro<br />
de 2018, dá conta de<br />
um impacto económico de cerca de 412 milhões de euros,<br />
dos quais 278 milhões destinaram-se às despesas<br />
durante a estadia. O valor médio da estadia e por pessoa<br />
ronda os 737 euros (354 euros com a reserva do
OUTUBRO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.SAPO.PT<br />
mento ao investimento, ajudando investidores a fazer<br />
um plano de investimento e trabalhar em conjunto para<br />
a rentabilização do imóvel, enquanto substitui a sua<br />
presença física na gestão diária operacional.<br />
HomeAway conta com mais de dois milhões de anúncios em 190 países<br />
alojamento e 383 euros com outras despesas durante<br />
a estadia). Poucas são as empresas que podem oferecer<br />
uma amplitude de oferta nacional e internacional,<br />
como propõe a HomeAway, para todos os públicos,<br />
preferências e orçamentos”, afirma Sofia Dias, responsável<br />
da comunicação da marca em Portugal.<br />
Que o diga José Martins, proprietário da Casa do<br />
Chafariz, uma das casas listadas na HomeAway. Entrou<br />
neste negócio de forma instintiva em 2016, recorrendo<br />
às plataformas digitais. Olha para o empreendedorismo<br />
como “a arte e a capacidade de idealizar, coordenar<br />
e realizar projetos, serviços, negócios”, onde o<br />
alojamento local se enquadra perfeitamente. Afirma<br />
que o alojamento local é uma forma de negócio criado<br />
num nicho de mercado, que apareceu de “mãos dadas<br />
com as plataformas digitais” e que criou a possibilidade<br />
de muitas pessoas poderem ganhar algum dinheiro<br />
que, de outra forma, não seria possível.<br />
Para José Martins, entre as vantagens mais significativas,<br />
além de se poder ganhar algum dinheiro, “é muito<br />
gratificante receber em casa pessoas vindas de todo o<br />
mundo, o que possibilita uma convivência muito agradável<br />
e transmite uma aprendizagem através de culturas<br />
e formas de estar diferentes”.<br />
UM PARCEIRO<br />
DE GESTÃO E INVESTIMENTO<br />
A GuestReady nasceu em 2015 em Taiwan pela mão<br />
de Alex Limpert e, hoje, atua em gestão de alojamento<br />
local com mais de 2500 propriedades em todo o mundo,<br />
sendo Portugal um dos principais mercados. Expandiu<br />
rapidamente os serviços para Londres, Manchester,<br />
Edimburgo, Dubai, Hong Kong, Kuala Lumpur, Lisboa,<br />
Porto, Paris, Cannes. Este ano levantou uma ronda de<br />
financiamento série A de 6 milhões de dólares.<br />
"Os proprietários passam uma boa parte do seu tempo<br />
a fazer check-ins, check-outs, limpezas, comunicação<br />
com os hóspedes, atualização constante dos preços,<br />
e um sem fim de tarefas repetitivas. Hoje já vêem<br />
a sua propriedade como uma fonte de rendimento<br />
sem preocupações. Além de recuperarem as horas<br />
que passavam a gerir a sua propriedade, ganham<br />
um parceiro de negócios experiente na gestão de<br />
alojamento local que tem a missão de trazer o máximo<br />
de retorno aos seus proprietários”, explica Vanessa<br />
Vizinha, diretora-geral da GuestReady.<br />
“GuestReady gere mais de 200<br />
propriedades em Lisboa e Porto"<br />
Outro dos proprietários da GuestReady, que preferiu<br />
manter o anonimato à <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong>, viu esta empresa<br />
como primeira escolha desde início. Acredita que<br />
o alojamento local é uma boa forma de negócio:<br />
“Tenho um ativo que tenho de promover de forma<br />
competitiva para o rentabilizar. Há sempre a gestão<br />
diária inerente ao negócio e é preciso tratar de toda a<br />
parte administrativa, como qualquer outro negócio. No<br />
meu caso, escolhi aliar-me a uma empresa que faz esta<br />
gestão profissional por mim”.<br />
“Sinto que estou a trabalhar com uma empresa que<br />
está com os olhos postos no futuro, não está só focada<br />
em consolidar os investimentos já feitos, como está<br />
sempre atenta a novas oportunidades de investimento<br />
e isso para mim é muito importante”, conclui.<br />
A empresa iniciou operações em Lisboa e Porto há<br />
menos de um ano e, atualmente, conta com a gestão<br />
de mais de 200 propriedades nas duas cidades.<br />
A GuestReady recebe pedidos de apoio e aconselha-<br />
A GuestReady nasceu em 2015 em Taiwan<br />
37
h<br />
empreendedorismo<br />
COMIDA SAUDÁVEL JUNTA IRMÃOS PINTO BASTO<br />
Ana Rita Justo<br />
Origem<br />
Luz, Vera e José Pinto Basto são os três irmãos<br />
sócios do restaurante de comida saudável Origem.<br />
Uma aventura que já dura há oito anos e que ganhou<br />
um lugar ao sol no segmento empresarial.<br />
As refeições saudáveis em contexto laboral foram o<br />
mote para nascer a Origem, uma cadeia de restaurantes<br />
e cafetarias na zona da Grande Lisboa que aposta<br />
num conceito saudável. Os irmãos Luz, Vera e Luís Pinto<br />
Basto são os sócios e cérebros por detrás do projeto.<br />
Tudo começou em 2011, quando o irmão José Pinto<br />
Basto decidiu investir no Espaço Amoreiras, em Lisboa,<br />
e precisava de uma nova ideia para os dois espaços de<br />
comida que iria criar: um restaurante e uma cafetaria.<br />
Ao mesmo tempo, José Luís investia também nos supermercados<br />
biológicos Brio, cujo plano de expansão<br />
incluía uma cafetaria dentro do espaço.<br />
“Fazia sentido que a cafetaria consumisse os produtos<br />
daquele supermercado, que ficasse com o excedente.<br />
Como eu vinha da área da hotelaria, ele expôs-me o<br />
caso e eu alinhei, mas disse que sozinha não. Juntámo-nos<br />
os três irmãos”, conta Luz Pinto Basto, sócia<br />
e diretora executiva da Origem. O irmão José Luís surge<br />
apenas como investidor e a irmã Vera como diretora<br />
administrativa.<br />
Assim nasceu a Origem, inicialmente com uma cafetaria<br />
dentro do Brio de Carnaxide e com o restaurante no<br />
Luz, Vera e Luís Pinto Basto, os irmãos que criaram o Origem<br />
rante), Edifício Duarte Pacheco, as cantinas da Abreu<br />
Advogados e Randstad, Sete Rios (cafetaria e restaurante)<br />
e Miraflores. À gestão destes espaços junta-se<br />
ainda a da cantina da Oeiras International School, na<br />
qual diariamente são servidos cerca de 450 alunos.<br />
A ARTE DE RECOMEÇAR<br />
Foram grandes os desafios desta marca. Desde já a começar<br />
pelo conceito de comida saudável.<br />
“Em 2011, havia muito pouco conhecimento sobre o<br />
mercado saudável. Na altura, abrimos como ‘Origem<br />
– Cozinha Biológica’ e as pessoas confundiam, não<br />
faziam ideia do que era o biológico, achavam que era<br />
vegetariano, macrobiótico…”, confessa Luz. Razão<br />
pela qual a marca alterou depois o nome para “Origem<br />
– Cozinha Saudável”.<br />
Contudo, o grande desafio deu-se quando, em 2017,<br />
o grupo Sonae comprou os supermercados Brio, altura<br />
em que a Origem teve de deixar as cafetarias daquela<br />
cadeia de supermercado. Apesar de tudo, a responsável<br />
admite que foi o “timing perfeito”.<br />
“Tivemos de sair de dentro dos Brio, mas tínhamos naquele<br />
momento a loja de Santos a abrir e conseguimos<br />
albergar a equipa.”<br />
Restaurante do Espaço Amoreiras foi o primeiro da cadeia<br />
Espaço Amoreiras. Cinco anos depois juntou-se, também,<br />
a cunhada ao projeto, Catarina Pinto Basto, como<br />
concept manager.<br />
Um percurso nem sempre fácil, mas que hoje conta<br />
com dez espaços abertos ao público: Espaço Amoreiras<br />
(cafetaria e restaurante), Santos (cafetaria e restau-<br />
38<br />
De pequenos-almoços, aos almoços e lanches, tudo é<br />
pensado para que o dia a dia das pessoas que trabalham<br />
em grandes centros empresariais possam ter uma<br />
vida mais saudável. A evolução é uma constante e até<br />
opções veganas são incluídas no menu.<br />
“Temos sempre opções vegan, mas ainda temos carne<br />
e peixe, porque o mercado ainda não está preparado.<br />
Gostávamos de começar por um dia por semana não ter
OUTUBRO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.SAPO.PT<br />
carne, embora o tema ainda não seja unânime entre os<br />
quatro. Nós representamos um bocadinho o mercado<br />
que temos. E o Origem é feito à nossa imagem e semelhança:<br />
é saudável, queremos que as pessoas comam<br />
melhor, mas não somos radicais nem nos queremos<br />
impor”, sublinha.<br />
AMBIENTE ACIMA DE TUDO<br />
Além da comida saudável, o compromisso com o ambiente<br />
na Origem vem desde o dia 1. Luz considera-se<br />
“obcecada por proteger o planeta”: “Aos 15 anos era da<br />
Green Peace, aos 18 comecei a separar o lixo, aos 20 e<br />
poucos já fazia compostagem em casa”.<br />
As palhinhas de plástico foram logo das primeiras coisas<br />
a ser eliminadas, os talheres são de madeira mas<br />
o que realmente incomodava a diretora executiva eram<br />
as caixas de take away. Além de incentivar os clientes<br />
a trazerem o seu próprio copo de café e as suas caixas<br />
para levarem a comida, mediante um desconto, os<br />
espaços Origem também já dispõem de embalagens<br />
compostáveis, fornecidas pela Progelcone. Desta forma,<br />
não só se ajuda o meio ambiente, como a empresa<br />
poupa em gastos desnecessários.<br />
“Antigamente, gastávamos cinco mil euros por mês em<br />
descartáveis, hoje são cerca de mil euros”, confessa.<br />
Zoodles de atum dos restaurantes Origem<br />
Sumos Detox do Origem<br />
APOSTA EMPRESARIAL FOI NATURAL<br />
Por força das localizações escolhidas, rapidamente,<br />
Luz e os irmãos perceberam que o grande mercado<br />
da Origem estava no segmento empresarial: primeiro,<br />
através da loja Brio do Estoril, encerrada por estar<br />
numa zona residencial e sem a eficácia que se pretendia,<br />
e depois percebendo que os jantares e fins de semana<br />
não tinham a afluência necessária para manter os<br />
espaços abertos.<br />
“Percebemos logo que abríamos ao fim de semana e<br />
não havia vivalma, percebemos que não íamos servir<br />
jantares. Íamos ter, sim, lojas abertas até ao fim da<br />
tarde para quem quisesse levar para casa”, explica. A<br />
aposta empresarial traduziu-se, depois, numa nova<br />
área de negócio: o catering empresarial. Começou de<br />
forma “natural”, a partir dos clientes que já visitavam<br />
regularmente os espaços Origem e hoje já representa<br />
10% da faturação anual da empresa.<br />
Interior e exterior do Origem de Miraflores<br />
“É um nicho que faltava preencher no mercado”, confessa<br />
Luz, adiantando que “de certeza que foram as<br />
próprias pessoas dentro das empresas que começaram<br />
a pedir coisas mais saudáveis”.<br />
Atualmente com 49 colaboradores, a Origem terá em<br />
<strong>2019</strong> o seu “ano de consolidação”, mas já a pensar em<br />
novas localizações, como o Parque das Nações, na<br />
zona oriental de Lisboa.<br />
Para já, o negócio vai manter-se familiar, apesar de já<br />
terem surgido oportunidades para franchisar o projeto,<br />
ou mesmo para a entrada de novos investidores. Para<br />
Luz, o facto de os três irmãos serem sócios ajuda, “porque<br />
algum vai desempatar”.<br />
Interior do Origem em Santos<br />
“Todos apresentam as suas razões e acabamos sempre<br />
por desempatar, normalmente pelo bom senso.”<br />
39
h<br />
empreendedorismo<br />
"QUEREMOS SER LÍDERES DO MERCADO IBÉRICO"<br />
Ana Rita Justo<br />
Zome<br />
A Zome nasceu este ano e quer mudar o mercado<br />
imobiliário. Com mais de 900 consultores no<br />
país entra, assim, diretamente para o top 5 das<br />
agências imobiliárias em Portugal. A fundadora<br />
Patrícia Santos explica o novo conceito.<br />
PATRÍCIA<br />
Santos<br />
Patrícia Santos fundou a Zome este ano<br />
<strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> – Como nasceu a Zome?<br />
Patrícia Santos – A Zome nasceu da fusão de duas<br />
empresas de referência do setor imobiliário – Business<br />
e Pr1me, uma equipa com duas décadas de experiência<br />
no mercado imobiliário. O projeto Zome surge da<br />
necessidade de criar um serviço diferente e inovador,<br />
com total liberdade para implementar modelos de trabalho<br />
mais evoluídos e disruptivos, sem ter de esperar<br />
por aprovação global. O objetivo é oferecer as melhores<br />
ferramentas de trabalho aos consultores, com base<br />
na experiência adquirida e numa formação e tecnologia<br />
avançadas, de forma a prestarmos um serviço mais eficiente<br />
e personalizado aos nossos clientes.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Como vê a entrada direta para o top 5<br />
das agências imobiliárias portuguesas?<br />
P. S. – Com naturalidade. Ainda antes de nos apresentarmos<br />
ao mercado já tínhamos a noção de que íamos<br />
arrancar em força, com uma equipa de consultores extensa<br />
e muito experiente, que nos colocaria nessa posição,<br />
quer em termos de faturação estimada, quer em<br />
número de colaboradores.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Quantos agentes imobiliários têm?<br />
P. S. – Atualmente, contamos com perto de 900 consultores<br />
imobiliários de um total de quase 1000 colaboradores.<br />
Até final do ano, prevemos a criação de<br />
mais 470 postos de trabalho.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Qual o valor transacionado até agora?<br />
P. S. – No final do ano apresentaremos os resultados,<br />
mas a nossa estimativa aponta para 38 milhões de euros<br />
de faturação em <strong>2019</strong>.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Quantos hubs querem abrir até final do<br />
ano?<br />
P. S. – Em Portugal, estamos em Braga, Vila Nova de<br />
Famalicão, Porto (Centro Empresarial da Circunvalação<br />
e Damião de Góis), Coimbra, Leiria, Cascais,<br />
Abóboda e Lisboa. Até ao fim de <strong>2019</strong> temos prevista<br />
a abertura de oito novos hubs imobiliários em Portugal,<br />
três na Grande Lisboa, um no Algarve, Aveiro, Figueira<br />
da Foz, Setúbal e Viseu. Em Espanha inaugurámos<br />
recentemente o hub de Málaga e brevemente pretendemos<br />
abrir em Sevilha, Marbella, Barcelona e nas Canárias.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – O que diferencia estes hubs do habitual<br />
das agências imobiliárias?<br />
P. S. – Estes hubs rompem com a estrutura convencio-<br />
40<br />
nal das agências imobiliárias, são espaços agregadores,<br />
modernos e ágeis, onde equipas multidisciplinares<br />
trabalham em comunidade, dentro de uma lógica<br />
de “cooptitividade”, um equilíbrio entre cooperação<br />
e competitividade. Funcionam quase como empresas<br />
independentes, que têm à disposição os recursos tecnológicos<br />
únicos que a Zome dispobiliza e partilham<br />
uma formação única no mercado, ancorada na partilha<br />
de experiência prática entre profissionais e fortalecida<br />
pelo conhecimento de neurociência aplicada, que permite<br />
simplificar e tornar mais eficaz toda a experiência<br />
imobiliária para os clientes. Dispõem ainda do Zome<br />
Tool Kit, uma plataforma que reúne uma série de ferramentas<br />
tecnológicas e que possibilita aos consultores,<br />
entre outras coisas, fazerem estudos de mercado em<br />
menos de cinco minutos, através de uma base de dados<br />
que inclui todos os imóveis disponíveis a nível nacional.<br />
Segundo estudos que fizemos, esta plataforma<br />
garante um aumento de produção na ordem dos 300%<br />
e uma diminuição do tempo processual em 37%.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Quais os maiores desafios que têm de<br />
momento em mãos?<br />
P. S. – Continuar a desenvolver novas tecnologias<br />
aplicadas a esta área, de forma a renovarmos o setor<br />
e mantermo-nos como uma agência que responde de<br />
forma mais eficaz às necessidades dos clientes. Assinámos<br />
uma parceria com a IBM, com quem estamos a<br />
trabalhar em ferramentas inovadoras que apresentaremos<br />
em tempo oportuno. Inteligência Artificial e big<br />
data são algumas das inovações que estamos a incorporar<br />
no nosso sistema, com uma magnitude que não<br />
existe no mercado português. O outro grande desafio<br />
que temos em mãos passa por um trabalho conjunto<br />
com as restantes agências imobiliárias no sentido de<br />
credibilizar o setor e torná-lo cada vez mais transparente.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Quais os planos para o futuro?<br />
P. S. – O nosso objetivo é sermos líderes do mercado<br />
ibérico num prazo máximo de cinco anos. Tendo em<br />
conta o ritmo a que estamos a crescer, tanto cá como<br />
em Espanha, logo no ano de lançamento no mercado,<br />
estamos cada vez mais convictos de que será possível<br />
atingir esta meta. Queremos estar presentes em todas<br />
as capitais de distrito portuguesas até final do próximo<br />
ano, e, ainda em <strong>2019</strong>, lançar a Zome Luxury, marca<br />
dedicada ao segmento premium.
Transmissões<br />
em Direto<br />
Filmes<br />
Corporativos<br />
Cobertura<br />
de Eventos<br />
Vídeo<br />
Marketing<br />
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p<br />
MEDIR PARA GERIR<br />
A IMPORTÂNCIA DOS ESTUDOS DE MERCADO<br />
PARA AS EMPRESAS<br />
Luís Duarte, diretor-geral da More Results<br />
More Results<br />
Acredito que a missão dos estudos de mercado é ajudar<br />
as empresas a acertarem mais e a reduzirem o risco.<br />
É uma missão nobre. Ao estarmos a ajudar nestes dois<br />
objetivos evitamos a tomada de decisões que gerem o<br />
caos nas empresas e nas famílias, resultantes de decisões<br />
tomadas por impulso, sem ouvir quem vai comprar<br />
o serviço ou produto que queremos vender. Vender é<br />
“ajudar a comprar de forma profissional”.<br />
Devemos ouvir o nosso cliente sobre como quer ser<br />
ajudado por nós. O cliente mais perigoso é o silencioso.<br />
Acreditarmos que a nossa intuição é essencial para<br />
o sucesso, mas a validação das nossas ideias, junto<br />
de uma amostra do nosso mercado, ou seja “as nossas<br />
ideias versus confronto com a realidade” traz-nos<br />
segurança.<br />
A beleza e o fascínio dos estudos de mercado está<br />
na descoberta do que vai na cabeça e no coração das<br />
pessoas. Além da redução de risco vamos descobrir<br />
oportunidades que nunca antes tínhamos imaginado.<br />
Aprender a ouvir – de forma profissional – é essencial.<br />
Descobri isto quando tinha 15 anos, em 1983. Nesse<br />
ano descobri o músico Armando Gama, nosso representante<br />
na Eurovisão, a cantar a linda balada “Esta<br />
balada que te dou”. Achei-a tão bela que decidi ficar<br />
muito atento pois estava convicto de que seria impossível<br />
serem criadas novas músicas, tão belas. Nada<br />
disso! Esta balada continua única, mas surgiram muitas<br />
mais músicas - também únicas.<br />
Profissionalmente fui também descobrindo, ao trabalhar<br />
com grandes empresas, e aqui permito-me um<br />
pouco de ironia, que estas, que todos nós conhecemos,<br />
e que perduram há décadas, na verdade não eram<br />
admiráveis. Descobri que estas fazem estudos, ouvem<br />
o seu cliente regularmente e, por isso, acertam mais.<br />
Não são, portanto, admiráveis. Fazem o que deve ser<br />
feito. Empresas admiráveis são aquelas que tomam<br />
decisões sem estudar o mercado e acertam. Destas<br />
empresas “admiráveis” saem, no entanto, bastantes<br />
“especialistas de estudos de mercado a posteriori”,<br />
que conseguem identificar de forma detalhada, mas só<br />
depois, os motivos pelos quais falharam. Um processo<br />
que tem por vezes custos muito elevados.<br />
Convido, por isso, as <strong>PME</strong> portuguesas, à semelhança<br />
das grandes empresas, a desenvolverem hábitos de<br />
ouvirem os seus clientes. Na sua <strong>PME</strong> comece por ouvir<br />
as pessoas da sua organização (foi o que fiz ao escre-<br />
42<br />
Luís Duarte, diretor-geral da More Results<br />
ver este texto – pedi feedback aos meus colegas – demorou<br />
um pouco mais de tempo, mas reflete o que temos<br />
aprendido, a trabalhar com centenas de marcas).<br />
Já há algum tempo aprendi que ao consultar a equipa<br />
antes de tomar uma decisão, a mesma no final sai pelo<br />
menos 40 vezes melhor do que a versão inicial.<br />
Para quem são os estudos de mercado? Um experiente<br />
ex-CEO de marcas automóveis que muito admiro, João<br />
Martins de Almeida, afirma: “se pudesse fazer um estudo<br />
para cada decisão que tenho de tomar era o que eu<br />
faria”. Os estudos de mercado são para os profissionais<br />
que querem saber mais, ouvir mais, planear mais, vender<br />
mais, compreender melhor e acertar mais nas decisões<br />
que tomam, ir onde outros nunca foram, a favor<br />
de quem servem – os seus clientes internos e os seus<br />
clientes externos.<br />
Oiça também os seus fornecedores, parceiros e clientes.<br />
Diga-lhes que quer servir determinado mercado<br />
e que quer ser o melhor do mundo a fazê-lo para<br />
que quem você vai ouvir se empenhe no feedback que<br />
lhe dá. É importante que quem vai ouvir entenda que<br />
você está aqui para servir – de forma excelente – o seu<br />
cliente. Se precisar de ajuda contacte uma empresa da<br />
APODEMO, da MSPA ou da ESOMAR.<br />
Os profissionais de estudos de mercado que adoram o<br />
que fazem estão focados em ajudá-lo a ter sucesso, de<br />
forma mais rápida e produtiva. Queremos que, mais do<br />
que clientes, a sua empresa tenha fãs.
Superbran<br />
sapo.pt<br />
Os Portugueses elegeram o SAPO como uma Superbrand <strong>2019</strong><br />
Obrigado por considerarem o SAPO como uma Marca de Excelência.<br />
Este reconhecimento, reforça o SAPO como Líder Digital na divulgação de conteúdos.
o<br />
Marketing<br />
O "SOCIAL CEO" - PORQUE DEVE ESTAR NO LINKEDIN<br />
E COMO FAZÊ-LO COM SUCESSO<br />
Pedro Caramez, consultor de marketing digital<br />
Pedro Caramez<br />
Um dos principais rostos da empresa, o CEO, o influenciador,<br />
o líder e carismático agente mobilizador<br />
que leva a empresa mais longe, tem menosprezado a<br />
presença digital como um ativo importante da sua reputação<br />
e da imagem da empresa.<br />
Sem dados concretos para a realidade portuguesa, a<br />
presença digital ainda parece longe dos CEO. A exposição<br />
digital ainda está associada em muitas cabeças<br />
a uma efetiva perda de tempo, a uma ação pouco relevante<br />
e não importante para o negócio.<br />
As empresas começaram a usar diversas formas de<br />
comunicação digital mas o mercado também passou<br />
a exigir ações reveladoras de transparência e credibilidade<br />
que demonstrassem o que verdadeiramente se<br />
passa por detrás do logotipo da empresa. Os conteúdos<br />
mais valorizados começaram a envolver colaboradores<br />
da empresa que transmitem a autenticidade na<br />
proposta de valor que entregam aos clientes.<br />
Neste contexto, os CEO viram-se também envolvidos<br />
nesta estratégia de transparência e autenticidade. A<br />
utilização dos meios digitais por parte dos CEO passou<br />
a ser muito apreciada por todos (clientes e colaboradores)<br />
e demais stakeholders.<br />
Os canais digitais à disposição dos CEO são vários,<br />
com especial destaque para a rede Linkedin - a rede<br />
profissional. Esta concentra as atenções do público<br />
executivo que a viu como um canal mais “sério” do que<br />
outras.<br />
"Os canais digitais à disposição dos<br />
CEO são vários, com destaque<br />
para a rede Linkedin"<br />
No entanto, convém distinguir perfil em redes sociais<br />
de presença em redes sociais. Existem hoje milhares<br />
de perfis mas que denotam pouco cuidado na informação<br />
e deixam o CEO aquém da imagem adequada. CEO<br />
presentes são poucos! As equipas de comunicação das<br />
empresas devem sensibilizar para este papel ativo do<br />
CEO numa verdadeira ação de CEO Branding.<br />
Esta presença no Linkedin deve ser sustentada nos seguintes<br />
pontos:<br />
1. Configurações de privacidade assimiladas, corrigidas<br />
e verificadas;<br />
44<br />
2. Perfil preenchido e atual com toda a experiência<br />
profissional do CEO;<br />
3. Reforço para a utilização regular (maioritariamente<br />
via aplicativo móvel);<br />
4. Desenvolvimento estratégico de contactos nacionais<br />
e internacionais para reforçar o posicionamento<br />
digital do CEO;<br />
5. Estratégia de conteúdos regular que agregue valor,<br />
transmita a cultura da empresa e demonstrativa<br />
da mensagem humanizadora do CEO. Os profissionais<br />
esperam hoje conteúdo autêntico de uma verdadeira<br />
liderança aberta e transparente no meio digital.<br />
O CEO pode usar o seu perfil para estabelecer autoridade,<br />
demonstrar um histórico de sucesso, apresentar<br />
a sua visão de futuro, criar confiança, dar visibilidade<br />
sobre a cultura da empresa, humanizar a empresa.<br />
Partilho convosco o top social dos CEO portugueses<br />
com presença no Linkedin.<br />
Artigo completo disponível em:<br />
Pedro Caramez é formador em cursos de Linkedin<br />
pmemagazine.sapo.pt/top-social-ceo-linkedin
o<br />
tecnologia<br />
OUTUBRO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.SAPO.PT<br />
WEB SUMMIT VOLTA A PORTUGAL<br />
EM NOVEMBRO<br />
Mariana Barros Cardoso<br />
Flickr<br />
Até 2028, a maior conferência de tecnologia do mundo realizar-se-á em Portugal<br />
Paddy Cosgrave, David Kelly e Daire Hickey são os<br />
responsáveis pela fundação da Web Summit, a maior<br />
conferência de tecnologia, inovação e empreendedorismo<br />
do mundo que acontece uma vez por ano.<br />
2009 datou o seu início com o mote na tecnologia da<br />
internet, em Dublin, Irlanda, onde foi realizada durante<br />
5 anos. Em 2015 foi anunciado que o evento seria realizado<br />
pela primeira vez em Lisboa, Portugal, no ano<br />
seguinte. Apelidado como o evento com melhor reputação<br />
em Portugal, a Web Summit e o Governo português<br />
comunicaram, em outubro de 2018, que a capital<br />
portuguesa seria “a casa” da Web Summit durante os<br />
próximos 10 anos.<br />
De 3 a 9 de novembro deste ano, Lisboa recebe mais<br />
uma edição que se traduz numa oportunidade inigualável<br />
para que seja possível conhecer líderes empresariais<br />
e investidores de classe mundial que viajam nessa<br />
semana a Portugal à procura, também eles, de fazer<br />
networking com empreendedores de outros países, resultando<br />
por vezes em oportunidades empresariais.<br />
<strong>2019</strong> recebe uma missão de negócios, tecnologia e<br />
inovação que pretende conectar startups com empresários<br />
e oferece a possibilidade de assistir a diferentes<br />
palestras e workshops com pessoas das áreas de tecnologia<br />
e inovação do mundo todo.<br />
Portugal recebe este ano, Guo Ping presidente executivo<br />
e do conselho de administração da Huawei, Brad<br />
Smith da Microsoft, Nikolay Storonsky da Revolut,<br />
Elie Seidman, presidente executivo do Tinder, e Gillian<br />
Tans, responsável pela liderança do Booking, bem<br />
como, por exemplo, em modo novidade, Randy Freer<br />
presidente de um dos grandes concorrentes do Netflix<br />
e ainda, Fernando Machado na qualidade de responsável<br />
mundial de marketing do Burger King.<br />
<strong>2019</strong> recebe uma missão<br />
de negócios, tecnologia e inovação<br />
que pretender conectar<br />
startups com empresários<br />
Todavia, a organização avança que em <strong>2019</strong> haverá um<br />
“evento exclusivo e secreto” que juntará 500 startups<br />
“promissoras”.<br />
O certame que chegou a Portugal por Padday Cosgrave<br />
lidera o ranking com 85,2 pontos, ficando à frente do<br />
Rock in Rio, Nos Alive, Taça de Portugal de Futebol e do<br />
Festival Meo Sudoeste.<br />
Em suma, até 2028, a maior conferência de tecnologia<br />
do mundo realizar-se-á em Portugal. Todas as pessoas<br />
que adquirirem um bilhete pago podem ir visitar<br />
este certame onde encontrarão CEO e fundadores de<br />
startups tecnológicas em conjunto com inúmeras pessoas<br />
da indústria de tecnologia global.<br />
45
o<br />
tecnologia<br />
READY, SET, SCALE-UP!<br />
Cíntia Costa e Pedro Rebordão, LISPOLIS<br />
LISPOLIS<br />
O LISPOLIS acolhe empresas de diferentes dimensões,<br />
desde unipessoais a multinacionais, passando<br />
por startups e <strong>PME</strong> tecnológicas. As <strong>PME</strong> predominam,<br />
mas cada vez mais startups escolhem o LISPOLIS.<br />
Um dos exemplos é o Beamian, produto tecnológico<br />
desenvolvido pela Mobility Now que oferece uma solução<br />
all-in-one de gestão de eventos que liga o offline<br />
ao online. Esta startup, instalada no LISPOLIS desde a<br />
sua génese, foi agora investida pela Portugal Ventures,<br />
capital de risco da qual o LISPOLIS é Ignition Partner, e<br />
irá apostar na internacionalização do serviço.<br />
Também a myEyes está em expansão: o seu mais recente<br />
projeto de acessibilidade para todos chegou a<br />
Vilamoura. Esta aplicação mobile tem como objetivo<br />
apoiar qualquer pessoa com deficiência visual ou motora<br />
na escolha de locais acessíveis, como restaurantes<br />
e cafés, através de um mapeamento prévio da região.<br />
myEyes tem como objetivo<br />
apoiar pessoas com<br />
deficiência visual ou motora<br />
Já em Espanha, a 3D Modelling Studio ganhou destaque<br />
ao vencer o Smart Catalonia Challenge <strong>2019</strong>, um<br />
concurso promovido pela Generalitát de Cataluña e o<br />
porto de Barcelona que lançou seis desafios e ofereceu<br />
ao vencedor um projeto piloto no porto da cidade.<br />
O desafio foi o cálculo ininterrupto e automático de volumes<br />
dos resíduos que saem dos barcos, que podem<br />
atingir num ano um volume de 100.000 metros cúbicos<br />
e representam um grande custo.<br />
Também a Criam Tech venceu o primeiro prémio para<br />
a área de healthcare do concurso internacional Protechting<br />
3.0, promovido pela Fidelidade e pela Fosun.<br />
A Criam Tech desenvolveu um dispositivo médico automático<br />
e portátil para análises sanguíneas passível<br />
de identificar o tipo e subtipo sanguíneo em três minutos.<br />
O prémio ganho consistiu num roadshow à China<br />
com o objetivo de conhecer investidores globais.<br />
Contudo, nem todas as startups surgem da mesma forma.<br />
Algumas são spin-offs de empresas já estabelecidas,<br />
como é o caso da Mapify, criada pela empresa<br />
FocusBC, Google partner para cloud e maps, uma plataforma<br />
de location intelligence que fornece soluções<br />
baseadas na cloud para smart cities, IoT e Industry 4.0,<br />
de forma a mapear em tempo real dados provenientes<br />
de vários sensores.<br />
46<br />
Cíntia Costa e Pedro Rebordão, LISPOLIS<br />
O LISPOLIS é a casa destas e doutras startups e apoia-<br />
-as consoante as suas necessidades: desde a fase de<br />
stand up, em que um ou mais founders chegam até ao<br />
LISPOLIS com uma ideia e necessitam de ajuda para<br />
criar o business plan e os primeiros contactos, até à<br />
fase scale up, em que a startup procura financiamento e<br />
tem como objetivo a internacionalização.<br />
Através do programa Startup Voucher, inserido na<br />
estratégia StartUP Portugal, apoiamos o desenvolvimento<br />
de projetos de empreendedorismo inovador<br />
em fase de ideia. É o caso da startup Delox, spin-off da<br />
Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa que<br />
aposta na criação de uma nova geração de aparelhos<br />
de biodescontaminação, projeto que foi investido pela<br />
Caixa Capital e pela Hovione Capital.<br />
LISPOLIS é a casa destas e doutras<br />
startups e apoia-as consoante<br />
as suas necessidades<br />
O Vale Incubação integra também a estratégia Startup<br />
Portugal e apoia empresas com menos de um ano na<br />
sua aquisição de serviços de incubação. A Glartek,<br />
solução de realidade aumentada focada na indústria,<br />
foi incubada um ano no LISPOLIS e recentemente<br />
investida em 1,5 milhões de euros pela EDP Ventures,<br />
H-Capital, Novabase Capital e pela plataforma de<br />
investimento italiana H-Farm.
f<br />
fora d'horas<br />
OUTUBRO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.SAPO.PT<br />
AFINAL NÃO É SÓ UM ´RESTAURANT´<br />
Mafalda Marques<br />
Paulo Barata<br />
Mais que um restaurante, é também uma loja de vinhos.<br />
Aqui os melhores produtos portugueses são exaltados<br />
através de técnicas francesas.<br />
Legaaal abriu no final de 2018<br />
Carpaccio de perca com frutos vermelhos e hoterlã-pimenta<br />
A garrafeira tem perto de 200 referências<br />
À frente desta cozinha poliglota está o chef Eduardo<br />
Brandão Ferreira, sob supervisão do chef Nicolas<br />
Breneliére, o responsável executivo de todos os restaurantes<br />
do grupo Monopoly. Guy-David Gharbi, proprietário<br />
do espaço, deu-lhe este nome com o lado<br />
cool da palavra em mente. Porquê os três “a”? Porque<br />
este é um restaurante de qualidade triple A.<br />
O Legaaal abriu no final de 2018, e agora o menu renovado<br />
traz-lhe novo fôlego. Com uma herança histórica<br />
de proximidade, Portugal e França juntam-se à mesa<br />
deste restaurante para dar a provar a melhor fusão das<br />
duas gastronomias. Neste novo menu que respeita a<br />
portugalidade da matéria-prima, mas não dispensa a<br />
terminologia francesa, encontramos fricassée de lula<br />
com salsa e chouriço (8€) e foie gras de pato rougié com<br />
alperce assado (<strong>14</strong>€) nas entradas; Filê de entrecôte<br />
maturado com molho béarnaise e batata gratin (18€) e<br />
filê de alcatra, chalotas e batatas gratinadas dauphinois<br />
(17€) nos pratos principais; e claro, os clássicos<br />
petit gâteau (5€) e creme brulée (4€) nas sobremesas.<br />
Em todas as secções há uma opção surpresa de acordo<br />
com o humor do chef, confecionada com os ingredientes<br />
frescos disponíveis naquele dia.<br />
A garrafeira do Legaaal tem perto de 200 referências,<br />
todas portuguesas, e o melhor de tudo é que, caso<br />
queiramos levar para casa o vinho que acabámos de<br />
provar, é vendido a preço de compra, e não de consumo.<br />
Gambas de Madagáscar com risotto cremoso de marisco<br />
Espaço interior do restaurante<br />
Circulando pela Rua da Rosa, a fachada do prédio onde<br />
se encontra o Legaaal chama de imediato a atenção: é<br />
tipicamente lisboeta, coberto de azulejos coloridos. A<br />
entrada é larga e envidraçada e, assim que as portas<br />
se abrem, é possível ver todo o restaurante a partir da<br />
rua estreita e calcetada. Com uma decoração eclética,<br />
nenhuma cadeira ou prato tem par; há um cadeirão de<br />
baloiço a receber os clientes à entrada, um grafíti com<br />
o nome do restaurante, criado pela street artist Zoia, reclama<br />
o protagonismo de uma parede inteira e surgem<br />
utensílios de cozinha vintage a pontilhar a decoração.<br />
O Legaaal é o restaurante onde queremos ir com companhia,<br />
para quebrar a rotina, para provar novos vinhos<br />
portugueses e partilhar as experiências daquele dia<br />
num ambiente intimista e acolhedor.<br />
Vous êtes toujours bienvenu. À tout à l’heure!<br />
Rua da Rosa, 237 -1200-385 Lisboa | 3. ª a sáb., 19h-24h |(Fecha domingo e 2. ª )<br />
47
f<br />
Agenda<br />
48<br />
Pedro Montijo<br />
17 E 18<br />
OUTUBRO<br />
MARKETING DIGITAL<br />
PARA PEQUENOS<br />
NEGÓCIOS<br />
Núcleo da ANJE de Lisboa e<br />
Vale do Tejo, Algés<br />
A ANJE organiza o curso "Marketing<br />
Digital para pequenos negócios"<br />
nos dias 17 e 18 de outubro.<br />
A ação formativa acontece<br />
nas instalações da Associação<br />
em Lisboa e vai ensinar os participantes<br />
a construir e reforçar a<br />
presença dos seus negócios no<br />
universo digital.<br />
Mais informações em:<br />
www.anje.pt<br />
29 A 30<br />
OUTUBRO<br />
15.º CONGRESSO ECOLÓGICO<br />
EUROPEU<br />
CCB-Centro Cultural de<br />
Belém, Lisboa<br />
A FINDE.U pretende reforçar a ligação<br />
existente entre o Norte de<br />
Portugal e a Galiza, colocando os<br />
principais empregadores portugueses,<br />
espanhóis e internacionais<br />
em contacto direto com os<br />
estudantes.<br />
Saiba mais em: findeu.org<br />
31<br />
OUTUBRO<br />
BUSINESS TRANSFORMATION<br />
SUMMIT <strong>2019</strong><br />
Lx Factory - Lisboa<br />
Como identificar tendências ao mesmo<br />
tempo em que aborda tecnologias<br />
inovadoras que remodelarão o<br />
seu setor? Há mudanças de paradigma<br />
em andamento, desafiando os<br />
líderes empresariais a pensar fora da<br />
caixa e a aprender a liderar em velocidade.<br />
Saiba mais em: btsummit-cegos.com<br />
30<br />
OUTUBRO<br />
CONGRESSO RH<br />
Coimbra Business School - ISCAC,<br />
Coimbra<br />
Reconhecendo a importância da<br />
região Centro do país como berço<br />
de muitas empresas de sucesso,<br />
o Congresso RH viaja pela quarta<br />
vez até Coimbra, sendo promovido<br />
pela Editora RH e tendo o apoio<br />
institucional da Coimbra Business<br />
School - ISCAC.<br />
Saiba mais em: congressorh.pt
OUTUBRO <strong>2019</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.SAPO.PT<br />
7<br />
NOVEMBRO<br />
WORKSHOP PROCESSO ESPECIAL<br />
DE REVITALIZAÇÃO<br />
Núcleo de Lisboa e Vale do Tejo da ANJE, Algés<br />
A ANJE promove o workshop e pretende esclarecer<br />
os empresários sobre a utilidade e vantagens<br />
de utilização do PER (Processo Especial<br />
de Revitalização da Empresa) e do SIREVE<br />
(Sistema de Recuperação de Empresas por Via<br />
Extrajudicial).<br />
Saiba mais em: anje.pt<br />
21 A 24<br />
NOVEMBRO<br />
FEIRA DE CONSTRUÇÃO, REABILITAÇÃO,<br />
ARQUITETURA E DESIGN<br />
Exponor – Feira Internacional do Porto<br />
Entre os dias 21 e 24 de novembro, a CONCRETA<br />
– Feira de Construção, Reabilitação, Arquitetura<br />
e Design está de volta à Exponor. Uma feira<br />
onde a criatividade, a inovação, as tendências e<br />
arte se unem para transformar o evento.<br />
7 A 9<br />
A Exponor recebe a FIMAP – Feira Internacional de<br />
Máquinas, Acessórios e Serviços para a Indústria<br />
da Madeira naquele que é o ponto de encontro entre<br />
a indústria e a alta tecnologia com o seu negócio.<br />
Saiba mais em: fimap.exponor.pt<br />
NOVEMBRO<br />
FEIRA INTERNACIONAL DE MÁQUINAS, ACESSÓRIOS<br />
E SERVIÇOS<br />
Exponor – Feira Internacional do Porto<br />
Saiba mais em: concreta.exponor.pt<br />
4<br />
DEZEMBRO<br />
CORPORATE INNOVATION & DISRUPTIVE<br />
TECHNOLOGIES<br />
CCB-Centro Cultural de Belém, Lisboa<br />
Descrito pelo The Economist como um “serial innovator”,<br />
John Kao é líder mundial em inovação<br />
e tecnologias emergentes. John lidera a área da<br />
inovação e criatividade empresarial há mais de<br />
30 anos. É consultor e investigador em áreas tão<br />
diversas dentro das tecnologias colaborativas.<br />
Saiba mais em: johnkaoseminario.com<br />
49
x<br />
OPINIÃO<br />
PORTUGAL E O FUTURO<br />
Álvaro Covões, diretor-geral da Everything is New<br />
João Filipe Aguiar<br />
Portugal nos últimos 50 anos viu o seu tecido empresarial<br />
mudar de mãos duas vezes. Em 1975, os principais<br />
setores de atividade económica passaram da mão dos<br />
privados para o Estado, foram nacionalizados. Durante<br />
os governos de Cavaco Silva, a economia foi privatizada<br />
e, mais uma vez, os principais setores de atividade<br />
voltaram a mudar de mãos, desta vez passaram da<br />
mão do Estado para a mão dos privados. Nestes últimos<br />
10 anos, fruto das duas crises económicas, a de<br />
2008, com a crise do imobiliário, e a grande crise mundial<br />
de 2011, que marcou a nova entrada da Troika em<br />
Portugal, chegámos a uma época em que as grandes<br />
empresas e os principais setores voltaram a mudar de<br />
mão, nessa ocasião mantiveram-se no setor privado<br />
mas passaram de mãos portuguesas para mãos internacionais.<br />
O futuro de qualquer economia, na Europa<br />
Ocidental, depende do setor privado e para haver setor<br />
privado é necessário capital e para haver capital é preciso<br />
haver incentivo ao investimento.<br />
"Portugal nos últimos 50 anos<br />
viu o seu tecido empresarial<br />
mudar de mãos duas vezes"<br />
Olhado para a carga fiscal portuguesa, concluímos que<br />
estamos a fazer precisamente o contrário. Ao invés de<br />
construirmos grupos portugueses ou grandes empresas<br />
de capital português, assistimos ao aparecimento<br />
de grandes empresas de capital estrangeiro. Importa<br />
salientar que no estrangeiro existem políticas para<br />
o investimento e criação de empresas. E Portugal vive<br />
como? Pode-se dizer que Portugal é um país dividido<br />
em dois. O Portugal público, com um setor público pesado,<br />
com centenas de milhares de trabalhadores, e o<br />
Portugal privado. Todos pagam impostos, mas... Uma<br />
coisa é devolver ao Estado 10 de 100 que o Estado pagou,<br />
outra é entregar 10 dos 100 que o Estado não pagou.<br />
Portanto, significa isto que é o setor privado, são<br />
os trabalhadores privados e são as empresas privadas<br />
que alimentam o orçamento geral do Estado.<br />
Portugal e o futuro: Podemo-nos transformar numa<br />
Venezuela ou podemo-nos transformar num país rico,<br />
mas para isso é importante uma alteração significativa<br />
das políticas ficais, temos que urgentemente libertar<br />
os custos sobredimensionados do Estado, para que os<br />
impostos possam baixar e assim aumentar o poder de<br />
compra dos trabalhadores portugueses e aumentar a<br />
capacidade de poupança daqueles que querem investir.<br />
E assim seria o caminho para Portugal ser um Portugal<br />
de Futuro.<br />
50<br />
Álvaro Covões foi figura de capa da 10.ª edição da <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong>
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