SCMedia News | Revista | Setembro 2019
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A revista da<br />
Set’ <strong>2019</strong><br />
4,60€<br />
Mensal<br />
3<br />
TÊXTIL<br />
A MODA<br />
FAST-SUSTAINABILITY<br />
DIGITALIZAÇÃO<br />
DOS PROCESSOS<br />
DE COMPRAS<br />
O PARADOXO<br />
DA BLOCKCHAIN<br />
NOS TRANSPORTES<br />
E LOGÍSTICA<br />
Plural - Cooperativa Farmacêutica, CRL<br />
De braço dado com a inovação
Dois mundos, uma ideia.<br />
REUNIR O MELHOR DOS DOIS MUNDOS, COMBINAR AS VANTAGENS<br />
NUMA POSIÇÃO ÚNICA - ESTE É O CONCEITO DE BAOLI.<br />
Criando uma posição excepcional no mundo dos equipamentos de movimentação de cargas. O retorno do investimento<br />
está relacionado com a qualidade e após-venda. Os equipamentos Baoli estão ligados à tecnologia avançada.<br />
Este é a Baoli: a energia de uma empresa chinesa dinâmica e a força de um grupo alemão líder.<br />
www.baoli-emea.com
dora.assis@supplychainmagazine.pt<br />
Dora Assis<br />
EDITORIAL<br />
A REVOLUÇÃO SUSTENTÁVEL<br />
“Para a ganância, toda a natureza é insuficiente.”<br />
Séneca<br />
Vivemos numa época de crescimento a um ritmo<br />
exponencial. E muitas vezes tudo sucede a uma<br />
velocidade muito superior à nossa capacidade de<br />
adaptação e de resposta. À nossa e da natureza<br />
que, essa sim, tem os seus ritmos muito próprios<br />
e não se compadece com as nossas necessidades<br />
e urgências. A economia circular está na<br />
ordem do dia e a sustentabilidade na cadeia de<br />
abastecimento também.<br />
Das empresas e de todos nós espera-se uma<br />
revolução na forma de estar, produzir, distribuir<br />
e até consumir. É urgente desenvolver uma<br />
cadeia capaz de se sustentar, sem afectar o<br />
meio ambiente. Precisamos conservar hoje, para<br />
podermos ter amanhã. Este é o princípio da<br />
Revolução Sustentável.<br />
Nesta edição são vários os momentos em que<br />
o tema da sustentabilidade é focado. É o caso<br />
da reportagem que realizámos na Plural, onde<br />
todos os edifícios foram idealizados em torno da<br />
sustentabilidade ambiental, de forma a diminuir<br />
o impacto das operações no meio ambiente.<br />
Ali, há painéis solares fotovoltaicos na cobertura<br />
do armazém, permitindo um automatismo total,<br />
sem recorrer a nenhum quilowatt, nos dias de sol.<br />
Os edifícios, à excepção do armazém, são, a maior<br />
parte, envidraçados para a permitir uma maior<br />
entrada de luz natural, e uma menor utilização de<br />
energia. No que diz respeito ao centro logístico,<br />
não tem janelas para que o sol não comprometa<br />
a integridade dos medicamentos, mas tem uma<br />
parte de iluminação natural. Pequenos gestos<br />
que fazem uma grande diferença.<br />
Diferença espera também fazer a Autoeuropa,<br />
não só com o gigaliner como agora também com o<br />
comboio que faz ligação ao porto de Setúbal para<br />
o transporte dos veículos produzidos na unidade<br />
industrial de Palmela. Em termos práticos, esta<br />
medida representa uma redução significativa<br />
de CO 2<br />
, nomeadamente 80%, em relação ao<br />
transporte realizado por via rodoviária.<br />
E, não, não é uma questão de moda, mas sim<br />
de necessidade. Que o digam as empresas do<br />
sector têxtil espartilhadas entre a necessidade<br />
de responder ao mercado de consumo e à<br />
fast-fashion e o equilíbrio com os recursos naturais<br />
e a sustentabilidade, como pode ler no artigo<br />
deste mês sobre a logística no sector têxtil.<br />
Várias marcas e cadeias de retalho estão a dar<br />
alguns passos, como a Adidas que quer ser<br />
sustentável em toda a cadeia de valor e anunciou<br />
que a partir de 2024 só usará plásticos reciclados<br />
em todas as suas roupas ou sapatos. Serão sempre<br />
processos morosos e faseados, mas é preciso<br />
começar por algum lado.<br />
Talvez o séc. XXI venha a ficar para a História<br />
como a época hiperbólica, onde tanta e tanta coisa<br />
tende para o exagero.<br />
O que não é exagero, continua intocável e<br />
bem real é a nossa paixão pela informação, pelas<br />
pessoas, pelos projectos, pelas iniciativas na área<br />
da supply chain. E continua a ser isso, apenas<br />
isso, que lhe podemos prometer: levar até si, aqui,<br />
através do site e das newsletters a informação que<br />
lhe permita crescer e alimentar a sua paixão pelo<br />
que faz.
4<br />
SETEMBRO <strong>2019</strong><br />
#8 #28 #54<br />
ÍNDICE<br />
FACTOS & NÚMEROS<br />
Como compram as empresas<br />
em Portugal? 6<br />
LOGÍSTICA<br />
Fruta do Cadaval com logística<br />
na Coopval 8<br />
Plural de braço dado<br />
com a inovação 18<br />
4 Passos para alcançar a<br />
sustentabilidade na cadeia<br />
de abastecimento 24<br />
A moda da fast-sustainability 28<br />
A complexidade da logística chinesa<br />
ameaça as grandes multinacionais 36<br />
Quanto deve a arte à logística? 42<br />
PROCUREMENT<br />
Digitalização dos processos<br />
de compras 46<br />
5 Ideias para tornar o sector<br />
de compras mais eficiente 50<br />
INTRALOGÍSTICA<br />
União de forças 54<br />
TECNOLOGIAS<br />
O paradoxo da blockchain<br />
no sector dos transportes<br />
e logística 56<br />
O Big Data e a Inteligência<br />
Artificial na nova economia<br />
de informação 60
SCM Supply Chain Magazine 5<br />
TRANSPORTES<br />
CARREIRA<br />
#56 #70<br />
Transporte expresso evoluiu<br />
de cinco em cinco! 63<br />
A sustentabilidade<br />
parte de Palmela 66<br />
Para recrutar… Recrute! 70<br />
O MUNDO É REDONDO<br />
Crítica do livro A Vida Secreta<br />
dos Intestinos, Giulia Enders 74<br />
FICHA TÉCNICA<br />
Propriedade_<br />
SC Media Unipessoal, Lda.<br />
Al. Júlio Dinis, n.º 68 – São Francisco<br />
2890-307 Alcochete<br />
T: 210 499 074<br />
Capital Social_<br />
100,00€<br />
Participações sociais_<br />
Susana Silva<br />
Administração_<br />
Filipe Barros<br />
Sede, Administração e Redacção_<br />
Al. Júlio Dinis, n.º 68 – São Francisco<br />
2890-307 Alcochete<br />
T: 210 499 074<br />
Registo na ERC n.º _<br />
127322<br />
Depósito Legal n.º _<br />
458604/19<br />
Directora_<br />
Dora Assis<br />
Redacção_<br />
Ana Paiva, Fábio Santos<br />
Colaboraram nesta edição_<br />
Cláudia Brito, Manuel Gomes<br />
Projecto gráfico_<br />
Maria João Carvalho<br />
Paginação _<br />
Maria João Carvalho, Alexandra Santos<br />
Circulação & Eventos _<br />
Inês Ferreira<br />
Direcção Comercial _<br />
Filipe Barros<br />
Sales & Marketing _<br />
Margarida Matildes<br />
Impressão _<br />
VASP DPS<br />
MLP – Quinta do Grajal,<br />
Venda Seca<br />
2739-511 Agualva Cacém<br />
Tiragem _<br />
3 mil exemplares<br />
Os artigos assinados apenas veiculam<br />
a posição dos seus autores.<br />
Interdita a reprodução de textos e<br />
imagens sem autorização expressa.
6 SETEMBRO <strong>2019</strong><br />
FACTOS<br />
& NÚMEROS<br />
COMO COMPRAM AS<br />
EMPRESAS EM PORTUGAL?<br />
Informa D&B<br />
A<br />
Informa DB lançou os resultados do<br />
estudo “Como compram as empresas<br />
em Portugal”, que procura perceber as<br />
diferentes realidades do sector, os mercados<br />
em que compram bens e serviços e o volume<br />
dessas transacções, procurando ajudar<br />
os compradores na tomada de decisão e<br />
identificação de oportunidades de negócio.<br />
Saber como os clientes compram é um dos<br />
factores de sucesso na estratégia comercial das<br />
empresas, bem como as restantes entidades,<br />
pois isso gera oportunidades de negócio, e aqui<br />
ficam alguns números:<br />
» Em Portugal, o valor das compras<br />
representa 137% do PIB nacional, ou 255<br />
mil milhões de euros.<br />
» 30% das compras são dedicadas aos<br />
serviços, enquanto que os restantes 70%<br />
para os bens.<br />
» 50% do comércio de bens é proveniente<br />
do mercado interno, bem como 26% dos<br />
serviços, ultrapassando os 3/4 do valor total.<br />
» Apenas 730 empresas conseguem ser<br />
responsáveis por quase metade do valor das<br />
importações, entre mais de 300 mil.<br />
» Os sectores grossista, retalho, energias e<br />
ambiente e indústrias são os sectores mais<br />
orientados para os produtos, enquanto os<br />
serviços gerais, serviços empresariais e<br />
transportes são os mais orientados para os<br />
serviços.<br />
» Quanto maior a empresa, menor o tempo<br />
médio de pagamento, e maior o valor médio<br />
de compras. Em média as grandes empresas<br />
demoram menos 33 dias a pagar que as micro.<br />
» O valor médio anual das compras das grandes<br />
empresas é 160 milhões de euros, enquanto<br />
o das micro é 157 mil. •<br />
Principais indicadores<br />
O QUE COMPRAM<br />
255mM€<br />
valor total de compras<br />
77%<br />
o volume de negócio<br />
das empresas<br />
70%<br />
são compras de bens<br />
30%<br />
são compras de serviços<br />
ONDE COMPRAM<br />
76%<br />
de compras no mercado<br />
interno<br />
24%<br />
das compras no mercado<br />
externo (importações)<br />
13%<br />
das empresas são<br />
importadoras<br />
QUEM COMPRA<br />
50%<br />
das compras de bens feitas<br />
por grandes empresas<br />
64%<br />
das compras de serviços<br />
feitas pelas PME<br />
2/3<br />
das compras feitas pelas<br />
Indústrias, Retalho e Grossista<br />
65%<br />
do valor das compras são de<br />
empresas de capital nacional<br />
COMO PAGAM<br />
49,8mM€<br />
valor por pagar<br />
a fornecedores<br />
71 dias<br />
prazo médio<br />
de pagamento<br />
14%<br />
cumprem os prazos<br />
acordados<br />
com fornecedores
8<br />
SETEMBRO <strong>2019</strong><br />
LOGÍSTICA<br />
50 anos de Coopval<br />
é sinónimo<br />
de modernização<br />
Texto: Ana Paiva<br />
Fotos: Alexandra Santos<br />
FRUTA DO CADAVAL<br />
COM LOGÍSTICA NA COOPVAL<br />
No ano em que comemora 50 décadas de existência, a Coopval apresentou a renovada<br />
central fruteira, sedeada no Cadaval, que através de um investimento de seis milhões de<br />
euros, incorporou automatização nos processos de embalamento e aumentou o espaço de<br />
armazenamento, marcando o início de uma nova era da vida da Cooperativa.
SCM Supply Chain Magazine 9<br />
A<br />
Cooperativa Agrícola dos Fruticultores<br />
do Cadaval (Coopval) foi constituída<br />
em 1969, embora só tenha iniciado a<br />
produção, armazenamento, embalamento e<br />
comercialização da fruta dos seus produtores<br />
em 1972. Actualmente é a maior organização<br />
de produtores de pêra rocha, bem como<br />
a maior central de armazenamento desta<br />
fruta no país, e conta com 293 associados.<br />
Está de parabéns, pois celebra este ano o<br />
quinquagésimo aniversário.<br />
Esta data não passou despercebida pela<br />
Coopval, uma vez que inaugurou a nova central<br />
fruteira no preciso dia em que comemorou os<br />
50 anos.<br />
Com um investimento de seis milhões<br />
de euros, a Coopval apostou não só na<br />
modernização da central, tendo automatizado<br />
os processos de embalamento, mas também no<br />
espaço de armazenamento, que ocupa agora<br />
24.000 metros quadrados e mais de 60 câmaras<br />
frigoríficas com capacidade para albergar<br />
26.000 toneladas de pêra rocha e maçãs.<br />
Aristides Sécio, presidente da Coopval,<br />
explica-nos o que motivou esta aposta<br />
“a Cooperativa Agrícola dos Fruticultores<br />
do Cadaval procura manter-se actualizada,<br />
por um lado para dar resposta àquilo<br />
que são as solicitações dos nossos clientes<br />
e do consumidor final e, por outro,<br />
porque estava na hora, dado que o<br />
equipamento anterior já estava desgastado<br />
e precisávamos de o renovar”.<br />
Considera o equipamento recentemente<br />
instalado como “o que há de melhor na<br />
Europa”, ou mesmo do mundo, em termos<br />
de sofisticação e automatização, o que levou<br />
não só a investir um avultado montante, mas<br />
também a um grande esforço de adaptação<br />
do espaço ao “último grito da calibragem e<br />
embalamento”.<br />
Consoante a evolução tecnológica, Aristides<br />
Sécio acredita que este investimento irá tornar<br />
a Cooperativa operacional durante mais 15 ou<br />
20 anos, a longo prazo.<br />
Acrescenta ainda que “veio trazer maior<br />
rentabilidade, maior qualidade na selecção<br />
dos produtos e maior rapidez nos diferentes<br />
processos”. Claro que, do ponto de vista da<br />
mão-de-obra, houve uma redução significativa,<br />
uma vez que têm agora mais capacidade de<br />
embalamento. Ainda assim, existem funções<br />
em determinadas áreas, das quais não se pode<br />
abdicar da intervenção humana, como é o
10<br />
SETEMBRO <strong>2019</strong><br />
caso do abastecimento de todo o complexo e<br />
a finalização das encomendas. Essencialmente<br />
foi necessário alterar a actividade de alguns<br />
colaboradores, que, de momento, são úteis a<br />
realizar outro tipo de funções.<br />
COLHEITA, CALIBRAGEM,<br />
EMBALAMENTO E DESTINO FINAL<br />
Pela Coopval passam grandes toneladas<br />
de fruta por ano, como maçãs e pêra rocha,<br />
que constitui a maior parte da produção. No<br />
entanto, de ano para ano, o número varia, uma<br />
vez que a natureza é incontrolável. Falamos de,<br />
por norma, entre 20.000 e 22.000 toneladas de<br />
pêra rocha, entre 2.000 ou 3.000 toneladas de<br />
maçãs, e outras tantas de frutas de Verão.<br />
Aristides Sécio mostra, de acordo com a<br />
presente época, o trabalho que está a ser feito:<br />
“agora acabámos a recepção de 700 toneladas<br />
da pêra morettini, que é uma pêra de Verão.<br />
Colhem-se em Julho e vendem-se em Julho/<br />
Agosto, enquanto que a pêra rocha colhe-se no<br />
início de Agosto e vende-se até Maio/Junho do<br />
ano que vem. Vamos optimizando e utilizando,<br />
mais do que uma vez, algum espaço frigorífico,<br />
no sentido de conservar outras pêras”.<br />
Como é gerida tanta quantidade de fruta?<br />
Parece fácil, e pela velocidade a que tudo<br />
acontece, mais fácil aparenta ser. Mas existe<br />
alguma complexidade pelo meio. O processo<br />
começa quando o produtor entrega o seu<br />
produto na Cooperativa. O primeiro passo é<br />
arrumar a fruta nas câmaras e, a partir daí,<br />
inicia-se o processo de calibragem, que é feito<br />
ao longo do ano. O sistema recentemente<br />
instalado na Coopval permite fazer a separação<br />
dos produtos por calibre, por qualidade externa<br />
e interna, e pelo teor de açúcar. O calibre da<br />
fruta é determinado após ser realizada<br />
a média entre a forma e o peso da fruta.<br />
De seguida, faz-se a leitura dos defeitos<br />
na pele do produto através de raios<br />
infravermelhos que, ao atravessarem a fruta,<br />
verificam através da densidade no interior<br />
se tem anomalias internas. Caso detectem, a<br />
máquina separa essa fruta das restantes. Após<br />
isso, é registado o valor de açúcar. Resumindo,<br />
a fruta chega, é armazenada nas câmaras<br />
frias para não evoluir na sua maturação e,<br />
de seguida, são separadas por calibres. A<br />
seguir, é realizada a encomenda do cliente,<br />
que indica a quantidade que pretende de um<br />
determinado calibre. Após registar o pedido, a<br />
fruta é colocada nas linhas de embalamento.<br />
Nesta parte do processo, a intervenção<br />
humana é fundamental para corresponder aos<br />
requisitos do cliente, pois além da selecção<br />
de fruta realizada pelo colaborador, há uma<br />
outra, mais apertada, para colocar na caixa<br />
“se é para um cliente que não é tão exigente,<br />
como o mercado brasileiro ou marroquino,<br />
pode ir mais quantidade de fruta. Nós temos<br />
a necessidade de escoar toda a produção dos<br />
nossos associados”, explica o presidente da<br />
Cooperativa.<br />
Existem duas opções para o destino da<br />
fruta: as que têm os parâmetros exigidos pelos<br />
clientes vão para os mercados; e as que não<br />
têm essa possibilidade são direccionadas à<br />
indústria para serem transformadas em polpas,<br />
compotas, etc. As que não têm as condições<br />
necessárias para estarem presentes nos<br />
mercados deve-se ao facto de não estarem<br />
próprias para consumo, ou por terem defeitos<br />
que em nada compromete a qualidade<br />
do produto, mas não será comprada pelo<br />
consumidor. A dita ‘fruta feia’.<br />
A verdade é que o consumidor só opta pelas<br />
frutas perfeitas, ou seja, procura sempre a que
SCM Supply Chain Magazine 11<br />
A COOPERATIVA AGRÍCOLA<br />
DOS FRUTICULTORES DO<br />
CADAVAL PROCURA MANTER-SE<br />
ACTUALIZADA, POR UM LADO<br />
PARA DAR RESPOSTA ÀQUILO QUE<br />
SÃO AS SOLICITAÇÕES DOS NOSSOS<br />
CLIENTES E DO CONSUMIDOR<br />
FINAL E, POR OUTRO, PORQUE<br />
ESTAVA NA HORA, DADO QUE<br />
O EQUIPAMENTO ANTERIOR<br />
JÁ ESTAVA DESGASTADO E<br />
PRECISÁVAMOS DE O RENOVAR<br />
tem menos imperfeições, e esse pequeno factor<br />
é muito importante para um negócio deste<br />
tipo, como explica Aristides Sécio “as pessoas<br />
que não se importam de comer o fruto com má<br />
apresentação, são muito poucas. Toda a gente<br />
quer biológico, produto puro. Mas isso não há.<br />
A selecção é enorme e, portanto, o custo dessa<br />
fruta é muito elevado e o consumidor já não<br />
quer pagar porque quer bom, bonito e barato.<br />
Isso são coisas que não se conseguem juntar.<br />
Para produzir quantidades necessárias para o<br />
abastecimento, ainda não é possível fazermos<br />
aquilo que se chama o ‘biológico’ porque não há<br />
técnica para isso.”<br />
Aproveitou ainda para confessar que não<br />
compra produtos vendidos na rua por pessoas<br />
que os plantam na sua horta, por dois motivos:<br />
ou porque sabe que vão comprar esses produtos<br />
a um mercado abastecedor e vendem na sua<br />
banca a um preço elevado; ou porque podem,<br />
de facto, plantá-los, mas sem qualquer tipo de<br />
controlo. Para si, o melhor produto é o que é<br />
vendido nos supermercados porque são
12<br />
SETEMBRO <strong>2019</strong><br />
175x115 mm<br />
devidamente controlados através dos padrões<br />
de qualidade e análises “aí, enfim, não sendo o<br />
produto que a Eva apanhou, tem o mínimo de<br />
garantia que é bom”, confirma.<br />
A fruta que chega à Coopval é altamente<br />
controlada para que seja de qualidade “(…) há<br />
um permanente acompanhamento por parte<br />
do departamento técnico [aos produtores],<br />
no sentido de fazer a recomendação dos<br />
agroquímicos que combatem os diferentes<br />
problemas, tendo em conta a qualidade dos<br />
frutos, a saúde pública e respeitando todos os<br />
intervalos de segurança e as normas que estão<br />
estabelecidas para garantir que o produto seja<br />
saudável no final”, conta Aristides Sécio.<br />
Existe ainda um programa de rastreabilidade<br />
que pode indicar o lote que esteve associado,<br />
desde a produção ao embalamento, de uma<br />
fruta que possa ter um problema. Apesar de<br />
não se conseguir identificar a árvore onde<br />
possa existir um determinado problema,<br />
é possível saber a parcela onde a fruta foi<br />
produzida. Associado a isso, é ainda retirada<br />
uma amostra de todos os camiões que saem<br />
da sede da Cooperativa, que é enviada para<br />
o laboratório de forma a avaliar se existem<br />
resíduos de produtos que tenham sido usados<br />
na produção da fruta.<br />
COOPVAL ALÉM-FRONTEIRAS<br />
Os clientes da Coopval consistem em<br />
cadeias de distribuição, grandes mercados<br />
abastecedores ou comerciantes, sendo que 85%<br />
da produção corresponde a exportações.<br />
Os produtos enviados para o Brasil, principal<br />
e maior mercado da Cooperativa,
SCM Supply Chain Magazine 13<br />
Consoante a evolução<br />
tecnológica, Aristides Sécio<br />
acredita que este investimento<br />
irá tornar a Cooperativa<br />
operacional durante mais 15 ou<br />
20 anos, a longo prazo.<br />
Simulador de<br />
Aluguer Toyota<br />
Alugue por dias,<br />
semanas ou meses<br />
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14<br />
SETEMBRO <strong>2019</strong><br />
são exportados em contentores frigoríficos que<br />
são carregados na sede, enviados para o porto<br />
e vão de navio até ao destino. O contentor<br />
tem temperatura regulada, de forma a manter<br />
a integridade da fruta<br />
durante a viagem.<br />
Através de um aparelho<br />
colocado no interior do<br />
espaço, é possível saber<br />
se houve oscilações<br />
ou se, por exemplo, o<br />
contentor foi desligado.<br />
Para a Europa,<br />
nomeadamente para<br />
mercados como<br />
Alemanha, Itália, ou<br />
Polónia, o transporte é realizado por<br />
camiões frigoríficos. No caso do Reino Unido,<br />
os camiões vão de barco pelo canal, ou pelo<br />
Eurotúnel. Para Marrocos, os veículos vão no<br />
ferry desde Espanha.<br />
De forma a estar presente em vários<br />
mercados internacionais, é importante para a<br />
FALAMOS DE, POR NORMA,<br />
ENTRE 20.000 E 22.000<br />
TONELADAS DE PERA ROCHA,<br />
ENTRE 2.000<br />
OU 3.000 TONELADAS<br />
DE MAÇÃS, E OUTRAS TANTAS<br />
DE FRUTAS DE VERÃO.<br />
Cooperativa participar em feiras de renome,<br />
como é o caso da Fruit Attraction e a Fruit<br />
Logística, onde expõe os seus produtos e,<br />
posteriormente, podem estabelecer negócio<br />
com vários países<br />
que, não só visitam<br />
estes eventos,<br />
mas também com<br />
próprias empresas<br />
expositoras.<br />
Além disso é uma<br />
preocupação da<br />
Coopval mostrar que<br />
há coisas importantes<br />
a acontecer no<br />
mundo. Procuram<br />
realizar acções de formação e viagens para<br />
os produtores, fora de Portugal, para terem<br />
a noção do que está a ser feito na área<br />
noutros países “há todo um conjunto de coisas<br />
que acontecem no mundo que, directa ou<br />
indirectamente, influenciam a nossa vida”,<br />
explica o presidente.
SCM Supply Chain Magazine 15<br />
METAS FUTURAS<br />
Após a concretização deste investimento que<br />
consistiu na modernização da Cooperativa,<br />
é altura de saber quais os objectivos que se<br />
seguem e o que se espera do futuro.<br />
“Neste momento, a curtíssimo prazo, é<br />
optimizarmos este investimento que foi<br />
brutal para a nossa dimensão. Agora temos de<br />
trabalhar para pagar este investimento, tirar<br />
partido daquilo que foi um grande esforço de<br />
todos os produtores, e que está a ser. Depois,<br />
a médio prazo, é procurarmos estar sempre<br />
actualizados para ‘não perder o comboio’”,<br />
explica o presidente da Coopval.<br />
Associado a tudo isto é importante<br />
continuar a dotar os associados da Cooperativa<br />
com o conhecimento necessário, para tornar<br />
as produções o melhor possível.<br />
Na Coopval não se acrescenta qualidade ao<br />
produto, apenas se mantém, por isso, este<br />
tem de ser bom. O único valor acrescentado<br />
pela Cooperativa passa pela manutenção da<br />
“NESTE MOMENTO, A CURTÍSSIMO<br />
PRAZO, É OPTIMIZARMOS ESTE<br />
INVESTIMENTO QUE FOI BRUTAL<br />
PARA A NOSSA DIMENSÃO. AGORA<br />
TEMOS DE TRABALHAR PARA<br />
PAGAR ESTE INVESTIMENTO,<br />
TIRAR PARTIDO DAQUILO QUE FOI<br />
UM GRANDE ESFORÇO DE TODOS<br />
OS PRODUTORES, E QUE ESTÁ A<br />
SER. DEPOIS, A MÉDIO PRAZO, É<br />
PROCURARMOS ESTAR SEMPRE<br />
ACTUALIZADOS PARA ‘NÃO PERDER<br />
O COMBOIO’”<br />
qualidade inerente à fruta, a sua separação e<br />
embalamento.<br />
O que torna a pêra rocha uma fruta de<br />
qualidade? Aristides Sécio revela que o factor<br />
principal é o micro-clima onde é produzida
16<br />
SETEMBRO <strong>2019</strong><br />
que, neste caso, é proporcionado não só<br />
pela influência atlântica, mas também pelo<br />
sistema montanhoso que vem de Sintra, Serra<br />
de Montejunto e Serra dos Candeeiros “aqui,<br />
em frente ao concelho do Cadaval, é onde há<br />
a maior elevação da serra e frequentemente<br />
a influência marítima. As nuvens vêm do mar,<br />
chegam aqui, batem na serra e ficam a pairar,<br />
têm dificuldade em passar para o outro lado.<br />
Ela [pêra rocha] encontrou aqui este local que<br />
dá muito bem para esta variedade”, refere<br />
Aristides Sécio.<br />
A verdade é que é graças às técnicas de<br />
produção e de todo o processo que vem a seguir,<br />
desde o tratamento ao embalamento, a fruta<br />
que compramos e consumimos, proveniente do<br />
Cadaval, é de boa qualidade. Se todas as fases<br />
não estivessem interligadas, a pêra rocha que<br />
conhecemos jamais seria o que é. Parabéns pelos<br />
50 anos e pela produção de boa fruta, Coopval. •<br />
História da Pêra Rocha<br />
Em 1836, o Sr. Pedro António Rocha descobriu uma pereira diferente com fruta de uma<br />
qualidade invulgar, na sua propriedade, Fazenda Rocha, situada no lugar da Ribeira de<br />
Sintra, região Oeste. Após ter descoberto pêras tão diferentes e saborosas, todos os anos,<br />
em <strong>Setembro</strong>, convidou os amigos para se deliciarem com esta fruta. A partir desta pereira, a<br />
variedade começou a ganhar fama e a espalhar-se pelo país e pelo mundo. A fruta passou a<br />
denominar-se Pêra Rocha em homenagem ao proprietário, Pedro António Rocha.
Formação IN-HOUSE<br />
Gestão de Stocks<br />
Negociação na Logística<br />
Gestão do Armazém<br />
Auditoria Logística<br />
Workshops/Cursos<br />
Intra-Empresas<br />
estruturados e<br />
construídos à medida,<br />
realizados nas<br />
instalações da<br />
empresa, nos horários<br />
que forem mais<br />
convenientes.<br />
Gestão de Compras<br />
Procurement eficiente<br />
Seleção e avaliação de fornecedores<br />
Libertar e maximizar o potencial das equipas logísticas<br />
através da liderança eficaz<br />
Lean Logistics<br />
Gestão de Processos<br />
Facility Management<br />
Gestão de Rotas<br />
Esta é uma oportunidade<br />
para reciclar<br />
conhecimentos, ampliar<br />
outros e alargar horizontes<br />
profissionais.<br />
Gerir com sucesso a sua frota<br />
Como minimizar os custos de transporte<br />
Ferramentas de gestão logística para transitários<br />
Marcação de reuniões no Sector Transitário<br />
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Formação em Supply Chain<br />
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18<br />
SETEMBRO <strong>2019</strong><br />
Texto: Ana Paiva<br />
Fotos: Alexandra Santos<br />
PLURAL DE BRAÇO DADO<br />
COM A INOVAÇÃO<br />
Foi numa zona com grande significado industrial para Coimbra,<br />
a Pedrulha, que a Plural tomou a decisão estratégica de erguer<br />
a sua nova sede e armazém. Dois anos depois, a memória da<br />
emblemática Fábrica de Cervejas de Coimbra está lá e coexiste<br />
com um moderno armazém automático que abastece às farmácias<br />
perto de 80.000 encomendas diárias.<br />
LOGÍSTICA<br />
Plural<br />
em crescimento
SCM Supply Chain Magazine 19<br />
A<br />
cooperativa farmacêutica sentiu<br />
necessidade de um sistema de<br />
armazenagem e picking rápido e fiável<br />
que lhes permitisse abastecer as farmácias<br />
do país e um sistema que integrasse,<br />
eficientemente, os processos de recepção e<br />
expedição dos produtos. Hoje o armazém é<br />
automático e tem 5.500 metros quadrados<br />
de área, permitindo à Plural ter em stock<br />
18.500 referências de produtos, das quais<br />
resultam 80.000 encomendas por dia (com<br />
destino) às farmácias portuguesas.<br />
Carmen Bessa, directora de operações da<br />
Plural, fazendo um balanço do que eram os<br />
objectivos lançados em 2017, explica-nos<br />
que “em termos de resultados da operação,<br />
aquilo que gosto mais de salientar, porque foi<br />
um marco muito importante, é que, com este<br />
armazém e este layout, reduzimos em 60%<br />
as reclamações de picking, que era um dos<br />
constrangimentos que tínhamos no armazém<br />
antigo porque tinha vários andares e era tudo<br />
menos eficiente”, confirma.<br />
Afirma ainda que uma das grandes vantagens<br />
foi desenvolver o projecto de arquitectura do<br />
armazém com os arquitectos e os engenheiros<br />
em conjunto, pois desde o início tiveram<br />
em mente a seguinte ideia: como é que<br />
desenhamos um fluxo de logística o mais<br />
eficiente possível com o objectivo de zero<br />
reclamações?.<br />
A meta mais importante era criar um layout<br />
do centro logístico o mais optimizado possível,<br />
de forma a obter bons resultados, o que se<br />
tem vindo a verificar ao longo do tempo. Uma<br />
das características do armazém é o facto de<br />
ser escalável, ou seja, pode aumentar a sua<br />
capacidade, deixando a empresa confortável<br />
para o futuro.<br />
Além do armazém, a nova sede detém ainda<br />
mais dois edifícios remodelados, um que diz<br />
“<br />
EM TERMOS DE RESULTADOS<br />
DA OPERAÇÃO, AQUILO QUE<br />
GOSTO MAIS DE SALIENTAR,<br />
PORQUE FOI UM MARCO<br />
MUITO IMPORTANTE, É QUE,<br />
COM ESTE ARMAZÉM E ESTE<br />
LAYOUT, REDUZIMOS EM<br />
60% AS RECLAMAÇÕES DE<br />
PICKING, QUE ERA UM DOS<br />
CONSTRANGIMENTOS QUE<br />
TÍNHAMOS NO ARMAZÉM<br />
ANTIGO PORQUE TINHA<br />
VÁRIOS ANDARES E ERA TUDO<br />
MENOS EFICIENTE<br />
”<br />
respeito aos serviços administrativos, de 1500<br />
metros quadrados, e outro que integra espaços<br />
como o refeitório, auditório ou salão de<br />
eventos, com 1300 metros quadrados.<br />
É de salientar que todos os edifícios foram<br />
idealizados em torno da sustentabilidade<br />
ambiental, de forma a diminuir o impacto das<br />
operações no meio ambiente.<br />
Foram colocados 860 painéis solares<br />
fotovoltaicos na cobertura do armazém,<br />
permitindo um automatismo total, sem<br />
recorrer a nenhum quilowatt, nos dias de sol.<br />
Os edifícios, à excepção do armazém, são, a<br />
maior parte, envidraçados para permitir uma<br />
maior entrada de luz natural, e uma menor<br />
utilização de energia. No que diz respeito<br />
ao centro logístico, não tem janelas para<br />
que o sol não comprometa a integridade<br />
dos medicamentos, mas tem uma parte de<br />
iluminação natural. Dispõem ainda de uma<br />
bacia de retenção de águas pluviais que capta<br />
a água da chuva proveniente da cobertura
20<br />
SETEMBRO <strong>2019</strong><br />
do armazém, que é aproveitada, posteriormente,<br />
para a lavagem das viaturas de distribuição.<br />
Graças a esta medida, o consumo de água<br />
reduziu-se significativamente, segundo<br />
Carmen Bessa.<br />
A distribuição é um factor crítico para o sector<br />
farmacêutico. No caso da Plural, que tem frota<br />
própria e subcontratada, são realizadas duas<br />
a quatro entregas diárias nas farmácias, o que<br />
corresponde, no total, a 170 rotas diárias.<br />
É nesta parte do processo que se poderia<br />
reduzir significativamente o impacto ambiental<br />
através da diminuição de CO 2<br />
produzida pelos<br />
veículos que percorrem tantos quilómetros<br />
por dia. No entanto, ainda é complicado, como<br />
explica a directora de operações “nós já fizemos<br />
uns testes com viaturas eléctricas para fazer a<br />
entrega às farmácias, mas temos um problema:<br />
a autonomia ainda é baixa, mesmo nos circuitos.<br />
Por exemplo, a carrinha esteve cá em Coimbra.<br />
Sendo Coimbra aqui ao lado, as rotas não<br />
têm muitos quilómetros. No entanto, nós<br />
fazemos quatro entregas… a carrinha não tinha<br />
autonomia suficiente, e o tempo que ficava cá<br />
a carregar não era suficiente para repor”. Além<br />
disso, aponta ainda o preço das viaturas como<br />
um problema, uma vez que têm um alto custo.<br />
OS DESAFIOS DO SECTOR<br />
FARMACÊUTICO<br />
Desde 9 de Fevereiro de <strong>2019</strong> que o sector<br />
farmacêutico em Portugal tem vindo a<br />
adaptar-se àquela que é a Directiva sobre<br />
Medicamentos Falsificados (DMF), que<br />
procura impedir a entrada de medicamentos<br />
sujeitos a receita médica contrafeitos, ou não<br />
autorizados, na cadeia de abastecimento. Esta<br />
medida tem gerado uma grande controvérsia
no sector, pois a sua integração não tem sido<br />
pacífica para algumas empresas.<br />
Em que pé se encontra a Plural? Segundo<br />
Carmen Bessa, no dia 9 de Fevereiro estavam<br />
‘prontíssimos’ para arrancar com a verificação<br />
das embalagens e a desactivação, pois como<br />
não produzem, não serializam as embalagens.<br />
Claro que foi necessário acrescentar alguns<br />
processos que, até então, não eram realizados,<br />
como é o caso da desactivação de tudo o que<br />
é vendido a algumas entidades, pois o que<br />
não vem da indústria tem de ser totalmente<br />
verificado.<br />
O objectivo da Plural era encontrar na DMF<br />
oportunidades e ganhos logísticos “procuramos<br />
na Directiva, nesta oportunidade que é a<br />
serialização, integrá-la nos nossos sistemas de<br />
forma a trazer produtividade também, porque<br />
SCM Supply Chain Magazine 21<br />
CLARO QUE FOI NECESSÁRIO<br />
ACRESCENTAR ALGUNS PROCESSOS<br />
QUE, ATÉ ENTÃO, NÃO ERAM<br />
REALIZADOS, COMO É O CASO DA<br />
DESACTIVAÇÃO DE TUDO O QUE É<br />
VENDIDO A ALGUMAS ENTIDADES,<br />
POIS O QUE NÃO VEM DA INDÚSTRIA<br />
TEM DE SER TOTALMENTE<br />
VERIFICADO.<br />
a partir do momento em que há um código<br />
com a validade e o lote, o operador não vai ter<br />
que os inserir, por isso, haviam muitos passos<br />
que podiam ser eliminados”, explica a directora<br />
de operações. Por sua vez, o desafio subjacente<br />
foi desenhar novos ecrãs e processos para que<br />
os operadores não tivessem de realizar alguns<br />
passos que faziam antigamente, tirando proveito<br />
daquele código.
22<br />
SETEMBRO <strong>2019</strong><br />
Quanto aos ganhos, só serão visíveis quando<br />
terminar a validade de todos os medicamentos<br />
que estão no mercado, pois a maior parte das<br />
embalagens continuam a não ser serializadas.<br />
Ganhos esses que equivalem a um maior fluxo<br />
de trabalho. Segundo Carmen Bessa, os alertas<br />
que são gerados pelo sistema não estão a<br />
ser apresentados aos utilizadores, por isso,<br />
o maior desafio, agora, é o passo seguinte<br />
ao surgimento dos alertas. De momento<br />
conseguem vê-los e monitorizá-los, mas<br />
não estão a tratá-los.<br />
Além da questão dos medicamentos<br />
falsificados, há outro problema que tem vindo<br />
a assombrar não só o sector farmacêutico, mas<br />
também a população: a falta de medicamentos.<br />
Segundo a Associação Nacional das<br />
Farmácias (ANF), em 2018, o número<br />
de portugueses afectados pela falta de<br />
medicamentos nas farmácias portuguesas<br />
atingiu os 3,4 milhões, o que equivale a um<br />
terço da população nacional.<br />
A Plural também tem sentido esta quebra,<br />
afirma Carmen Bessa. Explica que o que<br />
fazem é gerir “o stock que recebemos dos<br />
laboratórios, que normalmente é em função da<br />
quota de mercado que temos, e em função da<br />
quota de mercado que, entre aspas, os clientes<br />
têm na Plural, ou seja, os clientes fiéis e que<br />
mais compram à Plural são os que recebem<br />
produto e os outros andam a obtê-los nos<br />
fornecedores onde são fiéis”.<br />
A determinada altura, a empresa considerou<br />
que a Via Verde do Medicamento (VVM) iria<br />
resolver este problema. No entanto, tal não se<br />
verificou porque na VVM não constam todos<br />
os medicamentos, apenas os que não têm<br />
nenhuma alternativa terapêutica. Na opinião<br />
da directora de operações, esta não é uma<br />
solução. Há muitos pontos a afinar.<br />
Refere ainda que este problema começa na<br />
fase da produção e que é de origem europeia, e<br />
não portuguesa “o Infarmed fez recentemente<br />
um estudo que mostra que há falta de algumas<br />
matérias-primas. A produção foi muito<br />
deslocalizada para a Ásia, mas os padrões de<br />
exigência mantiveram-se os europeus, e isso<br />
também veio dificultar”.<br />
PASSADO, PLURAL, FUTURO<br />
Caracterizado por Carmen Bessa como<br />
um “namoro longo”, a Plural concretizou,<br />
em Fevereiro do presente ano, um dos<br />
objectivos que, até agora, tem tido um<br />
balanço bastante positivo, nas palavras<br />
da directora de operações. Falamos da<br />
Farmadeira by Plural, Lda, uma união entre<br />
a empresa e os Farmacêuticos da Madeira,<br />
Lda. Assim, a Farmadeira começou a<br />
desenvolver a sua actividade neste arquipélago<br />
enquanto distribuidor grossista full liner,<br />
disponibilizando o portefólio existente no<br />
mercado farmacêutico nacional.<br />
Carmen Bessa mostra-se optimista com esta<br />
junção e afirma que este passo se assumiu<br />
significativamente positivo para a Plural na sua<br />
expansão a nível nacional “foi muito importante<br />
passar o oceano. Conseguimos contribuir e<br />
colocar processos logísticos da Plural na Madeira,<br />
implementámos o mesmo ERP, ou seja, o sistema<br />
informático da Farmadeira, by Plural é SAP”.<br />
Explica que o grande desafio que se coloca<br />
é a gestão com os laboratórios, pois as<br />
regiões autónomas, não só têm acordos com<br />
laboratórios e grossistas bastante distintos<br />
dos que são realizados no continente, mas o<br />
abastecimento dos transportes da cadeia numa<br />
fase inicial também não se assemelham ao que é<br />
realizado em Portugal continental.<br />
No entanto, apesar de no início ter existido
SCM Supply Chain Magazine 23<br />
um maior apoio por parte da Plural, agora a<br />
Farmadeira já trabalha de forma autónoma,<br />
refere Carmen Bessa.<br />
Numa perspectiva de futuro, a Plural<br />
encontra-se focada em aumentar a integração<br />
tanto dos fornecedores como dos clientes.<br />
Segundo a nossa interlocutora, é necessário<br />
continuar este investimento tanto com os<br />
fornecedores, como com as farmácias, “nós<br />
temos muita informação que passamos à<br />
farmácia, e na área reservada do site da Plural,<br />
ela tem acesso a praticamente tudo, mas não<br />
dá jeito. Faz mais sentido que o sistema esteja<br />
integrado e que visualize no seu software”,<br />
explica.<br />
Em Portugal estão a surgir projectos deste<br />
tipo, mas este investimento não depende<br />
só da Plural “eu até posso programar, fazer<br />
webservices, criar interfaces fantásticos, mas<br />
se não houver investimento por parte do<br />
fornecedor e do cliente, não adianta nada”,<br />
afirma. Contudo, tem a noção de que toda a<br />
cadeia está mais consciencializada para este<br />
tema.<br />
À parte disto, a Plural pretende ainda ser a<br />
primeira empresa a nível nacional com capital<br />
100% português, e estão a trabalhar para<br />
alcançar esta conquista.<br />
Carmen Bessa revela que existem outros<br />
projectos em discussão e que estão muito<br />
atentos ao mercado para eventuais negócios<br />
proveitosos. De forma orgulhosa, confessa que<br />
nos últimos anos “temos aberto imensas rotas<br />
novas, algumas que, inicialmente, não teriam<br />
um retorno imediato e que, agora, já começam a<br />
trazê-lo”.<br />
Apesar de todas as oscilações que têm feito<br />
mexer o sector farmacêutico, a Plural tem vindo<br />
a adoptar uma postura positiva para fazer face<br />
aos desafios e mantém-se com os olhos postos<br />
no futuro para levar o seu nome mais-além. •<br />
À PARTE DISTO, A PLURAL<br />
PRETENDE AINDA SER A<br />
PRIMEIRA EMPRESA A NÍVEL<br />
NACIONAL COM CAPITAL<br />
100% PORTUGUÊS, E ESTÃO A<br />
TRABALHAR PARA ALCANÇAR<br />
ESTA CONQUISTA
24<br />
SETEMBRO <strong>2019</strong><br />
Texto: RAY HATCH [Chief Executive Officer e Membro<br />
do quadro de Quest Resource Management Group]<br />
LOGÍSTICA<br />
Sustentabilidade<br />
na supply chain<br />
4 PASSOS<br />
PARA ALCANÇAR<br />
A SUSTENTABILIDADE<br />
NA CADEIA DE<br />
ABASTECIMENTO<br />
A responsabilidade de preservar um bem finito,<br />
que é a Terra, é de todos. Sem excepção. Esta<br />
responsabilidade aplica-se não só aos nossos<br />
hábitos diários, mas também no meio profissional.<br />
Actualmente, é um dever das indústrias, e dos<br />
sectores a si ligados, optarem pelas escolhas mais<br />
amigas do ambiente de forma a reduzir o impacto<br />
negativo que muitas vezes têm no planeta.<br />
A cadeia de abastecimento também está nesta<br />
equação e com alguns pontos a mais e outros<br />
a menos, o resultado deve ser em prol da<br />
sustentabilidade.
SCM Supply Chain Magazine 25<br />
H<br />
á dez anos, a palavra “sustentabilidade”<br />
era um sussurro quando se tratava<br />
de práticas de negócio. Agora,<br />
independentemente da indústria, a<br />
sustentabilidade é um objectivo e não<br />
uma opção.<br />
Não só tem regulações ambientais mais<br />
rigorosas, como também é esperado pelos<br />
consumidores que sejam aplicadas práticas<br />
sustentáveis aos negócios dos quais são<br />
clientes. Manter a sustentabilidade através da<br />
supply chain é equilibrar as responsabilidades<br />
financeiras com as ambientais.<br />
O ciclo de vida de qualquer bem de consumo<br />
apresenta oportunidades de sustentabilidade.<br />
Quer o produto seja produzido de forma<br />
sustentável ou de consumo electrónico, as<br />
práticas ambientalmente correctas não só<br />
economizam dinheiro por reduzir o desperdício<br />
e o risco, mas também se traduzem num<br />
aumento de receita e lucro.<br />
Uma das principais palavras-chave é a<br />
eco-eficiência. Manufactura, transporte e<br />
embalamento: todos estes processos oferecem<br />
oportunidades para reduzir o desperdício e<br />
acrescentar valor aos produtos.<br />
Cada passo da cadeia de abastecimento<br />
oferece tácticas para promover a<br />
sustentabilidade.<br />
CADA PASSO DA CADEIA<br />
DE ABASTECIMENTO<br />
OFERECE TÁCTICAS<br />
PARA PROMOVER A<br />
SUSTENTABILIDADE.<br />
Manufactura e Produção<br />
Alguns dos maiores passos para alcançar a<br />
sustentabilidade podem ser realizados no início<br />
da cadeia de abastecimento. E embora a criação<br />
de um processo de produção sem desperdício<br />
não aconteça da noite para o dia, no fim rende<br />
poupanças suficientes, em tempo e dinheiro,<br />
para que o processo valha a pena.<br />
A embalagem<br />
O mundo das embalagens caminha a passos<br />
largos para a eco-amizade, com materiais<br />
mais inteligentes, recicláveis e eficientes.<br />
Na produção de alimentos, as embalagens<br />
inteligentes permitem que os materiais<br />
sejam rastreados e classificados com base no<br />
prazo de validade. Os sensores são impressos<br />
directamente nos materiais usados para<br />
proteger os produtos, e podem fornecer<br />
informações importantes que evitam a<br />
deterioração.<br />
Para os bens de consumo, a embalagem<br />
está a obter uma abordagem minimalista.<br />
Os consumidores prestam atenção às<br />
embalagens recicláveis e têm noção da sua<br />
responsabilidade para reduzir o desperdício.<br />
A utilização de materiais recicláveis está<br />
a criar uma tendência para os bens de<br />
consumo, oferecendo uma forte alternativa às<br />
embalagens padronizadas e volumosas que<br />
acabam em aterros.<br />
A embalagem é, provavelmente, o maior<br />
desafio para alcançar a sustentabilidade na<br />
cadeia de abastecimento. O uso de resíduos<br />
reciclados produz resultados positivos, mas<br />
uma vez que uma embalagem reciclável se<br />
junte com materiais que não sejam da mesma<br />
natureza, acaba por originar um produto que
26<br />
SETEMBRO <strong>2019</strong><br />
tem como destino final o aterro. Associado a<br />
isso, uma embalagem reciclável consegue ser<br />
mais cara ou oferecer uma protecção reduzida,<br />
aumentando a deterioração, bem como os<br />
custos. É aqui que entra o equilíbrio entre as<br />
responsabilidades financeiras e económicas.<br />
Existem muitas opções disponíveis, por<br />
isso, dedicar algum tempo a trabalhar com<br />
fornecedores pode resultar na diferença entre<br />
uma embalagem verdadeiramente amiga do<br />
ambiente e algo destinado a um aterro.<br />
Logística e Transporte<br />
A maioria dos avanços em toda a indústria<br />
da sustentabilidade da supply chain está,<br />
actualmente, focada na logística.<br />
Conjuntos de software para roteamento<br />
podem garantir a máxima eficácia, resultando<br />
em menos quilómetros, queima de<br />
combustível e emissões.<br />
Uma manutenção adequada da frota<br />
de veículos é outra palavra-chave para a<br />
sustentabilidade da cadeia de abastecimento.<br />
Cada aspecto do programa de manutenção<br />
de frota é uma oportunidade para<br />
desperdiçar menos. Os operadores têm a<br />
opção de reciclar óleo antigo e pneus gastos.<br />
Estas são não só práticas sustentáveis,<br />
como também podem resultar em ganhos<br />
financeiros. Uma adequada manutenção da<br />
frota não só mantém os veículos operacionais<br />
por mais tempo, como também reduz as<br />
emissões de CO2 e a poluição em geral.<br />
SUSTENTABILIDADE
SCM Supply Chain Magazine 27<br />
Pós-Consumo<br />
A oportunidade de alcançar a sustentabilidade<br />
não termina quando um produto já foi<br />
manufacturado, enviado e entregue. Os<br />
retalhistas podem oferecer programas de<br />
reparo ou de devolução, ou facilitar as opções<br />
de doação para desviar o material dos aterros.<br />
No caso de produtos alimentares, opções de<br />
reciclagem, como a compostagem, podem ser<br />
aplicadas para aqueles que estão estragados,<br />
em excesso ou fora da validade. Os retalhistas<br />
criam, frequentemente, programas complexos<br />
de backhauling que, não só optimizam os<br />
camiões vazios, mas também servem como um<br />
meio para colher, classificar e pré-processar os<br />
materiais recicláveis num local central. Este<br />
tipo de serviços aumenta a probabilidade de<br />
serem reciclados enquanto matérias-primas.<br />
A cadeia de abastecimento está bem<br />
designada pelo nome. Cada elo do processo,<br />
desde a produção até ao consumo, importa. Ao<br />
tornar cada passo do processo mais amigo do<br />
ambiente e eficaz possível, as empresas podem<br />
criar cadeias de abastecimento mais fortes<br />
e sustentáveis. Nenhum processo industrial<br />
único tem a responsabilidade exclusiva pelo<br />
esforço. A sustentabilidade é para todos.<br />
Alcançar a produção de zero-desperdício, gerir<br />
frotas sustentáveis e manusear o produto<br />
conscientemente, é o que torna a cadeia de<br />
abastecimento sustentável. •<br />
Fonte: Supply Chain Brain (www.supplychainbrain.com/blogs/1-think-tank/post/29903-supply-chainsustainability-what-you-need-to-know-to-start-implementing-tactics-today)<br />
Food Service Logistics<br />
O seu parceiro de negócio<br />
HAVI.COM
28<br />
SETEMBRO <strong>2019</strong><br />
LOGÍSTICA<br />
Em 2018 o sector<br />
têxtil exportou 5,3 mil<br />
milhões de euros<br />
A MODA<br />
DA FAST-SUSTAINABILITY<br />
Num mundo onde a fast-fashion domina o mercado e obriga as empresas a produzir<br />
em massa, a sustentabilidade é o maior tema em cima da mesa. A procura por<br />
soluções alternativas de produção sustentável é incessante, e a aposta na economia<br />
circular parece a solução para colmatar as dificuldades do sector, mas surge a dúvida<br />
de como pode um sector lançar várias colecções anualmente, onde a moda está em<br />
constante actualização, e permanecer aliada à sustentabilidade?<br />
A<br />
indústria têxtil e de vestuário é uma<br />
das mais importantes para a economia<br />
portuguesa, e segundo o novo<br />
presidente da Associação Têxtil e Vestuário<br />
de Portugal (ATP), Mário Jorge Machado, “a<br />
mais absorvente e completa”. Localizadas<br />
maioritariamente no Norte de Portugal, em<br />
cidades como Porto, Braga, Guimarães e<br />
Famalicão, têm uma vantagem de proximidade<br />
com Espanha, e mais precisamente com a<br />
Galiza, região importante onde fica a sede<br />
da gigante multinacional Inditex. Também<br />
no Leste de Portugal, pela região da Covilhã,<br />
encontramos algumas empresas da área,<br />
dedicadas especialmente aos produtos de lã.<br />
Devido também à sua localização<br />
geográfica, grande parte dos fornecedores<br />
são provenientes de Espanha, com um valor<br />
superior a 1,5 mil milhões de euros, o triplo da<br />
Itália, o segundo maior.<br />
O sector têxtil e vestuário tem uma produção<br />
de 7,5 mil milhões de euros e o seu volume<br />
de negócios ultrapassa os 7,6, dos quais 5,3<br />
se dedicam à exportação – o equivalente a
SCM Supply Chain Magazine 29<br />
10% das exportações portuguesas. Em termos<br />
de indústria transformadora, tanto os pontos<br />
percentuais relativos à produção como ao<br />
volume de negócios se situam nos 9%, e<br />
emprega cerca de 20% desta indústria:<br />
138 mil pessoas.<br />
Paulo Vaz, director-geral da ATP, considera<br />
que ainda é cedo para falar das expectativas<br />
relativamente ao ano <strong>2019</strong>, e que dentro de<br />
dois ou três meses já é possível prever com<br />
maior eficácia qual a tendência do ano. Para<br />
já, revela que houve um crescimento até Maio,<br />
mas que apesar disso, o primeiro semestre<br />
acabou por apresentar um declínio. “Em<br />
crescimento ou em quebra, os números serão<br />
muito similares aos de 2018, o que significa<br />
que contaremos provavelmente com um ano de<br />
estabilização”, classifica o responsável.<br />
OBRIGATORIEDADE<br />
E IMEDIATISMO DIGITAIS<br />
Hoje é praticamente impossível escapar<br />
ao digital, uma empresa que ainda não se<br />
tenha convertido é muitas vezes considerada<br />
desconhecida, ou até mesmo inexistente.<br />
A evolução tem de ocorrer, e tal como<br />
as entregas das suas encomendas, os<br />
consumidores querem que isso aconteça agora.<br />
Segundo o estudo “Global Connected<br />
Commerce” da Nielson, este canal já<br />
representa mais de 50% das vendas do sector<br />
na Europa Ocidental, liderando em termos de<br />
e-commerce. Também lidera as vendas online<br />
da África e Médio Oriente, mas em menor<br />
percentagem (38%).<br />
No entanto, as dificuldades associadas a este<br />
canal são cada vez maiores e mais complexas:<br />
passagem para este formato, administração<br />
de stocks, imprevisibilidade de encomendas,<br />
gestão e envio de produtos, logística inversa…<br />
E tudo isto tem grandes custos associados.<br />
A verdade é que os maiores problemas<br />
apontados pelas empresas se encontram<br />
relacionados com os envios e retornos de<br />
produtos. Hoje o cliente quer receber, se não<br />
no próprio dia, no dia seguinte, e de preferência<br />
sem custos adicionais, as suas compras online,<br />
e isso envolve uma logística bastante eficiente<br />
à qual nem todas as empresas conseguem<br />
responder. Para além do mais, neste sector, é<br />
comum o cliente pedir mais do que um produto<br />
em diferentes tamanhos, para experimentar<br />
qual serve melhor e devolver o(s) restante(s), e<br />
isso também cria problemas para o vendedor.<br />
“Os clientes deste canal não querem esperar<br />
pelos produtos que compraram online, muitas<br />
vezes por impulso e, portanto, com enormes<br />
expectativas. Esta situação implica criar<br />
tensão em todo o processo logístico, sejam<br />
na preparação de encomendas em turnos<br />
nocturnos ou recorrendo a entregas expresso,<br />
o que eleva o nível logístico que se passa a<br />
disponibilizar também aos demais clientes”,<br />
explica Ricardo Sousa Costa, Administrador da<br />
Garland, frisando que nos últimos anos têm<br />
investido no sentido de melhorar cada vez mais<br />
a resposta a este canal.
30<br />
SETEMBRO <strong>2019</strong><br />
EXISTE UMA GRANDE PRESSÃO<br />
NO CUSTO DA ENTREGA LAST-MILE,<br />
POIS O CONSUMIDOR FINAL TEM<br />
A TENDÊNCIA PARA COMPARAR COM<br />
A COMPRA OFFLINE, ONDE ESTE<br />
CUSTO ESTÁ MENOS VISÍVEL.<br />
Nuno Rangel,<br />
[CEO Rangel Logistics Solutions]<br />
Nuno Rangel, CEO da Rangel Logistics<br />
Solutions, sente que os clientes se encontram<br />
a migrar para o online enquanto canal de<br />
vendas, “na grande maioria na vertente B2C”,<br />
refere, pelo que a empresa também tem vindo a<br />
investir em pessoas, processos e tecnologias.<br />
“O consumidor final é mais exigente do que<br />
o cliente corporativo”, explica o CEO, e como<br />
tal, é importante investir na digitalização<br />
de processos e integração entre os sistemas<br />
internos e os dos clientes, para que possam<br />
responder mais prontamente e trazer<br />
transparência e eficiência às operações.<br />
Para além dos problemas diários<br />
relacionados com o e-commerce, Nuno Rangel<br />
ainda recorda que em períodos de pico, como<br />
Black Friday ou Cyber Monday, os operadores<br />
logísticos têm as suas operações ainda mais<br />
dificultadas, e isso obriga-os a serem mais<br />
ágeis para conseguirem preparar e reagir às<br />
necessidades, mas mostra que isso também<br />
pode ser uma vantagem para as empresas,<br />
por conseguirem diferenciar-se das ofertas do<br />
restante mercado.<br />
Para Paulo Vaz, um dos principais<br />
benefícios para a indústria portuguesa tem<br />
sido a conjuntura internacional positiva,<br />
“especialmente nos nossos principais<br />
mercados de exportação, que são a Europa<br />
e os EUA”. Refere ainda que se assiste<br />
também a uma recuperação de mercados<br />
emergentes como Angola ou Brasil, embora<br />
mais lentamente, e Paulo Vaz considera que a<br />
acrescer a isto esteve a estabilidade política e<br />
a recuperação da reputação internacional em<br />
termos de Finanças Públicas.<br />
“Tudo isto estimulou o investimento, a<br />
expansão internacional e o emprego, apesar<br />
de, em outros aspectos, o contexto nacional,<br />
político e económico, ter prejudicado,<br />
nomeadamente com a rigidificação do quadro<br />
jurídico-laboral, por razões ideológicas, e<br />
pelo aumento da carga fiscal, nas famílias e<br />
empresas”, acrescenta.
SCM Supply Chain Magazine 31<br />
CALÇANDO AS LUVAS<br />
DA SUSTENTABILIDADE<br />
E METENDO MÃOS À OBRA!<br />
Acha impressionante que sejam produzidos<br />
23 mil milhões de pares de sapatos<br />
anualmente? Pois então fique sabendo que<br />
no mesmo período são também produzidas<br />
80 mil milhões de peças de roupa. O sector<br />
da moda lança novas colecções cada vez mais<br />
rapidamente, mas como é possível manter<br />
uma produção sustentável aliada à produção<br />
massiva de têxteis que cada vez mais domina o<br />
mercado?<br />
Várias empresas apostam na economia<br />
circular e têm a decorrer grandes projectos de<br />
sustentabilidade, como forma de minimizar<br />
os seus impactos ambientais e sociais. Já em<br />
2013 também a Primark iniciara um projecto<br />
chamado “Sustainable Cotton Programme”, que<br />
pretende formar os agricultores para métodos<br />
de cultura mais sustentáveis, em conjunto com<br />
a Cotton Connect, responsável por formar os<br />
parceiros.<br />
A Adidas, por exemplo, já manifestou a<br />
sua vontade de tornar sustentável toda a sua<br />
cadeia de valor, e anunciou no ano passado<br />
que a partir de 2024 só utilizará plásticos<br />
reutilizáveis em todas as suas roupas e<br />
sapatos. De acordo com dados da empresa,<br />
em 2018 foram criados 5 milhões de pares de<br />
calçado com resíduos de plástico reciclado,<br />
estando sobre a mesa a intenção de redobrar<br />
esse número ainda este ano.<br />
Como forma de reutilizar, a H&M tem uma<br />
iniciativa global em desenvolvimento, que<br />
envolve a reutilização de têxteis noutros<br />
produtos, e caso se encontrem em bom estado<br />
podem inclusive ser vendidos em segunda<br />
mão. Os têxteis reciclados ganharão uma nova<br />
vida, transformando-se em fibras ou utilizados<br />
no fabrico de materiais de isolamento ou<br />
amortecimento para a indústria automóvel.<br />
“Deixe o seu saco de roupas usadas na caixa<br />
de reciclagem da sua loja local. Todos os têxteis<br />
são bem-vindos – qualquer marca, qualquer<br />
estado – até meias sem par, t-shirts gastas e<br />
lençóis antigos”, pode-se ler no site da marca,<br />
onde também está referido que estes serão<br />
encaminhados para uma unidade de reciclagem<br />
e separados manualmente. Em troca, os<br />
clientes ganham um voucher que poderão<br />
utilizar na próxima compra.<br />
Também a gigante espanhola Inditex<br />
anunciou que até 2025 pretende reforçar o seu<br />
comprometimento com a transformação verde<br />
de moda a liderar esta área na indústria da<br />
moda. Entre as medidas também se encontra<br />
a aposta em mais pontos de recolha de roupa<br />
usada (todas as lojas da Inditex irão contar<br />
com um contentor de recolha para doação,<br />
reciclagem ou reutilização) e a expansão<br />
do serviço de recolha ao domicílio – que já<br />
se encontra em funcionamento em cidades<br />
espanholas e chinesas – a Paris, Londres e<br />
Nova Iorque.
32<br />
SETEMBRO <strong>2019</strong><br />
A aposta neste sentido também se estende<br />
a matérias-primas mais sustentáveis (100%<br />
do algodão, linho e poliéster das suas oito<br />
marcas sejam orgânicos, sustentáveis ou<br />
reciclados), energias renováveis (80% de<br />
toda a utilizada em lojas, centros logísticos e<br />
escritórios) e ampliação da linha de vestuário<br />
Join Life da Zara.<br />
De acordo com um estudo feito no Brasil,<br />
apenas para a criação de um par de calças de<br />
ganga são necessários 5.196 litros de água,<br />
divididos entre os processos agrícola, consumo<br />
de fontes de água doce das superfícies<br />
subterrâneas e volume de água necessária para<br />
diluir os componentes químicos utilizados.<br />
Por esta razão, a Vicunha Têxtil anunciou<br />
uma redução drástica de água consumida,<br />
que poderá atingir os 95% nalgumas fases do<br />
processo produtivo, através da captação de 140<br />
milhões de litros da água da chuva, nas suas<br />
necessidades do Nordeste.<br />
O “ouro” vai, no entanto, para a C&A, que<br />
no ano passado viu certificadas as suas calças<br />
de ganga com a Cradle To Cradle Certification<br />
de nível Gold. Este produto foi desenvolvido<br />
em parceria com a Fashion for Good, e foram<br />
desenvolvidas com materiais completamente<br />
sustentáveis. O Global Chief Sustainability<br />
Officer da C&A, Jeffrey Hogue, revela que<br />
para a criação deste produto foi necessária<br />
uma parceria muito próxima entre a C&A e<br />
a Fashion for Good com vários fornecedores.<br />
“Todas as propriedades materiais tiveram de ser<br />
cuidadosamente avaliadas e testadas de acordo<br />
com os rigorosos padrões de produto da Cradle<br />
to Cradle Certification”, revela o responsável,<br />
explicando que durante o processo apenas<br />
foi utilizada energia renovável e que foram<br />
aplicados altos padrões sociais.<br />
“As empresas terão de assegurar uma maior<br />
integração num ciclo sustentável de produção<br />
e comercialização, quando não mesmo num<br />
quadro de economia circular plena”, explica<br />
Paulo Vaz, acrescentando que para o caso<br />
português, que não pode competir pelo preço,<br />
terá de apostar no valor, tentando diferenciar<br />
os seus produtos e serviços “pelo design,<br />
pela moda, pela inovação tecnológica, pela<br />
intensidade de serviço e pela garantia de<br />
que oferecem tudo isto de forma segura e<br />
sustentável”.<br />
Todos estes projectos envolvem um elo<br />
comum – que não apenas a sustentabilidade<br />
-, mas a logística, que tem um grande impacto<br />
em toda a cadeia. Muitas das empresas têxteis<br />
ainda têm logística interna, segundo revelam
SCM Supply Chain Magazine 33<br />
os operadores logísticos Garland, pioneira no<br />
transporte e armazenamento de pendurados<br />
para o sector têxtil, e Rangel.<br />
“NESTA LÓGICA DE<br />
SERVITIZAÇÃO ACRESCIDA<br />
DA INDÚSTRIA, A LOGÍSTICA,<br />
NA SUA SOFISTICAÇÃO,<br />
DESEMPENHO E GARANTIA<br />
QUE INTEGRA ESTE QUADRO DE<br />
SUSTENTABILIDADE, TERÁ UM<br />
PAPEL CADA VEZ MAIS CENTRAL<br />
E IMPORTANTE“<br />
PAULO VAZ, ATP<br />
3”T”L – TENTATIVA DE<br />
TERCIARIZAÇÃO DOS TÊXTEIS<br />
Introduzindo o tema com uma contextualização<br />
das necessidades das empresas devido ao novo<br />
modelo de negócio, Mário Jorge Machado,<br />
citado no Jornal T, dizia no final de Julho que<br />
“com a procura de novos designs nas lojas,<br />
várias vezes por mês, as pressões exercidas<br />
nas estamparias têxteis são enormes. Todo o<br />
modelo de negócios mudou. Além de impressão<br />
e entrega rápidas, as tiragens precisam ser mais<br />
curtas. Isso significa que as alternâncias de<br />
trabalho devem ser rápidas e com o mínimo de<br />
desperdício. As entregas precisam ocorrer em<br />
dia e a estocagem dos fornecedores e lojistas<br />
tem de ser reduzida ao mínimo para cortar
34<br />
SETEMBRO <strong>2019</strong><br />
custos. A necessidade de um preço competitivo<br />
aumenta a pressão”.<br />
Esta pressão que é exercida no sector<br />
tem-no levado a apostar cada vez mais na<br />
externalização, no entanto, esta ainda se<br />
encontra em crescimento. Os operadores<br />
logísticos sentem que neste sector as empresas<br />
ainda mantêm muito presente a tradição de<br />
estabelecer uma logística própria, mas admitem<br />
sentir esta evolução e que cada vez mais esta<br />
tendência de outsourcing se começa a apoderar<br />
do mercado.<br />
Ricardo Sousa Costa, administrador do<br />
Grupo Garland, revela que esta ideia de<br />
manter a logística própria se baseava na<br />
“JULGAVAM HAVER PERDA DE<br />
CONTROLO DO NEGÓCIO POR<br />
CONFIAREM OS BENS QUE<br />
COMERCIALIZAVAM A TERCEIROS”<br />
Ricardo Sousa Costa<br />
[Administrador do Grupo Garland]<br />
cultura de proximidade e de pertença, e<br />
tentavam resistir à terceirização porque<br />
“julgavam haver perda de controlo do negócio<br />
por confiarem os bens que comercializavam a<br />
terceiros”, explica.<br />
“Com o elevado nível de profissionalismo<br />
e sofisticação tecnológica que os principais<br />
operadores logísticos disponibilizam nas suas<br />
operações, esta tendência desapareceu e já é<br />
muito difícil encontrar empresas que resistam<br />
de forma consciente aos seus argumentos de<br />
venda”, destaca o administrador da Garland.<br />
Por sua vez, Nuno Rangel, CEO da Rangel<br />
Logistics Solutions, considera que nos<br />
encontramos abaixo da média europeia, no<br />
que toca a externalização logística do sector<br />
têxtil, e que uma das razões para as empresas<br />
ainda terem logística em casa é porque<br />
grande parte do sector têxtil em Portugal é a<br />
indústria, e que esta “fabrica para entregar aos<br />
seus clientes (marcas/grossistas/retalhistas)<br />
as produções completas assim que estas ficam<br />
prontas, ou seja, quase não existe necessidade<br />
de armazenagem nem de gestão de stocks”,<br />
e nestes casos a logística é maioritariamente<br />
associada ao transporte.<br />
Por outro lado, em menor número, mas<br />
igualmente representativas do sector, aponta<br />
as marcas grossistas, que têm os seus armazéns<br />
próprios, mas que cada vez mais apostam neste<br />
‘T’, pois “começam a perceber as vantagens das<br />
parcerias/outsourcing logístico no contexto dos<br />
actuais mercados, que são cada vez mais globais<br />
e consequentemente mais competitivos, e onde<br />
o foco no produto/marca é o core do negócio e<br />
o factor diferenciador”.<br />
Nuno Rangel explica que nestes casos<br />
a escolha dos parceiros logísticos não se<br />
prende apenas por questões de redução e<br />
controlo de custos operacionais, mas também<br />
“para beneficiar de maior flexibilidade e
SCM Supply Chain Magazine 35<br />
“SERVIÇOS COMO<br />
CONTROLO DE<br />
QUALIDADE DOS<br />
PRODUTOS, (RE-)<br />
ETIQUETAGEM,<br />
DISPONIBILIZAÇÃO DE<br />
LOCAIS PARA REPARAÇÃO<br />
DE PEÇAS, VISIBILIDADE<br />
DE STOCKS E INTEGRAÇÃO<br />
DE SISTEMAS<br />
INFORMÁTICOS SÃO<br />
CADA VEZ MAIS COMUNS<br />
NOS OPERADORES<br />
LOGÍSTICOS”<br />
escalabilidade, menor risco, menor investimento<br />
e maior capacidade de acompanhar a evolução<br />
tecnológica e de implementar as melhores<br />
práticas logísticas”, e que isso começa a ocorrer<br />
também nas grandes marcas internacionais.<br />
Diferenciação é precisamente a palavrachave<br />
para os negócios, e tem sido obtida<br />
através de diferentes factores, como o design<br />
ou o preço, mas nos dias de hoje o foco<br />
tem estado cada vez mais na<br />
sustentabilidade, que gera poupanças<br />
para a empresa, envolve os clientes e<br />
acresce valor ao produto, sendo que ao<br />
mesmo tempo é amiga do ambiente.<br />
No que toca a temas ambientais todo o<br />
cuidado é pouco, e o resultado é impagável,<br />
pois não é o dinheiro que traz de volta o que<br />
de belo a natureza tem. •
36<br />
SETEMBRO <strong>2019</strong><br />
LOGÍSTICA<br />
China procura<br />
tornar-se a maior<br />
potência mundial<br />
A COMPLEXIDADE DA LOGÍSTICA CHINESA<br />
AMEAÇA AS GRANDES MULTINACIONAIS<br />
O modelo de distribuição chinês é tão<br />
complexo que consegue fazer tremer os<br />
gigantes que pretendem chegar ao país com<br />
a maior população mundial, e para isso não<br />
precisam de utilizar as suas artes marciais,<br />
bastam as suas artes logísticas. Desde<br />
artigos comuns de e-commerce de diversos<br />
tamanhos a simples cafés, o modelo chinês<br />
consegue entregar todo o tipo de produtos na<br />
residência dos seus clientes e a baixo custo,<br />
em grande parte derivado do excesso de<br />
oferta que existe neste país.<br />
E-commerce e logística “made in<br />
China” dão luta ao mercado<br />
Hoje, na China, tornou-se tão fácil e rápido<br />
fazer as compras para a casa como pedir<br />
uma pizza. Graças a inovações como os<br />
supermercados Hema, da Alibaba, basta as<br />
pessoas fazerem as suas encomendas online<br />
e em cerca de meia hora terão um estafeta à<br />
sua porta para lhes entregar os seus pedidos.<br />
Também as entregas de comida, através de<br />
empresas como a Meituan-Dianping ou a<br />
também detida pela Alibaba, Ele.me, que já
SCM Supply Chain Magazine 37<br />
eram populares entre os cidadãos antes do<br />
aparecimento da Glovo ou da Deliveroo.<br />
Distante do modelo do Ocidente, lojas<br />
de todo o tipo e dimensão procuram estar<br />
associadas às vendas online, adaptando os<br />
seus modelos de negócio ao e-commerce. Além<br />
disso, a distribuição dos seus produtos também<br />
não é uma exclusividade das grandes cidades<br />
como ainda se verifica em alguns locais mais<br />
isolados (mesmo em Portugal), e exemplo disso<br />
é a Cainiao, propriedade da Alibaba, que chega<br />
agora a 40.000 aldeias.<br />
Mas se a distribuição urbana já é hoje um tema<br />
de debate no Ocidente, na China atinge novas<br />
escalas, e as ruas são inundadas por veículos de<br />
distribuição que vão desde camiões e carrinhas<br />
a bicicletas eléctricas. E é importante frisar que<br />
tudo isto acontece no país com maior população<br />
do mundo, com cerca de 1,4 mil milhões de<br />
habitantes - aproximadamente 140 vezes mais<br />
que o nosso país.<br />
O modelo Chinês e os hábitos<br />
dos consumidores<br />
A aposta no mercado chinês consegue ser<br />
um negócio muito incerto, no qual muitos<br />
aventureiros têm obtido resultados negativos,<br />
conseguindo chegar ao ponto de distribuir<br />
cafés ao domicílio, algo que parece impensável<br />
e levanta diversas questões relacionadas com<br />
a rentabilidade, e como tal, assusta as grandes<br />
multinacionais como a Amazon.<br />
A Luckin Coffee, empresa de café que<br />
pretende concorrer com a Starbucks, reduziu<br />
ao mínimo o espaço dos seus locais físicos<br />
e decidiu apostar na entrega por estafeta a<br />
casa dos clientes. No ano passado vendeu<br />
85 milhões de cafés a mais de 16 milhões de<br />
clientes. Em Julho deste ano contava com<br />
3.000 estabelecimentos, cuja função era<br />
maioritariamente fazer café e distribuí-los, e<br />
pretende alcançar os 4.500 este ano. Ainda<br />
durante o mês de <strong>Setembro</strong> esta cadeia<br />
anunciou que pretende investir também em<br />
chás – chamando-lhe Luckin Tea – com mais<br />
de 30 novas bebidas disponíveis, e ainda numa<br />
aplicação separada para pedidos e entregas.<br />
Mas não apenas o café, pois as próprias<br />
refeições que os antecedem são o maior<br />
negócio do e-commerce, e não apenas na China,<br />
mas por toda a população asiática. Segundo<br />
o estudo “Global Connected Commerce” da<br />
Nielson, os produtos mais procurados pela Ásia<br />
no mundo digital contrariam as necessidades<br />
dos restantes continentes relativamente ao<br />
e-commerce,
38<br />
SETEMBRO <strong>2019</strong><br />
predominando uma procura por alimentos<br />
embalados (44%) e produtos frescos (40%), que<br />
apresentam crescimentos na ordem dos 4 e 5%<br />
face ao período homólogo, respectivamente,<br />
seguidos dos produtos domésticos (40%) com<br />
um crescimento de 3%.<br />
Nesta área, a Meituan-Dianping, empresa de<br />
serviços de entrega de alimentos, produtos de<br />
consumo e serviços de retalho, tem mais de<br />
400 milhões de utilizadores inscritos e cinco<br />
milhões de restaurantes afiliados, gerindo<br />
diariamente 20 milhões de pedidos e contando<br />
com 600 mil estafetas para fazerem as suas<br />
entregas. No primeiro trimestre do ano foram<br />
transaccionados 75.600 milhões de renminbis,<br />
o equivalente a 9.700 milhões de euros, e a<br />
média da sua entrega encontrava-se nos 28<br />
minutos, que justificou ser devido aos avanços<br />
tecnológicos, como por exemplo o sistema<br />
de inteligência artificial que planeia a rota de<br />
distribuição para um grupo de pedidos quase<br />
instantaneamente.<br />
Embora estes modelos já existam no mundo<br />
Ocidental, ainda não estão tão integrados nem<br />
são tão impactantes como neste mercado,<br />
que em valores percentuais ficam apenas<br />
ligeiramente atrás dos sectores fashion e de<br />
venda de bilhetes para eventos na Europa<br />
ocidental. Não só os produtos comercializados<br />
digitalmente são muito diferentes daqueles a<br />
que estamos habituados, mas também a forma<br />
de actuar e agir, e como tal, criar um negócio<br />
nesta região não é fácil.<br />
A solução também<br />
é “made in China”<br />
Entrar num mercado novo e complexo como<br />
o da China requer planeamento estratégico,<br />
conhecimento dos modelos em vigor na região<br />
e impacto e hábitos dos consumidores, e essa<br />
experiência encontra-se precisamente na<br />
própria China. De acordo com um estudo do<br />
ShopifyPlus com dados de 2018, intitulado<br />
“The Global Ecommerce Playbook”,<br />
as recomendações para a entrada neste<br />
mercado são:<br />
» Apostar numa parceria com uma entidade<br />
local;<br />
» Criar uma equipa local na China;<br />
» Entrar através de third-party marketplaces.<br />
É importante envolver pessoas que conheçam
SCM Supply Chain Magazine 39<br />
bem o mercado, por muito que tentemos estudar<br />
o nosso público-alvo. Temos como exemplo<br />
recente a entrada da Mercadona em Portugal,<br />
tendo criado um centro em 2017 para estudar<br />
o consumidor português, junto do próprio,<br />
antecipando a sua entrada no nosso país.<br />
Algo incomum para o Ocidente, e que<br />
também seria importante de prever antes<br />
de nos lançarmos ao mercado local, é que<br />
na China o termo “unbanked” está muito<br />
presente na vida dos cidadãos, e nele incluemse<br />
as pessoas que não têm acesso a serviços<br />
financeiros formais. Estima-se que apenas cerca<br />
de 27% dos adultos de toda a Ásia tenham uma<br />
conta bancária deste género, e mais de mil<br />
milhões não tenham acesso a este serviço.<br />
Seria espectável que, não tendo acesso a<br />
estes serviços, também não teriam acesso<br />
ao e-commerce, não fosse pela emergência<br />
de aplicações de pagamento que não se<br />
encontram associadas a contas bancárias ou<br />
cartões de crédito para preencher esta lacuna,<br />
passando o consumidor a poder fazer compras<br />
online anonimamente.<br />
Tecnologia aliada ao quotidiano<br />
dos consumidores<br />
O modelo de distribuição chinês fez com que<br />
também no Oriente disparasse a procura por<br />
armazéns, tendo já atingido os 50 milhões de<br />
metros quadrados no ano passado e prevendose<br />
que este ano atinja os 60 milhões,<br />
afectando consequentemente os seus preços.<br />
Aliada a esta procura e ao crescimento que<br />
tem vindo a ter está uma grande aposta na
40<br />
SETEMBRO <strong>2019</strong><br />
Para as entregas<br />
online, os estafetas<br />
vêem as lojas como<br />
grandes centros de<br />
distribuição.<br />
automação e modernização dos armazéns, que<br />
se espera que aumente substancialmente com<br />
a entrada do 5G.<br />
Pegando no exemplo da maior cadeia de<br />
comércio multicanal da China, Suning, esta<br />
tem um armazém de 200.000 m 2 em Nanquim,<br />
chamado Yuhua, onde trabalham apenas<br />
400 pessoas. Em cada processo vemos um<br />
ou dois trabalhadores, e as restantes tarefas<br />
são executadas por robôs. “Com este sistema,<br />
desenvolvido por nós, cada funcionário<br />
movimenta cerca de 1.200 produtos por hora.<br />
Dez vezes mais que com armazéns tradicionais.<br />
E quando a rede 5G entrar em funcionamento<br />
esperamos aumentar substancialmente esse<br />
número”, comenta Xue Fnhai, sub-director das<br />
instalações, frisando que conseguem atingir<br />
este nível de operações sem a necessidade<br />
de os seus colaboradores percorrerem longas<br />
distâncias e despenderem de muito tempo à<br />
procura de determinados produtos.<br />
Mas uma das grandes revolucionárias do<br />
modelo de retalho foi a Hema, a cadeia de lojas<br />
da Alibaba, combinando num espaço tanto<br />
o digital como o físico. Trata-se de um local<br />
onde os consumidores podem ter um contacto<br />
directo com os seus produtos, mas no qual<br />
todas as compras são feitas digitalmente, como<br />
se de “e-commerce 4D” se tratasse.<br />
Através da aplicação da Alibaba, os clientes<br />
podem scannizar os códigos de barras dos<br />
produtos na loja, e através destes têm acesso a<br />
informações sobre os mesmos e sugestões de<br />
receitas e, utilizando a inteligência artificial, a<br />
aplicação também pode sugerir produtos tendo<br />
por base as compras anteriores do consumidor,<br />
disponibilizando uma opção para voltar a<br />
comprar produtos comuns e tornar o processo<br />
mais rápido. Para as entregas online, os<br />
estafetas vêem as lojas como grandes centros<br />
de distribuição, nas quais vão fazendo os<br />
pedidos online dos consumidores e conseguem<br />
entregar em apenas meia hora, caso<br />
o destino se encontre num raio de 3km.
SCM Supply Chain Magazine 41<br />
O pagamento é feito através das<br />
plataformas Taobao ou Alipay, a plataforma<br />
de pagamento da Alibaba, e em algumas<br />
lojas específicas já é possível pagar por<br />
reconhecimento facial, uma tecnologia<br />
em que a empresa tem vindo a apostar<br />
imenso.<br />
Não é por acaso que a China tem surgido<br />
como uma das maiores potências mundiais,<br />
a segunda, para ser mais concreto,<br />
com quase o triplo do valor da terceira,<br />
o Japão, ficando apenas atrás dos EUA.<br />
Espera-se que dentro de poucos anos<br />
domine o mercado e se torne a maior<br />
potência económica do mundo,<br />
mas aguardemos pelos próximos capítulos<br />
para o descobrir. •<br />
ESTUDO “THE GLOBAL ECOMMERCE PLAYBOOK”<br />
DA SHOPIFY PLUS<br />
Segundo as estatísticas, o mercado do e-commerce neste momento vale<br />
3,5 biliões de dólares, e espera-se aumentar para 4,1 no próximo ano.<br />
A China apresenta-se no topo do ranking de dos maiores mercados de e-commerce<br />
mundiais, com um valor de 740 mil milhões de dólares.<br />
Comparativamente aos valores apresentados em 2018, espera-se um crescimento<br />
de 70,7% do valor do e-commerce chinês em cinco anos.<br />
83% dos chineses fizeram compras online em 2017.<br />
Em termos de preferências de pagamento, 86% da população chinesa<br />
prefere métodos de pagamento digitais, ultrapassando qualquer outra<br />
estatística de outro país.
42<br />
SETEMBRO <strong>2019</strong><br />
LOGÍSTICA<br />
Arte e logística<br />
Texto: Ana Paiva<br />
Fotos: Créditos © MNAA/ Paulo Alexandrino<br />
QUANTO DEVE A ARTE À LOGÍSTICA?<br />
Museus sem peças de arte não são museus, e arte sem logística não é nada. A logística está<br />
implícita no transporte das obras de arte do ponto de origem até ao destino final, nacional<br />
ou internacional. No entanto, existem condições próprias para efectuar esse tipo de operações<br />
minuciosas e rigorosas.<br />
A<br />
s obras de arte expostas em museus ou<br />
centros culturais, desde quadros a peças,<br />
devem ter um tratamento especial, de<br />
forma a manter a sua integridade, uma vez<br />
que se trata de objectos antigos e/ou frágeis.<br />
Por isso, têm de ser avaliados e, sempre que<br />
necessário, são realizadas intervenções de<br />
conservação e restauro para que se possam<br />
manter o mais aproximado possível da sua<br />
forma original.<br />
Este desafio ocorre no momento em que as<br />
obras já se encontram nos locais de exposição,<br />
mas existe um outro procedimento rigoroso e<br />
complexo: o do transporte das obras/peças até<br />
esses locais.<br />
Procurámos saber mais pormenores sobre<br />
este procedimento.<br />
Segundo o departamento de comunicação<br />
do Museu Calouste Gulbenkian, por norma, o<br />
transporte das peças/obras até lá, é realizado por<br />
via terrestre (através de um camião climatizado<br />
com suspensão pneumática), aéreo ou marítimo.<br />
Explica ainda que existem exigências específicas<br />
de embalagem e transporte para as obras em<br />
trânsito, consoante as suas características físicas<br />
e para onde são enviadas.<br />
Por sua vez, no caso do Museu Nacional de<br />
Arte Antiga (MNAA), a deslocação das obras<br />
é realizada apenas por via aérea e marítima,<br />
segundo dados fornecidos do MNAA, através<br />
de empresas especializadas no manuseamento,<br />
embalagem e transporte, que se regem por<br />
critérios definidos internacionalmente. Todo este<br />
processo é acompanhado por um courier [técnico<br />
responsável pela peça desde o local de origem,<br />
até à entrega final] do museu que supervisiona<br />
todos os passos.<br />
EXISTEM EXIGÊNCIAS<br />
ESPECÍFICAS DE EMBALAGEM<br />
E TRANSPORTE PARA<br />
AS OBRAS EM TRÂNSITO,<br />
CONSOANTE AS SUAS<br />
CARACTERÍSTICAS FÍSICAS<br />
E PARA ONDE SÃO ENVIADAS.
SCM Supply Chain Magazine 43<br />
MUSEU CALOUSTE GULBENKIAN<br />
RIGOR ACIMA DE TUDO<br />
Sabe-se que as peças não têm todas as mesmas<br />
dimensões ou características. Umas são maiores,<br />
outras são mais pequenas, outras são feitas de<br />
mármore, outras de barro, etc. Cada peça tem a<br />
sua característica e quem assegura o transporte<br />
deve garantir que reúne todas as condições para<br />
salvaguardar a sua total integridade. Assim,<br />
antes de efectuar o manuseamento, embalagem<br />
e transporte “são avaliadas as propriedades,<br />
estado de conservação e outros factores que<br />
possam fragilizar a sua integridade e tal é<br />
acautelado na fase de preparação da embalagem<br />
em que, os conservadores do museu, listam os<br />
requisitos de transporte da obra”, de acordo com<br />
os dados obtidos do MNAA.<br />
No caso de as peças serem de grandes<br />
dimensões, o departamento de comunicação do<br />
Museu Calouste Gulbenkian garante que um dos<br />
cuidados é a construção de raiz, para todos os<br />
casos, de caixas à medida com placa anti-choque<br />
e placa térmica.<br />
Nem sempre o transporte das obras/peças é a<br />
nível nacional, como é o caso do Museu Calouste<br />
Gulbenkian que, de momento, está a emprestar<br />
cerca de um terço das obras para exposições<br />
internacionais. Isto significa que a cautela deve<br />
ser ainda maior, uma vez que se trata de mais<br />
horas de viagem.<br />
Por outro lado, o transporte das obras que o<br />
MNAA cede é, em grande parte, a nível nacional,<br />
à excepção de situações pontuais, como foi<br />
em 2017, em que o museu teve de movimentar<br />
um grande número de peças para exposições<br />
internacionais.
44<br />
SETEMBRO <strong>2019</strong><br />
MUSEU NACIONAL DE ARTE ANTIGA<br />
O MUSEU CALOUSTE<br />
GULBENKIAN NÃO<br />
SÓ EXPORTA OBRAS<br />
PARA O EXTERIOR,<br />
COMO TAMBÉM A<br />
SUA FUNDAÇÃO<br />
TAMBÉM RECEBE,<br />
ORGANIZANDO,<br />
ASSIM, EXPOSIÇÕES<br />
TEMPORÁRIAS<br />
DESSAS MESMAS<br />
OBRAS.<br />
C<br />
M<br />
Y<br />
CM<br />
MY<br />
CY<br />
CMY<br />
K<br />
CADA PEÇA TEM A SUA<br />
CARACTERÍSTICA E QUEM ASSEGURA<br />
O TRANSPORTE DEVE GARANTIR<br />
QUE REÚNE TODAS AS CONDIÇÕES<br />
PARA SALVAGUARDAR A SUA TOTAL<br />
INTEGRIDADE.<br />
O Museu Calouste Gulbenkian não só<br />
exporta obras para o exterior, a sua Fundação<br />
também recebe, organizando, assim, exposições<br />
temporárias dessas mesmas obras.<br />
Sendo este um procedimento complexo,<br />
procuramos saber se já tinha ocorrido alguma<br />
operação mais delicada “tivemos recentemente<br />
uma exposição itinerante de escultura<br />
(apresentada em Lisboa e em Copenhaga<br />
envolvendo peças da Colecção Gulbenkian e da<br />
Colecção do emprestador dinamarquês) que,<br />
pela dimensão e peso das obras envolveu meios<br />
específicos de manipulação, como gruas, etc”,<br />
refere o departamento de comunicação.<br />
Importa realçarmos a importância da<br />
logística na arte porque, neste caso, sem ela,<br />
não teríamos a oportunidade de frequentar<br />
museus para contemplar obras/peças de arte.<br />
Sem ela não há cultura, e sem cultura<br />
não há arte. •
25 Outubro<br />
Carcavelos, Nova SBE<br />
TENDÊNCIAS, COMPETÊNCIAS E NOVAS FRONTEIRAS:<br />
DA INFORMAÇÃO À CRIAÇÃO DE VALOR<br />
EM FOCO VÃO ESTAR TEMAS COMO:<br />
- O Procurement e a função Compras vistos pelo Board<br />
- O Gestor Virtual do Contrato Inteligência artificial e Machine<br />
learning na gestão dos contratos<br />
- Procurement Challenge<br />
- Procurement & Supply Chain: Maximizar benefícios e oportunidades<br />
- O poder do procurement: Diferentes maturidades cá e lá fora<br />
- Desafios & Insights a curto prazo<br />
FAÇA AINDA HOJE A SUA INSCRIÇÃO E GARANTA JÁ O SEU LUGAR!<br />
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46<br />
SETEMBRO <strong>2019</strong><br />
Fonte: Jaggaer<br />
DIGITALIZAÇÃO<br />
DOS PROCESSOS<br />
DE COMPRAS<br />
Em que pé se encontram as empresas no que<br />
diz respeito à digitalização do processo de<br />
compras? Estamos a caminhar para uma era<br />
em que o Homem precisa da tecnologia para<br />
manter o seu negócio vivo, e o negócio precisa<br />
do apoio do Homem para o guiar. No entanto,<br />
muitas empresas de Procurement ainda se<br />
encontram à margem desta visão.<br />
PROCUREMENT<br />
Processos de compras<br />
digitais vs Empresas<br />
‘D<br />
igital Transformation in Procurement:<br />
How Close Are We?’ é o mais recente<br />
relatório da Jaggaer, que conclui que<br />
apenas 2% dos processos de compras foram<br />
completamente digitalizados.<br />
Este estudo foi realizado com base numa<br />
pesquisa global, entre Janeiro e Abril de <strong>2019</strong>,<br />
tendo abordado mais de 300 profissionais dos<br />
sectores de compras, automóvel, industrial,<br />
bancário, entre outros.<br />
Os resultados mostram o progresso das<br />
empresas no que diz respeito à digitalização<br />
dos seus processos de compras. A maioria<br />
(54%) já estabeleceu as bases para a<br />
transformação digital no procurement<br />
e estão a gerir tecnologias digitais mais<br />
avançadas, ou a planear fazê-lo. Contudo,<br />
a maior parte ainda precisa de ultrapassar<br />
alguns desafios relativamente à integração<br />
dos seus dados e processos antes<br />
de progredirem.<br />
As conclusões do estudo apontam, ainda,<br />
algumas informações interessantes sobre o<br />
estado actual das estratégias e programas<br />
de aquisição digital em todos os sectores,<br />
dimensão das empresas e estruturas<br />
organizacionais. Revelam que existe quase<br />
uma divisão 50/50 entre os profissionais que<br />
afirmam não ter o nível de conhecimento<br />
necessário, bem como das últimas tecnologias,<br />
e os que dizem conhecê-los bem ao ponto de<br />
entender o seu potencial e formar uma opinião.<br />
No entanto, a tecnologia ainda é<br />
predominantemente transaccional, e utilizada<br />
principalmente em processos centrais em SRM<br />
(Supplier Relationship Management), eSourcing<br />
e eProcurement.<br />
Apenas 2% das organizações já utilizam<br />
tecnologias inteligentes que ajudam a área<br />
de Procurement a tomar melhores decisões<br />
através de recomendações aos utilizadores e de<br />
actividades anteriores.
SCM Supply Chain Magazine 47<br />
REVELAM QUE EXISTE QUASE<br />
UMA DIVISÃO 50/50 ENTRE<br />
OS PROFISSIONAIS QUE<br />
AFIRMAM NÃO TER O NÍVEL DE<br />
CONHECIMENTO NECESSÁRIO,<br />
BEM COMO DAS ÚLTIMAS<br />
TECNOLOGIAS, E OS QUE DIZEM<br />
CONHECÊ-LOS BEM AO PONTO<br />
DE ENTENDER O SEU POTENCIAL<br />
E FORMAR UMA OPINIÃO.<br />
No que diz respeito ao actual nível de<br />
equipamento digital, a grande maioria das<br />
empresas ainda não possui uma estratégia clara<br />
ou um plano de acção concreto.<br />
OS DADOS SÃO OURO<br />
No geral, os resultados do estudo mostram que<br />
empresas de todas as dimensões de todas as<br />
indústrias estão a ficar cada vez mais optimistas<br />
em relação ao potencial que a digitalização tem<br />
para oferecer.<br />
A maioria das empresas reconhecem a<br />
aquisição digital como uma oportunidade. Do<br />
ponto de vista da eficiência, as tecnologias<br />
que têm o maior potencial, de acordo com<br />
os inquiridos, são o SRM, eProcurement<br />
e eSourcing. Todos estão no centro das<br />
actividades de Procurement e preparam o<br />
terreno para as actividades mais críticas,<br />
como a gestão de categorias e desenvolvimento<br />
de fornecedores: definição de estratégias<br />
(análise, eSourcing), definição (SRM) e execução<br />
(eProcurement e eSourcing). Claro que o<br />
impulsionar destas áreas também irá melhorar<br />
o desempenho.<br />
O ‘Big Data’ é a tecnologia mais promissora<br />
e com maior impacto, de acordo com 53% dos<br />
inquiridos. O SRM, Procurement e eSourcing<br />
são apontados por 46% e a análise predictiva<br />
por 40%. Em relação a tecnologias mais<br />
avançadas, como blockchain, automatização<br />
de processos robóticos e assistentes digitais/<br />
chatbots, os resultados mostram que as<br />
empresas ainda se mostram relutantes em<br />
implementá-las. Apenas uma pequena amostra<br />
dos inquiridos parece ter uma clara ideia de<br />
como estas ferramentas podiam ser utilizadas<br />
na aquisição digital para criar valor à sua<br />
organização. A disposição para investir é, em<br />
geral, ainda moderada.
48<br />
SETEMBRO <strong>2019</strong><br />
A maioria dos questionados apontam a<br />
análise (predictiva ‘KPIs’ e ‘Big Data’) como<br />
uma área em que estariam disponíveis para<br />
investir. Isto confirma o provérbio no actual<br />
mundo dos negócios “data is gold” (os dados<br />
são ouro). Sem as informações certas, é difícil<br />
para as organizações fazer uma descoberta<br />
que vai além das tácticas e estratégias usuais.<br />
Na parte inferior da escala está a blockchain,<br />
em que 65% dos inquiridos afirmam ainda não<br />
ter planos para investir, a automatização de<br />
processos robóticos, em que 52% referem o<br />
mesmo e, por fim, os assistentes digitais, com<br />
48% de falta de investimento.<br />
Isto mostra que as empresas estão a tomar<br />
uma abordagem pragmática e não estão<br />
preparadas para correr riscos e investir em<br />
recursos e tecnologia não comprovada.<br />
INTEGRAÇÃO DE TECNOLOGIA<br />
NAS EMPRESAS<br />
Nos últimos anos, a tecnologia tem mudado<br />
drasticamente a maneira como os dados são<br />
colecionados, processados, armazenados<br />
e analisados. Soluções da ‘cloud’, a<br />
interoperabilidade, os sistemas, as análises<br />
inteligentes, o impulso da digitalização e<br />
muitos outros factores estão a permitir que as<br />
equipas recolham mais dados (estruturados e<br />
não estruturados) e desenvolvam insights e<br />
inteligência accionável.<br />
Contudo, antes de as empresas alcançarem<br />
este objectivo, há um desafio maior que deve<br />
ser abordado: ‘silos’ de processos e dados.<br />
Mesmo que os termos ‘Source-to-Pay’ (S2P) ou<br />
‘Purchase-to-Pay’ (P2P) estejam associados a<br />
processos lisos e integrados de ponta a ponta,<br />
NO GERAL, OS RESULTADOS<br />
DO ESTUDO MOSTRAM<br />
QUE EMPRESAS DE TODAS<br />
AS DIMENSÕES DE TODAS<br />
AS INDÚSTRIAS ESTÃO<br />
A FICAR CADA VEZ MAIS<br />
OPTIMISTAS EM RELAÇÃO<br />
AO POTENCIAL QUE<br />
A DIGITALIZAÇÃO TEM<br />
PARA OFERECER.<br />
nem sempre é um reflexo preciso da realidade.<br />
Para entender o efeito ‘silo’, questionou-se as<br />
empresas sobre qual a informação e dados<br />
que utilizavam para processos críticos, como<br />
gestão de categorias, de fornecedores, decisões<br />
de fornecimento (TVO/TCO), avaliações e<br />
colaborações de fornecedores. Foram ainda<br />
inquiridas sobre se esta informação era<br />
integrada manualmente ou automaticamente.<br />
Os resultados indicam que a integração é<br />
uma realidade, mas ainda é muito manual e<br />
incompleta. Mais de três quartos das empresas<br />
(78%), integram os dados. No entanto, 77%<br />
desses fazem-no manualmente através do Excel<br />
ou através de download/upload dos ficheiros<br />
para os seus sistemas.<br />
Embora os processos centrais estejam bem<br />
integrados, os resultados mostram que dados<br />
externos mais específicos, como informações<br />
sobre riscos financeiros e sobre a cadeia<br />
de abastecimento, custos de importação e<br />
preços de matérias-primas, são integrados,<br />
principalmente, a nível manual em decisões
SCM Supply Chain Magazine 49<br />
ISTO MOSTRA<br />
QUE AS EMPRESAS ESTÃO<br />
A TOMAR UMA ABORDAGEM<br />
PRAGMÁTICA E NÃO ESTÃO<br />
PREPARADAS PARA CORRER<br />
RISCOS E INVESTIR EM<br />
RECURSOS E TECNOLOGIA<br />
NÃO COMPROVADA.<br />
de fornecimento ou portefólios de gestão de<br />
categorias. Aspectos como a competência<br />
digital do fornecedor, a pegada, o custo interno<br />
e as capacidades de inovação ainda estão entre<br />
os menos integrados na estratégia de ‘sourcing’<br />
e na gestão dos fornecedores.<br />
Em geral, apesar de a maioria das<br />
organizações integrarem os dados, ainda<br />
o fazem a uma escala limitada. Isso pode<br />
comprometer a capacidade de tomar decisões<br />
informadas e pode impedi-los de reconhecer<br />
importantes relações de causa-efeito. •
50<br />
SETEMBRO <strong>2019</strong><br />
PROCUREMENT<br />
Eficiência no sector<br />
de compras<br />
Texto:<br />
Mercado Electrônico Portugal<br />
5 IDEIAS<br />
PARA TORNAR O SECTOR<br />
DE COMPRAS<br />
MAIS EFICIENTE<br />
O objectivo principal de qualquer negócio<br />
ou empresa é ter sucesso de uma forma<br />
eficaz e com baixos custos. O sector<br />
das compras não foge à regra, por isso,<br />
importa optimizar o processo de aquisição,<br />
tornando-o mais simples e directo. Para isso,<br />
foram selecionadas cinco ideias base para<br />
concretizar este plano.<br />
Um dos maiores objectivos das empresas<br />
é aumentar a eficiência nas compras,<br />
pois este sector está cada vez mais<br />
em evidência devido às suas funções<br />
estratégicas. Se antes a área era vista<br />
apenas como operacional, responsável<br />
por aquisições dos mais diversos produtos<br />
e serviços, hoje, as suas acções têm<br />
impacto directo nos números. Isto porque,<br />
actualmente, a área é directamente<br />
responsável pela diminuição de custos e,<br />
consequentemente, colabora para o<br />
crescimento do negócio. Essa redução é<br />
fundamental, ainda mais em tempos de<br />
economia instável quando conquistar novos<br />
clientes é um desafio. É por isso que rever e<br />
organizar processos é uma das chaves para<br />
atingir resultados expressivos.<br />
Se antes o sector de compras realizava<br />
cotações com dois ou três fornecedores e<br />
finalizava o processo de aquisição com quem<br />
oferecia o menor preço, hoje em dia, esse<br />
universo de compras tem mais ênfase na<br />
negociação e inteligência, moldando a área<br />
para o conceito de Compras 4.0.<br />
Já pensou nas vantagens de planear uma<br />
estratégia para aquisição de produtos em<br />
maiores dimensões e, assim, conseguir<br />
melhores negociações? Ou em como a<br />
negociação pode progredir com o fornecedor<br />
mais adequado para determinado produto<br />
ou serviço? Tudo isso é possível graças<br />
à tecnologia do Mercado Eletrónico.<br />
Apresentamos agora o TOP 5 de ideias para<br />
ajudar a sua empresa a simplificar e optimizar<br />
o processo de compras:
SCM Supply Chain Magazine 51<br />
1 2<br />
Para potenciar eficiência nas<br />
compras adopte uma plataforma<br />
de comércio electrónico B2B<br />
No sector de compras ainda há empresas que<br />
seguem o modelo tradicional de cotações,<br />
o que gera uma grande carga operacional,<br />
ou por não atingir o número suficiente de<br />
propostas ou por onerar a empresa com<br />
processos lentos.<br />
O modelo antigo é limitado, demorado e,<br />
por isso, pode ser mais dispendioso. É aqui<br />
que entra a plataforma electrónica. Com ela,<br />
automatizar processos e procurar fornecedores<br />
diferentes, numa única vez, torna-se<br />
totalmente viável.<br />
Para conseguir economizar mais, ter um<br />
maior controlo e governança ou melhorar<br />
a colaboração dos seus fornecedores,<br />
as soluções B2B podem ser uma boa<br />
medida para sua empresa. As transacções<br />
electrónicasminimizam o trabalho operacional<br />
e deixam os compradores livres para as<br />
negociações, reduzindo, em média, 15% dos<br />
custos totais de operação.<br />
Mantenha um catálogo de<br />
pequenos produtos e do dia-a-dia<br />
A negociação de produtos básicos, como<br />
material de escritório, costuma levar mais<br />
tempo do que o necessário. Por isso, vale a<br />
pena criar um catálogo com esses produtos<br />
ou commodities, o que ajuda o sector de<br />
compras a ter mais tempo dedicado às<br />
negociações estratégicas da empresa.<br />
Aqui aplica-se a máxima de que quanto<br />
mais tempo economizado em tarefas de<br />
rotina, maior será o volume de dinheiro. Outra<br />
possibilidade é terceirizar as aquisições de<br />
produtos não estratégicos, e focar apenas<br />
nas compras que têm impacto directo no seu<br />
negócio.
52<br />
SETEMBRO <strong>2019</strong><br />
3 4<br />
Não subestime compras<br />
menores relacionadas<br />
com a sua operação<br />
Para obter o máximo da eficiência nas<br />
compras, por vezes, o barato pode sair caro,<br />
por isso, opte por adquirir produtos e serviços<br />
de qualidade. Se tem uma fábrica que<br />
depende de maquinaria pesada, é certo que<br />
as peças são fundamentais para si. Não tente<br />
negociar apenas por preços nesses casos.<br />
Fique atento não só à qualidade do que<br />
compra, mas também ao atendimento que<br />
o seu fornecedor presta. Nesse caso, contar<br />
com bons parceiros para ter suporte é sempre<br />
válido.<br />
Procure o máximo<br />
de informação possível<br />
Em geral, quem tem mais informação, tem um<br />
maior poder nas negociações. Seguindo essa<br />
lógica, em relação aos itens mais importantes<br />
ou com maior impacto, tente conhecer a fundo<br />
toda a composição de custo de cada um dos<br />
produtos. Isto permitirá entender a variação<br />
dos custos do seu fornecedor e inibir, assim,<br />
aumentos.<br />
O “modelo aberto” é uma poderosa ferramenta<br />
para isto. Monte a composição de custo<br />
de um dos materiais a serem negociados,<br />
especificando, por exemplo, o peso de cada<br />
matéria-prima contemplada. Ao negociar<br />
com os seus fornecedores, apresente os<br />
valores previstos na folha de cálculo e<br />
mostre que domina os gastos e investimentos<br />
relacionados com a produção. Assim, é<br />
possível negociar com mais transparência<br />
durante todo o processo.
SCM Supply Chain Magazine 53<br />
5<br />
Aproveite as vantagens dos leilões invertidos<br />
para uma maior eficiência nas compras<br />
Itens específicos e de alto valor podem ser<br />
negociados através de um leilão reverso. Nele,<br />
é possível publicar demandas de compras numa<br />
plataforma electrónica, enquanto todos os<br />
fornecedores são convidados a participar.<br />
Ao contrário do convencional, no leilão<br />
invertido os fornecedores dão licitações<br />
decrescentes até atingirem o seu limite de<br />
menor preço. Dessa forma, o sector de compras<br />
faz negociações rápidas, com auditabilidade,<br />
transparência e tem mais oportunidades de<br />
conseguir um preço mais baixo. Com leilões<br />
invertidos, muitas empresas conseguem<br />
economizar até 35% do valor inicial do produto.<br />
Mas lembre-se: o preço não deve ser o único<br />
ponto diferencial quando a aquisição for de<br />
produtos e serviços ligados ao seu core business.<br />
Nesses casos, qualidade, suporte do parceiro<br />
e atendimento têm mais peso e devem ser<br />
combinados para definir o melhor fornecedor. •<br />
Logística Compras Operações<br />
Formação IN-HOUSE<br />
Gestão de compras<br />
Melhores práticas para a redução de custos<br />
Seleção e avaliação de fornecedores<br />
Promover a melhoria contínua das fontes<br />
Procurement Eficiente<br />
Como criar valor<br />
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horários que forem mais convenientes.<br />
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54<br />
SETEMBRO <strong>2019</strong><br />
INTRALOGÍSTICA<br />
DB Schenker aposta<br />
em soluções inovadoras<br />
UNIÃO<br />
DE FORÇAS<br />
A coexistência da tecnologia com os humanos<br />
tem vindo a dividir opiniões. Se por um lado<br />
substituem as funções dos trabalhadores, por<br />
outro podem mostrar-se como uma<br />
mais-valia para executar determinadas<br />
tarefas exigentes para os colaboradores.<br />
A DB Schenker tem vindo a apostar na junção<br />
do que há de melhor nos dois polos: a força da<br />
tecnologia com o conhecimento humano.<br />
Texto: Ana Paiva e Fábio Santos<br />
Foto: DB Schenker<br />
I<br />
novação e melhoria das condições de<br />
trabalho. Melhor do que estes dois conceitos,<br />
só mesmo a sua junção. A DB Schenker tem<br />
vindo a apostar na inovação, através de novos<br />
dispositivos tecnológicos para melhorar as<br />
funções diárias dos trabalhadores.<br />
Começou por implementar um novo sistema<br />
de picking no armazém de Eching, Alemanha,<br />
que funciona através de uma luva inteligente<br />
e digitalização: a ProGlove, um dispositivo de<br />
leitura de códigos de barras no processo de<br />
recolha de mercadorias.<br />
O novo sistema de picking é leve e está<br />
integrado nas costas das luvas dos operadores<br />
de armazém, que apenas precisam de juntar<br />
e pressionar os dedos indicador e polegar<br />
para activar o sistema, recebendo de seguida<br />
um feedback do dispositivo aos níveis óptico,<br />
auditivo e táctil. As informações relativas ao<br />
produto digitalizado, como por exemplo a<br />
quantidade de produto ou o próximo local de
SCM Supply Chain Magazine 55<br />
recolha, podem ser acedidas através de<br />
um tablet.<br />
Segundo a empresa, a utilização deste novo<br />
sistema traz vantagens ao nível da eficiência<br />
devido ao facto de se tratar de um sistema mais<br />
ergonómico e fácil de utilizar que a solução de<br />
scanner de anel.<br />
“Os colaboradores podem continuar a utilizar<br />
as duas mãos livremente durante as operações,<br />
sem necessitar de procurar ou alcançar o<br />
leitor de código de barras”, refere a empresa.<br />
Revela ainda existir uma economia de 40% do<br />
tempo despendido em relação aos scanners<br />
tradicionais.<br />
“O feedback da equipa do armazém durante<br />
a fase de testes foi consistentemente positivo.<br />
Por esta razão, estou convicto que a utilização<br />
da ProGlove vai levar a um aumento de<br />
produtividade no nosso armazém em Eching.<br />
Está já planeada uma extensão para outros<br />
locais de armazenamento que será realizada em<br />
breve”, revela Tom Schmitt, director comercial e<br />
membro do conselho de logística contratual da<br />
Schenker AG.<br />
O co-fundador e CEO da ProGlove, Thomas<br />
Kirchner, explica que “o desenvolvimento da<br />
ProGlove segue a ideia de que os humanos<br />
vão continuar a ser um foco importante da<br />
indústria no futuro. Foi por essa razão que<br />
desenvolvemos uma luva inteligente leve e<br />
intuitiva que pode ser usada sem nenhum<br />
esforço de integração. A ProGlove apoia os<br />
colaboradores no seu trabalho diário e liga-os<br />
à indústria 4.0”.<br />
Além desta solução inovadora, a DB Shenker<br />
apostou num novo sistema que permite aliviar<br />
os colaboradores de trabalhos com uma<br />
grande exigência física, que consiste no uso de<br />
exoesqueletos.<br />
Estes dispositivos tecnológicos consistem<br />
em estruturas de suporte electromecânicas,<br />
OS COLABORADORES PODEM<br />
CONTINUAR A UTILIZAR AS<br />
DUAS MÃOS LIVREMENTE<br />
DURANTE AS OPERAÇÕES, SEM<br />
NECESSITAR DE PROCURAR<br />
OU ALCANÇAR O LEITOR DE<br />
CÓDIGO DE BARRAS<br />
transportadas com o corpo, que são desenhadas<br />
para apoiar os colaboradores durante os<br />
movimentos de elevação e rotação de cargas.<br />
A sua fisionomia permite proteger as<br />
vértebras lombares e os músculos das costas,<br />
prevenindo a tensão aplicada, muitas vezes,<br />
nestas partes do corpo.<br />
A abordagem inicial foi realizada em torno<br />
da selecção de pedidos e da sequência de<br />
embalagens com um peso máximo de 15<br />
quilogramas. Os colaboradores equipados com<br />
este aparelho, retiraram as embalagens das<br />
prateleiras de armazenamento e colocaram-nas<br />
em paletes enquanto o exoesqueleto apoiava as<br />
sequências de movimento.<br />
“Para a DB Schenker, os seus colaboradores<br />
são o activo mais importante e valioso. Por esta<br />
razão, estamos realmente satisfeitos por poder<br />
anunciar que estamos a dar passos importantes<br />
para melhorar as suas condições de trabalho<br />
e, sobretudo, contribuir para que sejam mais<br />
saudáveis. Tal aproxima-nos do nosso objectivo<br />
estratégico de ser a empresa eleita para<br />
proporcionar serviços logísticos inovadores e<br />
líderes no sector”, afirma Thomas Schulz, CHRO<br />
da Schenker AG.<br />
Soluções que juntam a tecnologia às pessoas<br />
mostram que ambos os polos se complementam<br />
e podem trabalhar juntos, pois visam melhorar<br />
não só a eficiência a nível operacional, mas<br />
também o bem-estar dos trabalhadores. •
56<br />
TECNOLOGIAS<br />
Blockchain com<br />
baixa adopção<br />
Texto: Ana Paiva<br />
O PARADOXO DA BLOCKCHAIN<br />
NO SECTOR DOS TRANSPORTES<br />
E LOGÍSTICA<br />
A blockchain apresenta-se como uma incógnita para muitas indústrias. A dos transportes<br />
e logística é uma delas. A maioria reconhece esta tecnologia com estranheza, apontando<br />
alguns desafios para a sua implementação e gestão. A Boston Consulting Group<br />
apresentou um estudo que reflecte esta realidade e mostra como pode ser resolvida.<br />
E<br />
xiste um paradoxo relacionado com a<br />
blockchain que se encontra exposto na<br />
indústria do transporte e logística, de<br />
acordo com um estudo da Boston Consulting<br />
Group (BCG).<br />
Este antagonismo reflecte-se na baixa taxa<br />
de adopção desta tecnologia. Segundo alguns<br />
entrevistados, a maioria acredita que irá<br />
perturbar a indústria, mesmo que seja pouco,<br />
nos próximos dois a cinco anos. No entanto,<br />
três quartos dos inquiridos afirmam que estão<br />
a explorar, ainda que superficialmente, novas<br />
oportunidades, ou então não consideraram<br />
sequer a hipótese de utilizar este aplicativo.<br />
Os obstáculos mais destacados para<br />
a adopção da blockchain são a falta de<br />
coordenação entre os agentes da indústria, um<br />
conhecimento limitado da tecnologia e a falta<br />
de recursos internos.<br />
De acordo com este estudo, as empresas<br />
de transportes e logística deviam resolver<br />
o paradoxo. Esta indústria está repleta de<br />
fontes de atrito (inúmeros fornecedores,<br />
dezenas de transferências e regulamentações<br />
em constante mudança) que introduzem<br />
custos sem valor agregado e de onde podem<br />
resultar informações imprecisas. Ao fornecer<br />
uma única fonte de verdade e possibilitar a<br />
automatização de processos, a blockchain tem<br />
a capacidade de resolver muitos dos pontos
57<br />
problemáticos da indústria. No que diz respeito<br />
às vantagens, passam por melhorias na<br />
velocidade, rastreabilidade, segurança de carga<br />
e processos de facturação e pagamento. Estes<br />
benefícios podem gerar reduções de custos,<br />
aliviando a pressão sentida pelos profissionais<br />
do sector.<br />
As empresas podem até usar esta tecnologia<br />
para desenvolver modelos de negócios novos.<br />
Segundo uma análise realizada pelo BCG,<br />
os investidores de capital de risco aplicaram,<br />
desde 2013, cerca de 300 milhões de dólares<br />
em empresas iniciantes, oferecendo soluções<br />
de blockchain relevantes para o sector<br />
dos transportes e logística. Além disso, as<br />
empresas desta área já investiram milhões de<br />
dólares na pesquisa e desenvolvimento das<br />
suas próprias soluções blockchain. Com este<br />
crescimento dos investimentos estima-se que<br />
irão surgir novas respostas ao mercado nos<br />
próximos anos.<br />
A questão que se impõe é se as entidades as<br />
adoptarão.<br />
Uma das conclusões apresentadas neste<br />
estudo é o facto de a implementação da<br />
blockchain na indústria de transportes e<br />
logística, ter-se mostrado mais lenta do que<br />
esperado. Esta adopção tem sido impedida<br />
pelos obstáculos relacionados com a<br />
coordenação e confiança que a tecnologia
58<br />
SETEMBRO <strong>2019</strong><br />
ajudaria a indústria a superar. Este é o<br />
paradoxo da blockchain da indústria.<br />
Para resolvê-lo, as partes interessadas<br />
devem entender como é que a cadeia de<br />
valor fragmentada e a confiança limitada,<br />
características do sector, estão a inibir a<br />
implementação desta tecnologia. A primeira,<br />
torna esta área adequada a utilizar o<br />
aplicativo blockchain, mas a fragmentação<br />
também dificulta a adopção de um padrão<br />
comum desta tecnologia. A ausência deste<br />
padrão significa que os pedidos de blockchain<br />
procurados pelas empresas e consórcios, como<br />
iniciativas independentes, provavelmente não<br />
serão compatíveis entre si. No que respeita à<br />
confiança limitada, o sector dos transportes<br />
e logística é altamente competitivo, pelo que<br />
os participantes podem ter problemas em<br />
Os obstáculos mais destacados<br />
para a adopção da blockchain<br />
são a falta de coordenação<br />
entre os agentes da indústria,<br />
um conhecimento limitado da<br />
tecnologia e a falta de recursos<br />
internos.<br />
partilhar informações, originando problemas<br />
de confiança. Assim, as empresas têm-se<br />
apoiado em relacionamentos de longo prazo<br />
com outros intervenientes da cadeia de valor,<br />
não se mostrando dispostas a partilhar dados<br />
fora desse círculo. Resultado disto, as partes<br />
interessadas resistem a abandonar os seus<br />
contactos de confiança, em torno de soluções<br />
blockchain, ou seja, a falta de familiaridade<br />
com esta tecnologia pode tornar-se um<br />
obstáculo.<br />
De forma a resolver este paradoxo, as<br />
partes interessadas do sector dos transportes<br />
e logística deveriam criar um ecossistema<br />
de toda a indústria. Ao maximizar o valor<br />
para todos os intervenientes, o ecossistema
SCM Supply Chain Magazine 59<br />
DE FORMA A RESOLVER<br />
ESTE PARADOXO, AS PARTES<br />
INTERESSADAS DO SECTOR<br />
DOS TRANSPORTES E LOGÍSTICA<br />
DEVERIAM CRIAR UM<br />
ECOSSISTEMA DE TODA<br />
A INDÚSTRIA.<br />
iria fornecer incentivos para a adopção da<br />
blockchain ao longo da cadeia de valor.<br />
Para estimular o desenvolvimento do<br />
ecossistema, uma empresa (ou grupo de<br />
empresas) deve actuar como orquestrador,<br />
para liderar as partes interessadas do sector,<br />
na criação de parcerias e colaborações entre<br />
os principais participantes da cadeia de valor<br />
para funcionar como base do ecossistema. Além<br />
disso, o orquestrador deve ainda estabelecer<br />
padrões, governança e considerações<br />
comerciais, bem como uma proposta de valor.<br />
Algumas empresas de transportes e logística<br />
já começam a dar os primeiros passos para<br />
a formação de um ecossistema blockchain e<br />
outras devem decidir se querem participar ou<br />
tomar uma atitude de retaguarda. De acordo<br />
com a BCG, os benefícios de unir esforços aos<br />
pioneiros superam qualquer vantagem de uma<br />
abordagem cautelosa. Ao agir dentro de um<br />
ecossistema, os primeiros impulsionadores<br />
podem influenciar o desenvolvimento de<br />
padrões, e garantir que as soluções blockchain<br />
que pretendiam aplicar nas suas operações<br />
estejam entre as já adoptadas na cadeia<br />
de valor. •
60<br />
TECNOLOGIAS<br />
Toolsgroup<br />
O BIG DATA E A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL<br />
NA NOVA ECONOMIA DE INFORMAÇÃO<br />
Diante da realidade da indústria 4.0 que estamos a vivenciar actualmente,<br />
o campo da logística também enfrenta, paralelamente, os novos desafios<br />
do processo de digitalização do sector industrial.
SCM Supply Chain Magazine 61<br />
A<br />
logística 4.0 passa, assim, pela<br />
transformação de processos,<br />
metodologias e sistemas convencionais<br />
para novas abordagens que permitam<br />
ultrapassar os limites alcançados até agora<br />
e adaptar-se a cadeias de suprimentos muito<br />
mais complexas.<br />
Gestão de Big Data, aumento da volatilidade<br />
e variabilidade da demanda, omnichannel...<br />
Diante dessa situação actual, não é<br />
surpreendente que as empresas estejam cada<br />
vez mais conscientes da importância de apostar<br />
na tecnologia de modo a tornar as suas cadeias<br />
de abastecimento mais ágeis, rentáveis,<br />
sustentáveis, automatizadas, flexíveis, reactivas<br />
e capazes de se adaptar a ambientes altamente<br />
complexos.<br />
Nesse sentido, as tecnologias derivadas da<br />
Inteligência Artificial, tais como o Machine<br />
Learning ou as técnicas de Advanced Analytics<br />
aplicadas à supply chain permitir-nos-ão<br />
optimizar as cadeias de abastecimento,<br />
tornando as previsões de demanda muito<br />
mais precisas (ao gerir grandes volumes de<br />
informação e tendo em conta factores externos<br />
imprevisíveis até o momento, como o impacto<br />
do Social Media, entre outros), reduzindo<br />
os stocks de segurança e armazenamento,<br />
e prevendo e reagindo de forma muito mais<br />
eficiente diante das variações na demanda.<br />
Mas a pergunta que nos intriga agora é:<br />
por onde começar? Que áreas posso explorar<br />
primeiro e quais terão mais impacto na gestão<br />
da minha cadeia de suprimentos?<br />
A gestão de Big Data será, sem dúvida,<br />
um dos campos que trará um maior impacto<br />
para o nosso tecido empresarial. Para isso, as<br />
variações da Inteligência Artificial permitirão<br />
tratar automaticamente os dados, próprios e<br />
externos, e tomar melhores decisões na nossa<br />
cadeia de suprimentos.<br />
Os dados tornar-se-ão, portanto, um activo<br />
de alto valor para as empresas, que terão<br />
de investir para torná-los numa fonte de<br />
rentabilidade, orientando as suas organizações<br />
para a economia da informação.<br />
DEMAND SENSING<br />
Uma das tecnologias utilizadas para a gestão<br />
de Big Data é o Demand Sensing. De um modo<br />
geral, podemos definir o Demand Sensing<br />
como sendo a tecnologia que, usando dados<br />
detalhados de demanda a curto prazo, melhora<br />
as previsões no “futuro próximo”. Esta nova<br />
tendência surge, portanto, para responder à<br />
tremenda complexidade actual da procura,<br />
para nos anteciparmos e sermos capazes de<br />
tomar decisões acertadas na nossa cadeia de<br />
abastecimento. Para isso, a tecnologia Demand<br />
Sensing importa uma ampla variedade de dados<br />
sobre a procura diária, detecta imediatamente<br />
variações na demanda comparando estes dados<br />
com um padrão estatístico detalhado e avalia a<br />
importância estatística dessa mudança.<br />
Os dados tornar-se-ão,<br />
portanto, um activo de alto<br />
valor para as empresas, que<br />
terão de investir para torná-los<br />
numa fonte de rentabilidade,<br />
orientando as suas<br />
organizações para a economia<br />
da informação.
62<br />
SETEMBRO <strong>2019</strong><br />
Resumindo: analisando dados de procura<br />
reais em curtos períodos, poderemos executar<br />
ajustes automáticos na previsão de curto<br />
prazo usando um sistema de reconhecimento<br />
probabilístico de modelos e análise preditiva,<br />
e rapidamente identificar e reagir a mudanças<br />
inesperadas na demanda do cliente. Como<br />
exemplo de utilização deste tipo de tecnologia,<br />
a Costa Coffee implementou um sistema de<br />
planificação de reabastecimento e demanda<br />
que recolhe dados dos pontos de venda<br />
das suas 7.000 máquinas de café a cada 15<br />
minutos para prever a necessidade, optimizar<br />
o inventário e gerar propostas nocturnas<br />
de reabastecimento. A empresa conseguiu<br />
melhorar os seus índices logísticos de uma<br />
maneira espectacular: redução de 20% no stock<br />
e redução de 30% nos custos operacionais<br />
anuais de logística, entre outros.<br />
RUMO À AUTOMATIZAÇÃO<br />
O uso destas novas tecnologias permitirá<br />
automatizar a cadeia de abastecimento<br />
para ser muito mais eficiente e produtiva.<br />
A tendência para a automatização é vista<br />
em alguns casos como uma ameaça, mas,<br />
longe disso, a realidade é que o uso de uma<br />
tecnologia de automatização adequada pode<br />
trazer grandes vantagens competitivas.<br />
Mas o real valor acrescentado desta<br />
automatização é que, então, as organizações<br />
e todos os seus membros vão encontrar<br />
numa posição<br />
incomparável para<br />
fazer mudanças<br />
transformacionais<br />
na sua cadeia<br />
de suprimentos. •
TRANSPORTE<br />
63<br />
Texto: Fábio Santos<br />
TRANSPORTE<br />
EXPRESSO<br />
EVOLUIU DE CINCO<br />
EM CINCO!<br />
Um ano de<br />
transporte expresso<br />
O sector do transporte expresso em Portugal sofreu uma grande evolução em pouco tempo.<br />
Neste último ano sentimos uma grande transformação, que passou por externalizações,<br />
compras e fusões de empresas. O sector tem passado pelos mais variados tipo de negócios,<br />
em grande parte devido ao e-commerce.<br />
11/2018<br />
Foi no final de 2018, em Novembro, que<br />
a Rangel ganhou a operação logística da<br />
FNAC em Portugal, a primeira experiência de<br />
outsourcing logístico entre as duas empresas.<br />
Desde recepção, triagem e preparação da<br />
mercadoria, até à chegada à FNAC, a parceria de<br />
suporte às operações internas incorporou todas<br />
as actividades inbound num portefólio alargado<br />
de produtos comercializados pela francesa.<br />
Foram ainda desenvolvidas duas operações<br />
especiais de serviços customizados para a<br />
preparação e distribuição de Livros e de Jogos e<br />
Brinquedos.<br />
“A aposta feita no outsourcing é uma<br />
evolução natural, feita de forma maturada e<br />
planeada, que decorre dos desafios cada vez<br />
mais complexos e exigentes colocados pelos<br />
canais de distribuição que actuam em mercados<br />
cada vez mais dinâmicos”, explicava à data<br />
Tiago Figueirôa, director de Logística & Supply<br />
da FNAC.<br />
Tiago Figueirôa explica ainda que devido<br />
ao crescimento e complementaridade que os<br />
canais online e offline tiveram, juntamente<br />
com a maior exigência por parte dos clientes,<br />
sentiram uma necessidade de externalizar a<br />
logística, e confiaram na Rangel para responder<br />
a essa necessidade.<br />
Mais recentemente, Nuno Rangel referiu<br />
à SCM Supply Chain Magazine, comentando<br />
relativamente ao canal online, que<br />
“o consumidor final é extremamente exigente e<br />
informado, e com cada vez mais poder junto<br />
das empresas através das redes sociais. Por isso,<br />
e mais do que nunca, é necessário ter processos<br />
logísticos bem afinados de forma a garantir uma<br />
boa experiência de compra”.
64<br />
SETEMBRO <strong>2019</strong><br />
A subsidiária da Rangel representava<br />
15% do volume de negócios do grupo,<br />
e dedicava-se ao transporte expresso<br />
nacional e internacional de pequenos<br />
volumes. Contava com 160 colaboradores e<br />
uma frota de 250 viaturas, suportadas<br />
por 12 plataformas a nível nacional, e<br />
distinguia-se “pela especialização na<br />
prestação de serviços de distribuição<br />
porta a porta, movimentando anualmente<br />
cerca de três milhões de envios”.<br />
Pela mesma altura, os CTT estudavam<br />
a aquisição da espanhola Envialia para<br />
juntarem à Tourline Express, empresa que<br />
detêm em Espanha, bem como da MRW<br />
e da Tipsa, mas ainda se espera por<br />
novidades relativamente a este tema.<br />
09/<strong>2019</strong><br />
04/<strong>2019</strong><br />
Cinco meses depois, em Abril, dá-se o anúncio,<br />
novamente envolvendo a Rangel, da chegada<br />
da Correos a Portugal, a primeira externalização<br />
da espanhola nos seus 302 anos de vida.<br />
Através da compra de 51% da Rangel Expresso,<br />
a Correos consegue agora chegar a qualquer<br />
ponto da Península Ibérica em apenas 24 horas,<br />
graças às infraestruturas de ambas as empresas.<br />
A chegada da espanhola foi uma das maiores<br />
surpresas do sector em <strong>2019</strong>, e tratou-se<br />
de uma aliança estratégica entre ambas as<br />
companhias que visa “continuar a oferecer<br />
serviços de transporte expresso internacional<br />
de e para qualquer parte do mundo”, referia o<br />
comunicado enviado aos meios.<br />
Novamente cinco meses se passaram, e foi<br />
agora recentemente anunciada a fusão da<br />
Chronopost com a Seur, e no dia 9 de <strong>Setembro</strong><br />
a fusão entre as duas marcas do Grupo DPD<br />
em Portugal ficou concluída. Olivier Establet,<br />
presidente do grupo em Portugal, justifica esta<br />
agregação de modo a complementarem os<br />
seus serviços, e pela vontade de criar escala,<br />
simplificar processos e aumentar a rapidez<br />
e a fiabilidade no transporte de encomendas.<br />
“Com esta operação estamos a trazer para<br />
Portugal investimentos que de outro modo<br />
só viriam mais tarde”.<br />
O responsável avançou ainda que foram<br />
investidos 8 milhões de euros nas estações de<br />
distribuição de encomendas que tem em Évora,<br />
Faro, Guarda, Coimbra e Margem Sul de Lisboa,<br />
e que se encontram a preparar mais 25 milhões<br />
nos próximos dois anos, ao abrirem a maior base<br />
de correios expresso de Portugal em Lisboa.
SCM Supply Chain Magazine 65<br />
Segundo revela, espera-se que após feitos os<br />
investimentos em maquinaria, em especial<br />
na de triagem, apenas este centro irá contar<br />
com uma capacidade de processar até 12.000<br />
encomendas por hora.<br />
2014 - 2016<br />
Não cinco meses, mas cinco anos antes, em<br />
2014, a UPS tentou comprar a TNT… Sem<br />
sucesso, pois fora chumbado por questões<br />
concorrenciais. No entanto, dois anos depois,<br />
este negócio foi fechado pela FedEx. Foram<br />
4,4 mil milhões de euros investidos para a<br />
expansão na Europa, e com esta união foi<br />
criada a terceira maior companhia europeia no<br />
serviço de entregas expresso.<br />
Já na altura o investimento foi feito proactivamente<br />
a pensar no crescimento que o<br />
e-commerce viria a ter, e que hoje realmente<br />
se confirma que sobrecarrega o sector com as<br />
suas grandes exigências e necessidades.<br />
Por parte da TNT, esta venda foi vista como<br />
forma de os accionistas terem um retorno do<br />
investimento mais imediatamente, pois este só<br />
seria feito a longo prazo.<br />
Não se trata de um Jogo da Glória, em que<br />
lançamos os dados e avançamos as casas<br />
marcadas pelos números, mas realmente<br />
o que dá a entender é que os dados se<br />
encontram viciados. De cinco em cinco,<br />
o transporte expresso em Portugal teve um<br />
avanço adequado ao próprio nome… Expresso!<br />
Aguardemos mais cinco meses para saber<br />
o que nos espera de seguida? •<br />
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66<br />
SETEMBRO <strong>2019</strong><br />
TRANSPORTE<br />
Texto: Ana Paiva<br />
Fotos: Volkswagen Autoeuropa<br />
Volkswagen reduz<br />
emissões de CO 2<br />
A SUSTENTABILIDADE<br />
PARTE DE PALMELA<br />
Sendo a sustentabilidade um tema tão importante hoje-em-dia para<br />
qualquer indústria ou sector, a Volkswagen Autoeuropa tem adoptado uma<br />
postura em conformidade com este tema. Num curto intervalo de tempo,<br />
tomou duas decisões estratégicas que, não só são desafiantes do ponto de<br />
vista operacional, como também reduzem a sua pegada ambiental, uma vez<br />
que irão reduzir, significativamente, as emissões de CO 2<br />
.
SCM Supply Chain Magazine 67<br />
F<br />
oi no início do ano de 2014 que a<br />
Volkswagen Autoeuropa interrompeu o<br />
transporte das viaturas então produzidas<br />
realizado por comboio, até ao Porto de<br />
Setúbal. Segundo o Jornal de Negócios, na<br />
altura, a Volkswagen Logistics solicitou ao<br />
antigo parceiro, CP Carga, uma reavaliação do<br />
contrato que compreendia o transporte dos<br />
veículos para exportação, desde a fábrica até<br />
ao Porto de Setúbal. No entanto, a proposta<br />
não correspondeu às expectativas idealizadas,<br />
e optaram por contratar dois prestadores de<br />
serviços rodoviários: a Sintax Logística e a<br />
Rodo Cargo, que, do ponto de vista financeiro<br />
e operacional, se mostravam como o mais<br />
acertado para a empresa.<br />
5 anos depois, a Volkswagen Autoeuropa<br />
retomou o transporte ferroviário até ao Porto<br />
de Setúbal, tendo a Rodo Cargo como<br />
parceiro. Com esta reactivação, serão<br />
poupadas 400 toneladas de CO2 por ano, o<br />
que representa menos 80% de emissões deste<br />
gás em comparação com o transporte por<br />
camião.<br />
Esta medida será realizada em duas fases.<br />
Durante a primeira, que compreende o<br />
período entre Agosto e Dezembro de <strong>2019</strong>,<br />
uma composição fará o transporte diário de<br />
250 carros, retirando 32 viagens de camiões<br />
até ao Porto de Setúbal. Na segunda fase,<br />
estimada em 2020, espera-se um aumento<br />
para as duas composições, nomeadamente<br />
500 unidades/dia, o que significa que 68% do<br />
volume de produção da fábrica de Palmela,<br />
será transportado por via ferroviária, com o<br />
restante a ser efectuado por camiões.
68<br />
SETEMBRO <strong>2019</strong><br />
Rui Baptista, director de logística da<br />
Volkswagen Autoeuropa, destaca a importância<br />
desta solução recentemente implementada:<br />
“tem um grande impacto para nós porque reduz-<br />
-nos o tempo de operação e tem um impacto<br />
ambiental substantivo, uma vez que reduzimos<br />
80% das emissões de CO2 que temos hoje-em-dia.<br />
A médio-prazo vamos ter resultados financeiros<br />
também porque os incrementos de custos na<br />
ferrovia são menores do que os da rodovia”.<br />
Acrescenta ainda que “o futuro da logística<br />
terá de ser cada vez mais sustentável”,<br />
acreditando que o novo serviço corresponde a<br />
esta realidade.<br />
Por sua vez, Artur Pedroso, CEO da Rodo<br />
Cargo, Manfred de Vriese, director da<br />
Volkswagen Konzernlogistic de Emden, que<br />
em conjunto desenvolveram o novo conceito,<br />
também se encontram em concordância<br />
considerando que este se trata de um passo<br />
muito importante, não só para todos os<br />
envolvidos, como também para o ambiente.<br />
Relativamente ao transporte de peças desde<br />
a fábrica de Palmela até à Alemanha por via<br />
ferroviária, que também foi interrompido, Rui<br />
Baptista afirma que estão a “trabalhar em<br />
várias frentes porque queremos tornar a nossa<br />
logística mais ágil e mais flexível, e claro que
SCM Supply Chain Magazine 69<br />
OBTER MELHORIAS<br />
A VÁRIOS NÍVEIS,<br />
MAS REALÇO SOBRETUDO<br />
AS PERSPECTIVAS<br />
AMBIENTAL E ECONÓMICA.<br />
o transporte de peças é algo que estamos a<br />
estudar, sem dúvida”.<br />
A Medway pretende retomar este comboio,<br />
denominado ‘Vasco da Gama’, destinado ao<br />
centro da Alemanha, que irá transportar<br />
produtos portugueses para exportação e<br />
importação, entre os quais provenientes da<br />
Autoeuropa. Esperam consegui-lo em 2020.<br />
Duas implementações, mesmo objectivo.<br />
Melhor do que uma decisão em torno do<br />
ambiente, só mesmo duas. Do ponto de vista<br />
da sustentabilidade ambiental, a Volkswagen<br />
Autoeuropa tem vindo a caminhar na<br />
direcção certa.<br />
Além da reactivação da linha ferroviária,<br />
apresentaram também o novo Gigaliner, um<br />
camião de três eixos unido a um semi-reboque<br />
e a um dolly, que irá poupar até 70 toneladas de<br />
CO2 por ano. Com este veículo espera-se reduzir<br />
30% das emissões na rota, verificando-se uma<br />
diminuição entre 30 e 40% de camiões semanais<br />
na rota do Gigaliner. Face à actualidade, ainda<br />
é possível registar uma poupança de 5% em<br />
custos logísticos.<br />
Dinora Guerreiro, directora da cadeia de<br />
abastecimento e transportes da Volkswagen<br />
Autoeuropa, explica que o investimento neste<br />
novo modelo de transporte é uma solução<br />
pioneira no cluster automóvel nacional, sendo<br />
possível “obter melhorias a vários níveis, mas<br />
realço sobretudo as perspectivas ambiental e<br />
económica”.<br />
O primeiro Gigaliner ao serviço da empresa<br />
alemã irá percorrer cerca de 150 quilómetros<br />
até ao fornecedor MD Plastics, em Valado dos<br />
Frades, Nazaré. Dinora Guerreiro espera, dentro<br />
de um ano, estender esta solução a outros<br />
fornecedores portugueses e, quem sabe, a<br />
fornecedores espanhóis.<br />
Quanto à logística da Volkswagen<br />
Autoeuropa, juntaram-se dois conceitos<br />
essenciais para melhorar o seu desempenho:<br />
eficiência e sustentabilidade. São medidas<br />
como estas que fazem a diferença, modificando<br />
algumas operações, mas nunca esquecendo a<br />
importância do meio ambiente. •
70<br />
SETEMBRO <strong>2019</strong><br />
CARREIRA<br />
Dificuldades na<br />
retenção de talento<br />
PARA RECRUTAR… RECRUTE!<br />
Cada vez mais as empresas procuram investir nas suas pessoas, mas nem sempre<br />
é fácil manterem essas pessoas nas suas equipas. As dificuldades associadas à<br />
contratação, à aposta em acções de formação e, a mais complicada, a retenção de<br />
talento, são cada vez maiores nos dias de hoje, e a contratação de novas pessoas<br />
para o cargo da anterior tem grandes custos associados, e requer tempo de<br />
adaptação aos processos internos.
SCM Supply Chain Magazine 71<br />
A<br />
estratégia para recrutar pessoas vai muito<br />
além de publicar a oferta e esperar que<br />
venha um peixe ao isco, é necessário<br />
procurar, e saber como e onde o fazer é<br />
importante. Há grandes candidatos com<br />
experiência e que podem não estar à procura<br />
de algo diferente por estarem bem no seu<br />
cargo actual, mas abertos a novas propostas…<br />
E esses não são atraídos dessa forma.<br />
Para um bom recrutamento, os departamentos<br />
de recursos humanos devem estar associados<br />
a determinadas entidades que chegam<br />
ainda mais longe, e Rodney Apple, Founder<br />
& Managing Partner da SCM Talent Group,<br />
enumera “7 formas criativas de procurar<br />
talento” que lhe podem vir a ser úteis.<br />
1 – Associações de Supply Chain<br />
A primeira recomendação do perito é de<br />
tentarmos procurar através das entidades<br />
do sector. Associações especializadas numa<br />
determinada área podem ser uma mais-valia<br />
para o que as empresa procuram, e dá como<br />
exemplo as APICS, CSCMP, ISM e MHI. No caso<br />
português existem diversas das mais variadas<br />
áreas de actuação, que se adequarão mais a<br />
cada caso.<br />
2 – Desenvolver um programa<br />
de empregabilidade referencial<br />
Candidaturas através de referências é<br />
geralmente uma boa forma de trazer pessoas<br />
capazes e com qualidades que possam ser<br />
vantajosas para a empresa, sendo a principal<br />
utilizada pelas empresas. Uma maneira<br />
indicada é desenvolver um programa para o<br />
efeito, melhorando a qualidade e quantidade<br />
do fluxo de candidatos, e Rodney recomenda<br />
que, embora este processo possa ser feito<br />
manualmente, os RH implementem um<br />
sistema automatizado.<br />
3 – Parcerias com as universidades<br />
Outra forma de captar talento desde cedo<br />
é através das universidades. Procurar<br />
estabelecer parcerias com o ensino superior,<br />
ou mesmo o profissional especializado, pode<br />
ser uma boa forma de encontrar o profissional<br />
certo para o cargo. Possibilidade para aceitar<br />
estagiários curriculares, participações em<br />
feiras da empregabilidade, divulgação através<br />
dos meios internos das vagas de emprego<br />
podem ser algumas das soluções. Pode ainda<br />
ir mais longe e estabelecer ligação com<br />
professores de cursos de supply chain, pois<br />
estes saberão dizer quais os melhores alunos.<br />
Após recrutar os primeiros estudantes, é<br />
importante promover a ligação dos mesmos<br />
aos outros estudantes dos seus cursos.<br />
Grandes empresas utilizam esta técnica de<br />
promoção para que estes as deixem no topo<br />
da lista de desejos e procurem-nas desde cedo.<br />
4 – Procure na sua base<br />
de dados interna<br />
No acto de recrutamento é possível termos<br />
deixado um bom candidato para trás porque<br />
apareceu outro igualmente bom, ou melhor,<br />
e só existia uma vaga. É importante manter<br />
o contacto dos bons candidatos para o caso<br />
de aparecer uma nova vaga, ou marcar<br />
com uma palavra-chave consoante as suas<br />
capacidades que possam vir a ser adaptáveis<br />
a outra vaga diferente.
72<br />
SETEMBRO <strong>2019</strong><br />
Existe a possibilidade de já não estar<br />
disponível e ter sido contratado por outra<br />
empresa e já não esteja disponível, mas é<br />
uma forma rápida de procurar um possível<br />
candidato que sabemos ter os requisitos que<br />
procuramos.<br />
5 – Utilizar ferramentas<br />
de recrutamento pagas<br />
Pode ainda optar por outras ferramentas de<br />
recrutamento, como é o caso do LinkedIn<br />
Recruiter, para o ajudar a expandir a sua<br />
rede e procurar talentos na cadeia de<br />
abastecimento. Contudo, não é um método<br />
barato, mas fornece acesso a todos os<br />
membros do LinkedIn, tem os mais diversos<br />
filtros de pesquisa que permitem identificar<br />
rapidamente os candidatos que cumpram os<br />
seus critérios de trabalho e permite enviar<br />
mensagens directas para os mesmos. Pode<br />
ainda optar por outro tipo de ferramentas<br />
de base de dados mais restritas a uma área<br />
específica.<br />
6 – Publicar as vagas<br />
em nichos mais restritos<br />
em vez de generalistas<br />
Existem locais mais restritos e específicos<br />
para a supply chain para procurar emprego<br />
que darão maior destaque à sua publicação<br />
que entre todo o tipo de vagas dos locais<br />
generalistas. Sites de recrutamento
SCM Supply Chain Magazine 73<br />
especializados em supply chain, e com as<br />
palavras-chave certas uma rápida procura<br />
num motor de busca poderá levantar alguns<br />
deles. Enquanto uma publicação num local<br />
generalista encontrará todo o tipo de oferta<br />
e de candidatos, nestes haverá uma maior<br />
restrição.<br />
7 – Procure um recrutador<br />
especializado em supply chain<br />
Caso seja uma empresa pequena ou média<br />
que não tenha capacidade para preencher<br />
um grande número de vagas e não lhe<br />
compense ter uma pessoa especializada em<br />
recrutamento a tempo inteiro, ou caso esteja<br />
a debater-se com uma vaga por preencher há<br />
algum tempo e a falta de alguém para ela lhe<br />
2AF_Anuncio175x115.pdf 1 02/08/<strong>2019</strong> 17:42<br />
esteja a prejudicar o negócio, pode contactar<br />
uma empresa recrutamento para procurar o<br />
candidato por si. O especialista recomenda<br />
que escolha bem a recrutadora, pois existem<br />
diferenças nas preferências de cada uma:<br />
podem-se focar em áreas como “indústria,<br />
função, nível de<br />
trabalho e área<br />
geográfica”,<br />
enquanto<br />
outras<br />
procuram<br />
por toda a<br />
cadeia de<br />
abastecimento<br />
e maioria das<br />
principais<br />
indústrias. •<br />
A Formação de Executivos<br />
tem um novo horizonte.<br />
Do qual todos fazemos parte.<br />
Sabemos o que queremos ser: pioneiros do futuro, numa<br />
comunidade determinada a impactar e transformar o agora.<br />
Junte-se a nós. O próximo capítulo desta história é consigo.<br />
exed.novasbe.pt/oproximocapitulo
74<br />
O MUNDO É REDONDO, por Cláudia Brito<br />
A vida secreta dos intestinos, Giulia Enders<br />
Lua de Papel, edição de 2015<br />
O modo como os intestinos influenciam a saúde e o bem estar é toda uma nova área de investigação.<br />
Giulia Enders e a irmã Jill escreveram e ilustraram este livro com a missão de ajudar as pessoas, na firme<br />
certeza de que o conhecimento pode mudar a perspectiva negativa, e enraízada, de algo que nos é tão<br />
próximo. Batalharam juntas para comunicar da melhor maneira o seu propósito, no intuito de dissolver a<br />
vergonha que normalmente as pessoas têm sobre o tema, e conseguiram-no pela sua abordagem divertida<br />
e estimulando a nossa curiosidade, sem nunca comprometer (nem ocultar) a verdade científica.<br />
Evolutivamente, os intestinos são o nosso<br />
primeiro cérebro, que se foi reduzindo em<br />
tamanho à medida que o homem aprendeu<br />
a cozinhar a comida, numa das primeiras<br />
experiências de “outsourcing” conhecidas<br />
(neste caso, do processo da digestão).<br />
Apesar do imenso poder do nosso segundo<br />
(e mais conhecido) cérebro, os intestinos<br />
têm autonomia química, nervosa e muscular,<br />
com milhões de células nervosas, vários<br />
tipos de neurónios e produção independente<br />
de enzimas e hormonas (por exemplo,<br />
produzem 95% da serotonina ou “hormona da<br />
felicidade”). Os intestinos influem ainda na<br />
nossa memória, motivação e mesmo moral,<br />
pela ligação directa ao cérebro através do<br />
nervo vago. Em consequência, o cérebro no<br />
corpo trabalha com o cérebro na cabeça para<br />
um delicado equilíbrio entre o nosso interior<br />
e o exterior, o qual devemos respeitar se<br />
quisermos manter-nos saudáveis e viver uma<br />
vida longa e feliz.<br />
Por outro lado, os intestinos contêm a<br />
maior parte da população microbiana que<br />
coexiste connosco, cujas células existem<br />
em maior número do que as nossas e sem a<br />
qual não poderíamos viver, porque usamos<br />
o seus genes (cerca de 150 vezes mais<br />
numerosos do que os nossos) para a produção<br />
de vitaminas e digestão de açúcares, entre<br />
outras funções. Nexte contexto, podemos<br />
dizer que maioritariamente não somos<br />
humanos. No nosso ecossistema interior,<br />
não só as bactérias “más” mantêm o sistema<br />
imunitário actualizado e alerta, mas sobretudo<br />
as bactérias “boas”, em muito maior número,<br />
desempenham funções essenciais que nos<br />
protegem de doenças tão variadas como a<br />
diabetes, Alzheimer e mesmo autismo.<br />
É nossa responsabilidade alimentarmos<br />
correctamente estes pequenos amigos em nós<br />
(aqui a chave é a diversidade) não só porque<br />
nos dão saúde e bem-estar mas também<br />
porque quando estão insatisfeitos ou infelizes<br />
nos induzem stress, ansiedade, medo e toda<br />
uma panóplia de sentimentos negativos. E<br />
estes, como se sabe, interferem com a nossa<br />
cognição e tudo aquilo que afinal nos torna<br />
humanos.<br />
Giulia Enders formou-se em Gastroenterologia<br />
na Universidade Goethe, onde está a concluir o<br />
doutoramento. Uma palestra dedicada ao tema deste<br />
livro valeu-lhe um primeiro prémio de ciência na<br />
Alemanha, para além de se ter tornado viral na internet<br />
(à data já tem quase 4 milhões de visualizações).
NOVO DESTINO<br />
PORTO<br />
A companhia aérea de carga que voa para mais destinos do que<br />
qualquer outra Agora voa para o Poo, Pougal<br />
turkishcargo.com